terça-feira, 13 de outubro de 2020

O QUE ESPERAR? - 763 - 09/10/2020

 O QUE ESPERAR?  

>> As mudanças nas regras eleitorais já previam que as eleições municipais de 2020 teriam elementos novos. Porém, foi o cenário imposto pela pandemia da Covid-19 que realmente ampliou o panorama inédito deste pleito. Ao contrário do modelo tradicional, a maneira de se fazer campanha este ano desafia partidos, candidatos, autoridades e, claro, os eleitores. Sai o tão comum corpo a corpo e entra uma presença mais massiva e efetiva no mundo virtual. Será pelas plataformas de comunicação virtuais que ocorrerão, por exemplo, as convenções partidárias. As datas já foram adaptadas ao panorama da pandemia, que fez com que o cronograma fosse alterado em 45 dias, garantindo mais condições sanitárias para a realização do pleito, o que também fez com que o primeiro turno da eleição fosse adiado de 4 de outubro para 15 de novembro. Outros desafios também estarão presentes até o ponto alto do processo, a votação.

 

      >> Toda democracia possui um ganho para os atores políticos atuantes neste ambiente: relativa previsibilidade acerca do desempenho dos partidos e dos resultados posteriores do processo decisório. Contudo, no Brasil, as instituições estão deslocadas e o comportamento dos atores tem sido cada vez mais imprevisível, sobretudo em função da radicalização dos posicionamentos político-ideológicos, da excessiva polarização eleitoral e da continuidade do clima de campanha política mesmo após o encerramento do pleito de 2018. Desse modo, a eleição municipal de 2020 tende a ser diferente, ao menos em dois aspectos. Um deles relativo aos novos incentivos das instituições eleitorais, os quais impactarão o pleito dos vereadores e, o outro, informado pela cultura política, expresso na recuperação do terreno perdido pela esquerda por causa do golpe midiático e proliferação de mentiras espalhadas pela operação Lava Jato no país, e no possível aprofundamento de uma agenda de valores, costumes solidariedade ao menos favorecidos a ganhar destaque nos debates. 

 

>> A disputa nas 295 cidades catarinenses ocorre com redes sociais como forma de contornar a pandemia e pode projetar cenários para a corrida eleitoral de 2022. A eleição municipal costuma ser vista como uma disputa à parte, pautada por problemas do dia a dia como saúde, emprego, educação e saneamento. Uma disputa feita em meio à pandemia do novo corona vírus, em um momento de polarização política do país, deve tornar a campanha de 2020 ainda mais singular. Sem o popular corpo a corpo, impossibilitado pela necessidade de distanciamento social, a eleição deve ter novamente nas redes sociais uma plataforma para conectar candidatos e eleitores. Isso traz desafios como lidar com os disparos de mensagens e problemas já registrados em 2018, como as fake news.

      Nas eleições municipais há sempre diferentes disputas em jogo ao mesmo tempo. Nas grandes capitais, as candidaturas têm repercussão nacional, enquanto nas cidades menores os assuntos costumam ser mais localizados.

 

>> A autonomia dos entes federados é prevista na Constituição de 1988 e, com relação aos Municípios, representou uma significativa mudança no status que anteriormente detinham, reconhecidos como meros entes administrativos e não políticos. A postura do constituinte brasileiro foi novidade não só em nossa história, mas no cenário internacional, já que em nenhuma outra federação existe um sistema político e administrativo com três níveis de entes autônomos.

      Sem deixar de reconhecer os percalços que dificultam uma atuação autônoma dos municípios, o ano de 2020 parece ensaiar alguns passos no sentido de trazer para a realidade a promessa constitucional. A crise multidimensional causada pelo corona vírus, -de ordem sanitária, econômica, política, etc.– é o melhor exemplo. A pandemia foi estopim para a decisão do Supremo Tribunal Federal que assegurou aos municípios a possibilidade de sozinhos, imporem medidas normativas e administrativas de enfrentamento à doença, sem guardar obediência com as ordens emanadas de estados e União.

      Certamente que a motivação da corte para essa decisão não fundou apenas na previsão de autonomia, mas sobretudo no fato de que a atuação de gestores locais parecia mais protetiva à saúde pública e adequada às realidades locais. As consequências do entanto, foram mais amplas ao levar aos olhos da população o importante papel que os entes municipais podem desempenhar na proteção de interesses da população local.

      Os municípios ganharam posição de destaque na crise da saúde: criaram protocolos de isolamento e de reabertura; construíram hospitais de campanha; fiscalizaram o cumprimento das normas de proteção sanitária; buscaram alternativas de ensino público presencial. É claro que a face oposta também foi colocada sob os holofotes: ao ganharem mais autonomia, alguns municípios se revelaram inaptos a gerirem as funções que lhe cabiam ou o fizeram de forma ímproba e/ou fraudulenta.

 

      >> E agora José? Antigamente se perguntava: como vamos fazer? Mais do que nunca, aumentou a responsabilidade do Eleitor na escolha de seus prefeitos e vereadores.

      Para começo de conversa, a legislação não mais permite a realização de comícios e reuniões, assim como não permite a organização de picadinhos, churrasquinhos, cervejadas. Limitou os gastos de campanha, ampliou os mecanismos de fiscalização, dificultou a campanha ajudada pela pandemia.

     Ficou mais fácil identificar os honestos e com melhor grau de conhecimento da realidade do município e trato com as pessoas. Estes não precisam, e nem costumam, trocar votos por cerveja, churrasco, promessas. Nem pegar carona na garupa de um pangaré para garantir um carguinho na prefeitura. Os candidatos que sabem manusear um computador, conhecem as leis e as necessidades da população e tem uma atividade regular e honesta, não precisam disso. Não compram votos com churrasco e cerveja. Trabalham e defendem os direitos do povo, independente de classe social. Fiquem atentos a isso!
  

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