quarta-feira, 28 de outubro de 2020

UM DEBATE MEDÍOCRE

 

UM DEBATE MEDÍOCRE – 764 24.10.2020 BLOG

 

> A Associação Comercial e Industrial de São Miguel do Oeste – ACISMO, foi protagonista de um debate entre os candidatos a prefeito do município. O protagonismo abrangeu a cessão das instalações, contratação de um mediador e a mobilização dos associados que esmeraram-se na elaboração das perguntas de interesse da classe, que foram dirigidas aos candidatos.  

As respostas as questões mais importantes para o futuro do município, não passaram do “arroz com feijão” de todas as campanhas políticas. Nenhuma palavra dos candidatos Grando e Trevisan, ambos da situação, que deixasse a impressão que a administração municipal voltará sua atenção para o futuro.

Nos mais, uma sequência de palavrório vazio e vãs promessas que no passado sempre deram resultado. As promessas concentraram-se em obras feitas ou a fazer, no mais explícito estilo politiqueiro e provinciano. Essa conversa de político ainda dará resultado?

Com relação à população, sua qualidade de vida, a preocupação com o futuro e a ampliação do conhecimento para atingi-la, nada foi dito. Quanto ao desenvolvimento, que traz como resultado o crescimento econômico alavancado pela geração de emprego, nada foi proposto.

Apenas mais vagas nas creches ou mais terra para as indústrias não vão resolver a estagnação. É preciso bem mais que isso. Vagas para cuidar dos filhos de quem não trabalha, ou terra para ficar parada criando capoeira ou para os transeuntes admirarem, não atrai nenhuma empresa. As empesas e os verdadeiros empreendedores querem bem mais que isso. Querem infraestrutura, água, luz, internet, tecnologia e melhores condições de escoamento da produção e captação de matérias primas.

 

> O candidato Grando disse que para atrair empresas é preciso colocar um secretário de desenvolvimento econômico com contatos em Brasília e Florianópolis, com formação e conhecimento. Vai encontrar um PhD em política para operar milagres por pouco mais de R$ 4.000,00 por mês, que é o salário de um secretário municipal. A propósito, Grando e seus padrinhos estiveram e continuam estando há 40 anos em Florianópolis e Brasília e o que fizeram para o crescimento econômico da Região? Arranjar umas merrecas em emendas parlamentares sob a rubrica “4ª via legal”? Será que agora, ao entrar a 3ª década do Século XXI as coisas mudarão? Façam suas apostas.  

Ao invés de compilar e decorar todos os números do município e do estado, o nobre candidato poderia investir seu tempo lendo o livro, agora virtual, “O negócio é ser pequeno, de Ernst Friedrich Schumacher”, uma coletânea de ensaios que refletem a filosofia do economista E. F. Schumacher sobre o pensamento moderno, econômico, ecológico e espiritual.

 

> O atual prefeito Trevisan, andou na mesma balada: asfalto, creches, reformas, pedra britada, e... aumento de impostos (não falou, mas devia). Também não falou no endividamento e no saldo em caixa, omitido por questões óbvias. Falou muito em otimização das rotinas e utilização plena de pessoal. Pelos gargalos em alguns setores, culpou o crescimento e a demanda por serviços.

A CASAN e as águas que não possui, os constantes problemas nas comunicações (telefone e internet), a BR 163 estacionada desde 2012, a BR 282 parada por igual tempo, o contorno viário que já ajudou a ganhar eleições e sistematicamente é esquecido, tudo isto, segundo os candidatos parceiros não tem importância nenhuma. Os problemas passaram ao largo

Falou tanto em atrair empresas. Mas onde estão os incentivos? Nas duas áreas de terra abandonadas e uma terceira esperando o próximo mandato? Não senhores! É preciso investir em infraestrutura. Investir politicamente, pois a infraestrutura que é deficiente não é responsabilidade do município. É preciso ter peso político para chegar em Brasília ou Florianópolis, e este passa longe de São Miguel do Oeste. Comportamentos provincianos ficam bem nas províncias. São Miguel do Oeste não é mais uma província. Só nossos mandatários e os políticos que elegemos merecem este epíteto.

Sendo os investimentos em infraestrutura responsabilidade da União ou do Estado, é preciso poder político para acessá-los. Isto se consegue com articulações, não com disputas partidárias e muito menos com bairrismo exacerbado.

terça-feira, 13 de outubro de 2020

O QUE ESPERAR? - 763 - 09/10/2020

 O QUE ESPERAR?  

>> As mudanças nas regras eleitorais já previam que as eleições municipais de 2020 teriam elementos novos. Porém, foi o cenário imposto pela pandemia da Covid-19 que realmente ampliou o panorama inédito deste pleito. Ao contrário do modelo tradicional, a maneira de se fazer campanha este ano desafia partidos, candidatos, autoridades e, claro, os eleitores. Sai o tão comum corpo a corpo e entra uma presença mais massiva e efetiva no mundo virtual. Será pelas plataformas de comunicação virtuais que ocorrerão, por exemplo, as convenções partidárias. As datas já foram adaptadas ao panorama da pandemia, que fez com que o cronograma fosse alterado em 45 dias, garantindo mais condições sanitárias para a realização do pleito, o que também fez com que o primeiro turno da eleição fosse adiado de 4 de outubro para 15 de novembro. Outros desafios também estarão presentes até o ponto alto do processo, a votação.

 

      >> Toda democracia possui um ganho para os atores políticos atuantes neste ambiente: relativa previsibilidade acerca do desempenho dos partidos e dos resultados posteriores do processo decisório. Contudo, no Brasil, as instituições estão deslocadas e o comportamento dos atores tem sido cada vez mais imprevisível, sobretudo em função da radicalização dos posicionamentos político-ideológicos, da excessiva polarização eleitoral e da continuidade do clima de campanha política mesmo após o encerramento do pleito de 2018. Desse modo, a eleição municipal de 2020 tende a ser diferente, ao menos em dois aspectos. Um deles relativo aos novos incentivos das instituições eleitorais, os quais impactarão o pleito dos vereadores e, o outro, informado pela cultura política, expresso na recuperação do terreno perdido pela esquerda por causa do golpe midiático e proliferação de mentiras espalhadas pela operação Lava Jato no país, e no possível aprofundamento de uma agenda de valores, costumes solidariedade ao menos favorecidos a ganhar destaque nos debates. 

 

>> A disputa nas 295 cidades catarinenses ocorre com redes sociais como forma de contornar a pandemia e pode projetar cenários para a corrida eleitoral de 2022. A eleição municipal costuma ser vista como uma disputa à parte, pautada por problemas do dia a dia como saúde, emprego, educação e saneamento. Uma disputa feita em meio à pandemia do novo corona vírus, em um momento de polarização política do país, deve tornar a campanha de 2020 ainda mais singular. Sem o popular corpo a corpo, impossibilitado pela necessidade de distanciamento social, a eleição deve ter novamente nas redes sociais uma plataforma para conectar candidatos e eleitores. Isso traz desafios como lidar com os disparos de mensagens e problemas já registrados em 2018, como as fake news.

      Nas eleições municipais há sempre diferentes disputas em jogo ao mesmo tempo. Nas grandes capitais, as candidaturas têm repercussão nacional, enquanto nas cidades menores os assuntos costumam ser mais localizados.

 

>> A autonomia dos entes federados é prevista na Constituição de 1988 e, com relação aos Municípios, representou uma significativa mudança no status que anteriormente detinham, reconhecidos como meros entes administrativos e não políticos. A postura do constituinte brasileiro foi novidade não só em nossa história, mas no cenário internacional, já que em nenhuma outra federação existe um sistema político e administrativo com três níveis de entes autônomos.

      Sem deixar de reconhecer os percalços que dificultam uma atuação autônoma dos municípios, o ano de 2020 parece ensaiar alguns passos no sentido de trazer para a realidade a promessa constitucional. A crise multidimensional causada pelo corona vírus, -de ordem sanitária, econômica, política, etc.– é o melhor exemplo. A pandemia foi estopim para a decisão do Supremo Tribunal Federal que assegurou aos municípios a possibilidade de sozinhos, imporem medidas normativas e administrativas de enfrentamento à doença, sem guardar obediência com as ordens emanadas de estados e União.

      Certamente que a motivação da corte para essa decisão não fundou apenas na previsão de autonomia, mas sobretudo no fato de que a atuação de gestores locais parecia mais protetiva à saúde pública e adequada às realidades locais. As consequências do entanto, foram mais amplas ao levar aos olhos da população o importante papel que os entes municipais podem desempenhar na proteção de interesses da população local.

      Os municípios ganharam posição de destaque na crise da saúde: criaram protocolos de isolamento e de reabertura; construíram hospitais de campanha; fiscalizaram o cumprimento das normas de proteção sanitária; buscaram alternativas de ensino público presencial. É claro que a face oposta também foi colocada sob os holofotes: ao ganharem mais autonomia, alguns municípios se revelaram inaptos a gerirem as funções que lhe cabiam ou o fizeram de forma ímproba e/ou fraudulenta.

 

      >> E agora José? Antigamente se perguntava: como vamos fazer? Mais do que nunca, aumentou a responsabilidade do Eleitor na escolha de seus prefeitos e vereadores.

      Para começo de conversa, a legislação não mais permite a realização de comícios e reuniões, assim como não permite a organização de picadinhos, churrasquinhos, cervejadas. Limitou os gastos de campanha, ampliou os mecanismos de fiscalização, dificultou a campanha ajudada pela pandemia.

     Ficou mais fácil identificar os honestos e com melhor grau de conhecimento da realidade do município e trato com as pessoas. Estes não precisam, e nem costumam, trocar votos por cerveja, churrasco, promessas. Nem pegar carona na garupa de um pangaré para garantir um carguinho na prefeitura. Os candidatos que sabem manusear um computador, conhecem as leis e as necessidades da população e tem uma atividade regular e honesta, não precisam disso. Não compram votos com churrasco e cerveja. Trabalham e defendem os direitos do povo, independente de classe social. Fiquem atentos a isso!
  

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

VOLTA AO PASSADO

 

VOLTA AO PASSADO – 762 - 30.09.2020

 

>> Foi dada a largada para as eleições 2020, embora aparentemente restrinjam-se aos municípios. Mas isso são apenas aparências embora o clima eleitoral invada também as capitais estaduais e a da república.

As eleições municipais, comparadas com as atividades agrícolas, nada mais são que a preparação do solo para a colheita de 2022. A aparentemente simples eleição de um vereador, mesmo em Sanchas Parda, perto de Caximbetê, adquire uma importância comparável com a eleição de um deputado ou senador no devido tempo.

Não pensem os incautos que os palácios de governo não tenham lupas poderosas instaladas para identificar qualquer movimento contrário aos seus interesses "reeleitoreiros". Porém, nos megafones só se ouve palavras ardilmente calculadas para atrair os inocentes.

No fundo, lá no fundilho, o povo é instado a eleger seus representantes na esperança de dias melhores. Estes haverão de chegar, mas exclusivamente até aqueles que prometem.

 

       >> Não consigo esquecer  uma charada antiga que circulou logo após o fim do bipartidarismo, que assim propunha aos espertos:

1) O Partido “A” só (re)alisa, não (pro)mete;

2) O partido “B” só (pro)mete, não (re)alisa.

       Dada a realidade de São Miguel do Oeste, com a gangorra pendendo sempre para o mesmo lado, é de se perguntar ao eleitor se  quer ou não ser alisado. De qualquer forma, querendo ou não, vai se ferrar.

A propósito, tanto se fala do cavalo que passa encilhado. Desta vez, os cavalos encilhados que vem a trote, tem mais passageiros na  garupa que na sela. Tem passageiros montados até no pescoço do animal. Não tem lugar para mais ninguém.

 

>> O que é feito da política neste País? Virou uma casa d’Irene, uma casa de tolerância onde tem gente que vem e gente que vai, como diz a letra da música Italiana. Nem o Bolsonaro (recuso-me a chamá-lo presidente) acredita no partido que o conduziu ao poder. Aliá, quem o conduziu ao poder, ou seja, quem colocou o jabuti em cima da árvore, não foi uma estrutura partidária, mas uma estrutura difusora da ignorância, mais letal que o coronavírus.

Esta ignorância que tomou o Brasil de assalto, é responsável pela difusão do medo entre a população. Medo de morrer, medo de passar fome, medo de perder o emprego, medo de falir, medo de não ter assistência médica, medo de faltar comida, medo da depressão.

Crianças e adolescentes acordando de sobressalto durante a noite, aumento de número de suicídios, intolerância das pessoas com seus semelhantes, sintomas de depressão generalizados, tudo isto transforma a vida em verdadeiro calvário.

Nossos governantes que se propuseram a endireitar o País, perderam-se pelo caminho. Esqueceram-se da boa política. Esqueceram do povo, dos cidadãos, das Instituições, das tradições,, das famílias, para olhar somente o próprio umbigo e planejar seu futuro nababesco.

 

>> O que fará o povo nessas eleições? É uma boa pergunta que exige um exercício de futurologia. Aqueles que não possuem capacidade de ver um palmo adiante e prever como será o Brasil em 2021, deixarão tudo como está para ver como fica. Os que desejarem uma vida mais tranquila, segura, com perspectivas ótimas para si e seus descendentes, terão fatalmente que tentar mudar o curso da história, e trilhar o caminho da vida sem a necessidade de pegar carona na garupa ou no pescoço de um pangaré qualquer.

Este é o grande desafio desta campanha. Preferir andar "solito" a pé que dividir uma carona qualquer num pangaré acostumado a só andar de trote e não raro derrubar o cargueiro.  

 

>> O Jornal Francês Libération publicou uma extensa reportagem sobre o combate ao coronavirus na cidade de Araraquara, a 280 km de São Paulo. Governada por Edinho Silva (PT) a cidade colocou em práica uma política de testagem em massa para isolar e tratar rapidamente os infectados. Araraquara vai totalmente na contramão do fracasso que é o combate à covid no Brasil, um dos países mais devastados pela doença. A cidade governada por Edinho Silva fez testagem em massa e controlou a pandemia de maneira surpreendente para os padrões brasileiros.

 

>> O colunista gaúcho Rodrigo Constantino insurgiu-se com o fato de parte da imprensa e mídias sociais terem classificado Amy Barrett, indicada por Ronald Tramp para a Suprema Corte dos Estados Unidos como extremista de direita. Segundo o colunista, virou mania das mídias classificarem qualquer conservador, defensor da extinta TFP (Tradição, Família e Propriedade), e defensor das elites dominantes como extremista de direita, como se isso fosse crime.

Belo gesto, meu caro colega. Agora, classificar qualquer matuto com posições mais à esquerda, defensor das igualdades social, racial e de gênero como comunista, socialista, comedor de criancinhas, aí pode. Vá se catar, ô fanático!

Isso é normal, afinal quem está acostumado a comer caviar e salmão, jamais vai se sujeitar ao arroz com feijão de cada dia.