EMPRESÁRIOS SABEM QUE NÃO HÁ SAÍDA PARA BOLSONARO MAS ESTÃO ACOVARDADOS - 754 - 29.05.2020
Mas isso só
aconteceria se o Brasil tivesse entidades liberais fortes, conservadoras mas
vigorosas, e não arremedos de organizações empresariais e assemelhadas, quase
todas golpistas.
O empresariado
brasileiro (muito bem sentado no esquema mafioso de patrocínios de Fake News)
não é apenas caroneiro do fascismo, é seu sócio e seu aliado político.
Há muito tempo
esvaiu-se a dúvida em torno do caráter do apoio que o capitalismo brasileiro dá
aos Bolsonaros. Não só o ‘capitalismo’ agrário e arcaico, mas o capitalismo da
Avenida Paulista.
Fomentou-se como
diversão a falsa dúvida sobre a ambição pragmática do empresariado pós-golpe de
agosto de 2016.
Se estavam apenas
tirando proveito da situação, para que Paulo Guedes conduzisse as reformas em
paz, ou se a índole desse capitalismo era mesmo antidemocrático.
Vai sendo provado
que o caráter dos empreendedores nacionais, de todos os calibres, é mais do que
conservador, mais do que reacionário, é entreguista, negacionista, imediatista,
oportunista.
Pegue-se um
pensador da direita, e não alguém de esquerda, que seria logo desqualificado
pelo empresariado, que reflita sobre a adesão do empresariado à extrema
direita.
Pegue-se o que
diz Demétrio Magnoli, que pergunta há muito tempo, a partir da situação que
vivemos, se é verdade que, para ser liberal, o capitalismo brasileiro precisa
suprimir a democracia e cortejar desmandos?
Mas como ser
cúmplice de um Bolsonaro, se nos iludiram com a ideia de que, na doutrina
liberal, a liberdade política é inseparável da liberdade econômica? É o que
pergunta Magnoli, sempre sem respostas. É tudo bobagem.
Os liberais
brasileiros, e aqui não há referência apenas ao sentido econômico,
encolheram-se diante do bolsonarismo.
Encaramujaram-se
nas suas ‘entidades representativas’, nas instituições das chamadas forças
vivas locais e, o que é dramático, nas universidades.
A UFRGS, a nossa
mais bem avaliada universidade pública, reduto histórico de resistências, está
promovendo debates com a participação de expressões da extrema direita.
Extremistas que
conspiram contra as liberdades, incluindo a de expressão, podem frequentar o
espaço da universidade pública para falar em nome do direito de ser fascista?
É provável que,
em nome do livre pensar, as universidades acolherão um dia nazistas assumidos para
troca de ideias sobre a pandemia como possibilidade de eugenia?
O bolsonarismo
cooptou sentimentos e interesses, em todas as áreas, muitos com adesões
dissimuladas, e aniquilou a possibilidade de reações no setor público. Tudo
ficou fácil para a direita.
O enfrentamento
das deliberações do Supremo para conter a indústria de fake news e difamações é
liderada por um filho de Bolsonaro e por uma militante armamentista da extrema
direita. E não há nenhuma manifestação dita liberal, solitária ou em jogral, que
se insurja em defesa do Supremo.
Um filho de
Bolsonaro, um blogueiro e uma militante de Youtube decidem desafiar a mais alta
Corte do país e ninguém mais, fora as esquerdas, a imprensa e as entidades de
sempre, como a OAB, ergue a voz. Sim, as exceções são as exceções.
O projeto do
liberalismo bolsonarista nem existe mais. Não há
qualquer sinal de funcionalidade do governo. Paulo Guedes sumiu. Mas Bolsonaro e os filhos fingem que governam, com a proteção dos militares.
qualquer sinal de funcionalidade do governo. Paulo Guedes sumiu. Mas Bolsonaro e os filhos fingem que governam, com a proteção dos militares.
E os ‘liberais’
acreditam que algo pode ser salvo. Estão mudos, resignados, cagados.
Os empresários
fazem o marketing das lutas identitárias. Ganham dinheiro com o marketing
ambientalista. Defendem pautas progressistas nos costumes. Mas são covardes
para enfrentar Bolsonaro e dizer não à ameaça de golpe.
Eles sabem que
não há saída com Bolsonaro, mas estão paralisados pela inércia de décadas de
covardia.