sábado, 23 de fevereiro de 2019

696 - DESCULPAS


DESCULPAS
      Sem autorização do autor, reproduzo a segunda coluna publicada no Correio do Povo, assinada pelo eminente jornalista Alexandre Garcia, que por muitos anos foi ancora e correspondente da TV Globo. Gaúcho de nascimento, Alexandre Garcia foi juntar-se a uma plêiade de jornalistas, fazendo companhia a Juremir Machado da Silva, Taline Oppitz, Elio Gaspari, Jogério Mendelski e outros. O texto fala de comportamentos antissociais de brasileiros em viagem ao exterior, mas pode ser adotado internamente. Eis o texto:
     
      “O ministro da educação pediu desculpas por ter dito, em entrevista à Veja, que o brasileiro no exterior se comporta como um canibal, roubando coisas dos hotéis e até assento salva-vidas do avião. Pediu desculpas “a quem tiver se sentido ofendido” – quer dizer, aos que fazem isso. Se a moda pega, vou ter que pedir desculpas àquela senhora que antes de desembarcar em Brasília, colocou a coberta da TAP em sua sacola. Terei que pedir desculpas para a brasileira que em Lisboa atrasou o voo para Roma, fazendo gritaria porque queria guardar a bagagem dela na classe executiva, embora viajando na econômica. Vou ter que me desculpar aos brasileiros barulhentos que perturbavam o sossego do restaurante da Galleria Vittorio Emmanuele, em Milão, para mostrar que lá estavam, e me envergonhei deles.
      Quando saía do hotel em Punta del Este e o funcionário me fez abrir a mala para uma inspeção, fiquei revoltado, mas ele explicou que brasileiros levam toalhas, lençóis, luminárias e até abajur. Fiquei envergonhado de meus conterrâneos, mas, se tiver que repetir o ato do ministro, devo pedir desculpas a esses ladrões de hotéis. Vou pedir desculpas ao meu amigo que levou um pito de um porteiro de prédio, depois de atravessar fora da faixa de pedestre em uma avenida de Santiago do Chile. Chamei meu amigo de incivilizado e agora vou pedir desculpas. Peço desculpas aos brasileiros que iam comendo sanduíche e jogando papel no lindo piso da rua Augusta, na baixa lisboeta. Eu os critiquei em pensamento.
      Já vi chineses cuspindo no corredor do avião, entre Hong-Kong e Beijing; egípcio ascendendo fogareiro dentro do avião, sobre o Saara; americano agindo como bárbaro em Cancún; japonês enlouquecido em Honolulu; argentino fazendo algazarra em Florianópolis. Mas esses não me envergonham. Quando sou acordado à noite por brasileiros aos gritos no corredor do hotel em Viena, ou quando vejo meus conterrâneos pulando roleta no metrô em Paris, aí eu me envergonho. Será que devo pedir desculpas a quem me provoca vergonha? Não seria melhor fazer como o Ministro Vélez Rodriguez na entrevista, e sugerir que a educação talvez possa recuperá-los para a civilização?
      Eu não diria “canibais”, mas selvagens. O excelente Paulo Pestana, do Correio Brasiliense, usou “canibais” na sua página de domingo e sugeriu que o ministro fosse além, falasse sobre furtos em restaurante, xixi na calçada, barulho, grosseria com garçom, cigarro no chão, e recordou o refrão chulo que “gritavam os canibais” para uma russa na Copa do Mundo. Quando postei o assunto no twitter, choveram testemunhos dessa incivilidade e comportamento antissocial no exterior. Então o ministro não está sozinho nessa constatação. Que não atinge a maioria, mas ensejou o pedido de desculpas porque um advogado pediu no Supremo uma manifestação do ministro. Talvez o causídico não viaje e não perceba o que nos envergonha. Ou quem sabe seja um dos que se sintam ofendidos”.

DESCULPAS POR DESCULPAS
      O ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, fez um desabafo para interlocutores próximos e disse estar profundamente arrependido em ter trabalhado ativamente pela eleição do presidente Jair Bolsonaro.
      “Preciso pedir desculpas ao Brasil por ter viabilizado a candidatura de Bolsonaro. Nunca imaginei que ele seria um presidente tão fraco”, disse para um aliado. Ele também demonstrou preocupação com o efeito deste protagonismo dos filhos nas decisões do País e reconheceu que o governo precisa descer do palanque para administrar o Executivo.
      O colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, conversou com um interlocutor que disse que Bebianno “perdeu a confiança” no presidente. “Tenho vergonha de ter acreditado nele. É uma pessoa louca, um perigo para o Brasil.”, disse.

ALGUEM MAIS VAI TER QUE PEDIR DESCULPAS
      Na manhã desta quarta-feira, 20, sob forte sol e em um calor de 31 graus, trabalhadores e lideranças de movimentos sindicais lotaram a praça da Sé, em São Paulo, no exato momento que o presidente Jair Bolsonaro entregava na Câmara Federal, em Brasília, a proposta de reforma previdenciária de seu governo. O evento, uma atividade conjunta de oito centrais sindicais (CUT, Força Sindical, CTB, Intersindical, Nova Central, CGTB, CSP-Conlutas e CSB) conforme os organizadores, reuniu cerca de 10 mil pessoas e se chamou Assembleia Nacional da Classe Trabalhadora. Na ocasião, foi definido um calendário de lutas que prevê atos públicos, mobilização nos locais de trabalho e nos bairros de todos os municípios do País para, segundo os organizadores, dizer não à proposta que “praticamente acaba com o direito à aposentadoria de milhões de brasileiros e brasileiras”.
Documento aprovado pelos presentes na assembleia destaca, para a convocação de grandes atos unitários, no 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, e no 1º de Maio, Dia do Trabalhador. Também foi deliberada a realização de um Dia Nacional de Lutas e Mobilizações em defesa da Previdência Social Pública e contra o fim da aposentadoria, em data a ser estabelecida pelas centrais sindicais, como parte da Jornada Nacional de Lutas em defesa da Seguridade e a Previdência Social.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

695 A MIUDINHA


A MIUDINHA PEGOU
Após um incêndio no alojamento da Comissão de Desportos da Aeronáutica, no Rio de Janeiro, dois jogadores do Bangu e um soldado acabaram hospitalizados. O estado das vítimas não preocupa.
Mas sempre há algo que preocupa: é esse tipo de acontecimento. Ainda mais quando envolve uma instalação militar, já que é comum se achar que os militares estão acima de qualquer suspeita. Aliás, o que não está acima de suspeita é essa mania brasileira de fazer tudo na base do afogadilho, transformando um paiol em hotel cinco estrelas da noite para o dia.

JOGO DE EMPURRA
Diz a notícia de última hora que o Flamengo e Defensoria Pública vão negociar para agilizar as indenizações às famílias das vítimas do “pequeno incidente” ocorrido no centro de treinamento do glorioso Flamengo, também no Rio de Janeiro.
Marilia, mãe de Arthur Vinicius, jogador morto no incêndio, a direção do Flamengo e autoridades municipais e estaduais se reuniram na sede do Ministério Público do Rio de Janeiro, onde ficou acordado que a defensoria ajudará o clube a indenizar os familiares das dez vítimas do incêndio no CT Ninho do Urubu. O Rubro-negro arca com custos de traslados, hospedagens e acolhimento psicológico a familiares e sobreviventes.
Já começou o empurra-empurra. O desfecho da dita conversa já é previsto. O Flamengo, estrela brasileira do futebol, vai sair de fininho, pagando as despesas, A defensoria pública, que a esta altura está mais para privada, não terá coragem de executar o clube querido do Brasil. O estado do Rio de Janeiro e a prefeitura, estão mais quebrados que arroz de segunda e vão dar uma de João sem braço e jogar a culpa no funcionário da limpeza. Amanhã ou depois, todos os familiares dos mortos estarão na arquibancada do Maracanã gritando: Mengo... Mengo... E assim caminha a humanidade.

MAS NÃO É TUDO!
Depois de uma reunião com o Flamengo, o Ministério Público do Rio de Janeiro (cheio de moral quanto o estado que lhe empresta o nome) determinou a execução de uma perícia no Ninho do Urubu, em parceria com o Ministério Público do Trabalho e o Corpo de Bombeiros. A partir desta análise sairá a decisão sobre interditar ou não o Centro de Treinamentos do clube rubro-negro. Em rápido pronunciamento feito após a reunião, o presidente do Flamengo se comprometeu a dar suporte às autoridades durante a perícia. Imagina que com essa conversa mole, ambos os ministérios públicos que também estão para privadas, aliviem a barra do Flamengo.

PARA QUASE COMPLETAR
      Mais um acidente com vítimas. Um helicóptero caiu sobre um caminhão na grande São Paulo, vitimando o piloto do aparelho e o jornalista Ricardo Boechat. As vítimas ainda estavam quentes quando as autoridades vieram a público dizer que a empresa proprietária do aparelho não tinha autorização para transportar passageiros.
      A gloriosa ANAC – Agência Nacional da Aviação Civil, sempre expedita nas explicações, veio rapidamente a público para dizer que a empresa tinha autorização para serviços aéreos de fotogrametria e correlatos, mas não poderia transportar passageiros como taxi aéreo.
      O engraçado disso tudo é que o aparelho deve ter decolado de algum heliporto, que em tese deve estar sob a supervisão da ANAC. Logo, esta teria que fornecer autorização para a decolagem. Se forneceu, não está isenta de culpa. Assim, nada justifica a falta de autorização. Houve sim falta de fiscalização, como em todos os acidentes. E a fiscalização, é atribuição do governo, ou estou enganado?
      Para completar, a fiscalização governamental só é expedita quando se trata de fiscalizar o pagamento de impostos. Menos o que ele próprio, governo, deve, assim tipo previdência social, e os devidos por grandes empresas. Se o devedor do sagrado imposto for o Zé das couves da feira livre de São Miguel do Oeste, estará literalmente ferrado. Ou será que novamente estou errado?

DE MARIANA A BRUMADINHO
      A estratégia enrolacionista para safar as mineradoras e jogar a responsabilidade nas costas dos engenheiros e técnicos em segurança de barragens, está em curso. O Ministério Público (que para mim é mais privado que uma privada) está igual a jogo de bilboquê por quem não sabe jogar (joga para cima e para baixo e não encaixa uma), mas a sorte está selada. As mineradoras estarão isentas de responsabilidade, que será colocada na garupa de técnicos em segurança, engenheiros, e se facilitar vai sobrar até para os topógrafos.
      A pedra já foi cantada pelo Generalíssimo da reserva remunerada Hamilton Mourão, digníssimo vice-presidente da República Federativa do Brasil, logo após, senão no mesmo dia do rompimento da Barragem: “a culpa pelo desastre, não é da empresa, mas das pessoas” disse solenemente.
      Ao melhor estilo capitalista de araque, só não pronunciou, mas decerto pensou: “que se vão os dedos, mas salvemos os anéis”! Ou por outra: “que se f... o povo morto, desaparecido e flagelado, mas salvemos as empresas”! Temos que manter o fornecimento de minério e carne para a China e Japão pois, afinal, eles nos vendem quinquilharias e nos deixam grandes estoques de rejeitos e esterco!
      Isso me lembra a guerra da lagosta, entre Brasil e França, de 1961 a 1963, quando pescadores Franceses vinham capturar lagostas na costa de Pernambuco. Juca Chaves, exímio parodista, compôs uma música que se chamou “O caso da Lagosta” que falava do brasileiro que só pensava em viver no litoral para pescar lagosta “porque na França todo mundo gosta...”  

694 - OS DESVALIDOS


OPINIÃO – JAIME CAPRA 

DESVALIDOS DE ONTEM
Um texto articulado por Ana Fraiman, Mestre em Psicologia Social pela USP, nos faz pensar e repensar. Em 1980, o maior agrupamento populacional por idade, situava-se na faixa de 0 a 10 anos. Em 2015, na faixa de 25 a 36 anos e, em 2050, a maior concentração populacional estará na faixa entre os 45 e 70 anos de idade.
Nesses últimos tempos surgiu uma geração de pais sem filhos presentes, por força de uma cultura de independência e autonomia levada ao extremo, que impacta negativamente no modo de vida de toda a família. A ordem era essa: em busca de melhores oportunidades, vinham para as cidades os filhos mais crescidos, que logo traziam seus irmãos e logo vinham também os pais. 
       A evasão dos mais jovens em busca da sobrevivência, sempre ocorreu. Trabalho, estudos, a seca e a fome, pressionaram os jovens a abandonarem o lar paterno.

DESVALIDOS DE HOJE
Assim como os pais deixavam e ainda deixam seus filhos para buscar melhores condições de sobrevivência, houve filhos que deixaram seus pais para buscar de melhores condições de vida, de trabalho e estudos.
Em geral, porém, isso não é percebido como abandono emocional. Não há descaso nem esquecimento. Os filhos que partem e partiam, também assumiam responsabilidades de ampará-los e aos irmãos mais jovens. Assim, nasceu uma geração de ‘pais órfãos de filhos. Pais órfãos que não se negam a prestar ajuda. Pais mais velhos que sustentam os netos nas escolas e pagam viagens de estudo fora do país. Pais que cedem seus créditos consignados para filhos contraírem dívidas em seus nomes, que lhes antecipam herança. Mas que não têm assento à vida familiar dos mais jovens, na suposição de que seus pais se bastam.


DIFICULDADE PARA PERCEBER
Sob a ótica dos relacionamentos afetivos e compromissos existenciais, todos tem medo de confessar o quanto o outro faz falta, como se isso fosse fraqueza. Montou-se assim uma enorme armadilha existencial, como se ninguém mais precisasse de ninguém. A família numerosa é ameaçadora para o conforto, segurança e bem-estar. Pais longevos não são mais tolerados, pois custam muito caro financeira, material e psicologicamente. 
Disto, sobreveio a solidão e o medo permanente, que transformou as relações humanas em transações comerciais.  
Sobrevieram a solidão e o medo permanente que impregnam a cultura utilitarista, que transformou as relações humanas em transações comerciais. Pais em desespero tentam comprar o amor dos filhos. Mas, carinho de filho não se compra assim como ausência de pai e mãe não se compensa.
Tudo isso tem um custo altíssimo: a dificuldade de reconhecer limites característicos do envelhecimento. Este é o modelo que se pode identificar. A questão é que as dores são mascaradas, profundas e bem alimentadas pelas novas tecnologias, nas quais todas as gerações estão envolvidas pelo desejo de viver fortes emoções e correr riscos. 
Na vida dos mais velhos, alguns dos limites físicos e mentais vão se instalando e vão mudando com a idade. Desobrigados que foram de serem solidários aos seus pais, os filhos adultos como que se habituaram a não prestarem atenção às necessidades de seus pais, conforme envelhecem. Mantêm expectativas irrealistas e não têm ideia do que é ter lutado toda uma vida para se auto afirmar, para depois passar a viver com dependências e dar de frente com a grande dor da exclusão social, a começar pela perda dos postos de trabalho e, a continuar, pela enxurrada de preconceitos que se abatem sobre os idosos, nas sociedades profundamente preconceituosas e fóbicas em relação à morte e à velhice.

 



LICENÇA PARA MATAR
       O pacote de medidas para a justiça e segurança pública apresentado por Sergio Moro, institui uma verdadeira “Lei do Abate”. O projeto que prevê a prisão após condenação em segunda instância e a criminalização do caixa 2, recebeu diversas críticas e ironias por parte de especialistas, lideranças e representantes da sociedade civil.
       A proposta que ainda não foi encaminhada ao Congresso Nacional, altera 14 leis, o Código Eleitoral, e talvez a Bíblia Sagrada. Segundo o ministério, a intenção é combater a corrupção, os crimes violentos e as facções criminosas.
       Um dos pontos mais criticados é a radicalização do princípio da legítima defesa previsto no Código Penal, onde o governo pretende legitimar os homicídios cometidos por policiais em serviço. De janeiro de 1998 a janeiro de 2018, 13,5 mil suspeitos morreram em confrontos com a polícia no Rio de Janeiro. O texto do anteprojeto prevê que um agente policial que agiu em legítima defesa poderá ter uma eventual condenação reduzida à metade ou não aplicada se o excesso cometido decorrer de escusável medo, surpresa ou violenta emoção. Belo Gesto!

BOLSONARISMO
       A investigação do caso Fabrício Queiroz, testa de ferro do senador Flavio Bolsonaro, caiu no colo do promotor Claudio Calo, mas deve mudar de mãos. Em suas postagens nas redes sociais, o promotor se mostra um bolsonarista entusiasmado. Entre os desconfortos gerados, está uma série de tuítes em que ele responde questionamentos sobre o caso.
      Mas não só. Calo retuitou Carlos Bolsonaro num post em que o rapaz, para não variar, ataca a imprensa. O filho O2 não gosta da “catchiguria”. Creio que, quando bebê, o pai o ninava cantando: “Nana, nenê, que o jornalista vem pegar…” E aí ele ficou assim. Quando está desocupado, ataca a imprensa.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

AS ÚLTIMAS


OPINIÃO – JAIME CAPRA
AS ÚLTIMAS

       Esta é para ver se Deus realmente está acima de tudo, como diz o nosso presidente. O Ministério Público Federal cobra R$ 98 milhões por dívida de impostos da Igreja Universal. A instituição de Edir Macedo contestou a competência do Ministério Público Federal em cobrar a dívida, alegando ser da Receita Federal essa competência.

       O MPF foi autorizado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região a cobrar da Igreja Universal do Reino de Deus o valor de R$ 98,3 milhões em impostos. No recurso, o MPF defende que a isenção de impostos dos templos só é referente às finalidades essenciais da atividade religiosa, não sendo possível excluir da tributação os valores vindos de outras atividades, como compras de bens e imóveis sem qualquer vínculo com a igreja. A Universal contestou a competência da Procuradoria em cobrar a dívida, alegando ser da Receita Federal. Ao analisar o caso, o relator, juiz Marcelo Albernaz, concluiu que o MPF tem razão em seus argumentos e determinou o retorno dos autos para a primeira instância para que seja proferida nova decisão.


HISTÓRICO
A igreja Universal do Reino de Deus foi fundada por Edir Macedo na década de 1970. Liderada por ele até hoje, a instituição, segundo dados do IBGE, tem mais de 6 mil templos no Brasil e aproximadamente 1,8 milhão de fiéis. A Universal ainda possui uma rede de rádio, um jornal e uma revista, além do controle da Rede Record de Televisão. Em 2014, a IURD inaugurou o Templo de Salomão, obra suntuosa no bairro do Brás, em São Paulo. A construção do edifício foi investigada pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo e pela Receita Federal.

NOVOS AGREGADOS
       É de lamentar profundamente o novo desastre ecológico que vitimou 360 pessoas entre mortos e desaparecidos e um sem número de outras vítimas que sofreram perdas patrimoniais, financeiras, sociais, além de danos psicológicos.
       Em cima do recente desastre de Mariana, que não serviu de lição, o rompimento da barragem de Brumadinho, embora o menor volume de rejeitos, provocou um dano infinitamente maior.
       Os rejeitos deixados pela extração de minério de ferro, armazenados em barragens, não são um lixo qualquer. Além do efeito devastador, contém minério de ferro, sílica e água, mais pesados que a lama comum, mas extremamente danosos para a natureza, pessoas e animais.
       O modelo de barragem utilizado em Mariana e Brumadinho, dentre outros, é o mais vulnerável, portanto menos seguro. É mais utilizado por custar menos para o minerador. Seguindo o ditado “porta arrombada, tranca de ferro”, este modelo de barragem está proibido. Mas como estamos no Brasil, as que já foram autorizadas ficarão funcionando, esperando fazer novas vítimas.

MODELO ECONÔMICO
       O Brasil ainda não se livrou do modelo econômico extrativista iniciado com o descobrimento no ano de mil e quinhentos. Acabaram o pau brasil, ouro, prata, pedras preciosas, florestas e atualmente estão avançando sobre as montanhas e o pré-sal. Se nós, os brasileiros, estivéssemos fazendo isto e nos beneficiando, tudo bem, mas quem está acabando com nossa natureza são os que preservam a sua e destroem a nossa.
       O problema não é nosso. É dos ecochatos denunciados por sua excelência o dono da Havan. Esse é o modelo de empresário que o Brasil do Bolsonaro precisa.
       A propósito, o ilustre vice-presidente no exercício da presidência, doutor general da reserva Hamilton Mourão (ou seria moirão de cerca? A Dilma era poste) disse que se há culpados por Brumadinho, são as pessoas, não as empresas. Belo gesto, senhor Moirão! Acrescentou mais, dizendo que é preciso preservar as empresas! Isto mesmo! As pessoas podem se f... As empresas não. A Vale, os desmatadores da Amazônia, os frigoríficos que espalham esterco por toda a superfície terrestre, tem que ser preservados. Parabéns Moirão! Aliás, perceberam que os países mais ricos não querem indústrias poluidoras? Isso fica para nós, pobres e subdesenvolvidos.
Nesses 518 anos de Brasil, várias revoluções industriais passaram ao largo sem que produzissem efeitos tecnológicos nessa terra de Cabral. Por aqui ficou a fumaça da locomotiva, o rejeito da mineração e o esterco da carne.



UM BOM AJUDANTE
       Por enquanto (depois o titular assume) o atual governo tem mais um especialista em economia e desenvolvimento.
       Indicado por Paulo Guedes para chefiar a Secretaria Geral de Desestatização, Salim Mattar será responsável pelas privatizações que serão realizadas pelo novo governo.
       Começou sua missão dizendo estar muito honrado com o convite de Paulo Guedes (?) a quem conhece há quase 30 anos.
       Diz ser um liberal a favor da redução do tamanho do Estado para desonerar o contribuinte. Para começar, pretende manter como empresas estatais federais apenas três: o Banco do Brasil, a Caixa e a Petrobrás. Belo gesto para quem está começando.

FINALMENTE CHEGARAM
       Os israelenses chegaram com seus sonares, drones e alta tecnologia, para ajudar desenterrar os mortos de Brumadinho. De salvar os vivos pouco entendem.
       Vieram compensar o bom relacionamento comercial que esperam incrementar com o Brasil. Importam carne, pedras preciosas e cabelos humanos e nos vendem drones remédios, circuitos integrados, equipamentos médicos e alta tecnologia. A balança comercial com Israel é de dois para um. Para cada dólar exportado, o Brasil importa dois. Vem aí negócios envolvendo tecnologia para dessalinização de águas, o que vai tirar o Nordeste da sede e da fome.