segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

VERGONHAS



VERGONHA
       A cultura familiar no Oeste e Extremo Oeste de Santa Catarina, como de resto no Estado todo e até na Região Sul, em sua maioria de descendência Europeia, ainda guarda algum constrangimento quando um fato não convencional vem à tona. Um revés amoroso, um insucesso empresarial, uma gravidez inesperada, uma opção sexual, enfim, qualquer acontecimento julgado estranho aos costumes é motivo de vergonha e é escondido do conhecimento geral a qualquer custo.
       Não é o caso da administração municipal de São Miguel do Oeste. Contrariando os padrões usuais de comportamento, faz questão de tornar pública sua incapacidade, incompetência e inoperância para dirigir o futuro do Município. Se este ostenta a condição de pólo microrregional, é pelo esforço de seu povo que malgrado a administração, acredita que São Miguel do Oeste poderá se transformar na potência que, por enquanto, só existe na propaganda. Desconhecendo a suposta crise e olhando para o futuro, o povo Migueloestino não para de investir e trabalhar.

VERGONHA I – ÁREAS INDUSTRIAIS
       Não se sabe de onde brotou a infeliz ideia de entregar o acabamento, a organização e o gerenciamento de áreas industriais a uma instituição privada. Não que a instituição candidata não tenha capacidade para tanto, mas o fato é que assim procedendo a administração municipal dá mostras publicas que não é capaz de gerir seus próprios interesses e os interesses do município.
       Não vai longe a crítica pública da atual administração, acusando a anterior de ter apenas adquirido as áreas industriais e não ter feito nada. Pior que isso faz a atual, que recebeu as áreas de mão beijada e sequer foi capaz de roçar o mato que as encobre.
       Na administração anterior, a oposição, atual situação, assessorada pelos órgãos públicos estaduais, fez o possível e o impossível para impedir a realização de qualquer obra ou procedimento relacionado às áreas industriais e aos cemitérios, inclusive. Chegou ao absurdo de interferir para que fosse demonstrada a ausência de um sítio arqueológico na Linha Emboabas. Pois agora, com área adquirida e paga e com as licenças aprovadas, a gloriosa administração quer correr da raia. Que belo exemplo e que prato cheio para os municípios vizinhos, que aos poucos vão cooptando as empresas aqui sediadas. Mas demonstrando ser adolescente embora no terceiro mandato, a atual administração ainda sustenta que os culpados são os outros.

VERGONHA II – RETORNO DE ICMS
       Em 1997, o coeficiente de retorno do ICMS de São Miguel do Oeste, era de 0,65506 e Itapiranga 0,54289. Em 2015, São Miguel do Oeste participou com 0,3859328 e Itapiranga com 0,401895. Maravilha, que estava longe, está praticamente empatada com 0,385262. Seara, com menos da metade da população, participa com 0,425902. Que fenômeno é esse? Qual a razão para tais diferenças?
       O coeficiente de retorno do ICMS é calculado levando em conta o Valor Adicionado gerado no município, isto é, o PIB municipal. Se São Miguel do Oeste perde para Itapiranga, significa que o PIB de Itapiranga é maior que o de São Miguel do Oeste, e consequentemente a renda per capita também. Se não há alguém capaz ou tem conhecimento para explicar esta queda, que vá estudar ou que pergunte a quem tem a obrigação de saber, mas o fato é que São Miguel do Oeste vem perdendo importância econômica no contexto do estado de Santa Catarina. E isto não é culpa do Governo Federal e nem do excesso de impostos. É falta de planejamento, estratégias e ações.
Dizer que a China é uma potência econômica devido a sua população bilionária, é uma meia verdade. A verdade é que tanto na China quanto em Itapiranga, são mais competentes que nós. Fazem seus negócios render mais. Produzem maior valor agregado, independente de troféus Guarani ou Caigangue. Trabalham mais o preenchimento das DIEFs, especialmente junto às empresas que atuam no município e tem sede em outras unidades da Federação. Resumindo, são muito mais competentes.
       As administrações municipais que passaram por São Miguel do Oeste desde 1997 são as responsáveis pela queda no coeficiente do município. Faltou competência, planejamento e visão futurista. Os incentivos dados às empresas não produziram os efeitos anunciados, pois são concedidos em bases políticas e não técnicas. Não há um acompanhamento dos resultados invertidos. São jogadas algumas cargas de pedra britada e concedidos alguns metros cúbicos de fumaça de trator, e o sucesso do empreendimento fica por conta da cigana que lê a sorte.
       Por essas e outras a administração, no Troféu Guarany, só anuncia números e não fala em índices porque estes denunciam a incompetência. Mesmo assim, contrariando a cultura local, não sente constrangimento em torná-la pública. Prefere ficar na superfície, na fumaça do trator. Odeia o cerne do problema.  

VERGONHA III – ESTACIONAMENTO PAGO
       Tudo o que a atual administração fez em prol do estacionamento pago dando azo às pressões de algumas lideranças, só é comparável com a história do cão que late ao lado do caminhão, e quando o caminhão para, faz xixi no pneu. A administração municipal não sabe o que fazer com o estacionamento e nem com o projeto que encomendou a peso de ouro para endireitar o tráfego urbano. As vias de mão única bateram na trave e os defensores do estacionamento pago só querem saber das vagas para seus clientes.
       Isto vem se transformando num grande mico, tanto para a administração quanto para os empresários. Os dos bairros, espertamente defendem o estacionamento pago para atrair clientes aos arrabaldes, onde não se paga para estacionar.
       A colenda também teve sua honrosa participação. Numa demonstração de eficácia, produziu o rasgo, remendou, e acabou remendando também o remendo. Agora que o pepino vai para a mão do povo trabalhador que precisa vencer a crise e a redução no emprego, os responsáveis por esta bobagem toda fazem ouvidos moucos e boca chiusa. Mas a solução está próxima, pois os empresários resolverão todos os problemas da prefeitura.

VERGONHA IV – CONSELHOS E TERCEIRIZAÇÃO
       A novidade é a estruturação de um conselho de nobres para ajudar na administração da Prefeitura. Bem isso, porque a administração do município, que interessa aos munícipes e está entregue às moscas, inexiste. Com a terceirização das áreas industriais, abre-se a possibilidade de terceirizar o gabinete do prefeito. Quem sabe surja aí um alquimista, a exemplo do Rei Midas, capaz de transformar aquela... em alguma coisa brilhante.

VERGONHA V – A CULPA É DOS OUTROS
       Alguém deve ser culpado pelo descalabro administrativo da prefeitura. Na área da saúde, é o Governo Federal que não repassou o dinheiro. Na educação, é a queda na receita, devido à crise. Nos transportes e obras a culpa é do preço dos combustíveis por conta da corrupção na Petrobrás. Na Cultura e Esportes, a culpa é do povo que não aderiu à criação das malfadadas fundações, que nada mais fizeram senão afundar as atividades culturais e desportivas.
É o caso de olhar para o interior da administração que investiu um substancial valor na compra de equipamentos rodoviários que estão trabalhando menos de 600 horas por ano, enquanto o ano de atividade municipal tem 2.080 horas. Os equipamentos trabalham menos de 30% de sua capacidade operacional! Isso é competência pura para quem está focado em fumaça de trator e esterco de galinha. O resultado, tanto na administração das finanças quanto na melhoria do desempenho econômico do município, não poderia ser outro. Os reflexos desta política do “boa gente”, do “respeito às pessoas”, está aí para quem quiser conferir.