DEBATES (DES)INTERESSANTES
Nos debates entre os candidatos a Presidente
da República organizados pela imprensa brasileira, grandes propostas
necessárias para tirar o País do marasmo em que se encontra foram escassas.
Os candidatos, em sua grande maioria,
limitaram-se a apontar assuntos sobre saúde, educação, segurança, economia e
outras querelas. Pouco se pode ouvir sobre os grandes temas, cujas ações são
necessárias para elevar o Brasil a um patamar compatível com sua grandeza
territorial e populacional. Nada foi dito sobe política globalizada,
relacionamento com os grandes blocos econômicos, fortalecimento do Mercosul e
do BRICS. As ações e o esforço dos governos anteriores para introduzir o Brasil
na sala de discussões sobre os grandes temas globais, está sendo jogado no
lixo, primeiro por este governo impostor que aí está, e em segundo lugar pelas
nossas lideranças políticas e empresariais. Nunca, na história deste País, se
viu carestia tão grande de lideranças e autoridades capazes de transmitir
confiança e garra ao povo brasileiro.
UNIFORMIZADOS
Todos falam as mesmas coisas. Estão
uniformizados, bem ao estilo Bolsonaro. De coturnos, borzeguins, polainas,
quepe e gandola, igual a um pelotão de infantes que o Bolsonaro quer ver
comandando o Brasil Varonil e seus mais de 200 milhões de habitantes.
Pobre povo que acredita que mosquetes ainda
conseguirão colocar o Brasil de pé. Mal sabe que os mosquetes que o candidato
desvairado quer impor ao som da marcha militar, são sobra da Segunda Guerra
Mundial que acabou em 1945.
O uniforme que todos os candidatos usam nos
debates, é a geração de emprego, obsessão de Governo de todos, desde o primeiro
dia.
Também não faltam acusações mútuas de quem teria colocado o impostor
Temer na presidência da República. Agora que a m. está feita, ninguém é o
responsável. É a velha história: “os culpados sempre serão os outros”, ou “o
inferno são os outros”, segundo Sartre. “Quem botou o Temer lá, foram vocês. O
Temer traiu a Dilma e só chegou à Presidência por causa da oposição, com o seu
apoio”, sentenciou um dos candidatos. Aí a prova que “o inferno são os outros”.
SALVAR OS POBRES
A salvação do pobre começa pela escola. Abrir
as portas das universidades para os jovens trabalhadores e fortalecer o ensino
médio para que mais gente possa chegar à universidade, é o desejo de todos os
candidatos.
Todos os programas sociais dos governos anteriores
deverão ser mantidos e ampliados. Esta é a principal promessa cata votos. O
orçamento federal deverá garantir os programas.
Mas como assim, se fora dos estúdios das
emissoras de rádio e televisão e fora das redações dos jornais, todos os candidatos
atribuem aos programas sociais a responsabilidade por ter quebrado o País.
Agora, em função da campanha eleitoral, os programas sociais são a salvação dos
pobres. Vai acreditar nisso!
INSISTIR
É preciso
insistir. Jair Bolsonaro não é um candidato como outro qualquer. É pior. Ele é
uma mentalidade, uma visão de mundo obscurantista. Uma maneira de ver as coisas
em preto e branco que salta do mundo das ideias para uma triste realidade
manipulada. O seu método de leitura do que acontece na vida é a simplificação.
Torna o complexo falsamente simples por meio de uma redução a zero dos fatores
que adensam qualquer situação. Se há violência contra os cidadãos, que cada um
receba armas para se defender. Se há impunidade, que a justiça seja sumária e
sem muitos recursos. Se há bandidos nas ruas, que a polícia possa matá-los sem
que as condições de cada morte sejam examinadas. Se há corrupção, que não se
perca tempos com processos.
Bolsonaro encarna o pensamento do homem
“medíocre”, o homem mediano que não assimila explicações baseadas em causas
múltiplas. Se há miséria, a culpa é da preguiça dos miseráveis. Se há crime, a
culpa é sempre da má índole. Se há manifestações de rua, é por falta de ordem e
de regras rígidas que impeçam de atrapalhar o trânsito. A sua filosofia por
excelência é o preconceito em tom de indignação moral, moralista. A sua solução
ideal para os conflitos é a repressão, a cadeia, o cassetete. Bolsonaro corporifica
o imaginário do macho branco autoritário que odeia o politicamente correto e
denuncia uma suposta dominação do mundo pelos homossexuais. É o cara que diz
com pretensa convicção: “Não se pode mais ser homem neste país. Vão nos obrigar
ser gays”; “Os comunistas estão batendo na porta. Precisamos resistir”.
REPESENTATIVIDADE
Ele representa a ideia de que ficamos
menos livres quando não podemos fazer tranquilamente piadas sobre negros, gays
e mulheres. Bolsonaro tem a cara de todos aqueles que consideram índios
indolentes, dormindo sobre latifúndios improdutivos, e beneficiários do bolsa
família preguiçosos que só querem mamar nas tetas do Governo. Bolsonaro é o
sujeito desinformado que afirma que na ditadura não havia corrupção, ignorando
que os casos se acumulavam encobertos pela censura. É o empresário ambicioso e
inescrupuloso que se for para ganhar mais e mais dinheiro abre mão da
democracia, elogia a ditadura de Pinochet e ignora direitos. É o produtor que
vê exagero em certas denúncias de trabalho escravo. É o homem que acha normal chamar
mulher de vagabunda. O eleitor padrão de Bolsonaro sonha com uma sociedade de
homens armados nas ruas, sem legislação trabalhista, sem greves, sem
sindicatos, sem liberdade de imprensa.
O projeto de Bolsonaro é o retorno a um
regime de força por meio de voto.