segunda-feira, 15 de novembro de 2021

QUE SE HÁ DE FAZER - 793 - 12.11.2021

  

1. Aparentemente por aquilo que é noticiado, pelas conversas de rua, pelos reclamos nas mídias sociais e pelas defesas dos crédulos da atual situação na qual se encontra nosso Brasil varonil, a nós pobres mortais, feitos Gabriela Andersen na Olimpíada de 1984 em Los Angeles, lutamos desesperadamente para atravessar a linha de chegada desta interminável maratona, que é assistir o fim do governo Bolsonaro e o início de um novo, mais humano e mais brasileiro.

“Naquele dia, a umidade relativa do ar era muito alta e a temperatura rondava os 32ºC, na cidade de Los Angeles, onde milhares de pessoas estavam atentas no estádio para presenciar a primeira maratona feminina da história dos jogos. Nesta ocasião tão especial participavam 50 mulheres e uma delas teria a maior atenção da história dos jogos Olímpicos. Não esperava receber o ouro, seu objetivo era o de chegar à meta. Gabriela entrou no estádio na posição 37, cansada e tomada pelas dores e câimbras mal conseguia se manter em pé, o público todo ficou de pé ao notar o esforço titânico e muitos foram às lágrimas enquanto juntos formavam uma corrente para empurrar a atleta que já tinha a metade de seu corpo paralisado. Imediatamente os organizadores quiseram prestar assistência médica, mas ela recusou, sabendo que se aceitasse seria desqualificada. Foram os minutos mais comoventes da história da maratona, enquanto os paramédicos seguiam pela margem da pista. Gabriela tinha um objetivo, nem as dores, nem o cansaço a fariam desistir.

Cruzar a linha de chegada era seu sonho e que se tornou realidade. Uma vez que chegou ao final, desabou; os juízes estavam esperando para carregá-la. Os sentimentos que esta história desperta são indescritíveis.

Foi assim que o nome de Gabriela Andersen entrou par a história e se converteu em sinônimo de determinação e perseverança”.

Assim será com o glorioso povo brasileiro, herói da resistência. Chagará claudicante à linha de chegada em 31 de dezembro de 2022, mas terá o prazer e a emoção de ver a faixa do Bolsonaro arrastada para a lata do lixo. Nenhuma Gabriela Andersen será ovacionada, mas a determinação e perseverança do povo brasileiro, aliadas ao arrependimento dos pregoeiros da mudança, passarão para a história.

 

2. Inimigo do Brasil e dos brasileiros, bolsonaro (recuso letra maiúscula) chama a Petrobrás de monstrengo para tentar privatizá-la. Pudera não: o sujeito não tem coragem para enfrentar os preços abusivos cobrados pela estatal desde o golpe de 2016 e aí usa a estratégia de ataque para tentar vende-la. Vejam, caros leitores, a que ponto chegamos. Depois de simular uma facada na barriga, pode-se esperar tudo deste sujeito que aí está para beneficiar os seus e os ricos, de onde deve vir grande parte da fortuna de seus filhos e aliados servis.

 

3. Pobre política falida, do primeiro ao quinto! Depois do contundente comentário de Mario Lima em sua página no Facebook relatando os acontecimentos que acabaram por esfacelar a política partidária no Brasil, do qual este modesto escriba ainda tirou (ou colocou) uma “casquinha”, somos surpreendidos pela assunção ao cargo de ilustre edil da gloriosa e colenda câmara municipal de vereadores de São Miguel do Oeste, um suplente “sem partido”! Ora, ora, meus caros leitores: isto mostra o grau de desmoralização de alguns partidos políticos. Para estes não mais interessa o partido, nem a política, nem a ideologia, nem a história, nada! Interessa apenas e tão somente estar próximo, mas bem próximo, dos centros de poder, nem que sejam do tamanho de uma cabeça de alfinete, para tentar auferir alguma coisa para si. Como em todas as organizações da natureza desta que permite tal aborto da natureza, isto é considerado normal e o povo que sufragou um sujeito e um partido destes, que se f...

 

4. Nem tudo está perdido!  O cantor e compositor Gilberto Gil foi eleito por maioria absoluta à cadeira de número 20 da Academia Brasileira de Letras (ABL), nesta quinta-feira.

Gil, que teve 21 votos, concorreu com o poeta Salgado Maranhão e o autor e crítico literário Ricardo Daunt.

Gilberto Gil deve assumir o posto em março de 2022, quando o órgão volta do recesso de fim de ano.

A cadeira 20 estava ocupada pelo acadêmico e jornalista Murilo Melo Filho, que morreu em maio de 2020 Mas já foi ocupada pelo general Aurélio de Lyra Tavares (1905-1998), que o ... o tenha, que como ministro do Exército assinou o Ato Institucional número 5 em 13 de dezembro de 1968, que piorou ainda mais a ditadura militar do qual o cantor foi vítima e obrigado a se exilar, juntamente com Caetano Veloso.

Gil ficou preso de dezembro de 68 a fevereiro de 69 e, após ser solto, seguiu confinado em casa até julho. Depois, ambos foram exilados em Londres.

 

        5. A imprensa escrita, falada e fofocada, continua repercutindo a quantidade de vagas de trabalho disponíveis no SINE de São Miguel do Oeste. A sobra nesta quantidade de empregos é debitada à falta de qualificação dos trabalhadores. Já me manifestei sobre isto em algumas oportunidades: o que falta mesmo não é qualificação, é salário mesmo! Vejo alguns desempregados bem qualificados partindo para as MEI ou como autônomos, fazedores de bicos. Aqueles que reclamam da falta de trabalhadores, chamando os desempregados de vagabundos, que vão, eles próprios, puxar enxada, bater martelo, mexer concreto ou serrar madeiras pelo valor que pretendem pagar.

Até a próxima.

A CAMINHO DO DESCONHECIDO - 792 - 29.10.2021

DESEJOS INSATISFEITOS – 791 - 22.10.2021 1 A Colenda Câmara de Vereadores de São Miguel do Oeste acaba de prestar uma homenagem póstuma à Presidenta Dilma Vana Rousseff. Depois de o Brasil quase todo divertir-se à custa da Dilma sobre a proposta supostamente apresentada de “encanar” o ar do Brasil, eis que surge a ideia iluminada de um vereador migueloestino que apresentou um projeto de lei para obrigar a CASAN a “desencanar” o ar que a Dilma propôs encanar. É por essas e outras piores que este país não vai para a frente. Por aqui sempre aparece um iluminado para desfazer aquilo que um menos iluminado faz. A Colenda bem que poderia ocupar-se com a eficácia, eficiência e efetividade das instituições públicas ineficazes, ineficientes e inefetivas, quer dizer: incompetentes. Depois desta, Chester Barnard virou-se de costas no túmulo. 2 Mais uma novidade batendo por aqui: a instalação do Balcão Municipal de Empregos. Bem, já que as empresas não possuem capacidade para contratar a mão de obra ociosa, que se criem novos penduricalhos. Pelo menos, a prefeitura contribui com a criação de algumas vagas, já que os 4 mil, seiscentos e poucos desempregados inscritos no SINE-SC continuam sem empregos. Vai ver, é a incompetência do SINE que não dá jeito de coloca-los. Mas se o SINE não dá conta, tem mais trocentas agências privadas para tomar uns trocos dos infelizes antes mesmo de começar a ganhar umas merrecas. Outro fator a contribuir, é o salário oferecido pelos empresários, que obrigam os trabalhadores a fazerem biscates, onde conseguem remunerações melhores. A propósito, não se sabe qual a ojeriza dos capitalistas de direita contra Karl Marx, que escreveu “O Capital” ainda em 1867, uma Crítica da Economia Política (em alemão: (Cas Kapital Kritik der Politischen Oekonomie) que é um conjunto de livros escrito por Karl Marx, que constituem uma análise e crítica do capitalismo, crítica da economia política clássica. Aos incautos empresários sugiro que deveriam louvar Karl Marx, não o odiar, porque ele os ensinou a aplicar a “mais valia” que vigora até hoje, quando o empregador fica com uma parte do salário do empregado por não pagar seu valor real. Mas o assunto de fundo não é esse. O assunto é mais um penduricalho na área política, onde não existe a tal de mais valia. Esta, só existe para os garis e faxineiras. 3 Após quase seis meses de trabalho, nasceu o rebento da CPI da Pandemia. O senador Renan Calheiros apresentou oficialmente seu relatório. Na reunião o senador leu apenas uma pequena parte das 1.179 páginas do documento. Renan disse que está disposto a receber sugestões para alterar e melhorar o texto até a votação prevista para a próxima terça-feira. O relator identificou 29 tipos penais e sugeriu o indiciamento de 66 pessoas, incluindo deputados, empresários, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e o atual titular da pasta, Marcelo Queiroga. Foram apontados ainda crimes cometidos por duas empresas: a Precisa Medicamentos e a VTCLog. Renan não poupou o presidente Jair Bolsonaro, que foi acusado formalmente de ter cometido nove crimes: prevaricação; charlatanismo; epidemia com resultado morte; infração a medidas sanitárias preventivas; emprego irregular de verba pública; incitação ao crime; falsificação de documentos particulares; crime de responsabilidade e crimes contra a humanidade. Perto desta lambança, a Lava Jato virou um conta-gotas. Perto do único crime cometido pela Dilma, que todos os governos cometem, os do Bolsonaro parece uma folha corrida de ladrãozinho de rodoviária. 4 Ana Paula Vescovi, economista chefe do Banco Santander, afirma que os ventos favoráveis da economia mundial mudaram de direção, após uma acumulação recente de choques que jogam para baixo as expectativas de crescimento e trazem mais riscos inflacionários. Vescovi foi secretária do Tesouro Nacional no governo de Michel Temer. Em entrevista, ela diz que o Brasil deve conviver com uma taxa de juros elevada por mais tempo, o que leva a uma desaceleração do crescimento em 2022 e a um desempenho ainda pior em 2023. "Com certeza os ventos externos favoráveis mudaram de direção. Estamos observando uma acumulação de choques que trazem mais incerteza, mais risco. Há uma discussão sobre se eles se dissipam ou se são um pouco mais permanentes. São questões que estão em aberto. A grande dúvida é por quanto tempo estaremos expostos a esses choques antes de uma normalização. Isso tudo nos leva a um cenário de mais inflação, câmbio das economias emergentes mais depreciado e um cenário de crescimento mais contido", afirma a economista. Segundo Vescovi, o país vai passar por um ciclo de aperto monetário que deve terminar no começo do ano que vem. "Diante desses choques, e dessa deterioração do cenário externo em particular, podemos ter uma Selic [taxa básica de jros] contracionista por um pouco mais de tempo do que estimado antes. Então nós vemos a economia em 2023 ainda muito afetada por esse ciclo monetário contracionista. E com um mercado de trabalho que já volta para o pré-pandemia, que vai ser a última variável a alcançar os níveis anteriores à crise". Até a próxima.

 1 É certo que a humanidade (e quando se fala isto tem que haver ressalvas), caminha rumo ao desconhecido. Das possíveis e necessárias ressalvas, é preciso classificar a humanidade, principalmente a brasileira, em dois grupos: o primeiro, mais atingido, que cegamente acredita em Bolsonaro e que não acredita, constituindo assim o grupo dos incautos crentes. O segundo grupo, um pouco mais realista, presta atenção na atual instabilidade político/econômica da Nação Brasileira, convencido que a Pátria Amada Brasil caminha a passos largos e celeremente a caminho do desconhecido. Para os primeiros, o futuro não existe mais. Só o presente interessa desde que haja um prato de comida para colocar sobre as pernas, porque já não existem mesas com cadeiras. Por enquanto, estes ainda se conformam com a perspectiva de receber uma “quentinha” como dizia o saudoso Paulo Salin Maluf, crentes que o Bolsonaro vai instituir definitivamente e permanentemente uma ajuda aos miseráveis de R$ 200,00 por mês.

Para o segundo grupo, dos mais comedidos, o desconhecido está aí à frente, fantasiado de “liberalismo” econômico, onde quem tem algum capital usufrui do sistema para multiplicar suas posses. Como é certo que “na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, como dizia Antoaine-Laurent de Lavoisier, com base nessa premissa o capital, que é volátil, sai das mãos do primeiro grupo para pousar no bolso do segundo, onde se transformará em riqueza. Por isso a tranquilidade dos membros do segundo grupo. Não precisam das quentinhas do governo (mas as querem para acalmar os necessitados), bastando que este deixe a cancela escancarada para o livre trânsito dos bancos e das bolsas de valores. O resto é caminhar de olhos vendados.

 

        2 Também é certo que o povaréu Extremoestino Catarinense e os usuários da Rodovia BR 163 estão, mais uma vez, sendo enganados, ludibriados, enrolados e mais tantos sinônimos possíveis e imagináveis com a promessa de restauração (eu disse RESTAURAÇÃO) da rodovia. Tive a desdita de trafegar alguns quilômetros, desde o acesso para Anchieta até São Miguel do Oeste, e embora noite, pude observar as obras em andamento em alguns “decâmetros” do acostamento direito. As pretensas obras não passam de serviços de empreitada realizado à pá, picareta e carrinho de mão em uma estrada que leva do nada para lugar nenhum. Não pude ver nenhuma máquina um pouco maior daquelas que nominei. Também não vi um único sinal de perigo, o que para este reles escriba representa que não há obra alguma! Isto me faz lembrar a primeira e única tentativa de sua restauração.

        Primeiro, é preciso lembrar aos incautos e sobretudo aos súditos do jabuti, que certamente não sabem, que esta rodovia, não à toa, é paralela à “Transbrasiliana”. Sua extensão é de 4.057 Km, atravessa 6 estados do Brasil no sentido Sul-Norte, iniciando em Tenente Portela, no Noroeste Gaúcho e termina em Santarém, no estado do Pará. Passa pelos estados maiores produtores de grãos do país e serve como escoamento, principalmente da soja.

        A primeira tentativa de restauração foi atribuída a empresa Sul Catarinense, que era um simples britador, quer dizer, um moedor de pedras, do município de Criciúma/SC. O ganhador da licitação chegou em São Miguel do Oeste trazendo uma picape usada, meia dúzia de operários e nenhum equipamento. Iniciaram as obras alugando máquinas velhas, de fiéis cabos eleitorais dos políticos da região, que com o início das obras, (obras?) canalizaram votos dos incautos para sua reeleição. Passadas as eleições, a vaca foi para o brejo.

        Convém também salientar o início da história da BR 163, trecho São Miguel do Oeste a BR 373. A população fronteiriça do Extremo Oeste Catarinense, do Rio Brande do Sul e do Paraná, mobilizou-se para a pavimentação da Rodovia. Como o Governo Federal não deu o ar da graça, o então governador Esperidião Amin, resolveu assumir o encargo, e mandou pavimentar a rodovia com recursos próprios. Tendo assumido o encargo, reduziu o padrão da rodovia para a categoria “vicinal”, mais estreita e com a base mais fraca. Assim mesmo, vale salientar, o então deputado Casildo Maldaner disse publicamente que “se a rodovia fosse concluída no governo Amin, ele “comeria” o asfalto. Efetivamente ele não o comeu, mas o então prefeito de Guarujá do Sul, na inauguração do pavimento da rodovia,  mandou fazer um “bolo” de asfalto para que Cacildo o comesse.

 

        3 Neste momento, os usuários da rodovia, estão novamente às voltas com uma empreiteira desconhecida. Não se viu canteiro de obras nem movimento de equipamentos pesados. É uma incógnita. Este é o resultado do famoso caso Lava Jato, que a mando do Jabuti e sob os auspícios de Sergio Moro e seus asseclas, conseguiram lavar a jato as principais construtoras do Brasil, mandando-as para a outros recantos na América do Sul e na Africa. Triste fim de Policarpo Quaresma.

        Agora vamos nos fixar nesta novidade Mineira, para ver onde vai dar. Por enquanto ela prometeu pavimentar a BR 163 com concreto armado. Esta eu quero ver.

        Até a próxima. 

VAGABUNDOS, VAGABUNDAGEM – 790 em 08.10.2021 por Jaime Capra A erradicação definitiva da pobreza, no capitalismo, é uma falácia. 1.No Brasil, vagabundo é um insulto que significa uma pessoa que não trabalha, não gosta ou se recusa a ter um ofício ou executar qualquer outra atividade, um vadio. No entanto, o sentido original da palavra, que é o utilizado noutros países de língua portuguesa, é o de uma pessoa que leva uma vida itinerante, viajando de lugar em lugar e podendo viver de pequenos trabalhos que encontra ou de esmolas, como um mendigo. Ressalte-se que um vagabundo não é exatamente um mendigo, já que estes últimos permanecem no mesmo lugar e vivem exclusivamente de esmolas. Ao responder a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, Bolsonaro afirmou que ela está defendendo direitos humanos de vagabundos. A palavra que ofende a todos e qualquer um não tem a conotação pejorativa atual. A um, porque no mundo, especialmente no Brasil, a verdadeira vagabundagem, de acordo com o real sentido da palavra, não é tão numerosa quanto muitos querem fazer entender. A dois, porque muitos portadores de algumas destas características, são injustamente tratados por “vagabundos” porque não tem emprego, nem trabalho fixo. É normal ouvir a expressão “vai trabalhar vagabundo” saída da boca de quem se acha superior por ter alguma posse mais representativa, em confronto com quem não tem. 2.É preciso definir esta questão: E quando se quer achincalhar algum desafeto ou que incomoda, que não tem trabalho fixo, um diarista ou tarefeiro nômade ou mesmo um andarilho, como se deve xingar? Calma aí gentes. Vamos por partes... dizia Jack o Estripador (quem assistiu ao filme?). Vamos primeiro tentar saber de onde vem a vagabundagem que só os abastados enxergam. 3.CAPITALISMO: PRODUTOR DE RIQUEZA E DE POBREZA. Bruno Conti (excerto) https://brasildebate.com.br/o-capitalismo-produtor-de-pobreza-e-a-reacao-do-povo-grego/ O Capitalismo produz tecnologias a serviço da humanidade, mas enquanto produz ostentação para alguns, produz escassez e miséria para outros. O que parece contraditório nada mais é do que o próprio modo de funcionamento do sistema. No mesmo ato de geração de riqueza, o capitalismo produz e reproduz pobreza. E é exatamente por isso que essa pobreza é inaceitável, pois não resulta de acidentes naturais ou falta de recursos. É uma pobreza produzida e reproduzida incessantemente, nas periferias das grandes cidades e do mundo. Isso leva a uma constatação muito forte, mas esclarecedora: a erradicação da pobreza, no capitalismo, não será jamais definitiva. E o momento atual escancara essa constatação, já que, no coração dos países tidos como desenvolvidos, o capitalismo está novamente criando pobreza. Na Europa Ocidental, referência do Estado de Bem-Estar, o capitalismo, em pleno século 21, produz de novo pobreza em massa, o que nunca deixou de produzir. É evidente que essa pobreza não acomete a todos – isso também faz parte do modo de funcionamento capitalista –, mas, na periferia da zona euro, verdadeiras multidões são arremessadas a uma condição de elevada vulnerabilidade econômica e social. E a causa não é uma guerra, nem tampouco uma catástrofe natural, mas apenas e tão somente uma crise econômica. Uma crise profunda, mas, ainda assim, uma crise construída pelo próprio capitalismo. Para solucionar a crise, foi escolhido como remédio simples e nada inédito a imposição da austeridade fiscal, condicionando todo tipo de auxílio financeiro à “disciplina orçamentária” dos diversos governos nacionais. Afinal, a queda nos gastos públicos tornaria mais viável o pagamento das dívidas. Tem início, então, a crônica de uma tragédia anunciada. O caso da Grécia é o mais eloquente e os efeitos da crise com austeridade são devastadores. O PIB grego é hoje 30% menor do que era antes da crise. A taxa de desemprego mais do que triplicou de 2008 até agora, alcançando a marca de 27,5%. Entre os jovens com menos de 25 anos, essa taxa atinge inacreditáveis 55,3%. Em função disso, muitos gregos estão saindo do país, em busca de trabalho e dignidade. Falta de recursos? Não. Isso é simplesmente a pobreza sendo re-produzida pelo próprio capitalismo. Nada diferente do que já ocorre na imensa maioria dos países do mundo, especialmente na África, Ásia e América Latina. Mas chama a atenção porque mostra que a erradicação definitiva da pobreza, no capitalismo, é uma falácia. E se essa erradicação da pobreza, dentro do capitalismo, não será nunca definitiva, como empenhar esforços para mantê-la minimamente perene? A própria Grécia dá a resposta: por meio das lutas sociais. O contexto grego revela, infelizmente, a força do capitalismo produzindo pobreza; e revela, felizmente, a força do povo reagindo a esse rebaixamento no seu padrão de vida. E no Brasil? O país é diferente e o contexto também, mas o remédio empurrado goela abaixo é o mesmo: a austeridade fiscal. E o risco inquestionável é que nos enredemos em um marasmo prolongado e que se retroalimenta, como aquele vivido hoje pela zona do euro, laboratório vivo e atual dos efeitos deletérios de uma política de austeridade em uma economia já combalida. Se essa dinâmica perversa ameaça o padrão de vida da população até mesmo na Europa, que diremos dos países periféricos? A melhoria verificada nos últimos anos no padrão de vida de parte importante da população brasileira não está de forma alguma assegurada. Ao contrário, está em xeque. Eficiente por excelência, o capitalismo rapidamente destrói as conquistas sociais pretéritas, sejam as mais antigas e amplas, como as europeias, sejam as mais recentes e restritas, como as brasileiras. E a única maneira de manter, aprofundar e ampliar conquistas é por meio do enfrentamento social.VAGABUNDOS, VAGABUNDAGEM – 790 em 08.10.2021 por Jaime Capra A erradicação definitiva da pobreza, no capitalismo, é uma falácia. 1.No Brasil, vagabundo é um insulto que significa uma pessoa que não trabalha, não gosta ou se recusa a ter um ofício ou executar qualquer outra atividade, um vadio. No entanto, o sentido original da palavra, que é o utilizado noutros países de língua portuguesa, é o de uma pessoa que leva uma vida itinerante, viajando de lugar em lugar e podendo viver de pequenos trabalhos que encontra ou de esmolas, como um mendigo. Ressalte-se que um vagabundo não é exatamente um mendigo, já que estes últimos permanecem no mesmo lugar e vivem exclusivamente de esmolas. Ao responder a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, Bolsonaro afirmou que ela está defendendo direitos humanos de vagabundos. A palavra que ofende a todos e qualquer um não tem a conotação pejorativa atual. A um, porque no mundo, especialmente no Brasil, a verdadeira vagabundagem, de acordo com o real sentido da palavra, não é tão numerosa quanto muitos querem fazer entender. A dois, porque muitos portadores de algumas destas características, são injustamente tratados por “vagabundos” porque não tem emprego, nem trabalho fixo. É normal ouvir a expressão “vai trabalhar vagabundo” saída da boca de quem se acha superior por ter alguma posse mais representativa, em confronto com quem não tem. 2.É preciso definir esta questão: E quando se quer achincalhar algum desafeto ou que incomoda, que não tem trabalho fixo, um diarista ou tarefeiro nômade ou mesmo um andarilho, como se deve xingar? Calma aí gentes. Vamos por partes... dizia Jack o Estripador (quem assistiu ao filme?). Vamos primeiro tentar saber de onde vem a vagabundagem que só os abastados enxergam. 3.CAPITALISMO: PRODUTOR DE RIQUEZA E DE POBREZA. Bruno Conti (excerto) https://brasildebate.com.br/o-capitalismo-produtor-de-pobreza-e-a-reacao-do-povo-grego/ O Capitalismo produz tecnologias a serviço da humanidade, mas enquanto produz ostentação para alguns, produz escassez e miséria para outros. O que parece contraditório nada mais é do que o próprio modo de funcionamento do sistema. No mesmo ato de geração de riqueza, o capitalismo produz e reproduz pobreza. E é exatamente por isso que essa pobreza é inaceitável, pois não resulta de acidentes naturais ou falta de recursos. É uma pobreza produzida e reproduzida incessantemente, nas periferias das grandes cidades e do mundo. Isso leva a uma constatação muito forte, mas esclarecedora: a erradicação da pobreza, no capitalismo, não será jamais definitiva. E o momento atual escancara essa constatação, já que, no coração dos países tidos como desenvolvidos, o capitalismo está novamente criando pobreza. Na Europa Ocidental, referência do Estado de Bem-Estar, o capitalismo, em pleno século 21, produz de novo pobreza em massa, o que nunca deixou de produzir. É evidente que essa pobreza não acomete a todos – isso também faz parte do modo de funcionamento capitalista –, mas, na periferia da zona euro, verdadeiras multidões são arremessadas a uma condição de elevada vulnerabilidade econômica e social. E a causa não é uma guerra, nem tampouco uma catástrofe natural, mas apenas e tão somente uma crise econômica. Uma crise profunda, mas, ainda assim, uma crise construída pelo próprio capitalismo. Para solucionar a crise, foi escolhido como remédio simples e nada inédito a imposição da austeridade fiscal, condicionando todo tipo de auxílio financeiro à “disciplina orçamentária” dos diversos governos nacionais. Afinal, a queda nos gastos públicos tornaria mais viável o pagamento das dívidas. Tem início, então, a crônica de uma tragédia anunciada. O caso da Grécia é o mais eloquente e os efeitos da crise com austeridade são devastadores. O PIB grego é hoje 30% menor do que era antes da crise. A taxa de desemprego mais do que triplicou de 2008 até agora, alcançando a marca de 27,5%. Entre os jovens com menos de 25 anos, essa taxa atinge inacreditáveis 55,3%. Em função disso, muitos gregos estão saindo do país, em busca de trabalho e dignidade. Falta de recursos? Não. Isso é simplesmente a pobreza sendo re-produzida pelo próprio capitalismo. Nada diferente do que já ocorre na imensa maioria dos países do mundo, especialmente na África, Ásia e América Latina. Mas chama a atenção porque mostra que a erradicação definitiva da pobreza, no capitalismo, é uma falácia. E se essa erradicação da pobreza, dentro do capitalismo, não será nunca definitiva, como empenhar esforços para mantê-la minimamente perene? A própria Grécia dá a resposta: por meio das lutas sociais. O contexto grego revela, infelizmente, a força do capitalismo produzindo pobreza; e revela, felizmente, a força do povo reagindo a esse rebaixamento no seu padrão de vida. E no Brasil? O país é diferente e o contexto também, mas o remédio empurrado goela abaixo é o mesmo: a austeridade fiscal. E o risco inquestionável é que nos enredemos em um marasmo prolongado e que se retroalimenta, como aquele vivido hoje pela zona do euro, laboratório vivo e atual dos efeitos deletérios de uma política de austeridade em uma economia já combalida. Se essa dinâmica perversa ameaça o padrão de vida da população até mesmo na Europa, que diremos dos países periféricos? A melhoria verificada nos últimos anos no padrão de vida de parte importante da população brasileira não está de forma alguma assegurada. Ao contrário, está em xeque. Eficiente por excelência, o capitalismo rapidamente destrói as conquistas sociais pretéritas, sejam as mais antigas e amplas, como as europeias, sejam as mais recentes e restritas, como as brasileiras. E a única maneira de manter, aprofundar e ampliar conquistas é por meio do enfrentamento social.