sábado, 19 de dezembro de 2020

FIM DE FESTA NA COLENDA

 

O FIM DE FESTA NA COLENDA - 767 – 17.12.2020

 

Ø    As últimas sessões da Colenda Câmara de Vereadores de São Miguel do Oeste vêm se transformando no melhor programa humorístico da atualidade. Abrindo um parêntesis, a Pandemia aliada à perda da credibilidade de imprensa pelos movimentos do jaboti Bolsonaro que destruiu o que restou, não deixando alternativas senão a busca na fofoca, na observação dos micos e das bobagens que saem da boca das gentes que se acham o máximo.

Ø    A imprensa local, para quem acha normal, é incapaz de produzir algo isento, de utilidade, que não seja para enaltecer quem chega até nossas paragens em busca de votos ou alguma notoriedade que a vida pública ou atuação política não lhe proporcionam, devido a sua inércia nos temas de interesse da sociedade Migueloestina.

Ø    Malgrado tudo o que pensamos sobre nossa cidade, Pólo Microrregional, bem servida de infraestrutura de bens e serviços, apresentando um crescimento vertical importante, a verdade nua e crua é que somos um povo provinciano em quase tudo, com raríssimas exceções. Nossa organização empresarial ainda é pouco incisiva, privilegia o setor terciário individual em detrimento do setor de transformação, gerador de mais empregos, renda e tributos.

Ø    Mais de 50 anos após a entrada do Brasil na revolução industrial, ainda estamos presos ao regime extrativista, para onde o  Bolsonaro quer levar nosso País. Para isto não se importa destruir o meio ambiente e a economia global. Em nível local, ainda plantamos mandioca e milho no centro da cidade e paralelamente coibimos a instalação de empresas industriais ou deixamos de incentivar as pequenas, para ficar discutindo sobre a possibilidade de instalação de empresas comerciais de bugigangas, mormente sonegadores de impostos como amplamente divulgado.      

Ø    Voltando à vaca fria, como se fala por aí, os últimos debates na Colenda, num clima de fim de festa, não deixam dúvidas que somos uma sociedade sem idéias. A única, recorrente, é a de que alguns dos ilustres edis que participarão ou não do “réveillon” ainda se acham o suprasumo da política Migueloestina. Chegam inclusive ao ridículo de vangloriar-se por conseguir aprovar uma chicana que contraria a Lei, só para deixar uma porta aberta para o futuro.

Ø    As discussões sobre a importância da Cultura, do Plano Diretor, do interesse público voltado ao Orçamento e, sobretudo, à Lei de Diretrizes orçamentária, desde há muito tempo transformou-se num dispositivo para “contentar” o Tribunal de Contas do Estado, que é o regulador mor dos planos de governo, suplantando de longe o interesse público e das populações. Desde os tempos de minha modesta participação na AMEOSC, tenho como tema de estudos a questão orçamentária nos municípios do Extremo Oeste de Santa Catarina. E não foi outra a conclusão senão a de que sua aplicação nada mais representa que o mero cumprimento da Lei e a manutenção de uma estrutura paquiderme que serve unicamente ao abrigo de políticos aposentados ou fora dos respectivos mandatos.

Ø    Histórias há muitas, inclusive uma daqui de São Miguel do Oeste, quando por pressão de alguns servidores o Município resolveu contratar um especialista para organizar o setor de compras. Quando entregou seu relatório com os procedimentos regulamentados, foi imediatamente demitido, porque daquela maneira não seria mais possível atender aos munícipes com pequenas quantidades de cimento, areia, pedra britada e alguns litrinhos de gasolina.

Ø    Mas voltando ao Orçamento, e LDO, esta especialmente, a teoria e a própria Lei Federal rezam que é o principal instrumento de planejamento. Qual nada: todos os anos são entregues em cima da hora, apenas corrigidos monetariamente, para não permitir que sejam dissecados e ou discutidos. A Lei de Diretrizes Orçamentárias, planejamento para os próximos 4 anos, nada mais é que um pré orçamento numerológico, sem qualquer indicativo de qual o rumo que a administração municipal pretende seguir. O ajuste das melancias se dá através das suplementações. Uma vergonha! Mas afinal, o que é mesmo planejamento governamental?

Ø    Felizmente, embora tarde demais, tive a oportunidade (após longo período de ostracismo) de ouvir algumas das últimas manifestações diretamente do plenário da Colenda. Não me ative a avaliar os motivos, mas uma coisa é certa: embora os embates sobre estas questões (saúde, educação, cultura principalmente e fundamentalmente, a preocupação de alguns poucos que tiveram a oportunidade de permanecer na Casa e a perspectiva que outros, estreantes, possam abraçar a causa, há indicadores que o Povo Migueloestino será reconhecido, e os estilo da administração deixará de ser governamental para ser popular, isto é, em benefício do povo, razão maior da existência de uma sociedade participativa, comunitária que persegue o bem comum. Aos que ficam, desejo que abram os olhos; aos que saíram, ainda é tempo de aprender alguma coisa, e aos que estão chegando desejo que não se percam nos meandros da política de Gerson, (tirar vantagem em tudo), embora algo indique que já tem gente cercando o paço municipal em busca de alguma vantagem. Até a próxima.

 

 

terça-feira, 24 de novembro de 2020

UMA SAÍDA PARA O BRASIL

 

UMA SAÍDA PARA O BRASIL  - 765 – 24.11.2020


"Há indícios de que os tribunais superiores se deram conta de que o futuro da democracia depende em boa medida deles", avalia o sociólogo Boaventura de Sousa Santos

O Brasil está numa encruzilhada existencial de uma dimensão difícil de imaginar. É o país do mundo com um dos maiores desastres humanitários causados pela pandemia. É o país que viveu dois graves atentados à democracia num curto espaço de tempo: o golpe jurídico-político contra a presidente Dilma Rousseff, em 2016, e a grotesca manipulação judicial-política que levou à condenação sem provas do ex-presidente Lula da Silva, em 2018.

É o país governado por um presidente que ganhou as eleições depois de o seu rival ter sido ilegalmente neutralizado e, mesmo assim, com a ajuda de uma avassaladora avalanche de notícias falsas. É o país governado por um presidente manifestamente incompetente para exercer o cargo e também defensor da ditadura militar que governou o país entre 1964 e 1985 e da tortura de opositores democráticos, e que chega a pôr sob vigilância defensores dos direitos humanos, por alegadas atividades…antifascistas; é ainda cúmplice ativo do genocídio em curso no Brasil contra a população indígena e contra a população pobre, sobretudo negra. 

É o único governante do mundo que continua a negar a gravidade da situação pandêmica e recusa declarar luto nacional pela morte de tantos milhares de brasileiros. Um governante que faz propaganda de um produto sem comprovação científica da sua eficácia, a cloroquina, produzida por um empresário de quem o governo adquiriu um estoque suficiente para abastecer o país durante 18 anos a um preço seis vezes superior ao que comprou o mesmo medicamento no ano passado. É o país onde os grandes meios de comunicação mostraram ao longo dos anos um total desprezo pelas regras de convivência humana e democrática. 

É o país onde os EUA puderam infiltrar o sistema judicial com mais facilidade e eficácia para fazer alinhar a política externa do país com os interesses norte-americanos no continente e para destruir a economia do país em algumas áreas concorrentes com as empresas norte-americanas.

É, finalmente, o país onde, apesar de tudo isto, e no aparente funcionamento normal das instituições democráticas, a popularidade do presidente, que desceu bastante nos primeiros meses da pandemia, volta a crescer e o posiciona para um segundo mandato a partir de 2022.

Perante isto, a única saída possível para o Brasil é, o mais tardar em 2022, poder pôr fim democraticamente ao pesadelo infernal do bolsonarismo. Apesar de muito dano irreversível ter sido feito, a saída consistirá em os brasileiros e as brasileiras sentirem política e psiquicamente que acordaram de um pesadelo, que estão vivos apesar de tantos entes queridos perdidos e que um novo dia nasce e um novo começo volta a ser possível. Quais são as condições para isso? 

Primeiro, o presidente e o seu clã devem ser investigados seriamente e, por tudo o que se conhece concluir que há indícios suficientes para serem acusados, julgados e presos. Aliás, no plano internacional, já foram apresentadas várias queixas-crime no Tribunal Penal Internacional da Haia contra a pessoa do presidente Bolsonaro pelo modo como conduziu o país durante a crise pandêmica, queixas por crime contra a humanidade e, no caso dos povos indígenas, por genocídio.

Segundo, os artífices da grave degradação da democracia nos últimos anos, os juízes e procuradores do Ministério Público, que conduziram as investigações a partir de Curitiba, cometeram tantos e tais atropelos que devem ser excluídos da função que desonraram, como devem ser julgados por todas as garantias processuais que eles negaram às vítimas da sua manipulação.

Particularmente Sérgio Moro, deve ser definitivamente afastado da vida política. Como foi possível que um medíocre juiz federal de primeira instância assumisse jurisdição nacional e se arrogasse o poder de violar as mais elementares hierarquias do sistema judicial?

Terceiro, o ex-presidente Lula da Silva deve recuperar plenamente os seus direitos políticos em face da diabólica armadilha de que foi vítima e cujos mais grotescos traços começam a ser conhecidos.

Quarto, as forças políticas de esquerda têm de se convencer de que estão perante uma situação política excepcional a exigir comportamentos excepcionais e que discutir neste momento se o PSB (Partido Socialista Brasileiro) ou o PDT (Partido Democrático Trabalhista) são ou não de esquerda, ou furtar-se a articulações com um amplo leque de forças democráticas com vista às próximas lutas eleitorais, são atos de suicídio político que o país se encarregará de lhes lembrar nos próximos anos.

Quinto, os movimentos sociais e organizações da sociedade civil têm de acordar da sonolência inquietante que lhes foi incutida pela vida relativamente fácil que tiveram durante os governos de Lula da Silva. O país do Fórum Social Mundial é hoje um embaraço para todos os democratas e ativistas do mundo que viram no Brasil, no início da década de 2000, o país líder de uma nova época de mobilizações sociais incisivas e pacíficas guiadas pela ideia inaugural de que “um outro mundo é possível”. 

Estas são as principais condições. As três primeiras estão nas mãos do poder judicial do Brasil. Há indícios de que os tribunais superiores se deram conta de que o futuro da democracia depende em boa medida deles. Cometeram muitos erros no passado recente, foram cúmplices, ante flagrantes violações do garantismo processual que é a razão de ser do sistema judicial numa democracia. Mas há sinais de que serão a primeira instituição a acordar do pesadelo bolsonarista, e não há neste momento razões para duvidar de que estarão à altura do encargo histórico que lhes cabe. Certamente já se deram conta de que serão as próximas vítimas, se a ilegalidade continuar à solta e impune. Não devem deixar-se intimidar por grupelhos extremistas nem pelo gabinete do ódio. 

Têm alguns bons exemplos no continente de que os tribunais sabem por vezes assumir a responsabilidade que lhes cabe num dado momento histórico. Afinal, quem poderia imaginar que o mais poderoso político da Colômbia, Álvaro Uribe, senador, ex-presidente do país, responsável impune por muitos crimes e pela destruição dos acordos de paz com a guerrilha, fosse posto em detenção domiciliar para não obstruir a Justiça que o julgará por uma decisão unânime do Tribunal Supremo? 

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

UM DEBATE MEDÍOCRE

 

UM DEBATE MEDÍOCRE – 764 24.10.2020 BLOG

 

> A Associação Comercial e Industrial de São Miguel do Oeste – ACISMO, foi protagonista de um debate entre os candidatos a prefeito do município. O protagonismo abrangeu a cessão das instalações, contratação de um mediador e a mobilização dos associados que esmeraram-se na elaboração das perguntas de interesse da classe, que foram dirigidas aos candidatos.  

As respostas as questões mais importantes para o futuro do município, não passaram do “arroz com feijão” de todas as campanhas políticas. Nenhuma palavra dos candidatos Grando e Trevisan, ambos da situação, que deixasse a impressão que a administração municipal voltará sua atenção para o futuro.

Nos mais, uma sequência de palavrório vazio e vãs promessas que no passado sempre deram resultado. As promessas concentraram-se em obras feitas ou a fazer, no mais explícito estilo politiqueiro e provinciano. Essa conversa de político ainda dará resultado?

Com relação à população, sua qualidade de vida, a preocupação com o futuro e a ampliação do conhecimento para atingi-la, nada foi dito. Quanto ao desenvolvimento, que traz como resultado o crescimento econômico alavancado pela geração de emprego, nada foi proposto.

Apenas mais vagas nas creches ou mais terra para as indústrias não vão resolver a estagnação. É preciso bem mais que isso. Vagas para cuidar dos filhos de quem não trabalha, ou terra para ficar parada criando capoeira ou para os transeuntes admirarem, não atrai nenhuma empresa. As empesas e os verdadeiros empreendedores querem bem mais que isso. Querem infraestrutura, água, luz, internet, tecnologia e melhores condições de escoamento da produção e captação de matérias primas.

 

> O candidato Grando disse que para atrair empresas é preciso colocar um secretário de desenvolvimento econômico com contatos em Brasília e Florianópolis, com formação e conhecimento. Vai encontrar um PhD em política para operar milagres por pouco mais de R$ 4.000,00 por mês, que é o salário de um secretário municipal. A propósito, Grando e seus padrinhos estiveram e continuam estando há 40 anos em Florianópolis e Brasília e o que fizeram para o crescimento econômico da Região? Arranjar umas merrecas em emendas parlamentares sob a rubrica “4ª via legal”? Será que agora, ao entrar a 3ª década do Século XXI as coisas mudarão? Façam suas apostas.  

Ao invés de compilar e decorar todos os números do município e do estado, o nobre candidato poderia investir seu tempo lendo o livro, agora virtual, “O negócio é ser pequeno, de Ernst Friedrich Schumacher”, uma coletânea de ensaios que refletem a filosofia do economista E. F. Schumacher sobre o pensamento moderno, econômico, ecológico e espiritual.

 

> O atual prefeito Trevisan, andou na mesma balada: asfalto, creches, reformas, pedra britada, e... aumento de impostos (não falou, mas devia). Também não falou no endividamento e no saldo em caixa, omitido por questões óbvias. Falou muito em otimização das rotinas e utilização plena de pessoal. Pelos gargalos em alguns setores, culpou o crescimento e a demanda por serviços.

A CASAN e as águas que não possui, os constantes problemas nas comunicações (telefone e internet), a BR 163 estacionada desde 2012, a BR 282 parada por igual tempo, o contorno viário que já ajudou a ganhar eleições e sistematicamente é esquecido, tudo isto, segundo os candidatos parceiros não tem importância nenhuma. Os problemas passaram ao largo

Falou tanto em atrair empresas. Mas onde estão os incentivos? Nas duas áreas de terra abandonadas e uma terceira esperando o próximo mandato? Não senhores! É preciso investir em infraestrutura. Investir politicamente, pois a infraestrutura que é deficiente não é responsabilidade do município. É preciso ter peso político para chegar em Brasília ou Florianópolis, e este passa longe de São Miguel do Oeste. Comportamentos provincianos ficam bem nas províncias. São Miguel do Oeste não é mais uma província. Só nossos mandatários e os políticos que elegemos merecem este epíteto.

Sendo os investimentos em infraestrutura responsabilidade da União ou do Estado, é preciso poder político para acessá-los. Isto se consegue com articulações, não com disputas partidárias e muito menos com bairrismo exacerbado.

terça-feira, 13 de outubro de 2020

O QUE ESPERAR? - 763 - 09/10/2020

 O QUE ESPERAR?  

>> As mudanças nas regras eleitorais já previam que as eleições municipais de 2020 teriam elementos novos. Porém, foi o cenário imposto pela pandemia da Covid-19 que realmente ampliou o panorama inédito deste pleito. Ao contrário do modelo tradicional, a maneira de se fazer campanha este ano desafia partidos, candidatos, autoridades e, claro, os eleitores. Sai o tão comum corpo a corpo e entra uma presença mais massiva e efetiva no mundo virtual. Será pelas plataformas de comunicação virtuais que ocorrerão, por exemplo, as convenções partidárias. As datas já foram adaptadas ao panorama da pandemia, que fez com que o cronograma fosse alterado em 45 dias, garantindo mais condições sanitárias para a realização do pleito, o que também fez com que o primeiro turno da eleição fosse adiado de 4 de outubro para 15 de novembro. Outros desafios também estarão presentes até o ponto alto do processo, a votação.

 

      >> Toda democracia possui um ganho para os atores políticos atuantes neste ambiente: relativa previsibilidade acerca do desempenho dos partidos e dos resultados posteriores do processo decisório. Contudo, no Brasil, as instituições estão deslocadas e o comportamento dos atores tem sido cada vez mais imprevisível, sobretudo em função da radicalização dos posicionamentos político-ideológicos, da excessiva polarização eleitoral e da continuidade do clima de campanha política mesmo após o encerramento do pleito de 2018. Desse modo, a eleição municipal de 2020 tende a ser diferente, ao menos em dois aspectos. Um deles relativo aos novos incentivos das instituições eleitorais, os quais impactarão o pleito dos vereadores e, o outro, informado pela cultura política, expresso na recuperação do terreno perdido pela esquerda por causa do golpe midiático e proliferação de mentiras espalhadas pela operação Lava Jato no país, e no possível aprofundamento de uma agenda de valores, costumes solidariedade ao menos favorecidos a ganhar destaque nos debates. 

 

>> A disputa nas 295 cidades catarinenses ocorre com redes sociais como forma de contornar a pandemia e pode projetar cenários para a corrida eleitoral de 2022. A eleição municipal costuma ser vista como uma disputa à parte, pautada por problemas do dia a dia como saúde, emprego, educação e saneamento. Uma disputa feita em meio à pandemia do novo corona vírus, em um momento de polarização política do país, deve tornar a campanha de 2020 ainda mais singular. Sem o popular corpo a corpo, impossibilitado pela necessidade de distanciamento social, a eleição deve ter novamente nas redes sociais uma plataforma para conectar candidatos e eleitores. Isso traz desafios como lidar com os disparos de mensagens e problemas já registrados em 2018, como as fake news.

      Nas eleições municipais há sempre diferentes disputas em jogo ao mesmo tempo. Nas grandes capitais, as candidaturas têm repercussão nacional, enquanto nas cidades menores os assuntos costumam ser mais localizados.

 

>> A autonomia dos entes federados é prevista na Constituição de 1988 e, com relação aos Municípios, representou uma significativa mudança no status que anteriormente detinham, reconhecidos como meros entes administrativos e não políticos. A postura do constituinte brasileiro foi novidade não só em nossa história, mas no cenário internacional, já que em nenhuma outra federação existe um sistema político e administrativo com três níveis de entes autônomos.

      Sem deixar de reconhecer os percalços que dificultam uma atuação autônoma dos municípios, o ano de 2020 parece ensaiar alguns passos no sentido de trazer para a realidade a promessa constitucional. A crise multidimensional causada pelo corona vírus, -de ordem sanitária, econômica, política, etc.– é o melhor exemplo. A pandemia foi estopim para a decisão do Supremo Tribunal Federal que assegurou aos municípios a possibilidade de sozinhos, imporem medidas normativas e administrativas de enfrentamento à doença, sem guardar obediência com as ordens emanadas de estados e União.

      Certamente que a motivação da corte para essa decisão não fundou apenas na previsão de autonomia, mas sobretudo no fato de que a atuação de gestores locais parecia mais protetiva à saúde pública e adequada às realidades locais. As consequências do entanto, foram mais amplas ao levar aos olhos da população o importante papel que os entes municipais podem desempenhar na proteção de interesses da população local.

      Os municípios ganharam posição de destaque na crise da saúde: criaram protocolos de isolamento e de reabertura; construíram hospitais de campanha; fiscalizaram o cumprimento das normas de proteção sanitária; buscaram alternativas de ensino público presencial. É claro que a face oposta também foi colocada sob os holofotes: ao ganharem mais autonomia, alguns municípios se revelaram inaptos a gerirem as funções que lhe cabiam ou o fizeram de forma ímproba e/ou fraudulenta.

 

      >> E agora José? Antigamente se perguntava: como vamos fazer? Mais do que nunca, aumentou a responsabilidade do Eleitor na escolha de seus prefeitos e vereadores.

      Para começo de conversa, a legislação não mais permite a realização de comícios e reuniões, assim como não permite a organização de picadinhos, churrasquinhos, cervejadas. Limitou os gastos de campanha, ampliou os mecanismos de fiscalização, dificultou a campanha ajudada pela pandemia.

     Ficou mais fácil identificar os honestos e com melhor grau de conhecimento da realidade do município e trato com as pessoas. Estes não precisam, e nem costumam, trocar votos por cerveja, churrasco, promessas. Nem pegar carona na garupa de um pangaré para garantir um carguinho na prefeitura. Os candidatos que sabem manusear um computador, conhecem as leis e as necessidades da população e tem uma atividade regular e honesta, não precisam disso. Não compram votos com churrasco e cerveja. Trabalham e defendem os direitos do povo, independente de classe social. Fiquem atentos a isso!
  

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

VOLTA AO PASSADO

 

VOLTA AO PASSADO – 762 - 30.09.2020

 

>> Foi dada a largada para as eleições 2020, embora aparentemente restrinjam-se aos municípios. Mas isso são apenas aparências embora o clima eleitoral invada também as capitais estaduais e a da república.

As eleições municipais, comparadas com as atividades agrícolas, nada mais são que a preparação do solo para a colheita de 2022. A aparentemente simples eleição de um vereador, mesmo em Sanchas Parda, perto de Caximbetê, adquire uma importância comparável com a eleição de um deputado ou senador no devido tempo.

Não pensem os incautos que os palácios de governo não tenham lupas poderosas instaladas para identificar qualquer movimento contrário aos seus interesses "reeleitoreiros". Porém, nos megafones só se ouve palavras ardilmente calculadas para atrair os inocentes.

No fundo, lá no fundilho, o povo é instado a eleger seus representantes na esperança de dias melhores. Estes haverão de chegar, mas exclusivamente até aqueles que prometem.

 

       >> Não consigo esquecer  uma charada antiga que circulou logo após o fim do bipartidarismo, que assim propunha aos espertos:

1) O Partido “A” só (re)alisa, não (pro)mete;

2) O partido “B” só (pro)mete, não (re)alisa.

       Dada a realidade de São Miguel do Oeste, com a gangorra pendendo sempre para o mesmo lado, é de se perguntar ao eleitor se  quer ou não ser alisado. De qualquer forma, querendo ou não, vai se ferrar.

A propósito, tanto se fala do cavalo que passa encilhado. Desta vez, os cavalos encilhados que vem a trote, tem mais passageiros na  garupa que na sela. Tem passageiros montados até no pescoço do animal. Não tem lugar para mais ninguém.

 

>> O que é feito da política neste País? Virou uma casa d’Irene, uma casa de tolerância onde tem gente que vem e gente que vai, como diz a letra da música Italiana. Nem o Bolsonaro (recuso-me a chamá-lo presidente) acredita no partido que o conduziu ao poder. Aliá, quem o conduziu ao poder, ou seja, quem colocou o jabuti em cima da árvore, não foi uma estrutura partidária, mas uma estrutura difusora da ignorância, mais letal que o coronavírus.

Esta ignorância que tomou o Brasil de assalto, é responsável pela difusão do medo entre a população. Medo de morrer, medo de passar fome, medo de perder o emprego, medo de falir, medo de não ter assistência médica, medo de faltar comida, medo da depressão.

Crianças e adolescentes acordando de sobressalto durante a noite, aumento de número de suicídios, intolerância das pessoas com seus semelhantes, sintomas de depressão generalizados, tudo isto transforma a vida em verdadeiro calvário.

Nossos governantes que se propuseram a endireitar o País, perderam-se pelo caminho. Esqueceram-se da boa política. Esqueceram do povo, dos cidadãos, das Instituições, das tradições,, das famílias, para olhar somente o próprio umbigo e planejar seu futuro nababesco.

 

>> O que fará o povo nessas eleições? É uma boa pergunta que exige um exercício de futurologia. Aqueles que não possuem capacidade de ver um palmo adiante e prever como será o Brasil em 2021, deixarão tudo como está para ver como fica. Os que desejarem uma vida mais tranquila, segura, com perspectivas ótimas para si e seus descendentes, terão fatalmente que tentar mudar o curso da história, e trilhar o caminho da vida sem a necessidade de pegar carona na garupa ou no pescoço de um pangaré qualquer.

Este é o grande desafio desta campanha. Preferir andar "solito" a pé que dividir uma carona qualquer num pangaré acostumado a só andar de trote e não raro derrubar o cargueiro.  

 

>> O Jornal Francês Libération publicou uma extensa reportagem sobre o combate ao coronavirus na cidade de Araraquara, a 280 km de São Paulo. Governada por Edinho Silva (PT) a cidade colocou em práica uma política de testagem em massa para isolar e tratar rapidamente os infectados. Araraquara vai totalmente na contramão do fracasso que é o combate à covid no Brasil, um dos países mais devastados pela doença. A cidade governada por Edinho Silva fez testagem em massa e controlou a pandemia de maneira surpreendente para os padrões brasileiros.

 

>> O colunista gaúcho Rodrigo Constantino insurgiu-se com o fato de parte da imprensa e mídias sociais terem classificado Amy Barrett, indicada por Ronald Tramp para a Suprema Corte dos Estados Unidos como extremista de direita. Segundo o colunista, virou mania das mídias classificarem qualquer conservador, defensor da extinta TFP (Tradição, Família e Propriedade), e defensor das elites dominantes como extremista de direita, como se isso fosse crime.

Belo gesto, meu caro colega. Agora, classificar qualquer matuto com posições mais à esquerda, defensor das igualdades social, racial e de gênero como comunista, socialista, comedor de criancinhas, aí pode. Vá se catar, ô fanático!

Isso é normal, afinal quem está acostumado a comer caviar e salmão, jamais vai se sujeitar ao arroz com feijão de cada dia.

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

MANCÓDROMO - 759

 

MANCÓDROMO – 759 BLOG

 

TÁBULA RASA, é uma expressão latina que significa literalmente "tábua raspada", e tem o sentido de "folha de papel em branco". Como metáfora, o conceito de tábula rasa foi utilizado por Aristóteles em oposição a Platão e difundido para indicar uma condição em que a consciência é desprovida de qualquer conhecimento inato - tal como uma folha em branco, a ser preenchida.

       O filósofo inglês John Locke, considerado o protagonista do empirismo, detalhou a tese da tábula rasa, onde, em princípio, todas as pessoas nascem sem conhecimento algum (a mente é, inicialmente, como uma "folha em branco"), e todo o processo do conhecer, do saber e do agir é aprendido através da experiência. A partir do século XVII, o argumento da tábula rasa foi importante não apenas do ponto de vista da filosofia do conhecimento, mas também do ponto de vista da filosofia política ao defender que, não havendo ideias inatas, todos os homens nascem iguais. Forneceu assim a base da crítica ao absolutismo e da contestação do poder como um direito divino ou como atributo inato.

 

CHURUMELA é algo de pouco valor, lamúria, lengalenga, uma conversa fiada, uma ladainha ou um texto enfadonho, cansativo. No caso presente, o texto sobre a Tábula Rasa, parece uma churumela, mas não é isto simplesmente. A situação político-administrativa de nosso País não deixa dúvidas. Todos os dias os noticiários dão conta de mancadas, bobagens e tiros nos pés patrocinadas por nossos governantes e seus auxiliares diretos, demonstrando a tese de John Locke, afirmando que todo o processo de conhecimento advém da experiência. Tornamo-nos um verdadeiro mancódromo, onde atuam os reis da mancada. Assim, é de estranhar, por exemplo, como os atuais presidente da República e governador de Santa Catarina chegaram ao poder, se aprenderam somente a lustrar coturnos e fivelas?

Não sei o que meus leitores pensam quando nomino esses governantes ou qualquer um que ocupe um cargo importante, sem possuir a devida experiência. Modestamente, considero-os Jabutis em cima de árvores. É sabido que os simpáticos animaizinhos não sobem em árvores, em razão de sua anatomia. Assim sendo, só resta perguntar: Que os colocou lá?

 

       JOGO JOGADO, é tido através da ideia que grande parcela do Povo Brasileiro também é uma Tábula Rasa. Desprovida de experiência por falta de oportunidades e de conhecimento por deficiências no sistema educacional, sequer percebe o quando é enganada. Os meios de comunicação de massas aos quais a população tem acesso, contribuem com o sistema vigente, disponibilizando muito entretimento e pouca cultura. Aliás, à cultura só tem acesso os mais abastados. O primeiro resultado dessas discrepâncias é a fragmentação das classes sociais onde os interesses individuais são colocados acima dos coletivos. As personalidades governamentais que tem o dever de conduzir a população pelo caminho do desenvolvimento social e econômico, fogem da tradição do ensinamento através de bons exemplos, e entregam-se ao individualismo e ao tradicional preceito de levar vantagem em tudo.

 

       APAGAR A HISTÓRIA para implantar a sua própria, é o desejo maior de todo governante insensível e por isso medíocre.

       Em recente matéria jornalística local, o mata-borrão da história afirmou peremptoriamente que a situação financeira do município é privilegiada. A bem da verdade, ela não é mas tornou-se privilegiada à conta de manobras que remetem ao dizer do colega já falecido, que prestando contas de sua gestão afirmou: o meu município deu um “lucro” de tantos mil cruzeiros. Além das manobras do tipo aumento de tributos via reformas no código tributário, cortes nos serviços urbanos e endividamento público, também contribuiu para tanto, o crescimento da atividade econômica na última década, o que fez crescer os repasses constitucionais e a arrecadação de tributos.

       Tudo isto pode ser muito bonito na fotografia, mas na realidade o abismo que separa o topo da base da pirâmide social (de Maslow), acentuou-se, tornando quase impossível para os mais pobres suprir as necessidades fisiológicas e adentrar, ao menos parcialmente, na faixa de suprimento das necessidades de segurança.

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

ORIGEM DA BURRICE II

 

758 - A ORIGEM DA BURICE II 

 

NEM BEM o jornal chegou ao banheiro, lugar onde ele e o escriba desta reles coluna deveriam estar, segundo desejo de um antes político hoje notável aspone. É imperioso voltar ao tema para tratar das origens da burrice, devido aos mais recentes acontecimentos. A burrice assola este País varonil desde o descobrimento e depois, do Oiapoque ao Chuí.

Não é possível elaborar uma lista no sentido Norte/Sul ou Leste/Oeste, ou ainda o Contrário. Mas como vivemos numa República e num sistema supostamente democrático, têm-se que circunscrever as besteiras, asnices e bobagens, que nossos orangotangos conseguem produzir. Malgrado os milhões de analfabetos que habitam a terra de Cabral, a legião que consegue perceber o que efetivamente se passa tem aumentado vertiginosamente.

O MOBRAL da atualidade tem contribuído sobremaneira com a alfabetização do nosso povo. As cartilhas adotadas são os meios de comunicação, as redes sociais e, pasmem, as Fake News, com menção honrosa aos cartunistas, blogueiros, artistas e humoristas, que todos os dias nos enchem de alegria e felicidade, além de vibrações contra ou a favor que enchem nossas sistema venoso de adrenalina.

 

       COMEÇANDO POR CIMA, o périplo não poderia poupar o ilustre jabuti Presidente. Ainda hoje (05/05) foi publicado nos meios de comunicação, que o Capitão Aposentado (vejam só!) teria convocado seu estafe de três Generais quatro estrelas, buscando autorização para mandar o Exército bloquear o Supremo Tribunal Federal, isto no mês de fevereiro deste ano. Não é preciso dizer que os Generais não aprovaram a infeliz ideia. A mim, modestamente, só resta dizer “bem feito”! Quem mandou colocar um Capitão, reformado para não ser expulso, para comandar Generais. E bem feito também aos quadreestrelados! Quem mandou submeter-se ao comando de um Capitão sem noção. Pior que estes já conheciam a peça de outros carnavais.

       Ao autor maior das sandices deve também ser creditada a ideia de usar gás de ozônio aplicado pela via “retal” para combater a pandemia. É o fim da picada o Bolsonaro promover o encontro de seu Ministro da Saúde Interino com os defensores do uso do gás de ozônio. Depois de responsabilidade pela morte de parte dos 100 mil que acreditaram na Cloroquina, agora o Presidente abraça o ozônio para matar mais uma leva. O engraçado é que a prevenção contra o coronavírus deve ser feita protegendo a “inspiração” pelas vias respiratórias, e a proposta do ozônio é para proteger a “expiração”. Quer dizer: matar o vírus na saída, decerto filtrando os “puns”! Isto é demais para minha ignorância!

       Na parte Legislativa o quadro é desolador. Estabeleceu-se um cabo de guerra para disputar a presidência da casa. É tragicômico, porque em uma ponta está a Direita e na outra, a Esquerda. O Centrão que era para ser a turma do Bolsonaro, puxa alternadamente para a direita e para a esquerda. Tomaram a grana do Jabuti e treparam no muro, onde aguardarão a tremedeira do Bozo para levar mais grana.

       O Senado, Ah Coitado, como dizia a Filó num velho programa de humor.  Os principais medalhões, alguns com reeleições vitalícias foram banidos. Outros, estão com o C. na rifa. Tiveram que aceitar um desconhecido, sem nome nem sobrenome, para dirigir a casa que fora um centro de poder. Atualmente, não fossem as trapalhadas do orangotango mor, passaria despercebida.

 

       NA LINHA MÉDIA, o quadro não é diferente. Mais um jabuti trepado na árvore, apoiado num partido que nasceu e continua em estado de coma. A personalidade Bíblica chegou ao poder apoiado na farda, sem entender nada de política e menos de administração pública. Antes de chegar ao meio do mandato, já arrumou uma corruptazinha e um pedido de impedimento rondando a porta do Palácio. Mas ao menos tem um consolo: vai igual a China, de “Mao” Tse Tung a Lin “Piao”.

       Na questão do Corona vírus, assunto do momento, ocupa as manchetes nacionais como o Estado onde o vírus encontrou terreno fértil e assim mesmo recebe adubação especial de incompetência, indecisão e falta de personalidade. Está transformando a Bela e Santa Catarina numa feia e pecadora.

       Quanto ao Legislativo, também pratica a política de cabo de guerra. Puxa para todos os lados, especialmente às vésperas de uma eleição municipal onde os impolutos parlamentares semeiam suas campanhas para colher em 2022. O Moisés, que recebeu a tábua e permitiu que lhe roubassem o 7º Mandamento, assiste a tudo passivo, lustrando os coturnos e a fivela do cinto. Investimentos, obras e manutenções, não é com ele, assim como a instalação de um mega depósito da Amazon.

 

       AQUI NA TERRINHA, então, muitos comentários nas redes sociais, enaltecendo as acirradas discussões legislativas que não levam a coisa alguma. Ou por outra: tentam levar para algum lugar, preferencialmente ao lado do único candidato a prefeito que surgiu até o momento. Os demais partidos políticos deste município fragmentado, de pouco mais de 25 mil eleitores, digladiam-se numa briga de foice no escuro para disputar a candidatura a vice-prefeito, cujas vantagens já identificadas são a de não gastar com campanha política e não ter responsabilidade por uma possível má gestão. Isto é um verdadeiro melzinho na chupeta. Até a próxima. 

756 - COMPLEXO DE VIRA LATAS

 757 - COMPLEXO DE VIRA LATAS

 

COMPLEXO DE VIRA-LATAS é uma expressão criada pelo dramaturgo e escritor brasileiro Nelson Rodrigues, a qual originalmente se referia ao trauma sofrido pelos brasileiros em 1950, quando a Seleção brasileira foi derrotada pela Uruguaia na final da Copa do Mundo em pleno Maracanã. O Brasil só teria se recuperado do choque em 1958, quando ganhou a Copa do Mundo pela primeira vez. Para Rodrigues, o fenômeno não se limitava somente ao campo futebolístico.

      Complexo de vira-lata é também a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem.

A ideia de que o povo brasileiro é inferior a outros ou degenerado não é nova e data pelo menos do século XIX, quando o conde francês Arthur de Gobineau desembarcou em 1845 no Rio de Janeiro e chamou os cariocas de "macacos".

Nas décadas de 1920 e 1930, várias correntes de pensamento digladiavam-se quanto a origem desta suposta inferioridade. Alguns proclamavam que a miscigenação era a raiz de todos os males e que a raça branca era superior às demais. Outros afirmavam que a inferioridade era um problema de ignorância, não de miscigenação, tese recuperada recentemente. Manuel Bomfim também foi um notável contestador dessa tese em seu livro A América Latina: Males de Origem.

Em 1903, Monteiro Lobato revela-se pessimista com o potencial do povo brasileiro, por ele assim definido: “O Brasil, filho de pais inferiores destituídos desses caracteres fortíssimos que imprimem um cunho inconfundível em certos indivíduos, como acontece com o alemão, com o inglês, cresceu tristemente dando como resultado um tipo imprestável, incapaz de continuar a se desenvolver sem o concurso vivificador do sangue de alguma raça original.

No campo científico o País é conhecido por suas criações inventivas como o aeróstato, a máquina de escrever, o avião e os automóveis bicombustíveis. Embora isto, o Brasil jamais teve sua produção científica reconhecida através de um Premio Nobel, enquanto outros países sul-americanos tais como Argentina e Venezuela, já conquistaram o seu.

Embora reconhecendo que a produção científica brasileira sofre de "limitação de recursos e de ambição intelectual", ainda assim há certo otimismo quanto ao futuro da pesquisa no país, concluindo que "é difícil prever quando um brasileiro ganhará o Nobel e que importância isso poderá ter para o país. Se redimir nosso complexo de vira-lata científico, terá inestimável valor".      O Brasil estaria assim, desejoso de ser reconhecido como igual no concerto das nações, mas tropeçaria sucessivamente em sua baixa auto-estima, reforçada pelos incidentes folclóricos e outros do mesmo gênero: "a capital do Brasil é Buenos Aires", "os brasileiros falam espanhol" etc, sucessivamente cometidos pela mídia e autoridades estrangeiras.

 

      ENTREGUISMO, é o preceito, mentalidade ou prática político-ideológica de entregar recursos naturais de uma nação para exploração por entidades ou empresas de outros países ou de capitais internacionais. É um dos instrumentos de auto-reprodução de uma sociedade de elite. O entreguismo consiste na desnacionalização sistemática da indústria, especialmente de setores considerados segmentos ideológicos, políticos ou estratégicos como setores-chave da indústria de produção. A posterior remessa de lucros decorrente dessa entrega se constitui numa das parcelas da expatriação do excedente econômico de um país, e a delegação do controle administrativo dos setores estratégicos da economia impede o surgimento de forças internas que eliminem os entraves ao seu desenvolvimento, e que alterem a reprodução do complexo de vira-latas.

O termo entreguismo tem suas origens relacionadas às disputas políticas pelo petróleo no Brasil, na década de 1950.

 

NACIONALISMO - Segundo Bresser Pereira, o naciona-lismo  é implícito nos países centrais, onde as elites são nacionalistas. Mas o nacionalismo dos países centrais é implícito, enquanto nos países periféricos, se o nacionalismo não for explícito, logo descamba para o cosmopolitismo, ou seja, a “mentalidadede colonial" que leva ao entreguismo. Ainda de acordo com Bresser-Pereira o nacionalismo foi implícito no Brasil entre 1822 e 1930, e a partir dos anos 1990. O autor resume seu estudo ressaltando que "embora o imperialismo seja inevitável entre países fortes e fracos, ele mudará de características na medida em que esta relação de forças se modificar graças ao nacionalismo dos dominados”.

 

MUDANÇA NO DISCURSO é o mais recente fenômeno da natureza brasileira. Suplanta a pandemia do coronavírus, as queimadas da Amazônia, o vendavais, as enchentes e as secas. Os protagonistas das mudanças são bastante conhecidos. O campeão e laureado é o nosso Presidente Bolsonaro, que de uma hora para outra fechou a boca. Imagino que os Generais tenham enfiado um coturno goela abaixo.

Outro agraciado é o jornalista Alexandre Garcia. Globalizado, demitido e blogado, morria de amores pelo Bolsonaro e crucifixava o Lula e o PT todos os dias. Foi só arranjar um emprego na CNN e mudou a cantilena. Claro, em época de pandemia, um emprego vai bem...

Mas tem mais: na colenda Migueloestina, a política paz e amor foi abandonada. A política entrou pelos gabinetes com voracidade maior que as nuvens de gafanhotos que se aproximam do Brasil. Já deu até Boletins de Ocorrência!

Quem disse que política é a arte de conversar? Esqueceram que também e a arte de passar rasteiras, mentir, e se necessário, brigar!