sexta-feira, 26 de outubro de 2018

VERGONHAS


VERGONHA I – NA CARA DURA
       Não me surpreende ver Evangélicos, Crentes, Militares, Coronéis, Majores, Capitães, Tenentes, Subtenentes, Sargentos, Cabos e Soldados ajoelhados ao redor da Bandeira Brasileira para orar a Deus em prol da nossa Nação, quando na verdade foi em prol da eleição de um sujeito sem noção, desvairado, louco, violento, preconceituoso, homofóbico. mau caráter, fascista, mentiroso, para ser presidente de uma Nação pacífica, ordeira, trabalhadora com quase 210 milhões de habitantes. O que me surpreende é ver pessoas supostamente inteligentes, talvez de boa índole, quiçá ordeiras, com talvez boa posição social adquirida durante os governos que tanto criticam, compartilhando tão ridículo material, deixando-se enganar por uma pantomima dessa ordem, onde a invocação a Deus pedindo as bênçãos soa como um sacrilégio, uma afronta, pois, seguramente, Deus não compartilharia nem apoiaria tamanho ateísmo e barbaridade, e não daria ouvido às preces com tão vil propósito.
Com certeza, o culto à Bandeira Nacional demonstrado naquela esquisitice não é feito nos momentos propícios (semana da Pátria e outros) e por outras, os protagonistas de tão vulgar pantomima talvez não saibam seu hino de cor e tampouco o dia dedicado em sua homenagem.
Que a Nação Brasileira, somatório do Território mais População desconheça os infelizes que tiveram essa ridícula ideia, e que o verdadeiro Deus perdoe aos que tiveram esta displicência religiosa, e a todos aqueles inocentes inúteis que lhe deram divulgação.

VERGONHA II – VERDADE NUA E CRUA
       Acentuam-se os crimes cometidos no Brasil por apoiadores daquele presidenciável que incita a violência extrema, apoia a ditadura e a tortura: pessoas são esfaqueadas, atropeladas e mortas; gays são espancados; uma mulher chegou a ter uma suástica gravada com canivete, na barriga. Não há mais dúvida: todo brasileiro que votar nesse presidenciável será conivente com a carnificina que ele promove e promoverá. A essa altura não há mais “ingênuos” ou “manipulados pela mídia”. Já ouvimos tudo o que ele tinha a dizer, e não há uma só frase que não aponte para a grande violência que é o fascismo.

VERGONHA III – E EU COM ISSO?
Nunca me importei com a polarização política entre PT e PSDB, pois a disputa entre esquerda e direita ocorre de forma saudável em todos os países civilizados e faz parte do jogo democrático. Mas o presidenciável em questão é de extremíssima-direita. E com o fascismo, com simpatizantes do fascismo, não se conversa nem tergiversa. Se aqui entre meus amigos ainda há alguém que pretenda eleger o fascista, peço que me exclua das redes sociais agora. Não tenho e nunca terei nada a ver com quem elege um cara desse nível, tão baixo de inteligência, cultura e humanidade. Daí a impossibilidade de amizade virtual e, sobretudo, de convívio pessoal.
Cada eleitor desse cara será diretamente responsável por cada pessoa presa, torturada e assassinada pelo Estado, assim como cada alemão que ajudou Hitler a chegar ao poder foi diretamente responsável pelo Holocausto. Quando a matança começar, eu deitarei minha cabecinha pensante no travesseiro e ficarei aguardando o meu dia chegar, com a certeza de que não contribuí em nada para esse horror.
No domingo, votarei em Fernando Haddad, um democrata inteligente, culto, que lê Machado de Assis. Ele não leu e nunca irá ler o "livro" de Carlos Alberto Brilhante Ustra, o maior torturador da ditadura no Brasil dos anos 1960/70, que de brilhante não tem absolutamente nada.
Chegamos a uma polarização que não é entre esquerda e direita, mas entre civilizados e bárbaros. Digo aos bárbaros: tchau, queridos, sejam vocês amigos de longa data, parentes etc.. O que me deixa feliz é ver que há milhões de brasileiros que pensam como eu e dizem não à barbárie. Há até antipetistas radicais votando em Haddad contra o fascismo. E assim talvez, quem sabe, sejamos até a maioria, e possamos salvar o Brasil desta estupidez mais estúpida.

VERGONHA IV – EXÉRCITO PEDE INVESTIGAÇÃO
       O Exército confirmou que o homem que divulgou um vídeo na Internet insultando e ameaçando a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Rosa Weber, é o coronel da reserva Carlos Alves. Em nota, a instituição informa que foi enviada representação ao Ministério Público Miliar, solicitando que fosse investigada possível ilegalidade. O referido militar afronta diversas autoridades e deve assumir as responsabilidades por suas declarações, as quais não representam o pensamento do Exército, diz o texto. A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal também aprovou requerimento para que a Procuradoria Geral da República investigue o caso.
       Em vídeo que circula nas redes sociais o militar critica Rosa Weber e a ameaça, caso o TSE acate a denúncia de que a campanha de Jair Bolsonaro tenha patrocinado de forma ilegal a divulgação de mensagens falsas pelo WhatsApp.
       Diz o militar em sua mensagem: “Como eu, outros coronéis, generais, comandantes da Marinha, brigadeiros, almirantes, nós não aceitaremos fraudes, Rosa Weber. Primeiro, se você aceitar essa denúncia ridícula e tentar tirar Bolsonaro por crime eleitoral, nós vamos derrubar vocês aí sim, porque aí, acabou”, diz a mensagem.

VERGONHA V – O QUE DIZEM OS FANÁTICOS
       Os deslumbrados, incluindo o fascista Bolsonaro, já começaram a compor o governo antes mesmo da votação em segundo turno. Entre tantos já citados, surgiu o nome de Olavo de Carvalho, jornalista radicado nos Estados Unidos, cotado para o ministério da cultura. Segundo um deslumbrado, ele vai dar um jeito nas escolas. Vai por ordem nas salas de aula, onde os alunos delinquentes inibem o professor e apagam o quadro negro! Jesus Cristo, o deslumbrado sequer sabe que quem cuida das escolas não é o ministro da Educação. O sujeito também não sabe que a coisa não é assim que funciona. Pobre Brasil com um governo que pensa dessa maneira.       

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

BRASIL SEM RUMO

BRASIL SEM RUMO?
Dois dias após o fim do 1º turno das eleições presidenciais, os partidos começaram a se definir: vão de Fernando Haddad (PT) ou Jair Bolsonaro (PSL)? Além das coligações já formadas, as legendas derrotadas na disputa presidencial começaram a se posicionar. Quem acompanha o noticiário político nacional certamente estranharia uma parceria entre o Partido Comunista do Brasil (PcdoB) e o Democratas (antigo PFL). Os motivos parecem claros. Um lado esteve ao lado dos governos petistas, foi contra o impeachment de Dilma Rousseff e integra a chapa do PT na tentativa de retorno ao Planalto. O outro permaneceu na oposição, ajudou a articular a queda da petista e apoia o tucano Geraldo Alckmin (PSDB). 
No cenário catarinense, isso não incomodou os integrantes das legendas, que se aliaram para apoiar o deputado estadual Gelson Merísio (PSD), que tenta se eleger como governador do Estado. Esse é apenas um dos casos de contradições nas principais chapas que disputavam o governo estadual no estado. Na chapa do
deputado Mauro Mariani (MDB), os partidos que o apoiaram faziam parte das campanhas de cinco presidenciáveis. Já o grupo que apoiava Merísio poderia subir ao palanque de oito dos postulantes à Presidência da República. 
As coligações foram tão diversas que o PT, que na chapa de Fernando Haddad tem o PROS, além do PCdoB, teve que concorrer sozinho com o deputado federal Décio Lima ao governo estadual, já que os dois partidos decidiram apoiar a candidatura de Merísio. Merísio, que de forma precipitada manifestou apoio ao
Bolsonaro, terá que enfrentar agora no segundo turno, o comandante Moisés do PSL, partido que fez uma grande bancada de deputados federais e também estaduais. Por outro lado, o MDB que no Estado seria o parceiro natural do PSD, já fechou com Bolsonaro no plano federal e fatalmente irá apoiar o comandante Moisés. No mesmo patamar se encontra o PP, que também apoia Bolsonaro no segundo turno.
Resta analisar o comportamento do PT no plano Estadual Catarinense. Historicamente, em todas as disputas eleitorais, o  discurso de campanha do PT sempre foi forte contra as oligarquias que segundo alega, dominam o Estado desde sua constituição. Aliando o discurso contrário às oligarquias com a disposição dos partidários de Bolsonaro de enxugar a máquina pública, aí está a oportunidade de o PT, de forma indireta ir à desforra, descarregando seus votos no comandante Moisés. Quem sabe, com os votos do PT, Moisés poderá subir a montanha para receber do Divino a tábua dos mandamentos de Bolsonaro, para quebrar o continuísmo das oligarquias catarinenses, limpar o estado começando pelas vergonhosas secretarias regionais, e dar um potente pé na bunda do Merísio, que se acha o rei da cocada preta, fazendo por merecer uma lição.

BRASIL DE NOVO SEM RUMO
Atendo-nos apenas à recente história política de nosso País, a ascensão de Bolsonaro à presidência da república, formará um triunvirato de salvadores da pátria que de forma meteórica chegaram ao palácio do planalto sem reunirem as mínimas condições necessárias ao bom desempenho de tão importante mandato.
A derrocada se iniciou com Jânio Quadros, o homem da vassoura, que venceu as eleições com a promessa mirabolante de varrer o país, limpando-o da corrupção e da incompetência. O resultado, todos sabem. Durou menos de sete meses no poder, renunciando após editar centenas de bilhetinhos e algumas “leis” esdrúxulas, como a de proibir mulheres vestindo biquínis nas praias, rinhas de galo e corridas de cavalos em dias de semana. Após o fiasco, entregou de bandeja o país aos superiores de Bolsonaro, que ficaram plantados ali durante longos vinte e dois anos.
Em seguida, chegou a vez de outro “sem noção”, denominado Fernando Affonso Collor de Mello, o caçador de marajás, que de importante só tinha os duplos “effes e elles” em seu nome. Assumiu a presidência com o propósito de acabar com os que chamou de “marajás” que consumiam o dinheiro público com a percepção de altos salários. Também não conseguiu concluir seu mandato, pois foi cassado pelo Congresso Nacional após menos de três anos, não sem antes entregar o País ao neoliberalismo econômico e sequestrar a poupança do povo brasileiro para salvaguardar os negócios dos ricos.

O NOVO MESSIAS
Agora é chegada a vez do novo salvador da pátria, um militar aposentado aos 33 anos de idade, que recebe um polpudo soldo da caserna, uma gorda remuneração como deputado federal sem abrir mão do auxílio moradia e das mordomias do mandato. Promete matar meio mundo, distribuir armas, cortar gastos e direitos dos trabalhadores, trazer de volta a escravidão e acabar com o Estado, entregando-o à iniciativa privada. Promete transformar o Brasil numa grande fazenda, cercada de militares por todos os lados, com perto de 160 milhões de pobres (76% da população) trabalhando como peões de fazenda, para engordar (com a mais valia de Karl Marx) ainda mais os bolsos dos 24% restantes.
Não poderá durar muito tempo, pelos seguintes motivos: 1) está se aliando ao MDB, ao PP e outros não menos ladrões que o PT, com quem terá que lotear o governo; 2) não possui um partido político sólido para lhe dar sustentação, como aconteceu com seus antecessores de infortúnio; 3) não saberá governar, pois para ser eleito precisará acomodar os mesmos que lhe deram apoio e não se elegeram, como acontece desde a proclamação da república; 4) Ele, Bolsonaro, não sabe nada! Não entende nada de nada de política, economia, mercados, relações internacionais, assim como a maioria de seus seguidores. Estará fadado ao fracasso.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

BRASIL DE COTURNOS


UM BRASIL DE COTURNOS? 
       Coturno é um calçado voltado para o uso militar em atividades de combate. Geralmente é feito de couro tratado de maneira especial para tornar-se impermeável. O objetivo do coturno é oferecer ao combatente uma combinação de atrito com o solo (evitando escorregões), estabilidade do tornozelo (evitando torções) e proteção para os pés. Também são classificados como equipamento de proteção individual.
       A atual campanha política, polarizada, coloca o eleitor em grande dúvida, ao ter que optar entre o COTURNO e o CHINELO HAVAIANA.
O coturno, todos sabem, é usado para amassar, espezinhar, triturar, humilhar. Que o digam os representantes maiores do pelotão, todos prontos para a ordem unida. O sargento, com voz implacável, está prestes a ordenar: pelotão, sentido! Ordinário...
A ordem unida ainda nem começou e o sargentão já chamou todo mundo de ordinário! O que acontecerá quando o pelotão for apresentado ao comandante? Será que vai comandar: “fora de forma, marche?”
Não se duvida que isso venha a acontecer, pois o candidato a comandante ainda não produziu outra voz de comando que desse esperanças de chegar em tempo à hora do rancho. Até agora só saíram impropérios, bobagens e ameaças.
Ou o pelotão calça sapatos de pelica ou teremos deserções em massa e, aí sim, nos transformaremos numa Venezuela de verde e amarelo. E não há outra opção plausível pois qualquer alternativa coloca o eleitor de pés descalços.

UM BRASIL MAINSTREAM?
       Coturnos também são populares como vestimenta nas subculturas do gótico, punk, grunge, heavy metal, skinhead, entre outras. Estão se tornando cada vez mais uma corrente dominante na qual o pensamento é mais comum no contexto de determinada cultura. Nessas subculturas, a corrente dominante é a popular e a cultura de massas. O termo “mainstream” é por vezes utilizado de forma pejorativa pelas outras culturas que se consideram a corrente dominante e “exclusiva”.
       É aí que mora o perigo. Perigo de os coturnos “mainstream” serem substituídos pelos convencionais que só sabem marchar na batida do “esquerdo, direito; esquerdo, direito; um, dois; um, dois. Caso isto venha acontecer, adeus gótico, punk, grunge, heavy metal, skinhead, etc. Adeus. Vamos todos marchar na mesma batida.
RISCOS DA MILITARIZAÇÃO
       O Estado Brasileiro vem impulsionando um amplo processo de militarização da sociedade, que tem como foco central as periferias e favelas, mas que também se materializa no contexto de protestos sociais. No primeiro caso, destaca-se a intervenção federal em curso no Rio de Janeiro, mas, antes dela, outras operações foram realizadas nas favelas da cidade com base na Garantia da Lei e da Ordem.
A justificativa de “restabelecer a ordem”, não apresenta resultados concretos, de modo que foram registrados números muito mais alarmantes de violações do que resultados positivos desde que a intervenção está em voga.
No caso dos protestos, este tipo de processo de militarização pôde ser observado durante a greve dos caminhoneiros em 2018 e durante protestos na Esplanada dos Ministérios em 2017.
Considera-se como agravante todas as violações que vão para além da liberdade de se expressar, mas também de circular, viver e existir dentro de um contexto militarizado pelo Estado, como o contexto das periferias e favelas submetidas a ocupação do exército.
Por tudo isso, é de se enfatizar a importância afastar os coturnos do seio da sociedade brasileira, de garantir o direito da livre manifestação a toda e qualquer pessoa, de modo que o Estado brasileiro passe a adotar medidas concretas e abrangentes para combater o cenário de violações contra a população, e não agir com repressão pelo ato de se expressar.

O PERIGO DO FASCISMO
Ao contrário do período ditatorial, quando o Estado monopolizava a repressão contra qualquer força rebelde, desta vez a violência se reapresenta principalmente como fenômeno paramilitar.
Grupos vinculados à ultradireita passam a agir como braço armado do ódio contra as correntes progressistas e democráticas, tentando intimidá-las.
Não se trata de novidade. O recurso à violência é um dos traços típicos do fascismo. Na ascensão de Mussolini e de Hitler, por exemplo, o papel dos camisas negras e pardas foi essencial em três planos: a atemorização dos adversários, a mobilização de hordas antissistema e a construção de autoridade militar.
Essas falanges, no entanto, só puderam avançar quando as elites as convocaram para o serviço sujo.
Durante quase três décadas, a franja fascista da sociedade brasileira sentia-se aprisionada e se comportava de forma constrangida. Suas opiniões reacionárias, racistas e discriminatórias eram motivo de vergonha. Disfarçava-se de algo mais ameno e palatável. A direita se escondia sob diversas máscaras, do liberalismo à social-democracia, fugindo de sua identidade secular.
O bolsonarismo não brotou do asfalto ou de talentos do seu líder. Saiu do armário e ganhou as ruas pelas mãos do PSDB e de seus aliados, de parte dos meios de comunicação, de setores do sistema de Justiça, de frações das Forças Armadas e de segmentos expressivos do empresariado.
Os seguidores do ex-capitão se constituem na tropa de choque do bloco que tomou o governo de assalto. São a vanguarda mais ativa dos pratos e panelas que serviram como banda de música da ruptura constitucional.
A emergência do neofascismo exige combate firme e unitário, até que seja obrigado a retornar para a jaula da qual foi libertado. Mas essa batalha, fundamental para a reconstrução da democracia brasileira, jamais será vitoriosa se não forem derrotados também aqueles que abriram o cadeado.