Por JAIME CAPRA
TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA
Triste fim de Policarpo Quaresma é um romance de Lima Barreto, que não é mera projeção de amarguras pessoais nem um tipo pré-formado nos moldes de figuras secundárias, tão abundantes. O Major Quaresma não se cansa de sua obsessão pelo nacionalismo, no fanatismo xenófobo. Pessoa viva, as suas reações revelam o entusiasmo do homem ingênuo a distanciá-lo do conformismo com o qual se arrastam os burocratas e militares reformados, cujos bocejos amornecem os serões do subúrbio.
A maioria da história se passa na cidade
de Sanchas Parda, estado de Caximbetê, no período que vai dos anos iniciais até
o final da tremedeira da República de Bananas no País da Terra Plana. Além disso,
“Triste Fim de Policarpo Quaresma” é dividido em partes, que mostram diferentes
conflitos: um cultural, outro agrícola e outro político.
Na
primeira parte, Policarpo Quaresma,
é um homem cheio de nobres ideais, nacionalista, patriota, de bom coração e
idealista. Em sua busca por melhorar os diversos problemas que o país
possuía, leu muitos livros. Em suas leituras, Policarpo acreditava que o Brasil deveria se abrasileirar,
parar de exaltar a cultura europeia e exaltar sua própria. Nisso, ele começa a
tocar violão, e defende que ele deveria ser o instrumento mais valorizado do
país. Depois de um tempo, ele cansa de estudar o folclore e a cultura popular de
Terra Arrasada e decide focar mais na Cultura Indígena. Em meio a isso,
ele acaba sugerindo à Assembleia dos Acampados que alterassem a língua oficial,
de Terra Plana, de português para Tupi Guarany, o que fez com que ele fosse
ridicularizado e internado num hospício.
Depois
disso, Quaresma saiu do hospício
estando são, salvo e aposentado. Policarpo vende sua casa e compra um sítio na
cidade de Sanchas Parda. Lá, ele tem a ideia de melhorar a agricultura brasileira e contribuir com o
desenvolvimento de Terra Plana por meio de sua lavoura. Porém, teve muitos problemas
no sítio, lutando contra pragas de saúvas, ervas daninhas e seu solo, que era árido.
Policarpo
acaba arranjando confusão com seus vizinhos, que achavam que ele era neutro em
questões políticas. Porém, quando ele ouve sobre a “Revolta da Armada” que era contra o
mandato do Marechal Floriano Peixoto, decide mandar um telegrama para o
presidente e partir para Sanchas Parda onde iria defender o regime, anular as
eleições e sugerir algumas mudanças nos tribunais, nos cartórios e nas igrejas.
Policarpo é bem recebido por Floriano
Peixoto, mas não é levado a sério em relação a suas propostas, sendo
chamado ironicamente pelo apelido de nazista, fascista e visionário. Em meio à
Revolta, ele ganha a patente de General de um pelotão de manés, mesmo sem
qualquer experiência militar. Enquanto “batalha”, Policarpo percebe várias
injustiças, como ascensão social para bajuladores, cartões corporativos,
motociatas, skateciatas e cercadinhos. Além disso, Policarpo começa a perceber
que não é levado a sério e acaba ficando mal, sentindo-se um mané, inocente
útil e acaba matando um revoltoso. Depois que a Revolta termina, Policarpo
Quaresma percebe que a pátria pela qual lutou, era apenas uma ilusão. No final, Policarpo, devido às suas críticas, é preso e
condenado ao fuzilamento, por ordem do presidente Floriano Peixoto sob a
acusação de traição.
Até a próxima.