sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

ELES NÃO FIZERAM NADA


ELES NÃO FIZERAM NADA
"O ex-deputado federal Márcio Moreira Alves, pivô da decretação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5) em 13 de dezembro de 1968, morreu em abril de 2009 aos 72 anos, depois de cinco meses internado no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, devido a um acidente vascular cerebral."
       Iniciou sua carreira profissional como repórter no Correio da Manhã, no Rio de Janeiro. Adversário do governo João Goulart, inicialmente apoiou o golpe militar, tornando-se seu opositor a partir da edição do primeiro Ato Institucional em abril. Foi eleito deputado federal em 1966, pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), depois de denunciar a ocorrência de torturas contra oposicionistas.
       Em setembro de 1968, fez um discurso na Câmara protestando contra a invasão da Universidade de Brasília pela Polícia Militar. O tom radical de seu discurso e a não aceitação da Câmara do pedido de cassação de seu mandato, encaminhado pelo Supremo Tribunal Federal, teriam servido como estopim para a edição do Ato Institucional Nº 5 (AI-5), em dezembro daquele ano.
       Cassado pelo AI-5, deixou clandestinamente o país ainda em dezembro de 1968, e só voltou em 1979, com a anistia. Com o fim do bipartidarismo, em novembro daquele ano, e a posterior reformulação partidária, filiou-se ao PMDB e, nessa legenda, concorreu a uma cadeira na Câmara dos Deputados.
         Entre 1982 e 1984, assessorou Bresser Pereira na presidência do
Banco do Estado de São Paulo, e depois na Secretaria de Governo de 
São Paulo. Ao longo de sua vida profissional, também se dedicou a 
escrever livros, como “Torturas e torturados, manual do cronista 
aprendiz”, coletânea de artigos de seus trinta anos de colunista, “A 
velha classe”, “Beabá do MEC-Usaid”, e “A grain of mustard – the 
awakening of Brazilian revolution” (Um grão de mostarda - o 
despertar da revolução brasileira”). 
 
NÃO FORAM ELES
         Marcio Moreira Alves, o homem cuja ação provocou o AI-5 
decretado em 13 de dezembro de 1968, o mais infame da infame 
ditadura implantada no Brasil em 1964, era jornalista. Tornou-se 
político. Cometeu erros que os ditadores não podiam perdoar. O 
primeiro deles foi provar no calor dos acontecimentos que a ditadura
começou em 1º. De abri de 1964 mesmo com todas as violências de 
um regime de força: perseguições, prisões, arbitrariedades, tortura 
e mortes.
         Em Torturas e Torturados, livro lançado e proibido em 1967 por
ofender a “dignidade das forças armadas, não fazer referência à 
oficina em que foi impresso, e estar “eivado de inverdades”, Marcio, 
em reportagens publicadas no Correio da Manhã, desmascarou o novo regime. Desafiou: “Provem onde estão as mentiras”! “Os que acobertam um punhado de torturadores limitam-se a dizer que as torturas são mentiras”.
         Sustentou que houve muita tortura em abril de 1964. Indicou 
que isso serviu para incentivar a tortura também a presos comuns e a
gerar o sentimento de impunidade nos torturadores. Chocou ao 
escrever: “A revelação de que membros do Exército nacional, que se 
gabavam de ser o “povo fardado” e da Marinha de Guerra, com sua 
tradição de cavalheirismo aristocrático, estavam torturando e 
promovendo a tortura de prisioneiros, quebrou um preconceito, 
matou uma ilusão brasileira e acendeu uma geral indignação. 

NÓS NÃO: FOMOS E SEREMOS HONESTOS!
Márcio Moreira Alves tinha o péssimo hábito de denunciar as contradições do regime, nas páginas do correio da Manhã, antes que a censura tudo devorasse. Em artigo de 28 de novembro de 1964 mostrou como a UDN entregara-se ao autoritarismo. No mesmo texto revelou uma prática que seria considerada nova 50 anos depois: a compra de apoio de parlamentares. Vale a pena ler o seu exto.
       “O comprador de votos do governo fora, na véspera, o ministro Cordeiro de Farias, senhor dos empregos e das verbas da Sudene, da comissão do Vale do São Francisco e da SP VEA. Ontem foi o próprio presidente Castelo Branco quem se encarregou de mercadejar apoios, chamando mais de 20 deputados ao Palácio do Planalto. Acorreram entre outros, a honrar o bezerro de ouro, os senhores Osvaldo de Abreu (que passara três meses ganhando em dólares na representação do Brasil junto à ONU, Gayoso e Almendra, que na reunião do PSD fora dos mais vociferantes contra a intervenção, monsenhor Arruda Câmara, Euclides Vilcar (implicado no      DNOCS do Ceará, Abraão Sabá (da refinaria de Manaus) e Pedro Zimmermann. Os deputados trabalhistas eram “repontados” por Teódulo de Albuquerque, baiano que seguia a liderança de Manoel Novaes da CODEVASF (Vale do São Francisco). Familiar, não?+



ESCOLA SEM PARTIDO TUPINIQUIM
"No último dia 23 de novembro, o Supremo Tribunal Federal divulgou um levantamento inédito a respeito da posição do judiciário sobre a liberdade de cátedra em seis países, mais a União Europeia. Realizado pela Coordenadoria de Análise e Jurisprudência do órgão, o estudo visa enriquecer os debates a respeito da proposta do Escola sem Partido."
A Segunda Turma do Tribunal, em decisão majoritária, acolheu o pedido da requerente e decidiu que a Lei do Estado de Baden-Württemberg não possuía base estatutária suficientemente definida para a proibição do uso de lenço de cabeça por professores em escolas e durante as aulas. Observou-se que não consta dos autos nenhuma evidência tangível de que a aparição da requerente com adereço de cunho religioso criou qualquer perigo concreto para a paz na escola. O medo de que os conflitos possam surgir com pais que se oponham a que seus filhos sejam ensinados por uma profissional usando lenço de cabeça não pode ser justificado pela experiência anterior da requerente em sala de aula, tampouco é fundamento para proibir a expressão religiosa.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

CIRCO DOS HORRORES


CIRCO DOS HORRORES
Depois de quatro anos fazendo campanha e vendendo a ideia de que mudaria tudo, Bolsonaro cede às barganhas fisiológicas dos partidos e entrega nacos do Estado a interesses corporativos.
Foi eleito e já indicou metade dos seus ministros. Sempre que perguntado se tinha nomes em mente, o então candidato era vago. Fazia questão de assegurar que seriam nomes “exclusivamente técnicos”. Nada de “negociatas políticas” ou “escolhas ideológicas”. Ao ler o nome dos indicados, percebe-se o contrário.
Um dos poucos nomes garantidos durante as eleições foi Paulo Guedes. O guru econômico de Bolsonaro tem atuado como um primeiro-ministro do Brasil. Sondou Sérgio Moro antes mesmo do segundo turno. Depois das eleições, atacou parlamentares e está montando sua equipe econômica como se tivesse sido ele próprio o candidato mais votado.
Guedes é fundador do banco BTG Pactual. Escolheu para presidir o BNDES Joaquim Levy do Bradesco e ministro do desastroso ajuste de Dilma em 2015. Para o Banco Central indicou Roberto Campos Neto, do Santander.
Para a Petrobras, nomeou seu amigo da Escola de Chicago, Roberto Castello Branco, que defendeu publicamente neste ano privatizar a empresa. Dois privatistas também foram nomeados para a presidência da Caixa e do Banco do Brasil.
Seguindo o discurso de Bolsonaro, parte da mídia trata esses nomes como “economistas”, técnicos. Nada mais falso. Os porta-vozes dos principais órgãos públicos da nossa economia estão ligados ao mercado financeiro, numa verdadeira “porta giratória” com visível conflito de interesses. Com uma sucessão de lucros recordes, os bancos já vem traçando os rumos da economia nas últimas décadas. O controle que terão sobre a política econômica no próximo governo, é inédito.
De noite, montam sua plataforma de governo jantando com grandes acionistas e nomes ligados ao capital estrangeiro. De dia, utilizam a crise econômica para justificar as privatizações e a venda da soberania nacional a preço de banana.
Na política, Bolsonaro nomeou Onix Lorenzoni como ministro da Casa Civil. O deputado é filiado ao DEM há 21 anos, quando ainda chamava-se PFL e tinha como grande comandante o inesquecível Antônio Carlos Magalhães. Toninho Malvadeza foi um dos principais parlamentares a levantar a bandeira das dez medidas contra a corrupção, articuladas pelo Ministério Público Federal. Uma das medidas é a criminalização direta de quem receba recursos eleitorais via caixa 2. Ora, vejam só! Onix Lorenzoni admitiu ter recebido 100 mil reais da JBS, não declarados. Declarou-se, porém, arrependido e foi perdoado pelo Deus Sergio Moro. A JBS – Friboi, também deverá ser perdoada, como se verá logo abaixo.
Outra indicação, também do DEM, é a nova ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Líder da bancada ruralista, foi uma das principais articuladoras do avanço do projeto que quer flexibilizar o uso dos agrotóxicos no Brasil. Por conta disso, ganhou o apelido de “Musa do Veneno”. Durante o período na gestão estadual do Mato Grosso do Sul, deu incentivos fiscais à JBS - Friboi, fechou parcerias pessoalmente com Joesley Batista e recebeu doações eleitorais da empresa no mesmo ano. Não é exatamente um nome técnico, como diz Bolsonaro.
Nada mais absurdo que a nomeação do até então desconhecido dos brasileiros Ernesto Araújo como chanceler. Diplomata que atua nos Estados Unidos, fã incondicional de Donald Trump, disse que o presidente norte-americano é a salvação do Ocidente. Em blog pessoal, fez campanha aberta para Bolsonaro e atacou partidos de esquerda. Araújo vive em uma verdadeira realidade paralela, onde o "marxismo cultural" pilota o movimento "globalista", a China continua sendo um país Maoísta e o aquecimento global é um dogma esquerdista. Seus impropérios e disparates sucessivos fazem ruborizar um defunto, só de lembrar que será essa a voz do Brasil para o mundo.
Vamos em frente. O novo ministro da Saúde será Luiz Henrique Mandetta, terceiro nome do DEM. Está sendo investigado por fraude em licitação, tráfico de influência e caixa 2 na implementação de um sistema de prontuário eletrônico quando era secretário municipal de saúde. O médico já presidiu a Unimed e desde o início foi contra o Programa Mais Médicos. Difícil acreditar em alguém com ligação direta ao sistema privado de saúde, terá algum compromisso com o SUS.
As indicações da última semana foram fechadas com chave de ouro com o colombiano Ricardo Vélez Rodríguez na Educação. É uma “tragédia anunciada”. O defensor feroz da dita escola "sem partido" é visceralmente antiesquerdista, exalta o golpe militar de 1964 e rasga elogios à monarquia. Um fundamentalista que parece desconhecer a Revolução Francesa. Não é a Marx que questiona, mas a Voltaire e o Iluminismo. Segundo os filósofos das principais universidades brasileiras, ele é pouco conhecido no meio. Sua obra é modesta e tem pouca experiência na área. Trevas à vista.
Um superministro banqueiro e com a agenda mais antipopular do período democrático. Um político que assumiu ser corrupto na Casa Civil. Uma ruralista que quer liberar geral o veneno na agricultura e na comida. Um fã de Donald Trump em cruzada contra o marxismo e o ambientalismo, na diplomacia. Um deputado investigado e contrário ao Mais Médicos na Saúde. Um inquisidor da Idade Média na Educação. Esse é parte do time de quem prometeu "varrer" o que havia de pior na política brasileira e montar uma equipe "técnica", não "ideológica". Já vi a história de “varrer” com o Jânio Quadros, que deu no que deu. Para tanto, o ministério de Bolsonaro é um verdadeiro “show de horrores”.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

SOLDADINHO PRIMATA

SOLDADINHO PRIMATA
Num lugar qualquer, longe da civilização, havia um
acampamento de primatas com 105 indivíduos, sendo 57
na cor branca e 47 na cor parda. Só um era diferente: era
dourado, reluzente, bonito. Sorria para tudo e para todos.
Prometia reformar o lugar qualquer num paraíso para
todos. O único defeito do diferente era quando soltava a
voz. Fazia cinco vozes diferentes, portanto difícil
identificar de onde partia o rugido. Apenas uma
característica o identificava: ao rugir, via de regra,
vomitava bobagens que causavam grande impacto.
Certo dia, o acampamento foi dado de presente ao
primata maior, o diferente, chefe do grupo branco
conhecido como deslumbrado, que ficou maravilhado e
eufórico. Logo colocou tudo em ordem unida em frente ao
acampamento, de onde conseguiria ver todos os outros
brinquedos, entre os quais uma pequena árvore florida que
estava postada na entrada de uma grande cavidade
existente numa frondosa árvore.
A pequena árvore florida era muito bonita. Tinha
ramos erguidos em arco que cobriam a copada, e um dos
troncos dobrado para trás, tão dobrado que ficava
escondido debaixo dos ramos em arco.
O primata diferente, aquele reluzente, logo se
encantou pela arvorezinha, pensando que tal como ele, a
arvorezinha tão linda, tivesse um só tronco.
Certo dia, o primata diferente e reluzente, ao arrumar
seus brinquedinhos, que iam de arcos e flechas a tacapes
e boleadeiras, deixou que um primata caísse para fora do
acampamento. Então, o primata reluzente e deslumbrado
saiu correndo a procurar pelo primata desviado. Pouco
tempo depois passaram outros primatas e um deles viu o
fugitivo e exclamou: “Um primata militar! Um primata
militar”!
Será que alguém, propositadamente, o deixou fugir
porque ele é diferente? E o que deverá ser feito com os

diferentes? Seria necessário, pelo menos, mais que os 57
para fazer uma boa batalha, disse um dos brancos.
Tenho uma ideia, disse aquele que avistou o fugitivo.
Vamos colocar os que faltam para uma boa batalha numa
jangada e manda-los dar uma volta, primeiro rio abaixo e
depois rio acima. Se chegarem vivos de volta, servirão
para as batalhas que se aproximam.
E assim fizeram. Construíram uma jangada, bem
grande e pesada, colocaram os deslumbrados a bordo e a
soltaram rio abaixo, para navegar na água que corria pela
sarjeta.
Apoiado em sua única perna, em “ombro armas”, o
diferente, deslumbrado mor, soldadinho de chumbo,
procurava não cair da jangada. Voltava todos os seus
desejos e pensamentos para a linda arvorezinha florida,
que talvez, encoberta pelo deslumbramento, nunca mais
voltasse a vê-la.
A água ganhou mais correnteza e a jangada andou
com maior força. A água caía em cascata desde o STF até
o lago da primeira instância. O deslumbrado tentou se
equilibrar mas a jangada deu um salto, caiu da cascata,
virou e o deslumbrado afundou.
Mal o deslumbrado tinha chegado ao fundo do Rio,
apareceu um enorme tubarão chamado Bertolt Brecht,
vulgo aliado, e abriu a enorme bocarra para salvar o
deslumbrado soldadinho de chumbo. Mesmo assim, o
deslumbramento não permitiu que esboçasse qualquer
reação para salvar sua vida, gastando os últimos instantes
para pensar em sua arvorezinha florida que ficara próxima
do acampamento.
Passou-se longo tempo, e de repente apareceu uma
nova operação, daquelas que salvam a honra de qualquer
acampamento, e o tubarão foi pescado pelos primatas
dissidentes do acampamento. Ao limpar o tubarão, o
soldadinho deslumbrado foi encontrado, porém já estava
morto.

A ESCOLINHA
A escolinha do Zezinho é um espetáculo. A parte
pedagógica está entregue ao professor General de
Campos, titulado na ANT – Academia Nacional da
Truculência, nos EUA – Educandários Únicos Aceitos. Tem
como metas principais o respeito à hierarquia e à
disciplina.
Os alunos, ao chegar, precisam bater continência ao
diretor pedagógico e ao diretor administrativo. O uniforme
consiste em calças verde oliva, gandola da mesma cor e
casquete.
Antes do início das aulas, após a execução dos hinos,
uma sessão de ordem unida de 30 minutos. Após a sessão,
em forma, sem cadência, ordem unida, classe por classe,
os recrutas deverão rumar para suas salas, entrando em
fileiras a partir da direita, tomando seus lugares
previamente determinados.
O setor administrativo, dirigido por Sermoro Rei,
consiste em duas salas amplas, com muitos funcionários. A
maior, denominada quartel, tem na hierarquia e na
disciplina seu principal fundamento. Todos os funcionários
pertencem ao grupo subalterno, já que ao oficialato são
reservados os cargos de nível superior.
A segunda sala, denominada Delegacia, ocupa-se da
fiscalização das atividades do funcionalismo e do corpo
docente, para evitar qualquer desvio de conduta e a
criteriosa obediência ao planejamento das operações.
O resultado planejado e que será perseguido
diuturnamente, e a formação de um contingente de
autômatos, capaz de caminhar e obedecer, o que é julgado
mais que suficiente para uma população que escolheu um
nada para dirigir seu destino.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

VERGONHAS


VERGONHA I – NA CARA DURA
       Não me surpreende ver Evangélicos, Crentes, Militares, Coronéis, Majores, Capitães, Tenentes, Subtenentes, Sargentos, Cabos e Soldados ajoelhados ao redor da Bandeira Brasileira para orar a Deus em prol da nossa Nação, quando na verdade foi em prol da eleição de um sujeito sem noção, desvairado, louco, violento, preconceituoso, homofóbico. mau caráter, fascista, mentiroso, para ser presidente de uma Nação pacífica, ordeira, trabalhadora com quase 210 milhões de habitantes. O que me surpreende é ver pessoas supostamente inteligentes, talvez de boa índole, quiçá ordeiras, com talvez boa posição social adquirida durante os governos que tanto criticam, compartilhando tão ridículo material, deixando-se enganar por uma pantomima dessa ordem, onde a invocação a Deus pedindo as bênçãos soa como um sacrilégio, uma afronta, pois, seguramente, Deus não compartilharia nem apoiaria tamanho ateísmo e barbaridade, e não daria ouvido às preces com tão vil propósito.
Com certeza, o culto à Bandeira Nacional demonstrado naquela esquisitice não é feito nos momentos propícios (semana da Pátria e outros) e por outras, os protagonistas de tão vulgar pantomima talvez não saibam seu hino de cor e tampouco o dia dedicado em sua homenagem.
Que a Nação Brasileira, somatório do Território mais População desconheça os infelizes que tiveram essa ridícula ideia, e que o verdadeiro Deus perdoe aos que tiveram esta displicência religiosa, e a todos aqueles inocentes inúteis que lhe deram divulgação.

VERGONHA II – VERDADE NUA E CRUA
       Acentuam-se os crimes cometidos no Brasil por apoiadores daquele presidenciável que incita a violência extrema, apoia a ditadura e a tortura: pessoas são esfaqueadas, atropeladas e mortas; gays são espancados; uma mulher chegou a ter uma suástica gravada com canivete, na barriga. Não há mais dúvida: todo brasileiro que votar nesse presidenciável será conivente com a carnificina que ele promove e promoverá. A essa altura não há mais “ingênuos” ou “manipulados pela mídia”. Já ouvimos tudo o que ele tinha a dizer, e não há uma só frase que não aponte para a grande violência que é o fascismo.

VERGONHA III – E EU COM ISSO?
Nunca me importei com a polarização política entre PT e PSDB, pois a disputa entre esquerda e direita ocorre de forma saudável em todos os países civilizados e faz parte do jogo democrático. Mas o presidenciável em questão é de extremíssima-direita. E com o fascismo, com simpatizantes do fascismo, não se conversa nem tergiversa. Se aqui entre meus amigos ainda há alguém que pretenda eleger o fascista, peço que me exclua das redes sociais agora. Não tenho e nunca terei nada a ver com quem elege um cara desse nível, tão baixo de inteligência, cultura e humanidade. Daí a impossibilidade de amizade virtual e, sobretudo, de convívio pessoal.
Cada eleitor desse cara será diretamente responsável por cada pessoa presa, torturada e assassinada pelo Estado, assim como cada alemão que ajudou Hitler a chegar ao poder foi diretamente responsável pelo Holocausto. Quando a matança começar, eu deitarei minha cabecinha pensante no travesseiro e ficarei aguardando o meu dia chegar, com a certeza de que não contribuí em nada para esse horror.
No domingo, votarei em Fernando Haddad, um democrata inteligente, culto, que lê Machado de Assis. Ele não leu e nunca irá ler o "livro" de Carlos Alberto Brilhante Ustra, o maior torturador da ditadura no Brasil dos anos 1960/70, que de brilhante não tem absolutamente nada.
Chegamos a uma polarização que não é entre esquerda e direita, mas entre civilizados e bárbaros. Digo aos bárbaros: tchau, queridos, sejam vocês amigos de longa data, parentes etc.. O que me deixa feliz é ver que há milhões de brasileiros que pensam como eu e dizem não à barbárie. Há até antipetistas radicais votando em Haddad contra o fascismo. E assim talvez, quem sabe, sejamos até a maioria, e possamos salvar o Brasil desta estupidez mais estúpida.

VERGONHA IV – EXÉRCITO PEDE INVESTIGAÇÃO
       O Exército confirmou que o homem que divulgou um vídeo na Internet insultando e ameaçando a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Rosa Weber, é o coronel da reserva Carlos Alves. Em nota, a instituição informa que foi enviada representação ao Ministério Público Miliar, solicitando que fosse investigada possível ilegalidade. O referido militar afronta diversas autoridades e deve assumir as responsabilidades por suas declarações, as quais não representam o pensamento do Exército, diz o texto. A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal também aprovou requerimento para que a Procuradoria Geral da República investigue o caso.
       Em vídeo que circula nas redes sociais o militar critica Rosa Weber e a ameaça, caso o TSE acate a denúncia de que a campanha de Jair Bolsonaro tenha patrocinado de forma ilegal a divulgação de mensagens falsas pelo WhatsApp.
       Diz o militar em sua mensagem: “Como eu, outros coronéis, generais, comandantes da Marinha, brigadeiros, almirantes, nós não aceitaremos fraudes, Rosa Weber. Primeiro, se você aceitar essa denúncia ridícula e tentar tirar Bolsonaro por crime eleitoral, nós vamos derrubar vocês aí sim, porque aí, acabou”, diz a mensagem.

VERGONHA V – O QUE DIZEM OS FANÁTICOS
       Os deslumbrados, incluindo o fascista Bolsonaro, já começaram a compor o governo antes mesmo da votação em segundo turno. Entre tantos já citados, surgiu o nome de Olavo de Carvalho, jornalista radicado nos Estados Unidos, cotado para o ministério da cultura. Segundo um deslumbrado, ele vai dar um jeito nas escolas. Vai por ordem nas salas de aula, onde os alunos delinquentes inibem o professor e apagam o quadro negro! Jesus Cristo, o deslumbrado sequer sabe que quem cuida das escolas não é o ministro da Educação. O sujeito também não sabe que a coisa não é assim que funciona. Pobre Brasil com um governo que pensa dessa maneira.       

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

BRASIL SEM RUMO

BRASIL SEM RUMO?
Dois dias após o fim do 1º turno das eleições presidenciais, os partidos começaram a se definir: vão de Fernando Haddad (PT) ou Jair Bolsonaro (PSL)? Além das coligações já formadas, as legendas derrotadas na disputa presidencial começaram a se posicionar. Quem acompanha o noticiário político nacional certamente estranharia uma parceria entre o Partido Comunista do Brasil (PcdoB) e o Democratas (antigo PFL). Os motivos parecem claros. Um lado esteve ao lado dos governos petistas, foi contra o impeachment de Dilma Rousseff e integra a chapa do PT na tentativa de retorno ao Planalto. O outro permaneceu na oposição, ajudou a articular a queda da petista e apoia o tucano Geraldo Alckmin (PSDB). 
No cenário catarinense, isso não incomodou os integrantes das legendas, que se aliaram para apoiar o deputado estadual Gelson Merísio (PSD), que tenta se eleger como governador do Estado. Esse é apenas um dos casos de contradições nas principais chapas que disputavam o governo estadual no estado. Na chapa do
deputado Mauro Mariani (MDB), os partidos que o apoiaram faziam parte das campanhas de cinco presidenciáveis. Já o grupo que apoiava Merísio poderia subir ao palanque de oito dos postulantes à Presidência da República. 
As coligações foram tão diversas que o PT, que na chapa de Fernando Haddad tem o PROS, além do PCdoB, teve que concorrer sozinho com o deputado federal Décio Lima ao governo estadual, já que os dois partidos decidiram apoiar a candidatura de Merísio. Merísio, que de forma precipitada manifestou apoio ao
Bolsonaro, terá que enfrentar agora no segundo turno, o comandante Moisés do PSL, partido que fez uma grande bancada de deputados federais e também estaduais. Por outro lado, o MDB que no Estado seria o parceiro natural do PSD, já fechou com Bolsonaro no plano federal e fatalmente irá apoiar o comandante Moisés. No mesmo patamar se encontra o PP, que também apoia Bolsonaro no segundo turno.
Resta analisar o comportamento do PT no plano Estadual Catarinense. Historicamente, em todas as disputas eleitorais, o  discurso de campanha do PT sempre foi forte contra as oligarquias que segundo alega, dominam o Estado desde sua constituição. Aliando o discurso contrário às oligarquias com a disposição dos partidários de Bolsonaro de enxugar a máquina pública, aí está a oportunidade de o PT, de forma indireta ir à desforra, descarregando seus votos no comandante Moisés. Quem sabe, com os votos do PT, Moisés poderá subir a montanha para receber do Divino a tábua dos mandamentos de Bolsonaro, para quebrar o continuísmo das oligarquias catarinenses, limpar o estado começando pelas vergonhosas secretarias regionais, e dar um potente pé na bunda do Merísio, que se acha o rei da cocada preta, fazendo por merecer uma lição.

BRASIL DE NOVO SEM RUMO
Atendo-nos apenas à recente história política de nosso País, a ascensão de Bolsonaro à presidência da república, formará um triunvirato de salvadores da pátria que de forma meteórica chegaram ao palácio do planalto sem reunirem as mínimas condições necessárias ao bom desempenho de tão importante mandato.
A derrocada se iniciou com Jânio Quadros, o homem da vassoura, que venceu as eleições com a promessa mirabolante de varrer o país, limpando-o da corrupção e da incompetência. O resultado, todos sabem. Durou menos de sete meses no poder, renunciando após editar centenas de bilhetinhos e algumas “leis” esdrúxulas, como a de proibir mulheres vestindo biquínis nas praias, rinhas de galo e corridas de cavalos em dias de semana. Após o fiasco, entregou de bandeja o país aos superiores de Bolsonaro, que ficaram plantados ali durante longos vinte e dois anos.
Em seguida, chegou a vez de outro “sem noção”, denominado Fernando Affonso Collor de Mello, o caçador de marajás, que de importante só tinha os duplos “effes e elles” em seu nome. Assumiu a presidência com o propósito de acabar com os que chamou de “marajás” que consumiam o dinheiro público com a percepção de altos salários. Também não conseguiu concluir seu mandato, pois foi cassado pelo Congresso Nacional após menos de três anos, não sem antes entregar o País ao neoliberalismo econômico e sequestrar a poupança do povo brasileiro para salvaguardar os negócios dos ricos.

O NOVO MESSIAS
Agora é chegada a vez do novo salvador da pátria, um militar aposentado aos 33 anos de idade, que recebe um polpudo soldo da caserna, uma gorda remuneração como deputado federal sem abrir mão do auxílio moradia e das mordomias do mandato. Promete matar meio mundo, distribuir armas, cortar gastos e direitos dos trabalhadores, trazer de volta a escravidão e acabar com o Estado, entregando-o à iniciativa privada. Promete transformar o Brasil numa grande fazenda, cercada de militares por todos os lados, com perto de 160 milhões de pobres (76% da população) trabalhando como peões de fazenda, para engordar (com a mais valia de Karl Marx) ainda mais os bolsos dos 24% restantes.
Não poderá durar muito tempo, pelos seguintes motivos: 1) está se aliando ao MDB, ao PP e outros não menos ladrões que o PT, com quem terá que lotear o governo; 2) não possui um partido político sólido para lhe dar sustentação, como aconteceu com seus antecessores de infortúnio; 3) não saberá governar, pois para ser eleito precisará acomodar os mesmos que lhe deram apoio e não se elegeram, como acontece desde a proclamação da república; 4) Ele, Bolsonaro, não sabe nada! Não entende nada de nada de política, economia, mercados, relações internacionais, assim como a maioria de seus seguidores. Estará fadado ao fracasso.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

BRASIL DE COTURNOS


UM BRASIL DE COTURNOS? 
       Coturno é um calçado voltado para o uso militar em atividades de combate. Geralmente é feito de couro tratado de maneira especial para tornar-se impermeável. O objetivo do coturno é oferecer ao combatente uma combinação de atrito com o solo (evitando escorregões), estabilidade do tornozelo (evitando torções) e proteção para os pés. Também são classificados como equipamento de proteção individual.
       A atual campanha política, polarizada, coloca o eleitor em grande dúvida, ao ter que optar entre o COTURNO e o CHINELO HAVAIANA.
O coturno, todos sabem, é usado para amassar, espezinhar, triturar, humilhar. Que o digam os representantes maiores do pelotão, todos prontos para a ordem unida. O sargento, com voz implacável, está prestes a ordenar: pelotão, sentido! Ordinário...
A ordem unida ainda nem começou e o sargentão já chamou todo mundo de ordinário! O que acontecerá quando o pelotão for apresentado ao comandante? Será que vai comandar: “fora de forma, marche?”
Não se duvida que isso venha a acontecer, pois o candidato a comandante ainda não produziu outra voz de comando que desse esperanças de chegar em tempo à hora do rancho. Até agora só saíram impropérios, bobagens e ameaças.
Ou o pelotão calça sapatos de pelica ou teremos deserções em massa e, aí sim, nos transformaremos numa Venezuela de verde e amarelo. E não há outra opção plausível pois qualquer alternativa coloca o eleitor de pés descalços.

UM BRASIL MAINSTREAM?
       Coturnos também são populares como vestimenta nas subculturas do gótico, punk, grunge, heavy metal, skinhead, entre outras. Estão se tornando cada vez mais uma corrente dominante na qual o pensamento é mais comum no contexto de determinada cultura. Nessas subculturas, a corrente dominante é a popular e a cultura de massas. O termo “mainstream” é por vezes utilizado de forma pejorativa pelas outras culturas que se consideram a corrente dominante e “exclusiva”.
       É aí que mora o perigo. Perigo de os coturnos “mainstream” serem substituídos pelos convencionais que só sabem marchar na batida do “esquerdo, direito; esquerdo, direito; um, dois; um, dois. Caso isto venha acontecer, adeus gótico, punk, grunge, heavy metal, skinhead, etc. Adeus. Vamos todos marchar na mesma batida.
RISCOS DA MILITARIZAÇÃO
       O Estado Brasileiro vem impulsionando um amplo processo de militarização da sociedade, que tem como foco central as periferias e favelas, mas que também se materializa no contexto de protestos sociais. No primeiro caso, destaca-se a intervenção federal em curso no Rio de Janeiro, mas, antes dela, outras operações foram realizadas nas favelas da cidade com base na Garantia da Lei e da Ordem.
A justificativa de “restabelecer a ordem”, não apresenta resultados concretos, de modo que foram registrados números muito mais alarmantes de violações do que resultados positivos desde que a intervenção está em voga.
No caso dos protestos, este tipo de processo de militarização pôde ser observado durante a greve dos caminhoneiros em 2018 e durante protestos na Esplanada dos Ministérios em 2017.
Considera-se como agravante todas as violações que vão para além da liberdade de se expressar, mas também de circular, viver e existir dentro de um contexto militarizado pelo Estado, como o contexto das periferias e favelas submetidas a ocupação do exército.
Por tudo isso, é de se enfatizar a importância afastar os coturnos do seio da sociedade brasileira, de garantir o direito da livre manifestação a toda e qualquer pessoa, de modo que o Estado brasileiro passe a adotar medidas concretas e abrangentes para combater o cenário de violações contra a população, e não agir com repressão pelo ato de se expressar.

O PERIGO DO FASCISMO
Ao contrário do período ditatorial, quando o Estado monopolizava a repressão contra qualquer força rebelde, desta vez a violência se reapresenta principalmente como fenômeno paramilitar.
Grupos vinculados à ultradireita passam a agir como braço armado do ódio contra as correntes progressistas e democráticas, tentando intimidá-las.
Não se trata de novidade. O recurso à violência é um dos traços típicos do fascismo. Na ascensão de Mussolini e de Hitler, por exemplo, o papel dos camisas negras e pardas foi essencial em três planos: a atemorização dos adversários, a mobilização de hordas antissistema e a construção de autoridade militar.
Essas falanges, no entanto, só puderam avançar quando as elites as convocaram para o serviço sujo.
Durante quase três décadas, a franja fascista da sociedade brasileira sentia-se aprisionada e se comportava de forma constrangida. Suas opiniões reacionárias, racistas e discriminatórias eram motivo de vergonha. Disfarçava-se de algo mais ameno e palatável. A direita se escondia sob diversas máscaras, do liberalismo à social-democracia, fugindo de sua identidade secular.
O bolsonarismo não brotou do asfalto ou de talentos do seu líder. Saiu do armário e ganhou as ruas pelas mãos do PSDB e de seus aliados, de parte dos meios de comunicação, de setores do sistema de Justiça, de frações das Forças Armadas e de segmentos expressivos do empresariado.
Os seguidores do ex-capitão se constituem na tropa de choque do bloco que tomou o governo de assalto. São a vanguarda mais ativa dos pratos e panelas que serviram como banda de música da ruptura constitucional.
A emergência do neofascismo exige combate firme e unitário, até que seja obrigado a retornar para a jaula da qual foi libertado. Mas essa batalha, fundamental para a reconstrução da democracia brasileira, jamais será vitoriosa se não forem derrotados também aqueles que abriram o cadeado.

sábado, 29 de setembro de 2018

DEBATES (DES)INTERESSANTES


DEBATES (DES)INTERESSANTES 
Nos debates entre os candidatos a Presidente da República organizados pela imprensa brasileira, grandes propostas necessárias para tirar o País do marasmo em que se encontra foram escassas.
Os candidatos, em sua grande maioria, limitaram-se a apontar assuntos sobre saúde, educação, segurança, economia e outras querelas. Pouco se pode ouvir sobre os grandes temas, cujas ações são necessárias para elevar o Brasil a um patamar compatível com sua grandeza territorial e populacional. Nada foi dito sobe política globalizada, relacionamento com os grandes blocos econômicos, fortalecimento do Mercosul e do BRICS. As ações e o esforço dos governos anteriores para introduzir o Brasil na sala de discussões sobre os grandes temas globais, está sendo jogado no lixo, primeiro por este governo impostor que aí está, e em segundo lugar pelas nossas lideranças políticas e empresariais. Nunca, na história deste País, se viu carestia tão grande de lideranças e autoridades capazes de transmitir confiança e garra ao povo brasileiro.

UNIFORMIZADOS
Todos falam as mesmas coisas. Estão uniformizados, bem ao estilo Bolsonaro. De coturnos, borzeguins, polainas, quepe e gandola, igual a um pelotão de infantes que o Bolsonaro quer ver comandando o Brasil Varonil e seus mais de 200 milhões de habitantes.
Pobre povo que acredita que mosquetes ainda conseguirão colocar o Brasil de pé. Mal sabe que os mosquetes que o candidato desvairado quer impor ao som da marcha militar, são sobra da Segunda Guerra Mundial que acabou em 1945.
O uniforme que todos os candidatos usam nos debates, é a geração de emprego, obsessão de Governo de todos, desde o primeiro dia.
Também não faltam acusações mútuas de quem teria colocado o impostor Temer na presidência da República. Agora que a m. está feita, ninguém é o responsável. É a velha história: “os culpados sempre serão os outros”, ou “o inferno são os outros”, segundo Sartre. “Quem botou o Temer lá, foram vocês. O Temer traiu a Dilma e só chegou à Presidência por causa da oposição, com o seu apoio”, sentenciou um dos candidatos. Aí a prova que “o inferno são os outros”.

SALVAR OS POBRES
A salvação do pobre começa pela escola. Abrir as portas das universidades para os jovens trabalhadores e fortalecer o ensino médio para que mais gente possa chegar à universidade, é o desejo de todos os candidatos.
Todos os programas sociais dos governos anteriores deverão ser mantidos e ampliados. Esta é a principal promessa cata votos. O orçamento federal deverá garantir os programas.
Mas como assim, se fora dos estúdios das emissoras de rádio e televisão e fora das redações dos jornais, todos os candidatos atribuem aos programas sociais a responsabilidade por ter quebrado o País. Agora, em função da campanha eleitoral, os programas sociais são a salvação dos pobres.  Vai acreditar nisso!

INSISTIR
       É preciso insistir. Jair Bolsonaro não é um candidato como outro qualquer. É pior. Ele é uma mentalidade, uma visão de mundo obscurantista. Uma maneira de ver as coisas em preto e branco que salta do mundo das ideias para uma triste realidade manipulada. O seu método de leitura do que acontece na vida é a simplificação. Torna o complexo falsamente simples por meio de uma redução a zero dos fatores que adensam qualquer situação. Se há violência contra os cidadãos, que cada um receba armas para se defender. Se há impunidade, que a justiça seja sumária e sem muitos recursos. Se há bandidos nas ruas, que a polícia possa matá-los sem que as condições de cada morte sejam examinadas. Se há corrupção, que não se perca tempos com processos.
Bolsonaro encarna o pensamento do homem “medíocre”, o homem mediano que não assimila explicações baseadas em causas múltiplas. Se há miséria, a culpa é da preguiça dos miseráveis. Se há crime, a culpa é sempre da má índole. Se há manifestações de rua, é por falta de ordem e de regras rígidas que impeçam de atrapalhar o trânsito. A sua filosofia por excelência é o preconceito em tom de indignação moral, moralista. A sua solução ideal para os conflitos é a repressão, a cadeia, o cassetete. Bolsonaro corporifica o imaginário do macho branco autoritário que odeia o politicamente correto e denuncia uma suposta dominação do mundo pelos homossexuais. É o cara que diz com pretensa convicção: “Não se pode mais ser homem neste país. Vão nos obrigar ser gays”; “Os comunistas estão batendo na porta. Precisamos resistir”.

REPESENTATIVIDADE
Ele representa a ideia de que ficamos menos livres quando não podemos fazer tranquilamente piadas sobre negros, gays e mulheres. Bolsonaro tem a cara de todos aqueles que consideram índios indolentes, dormindo sobre latifúndios improdutivos, e beneficiários do bolsa família preguiçosos que só querem mamar nas tetas do Governo. Bolsonaro é o sujeito desinformado que afirma que na ditadura não havia corrupção, ignorando que os casos se acumulavam encobertos pela censura. É o empresário ambicioso e inescrupuloso que se for para ganhar mais e mais dinheiro abre mão da democracia, elogia a ditadura de Pinochet e ignora direitos. É o produtor que vê exagero em certas denúncias de trabalho escravo. É o homem que acha normal chamar mulher de vagabunda. O eleitor padrão de Bolsonaro sonha com uma sociedade de homens armados nas ruas, sem legislação trabalhista, sem greves, sem sindicatos, sem liberdade de imprensa.
O projeto de Bolsonaro é o retorno a um regime de força por meio de voto.


sexta-feira, 21 de setembro de 2018

TERCEIRO MUNDO

TERCEIRO MUNDO
Um dos recentes escritos desta coluna, traçou um paralelo
entre os tempos idos da ditadura, que os saudosistas insistem em
chamar de “período dos militares”, e a normalidade institucional o
que seria mais aceitável. O caminho para desenvolver o raciocínio,
foi o futebol, esporte mais popular no Brasil, e a vinculação das
conquistas e fracassos ao momento político da época.
Considerando que esta coluna desenvolve um trabalho
intuitivo, isto é, não científico e tampouco de jornalismo
investigativo, baseado na intuição e no sentimento opinativo de
cidadania, não tem a pretensão de provocar nos leitores a
unanimidade.
Sendo assim, como consta naquela matéria, segundo a opinião
deste articulista, a Copa do Mundo de 1970 foi ganha sob a mira de
mosquetes, rufar de tambores e batidas de borzeguins. Embora
tenha torcido veementemente pela vitória, este sentimento me
acompanha há bons quase cinquenta anos. Naquela época (1970) o
Brasil vivia um momento conturbado politicamente, o que viria a
refletir na seguinte copa do mundo, como todos sabem.
DESIGUALDADE NOS IGUAIS
Um articulista de ocasião (desses que só aparecem com seus
escritos, esporadicamente, quando necessário, para preencher um
espaço vago em algum jornal), compareceu há poucas semanas
num semanário local, sustentando que as copas do mundo não
sofrem qualquer influência política. Fez um extenso arrazoado,
estudando os resultados obtidos pela Seleção Brasileira desde 1958
até os dias atuais, e comparando-os com os respectivos momentos
políticos.
Não se deve menosprezar a capacidade de memória do
articulista, pois compareceu ao jornal com riqueza de detalhes, mas
nenhum que fizesse menção ao momento político vivido na época.
Muito menos referiu-se ao ambiente que cercou jogadores e
comissão técnica por ocasião das maiores conquistas, entre as
quais estão as de 1958 e 1962. Omitiu, isto sim a analogia dos
maiores fracassos, os quais, coincidentemente ou não, deram-se
nos períodos de maior recrudescimento da exceção, entre os quais
pode-se citar, sem sombra de dúvidas, 1994 e 1998.

Como dito acima, o articulista citado também não é cientista
social ou político. Trata-se de uma opinião, que embora não se
concorde, deve ser respeitada.
TERCEIRO MUNDISMO
Somos do terceiro mundo. Em tudo! Não são minhas estas
palavras, mas as adoto pois foram dadas ao entendimento de todos
pelo generalíssimo Antônio Hamilton Mourão, o mesmo que quer
ser vice-presidente da República Federativa do Brasil, pelo PRTB,
na chapa de Jair Bolsonaro.
O general estrelado disse que o Brasil herdou a indolência dos
índios e a malandragem dos africanos. O pensamento do vice de
Bolsonaro, remonta ao século XIX, quando se acreditava que a
totalidade de um grupo seria determinada por fatores tais como o
meio, o clima e a raça. Nessa linha de pensamento, o general acha
então que devido a indolência dos índios e a malandragem dos
africanos, o Brasil é aquilo que todos nós sabemos. E ele quer ser o
vice-presidente da República. O general Mourão recuperou uma
velha tradição determinista. Não se contentou em falar velhas
bobagens. Praticou o velho racismo transformado em pseudociência
pelos intelectuais europeus. Pobre Brasil.
TERCEIRO MUNDISMO II
“O mundo só se tornou viável porque antigamente as nossas
leis, a nossa moral, a nossa conduta era regida pelos melhores.
Agora são os canalhas ou os imbecis que estão fazendo a nossa
vida, os nossos costumes, as nossas ideias”.
O nosso desenvolvimento vem sendo ditado pelas práticas da
antiguidade, quando se explorava a natureza para garantir a
sobrevivência. Estamos chegando ao primeiro quarto do século XXI
e continuamos nos orgulhando do fracasso de nossa tecnologia e do
nosso conhecimento, para apregoar a vergonha de sermos o maior
exportador de commodities, coisa de país atrasado.
Os países desenvolvidos exportam conhecimento, tecnologia.
O terceiro mundo exporta mão de obra e produtos primários,
ficando com os resíduos de suínos, aves, vacas, que todos sabem o
que sobra, e resíduos da extração de minério de ferro e outros
minerais.
TERCEIRO MUNDISMO III

Nossos governantes são submissos a interesses internacionais.
Curvam-se diante de uma nota falsa de dólar. Vendem nossas
melhores empresas para que os lucros da exploração do povo
brasileiro vão para as bolsas de valores estrangeiras.
Vergonhoso exemplo é a criação de uma joint venture com
capital da Boeing americana (85%) e Embraer (15%) Esta
empresa, americana, passará a fabricar os aviões da Embraer,
enquanto esta se transformará num hangar mixuruca para guardar
sucatas.
Assim mesmo, o povo brasileiro que dorme sobre a maior
riqueza natural do planeta, contenta-se em mendigar um emprego
de salário mínimo, que já nem mais existe, e diverte-se com o
futebol e o carnaval. Assim mesmo há quem diga que o atraso
brasileiro se dá por conta das raças que formam a nação. E aí está
o vice do Bolsonaro para garantir isso, pois, afinal, temos orgulho
do nosso fracasso.
SOMOS OU NÃO TERCEIROMUNDISTAS?
Muitos dos investimentos que os bancos oferecem são apenas
formas diferentes de emprestar dinheiro para eles.  Quando você
investe em um CDB, LCI ou LCA está literalmente emprestando o
seu dinheiro para o banco. Até quando você deixa o seu dinheiro
parado na conta corrente ou na poupança, está fazendo um
empréstimo. Os bancos são grandes “máquinas” de pedir dinheiro
emprestado, pagando juros baixos, para emprestar esse mesmo
dinheiro para outras pessoas e empresas cobrando juros altos.
Lembre-se que os bancos não deixam seu dinheiro parado em
um cofre de segurança máxima, esperando você precisar dele.
Isso é uma fantasia que muitos ainda carregam.
*Coluna disponível também em meu blog www.jaimecapra.blogspot.com/

A ORIGEM DA BURRICE

A ORIGEM DA BURRICE NACIONAL
Repetidamente um fenômeno tem chamado a atenção de
professores estrangeiros que vêm lecionar no Brasil: por que
nossas crianças estão entre as mais inteligentes do mundo e nossos
universitários entre os mais burros? Como é possível que um ser
humano dotado se transforme, decorridos quinze anos, incapaz de
montar uma frase com sujeito e verbo? É fácil lançar a culpa no
governo e armar em torno do assunto mais um falatório destinado
a terminar, como todos, em uma nova extorsão de verbas oficiais.
Difícil é admitir que um problema tão geral deve ter causas
também gerais, isto é, que não pertence àquela classe de
obstáculos que podem ser removidos pela ação oficial, mas àquela
outra que só nós mesmos, o povo, a “sociedade civil”, estamos à
altura de enfrentar, mediante a convergência lenta e teimosa de
milhões de ações anônimas, longe dos olhos da nossa vã sociologia.
A condição mais óbvia para o desenvolvimento da inteligência
é a organização do saber. Nossas energias intelectuais mobilizam-
se mais facilmente em torno de poucos núcleos de interesse do que
numa dispersão de focos de atenção espalhados no ar como
mosquitos. Discernir o importante do irrelevante é o ato inicial da
inteligência, sem o qual o raciocínio nada pode senão patinar em
falso em cima de equívocos. A cultura na sociedade é resultado de
sucessivas filtragens da experiência acumulada a ponto de ser o
homem um quadro de interesse essencial. Nesse quadro, não
restaria ao indivíduo outra alternativa senão operar neste
“mostruário”, conforme seus interesses pessoais.
Quando se diz que a cultura está impregnada na sociedade,
significa que a seleção dos pontos importantes transparece na
organização das cidades, nos monumentos públicos, no estilo
arquitetônico, nos museus, nos cartazes dos teatros, na imprensa,
nos debates entre as pessoas letradas, nos giros da linguagem
corrente, nas estantes das livrarias e nos programas de ensino.
Quem desembarca num país qualquer da Europa já obtém, por
um primeiro exame desse mostruário, uma visão clara dos pontos
de interesse que constituem um fundo de referência cultural.
Só de andar pelas ruas, o cidadão pode enxergar os marcos
que o situam num lugar preciso do mapa histórico, desde o qual ele
pode medir quanto tempo as coisas duraram e qual a sua
importância para a vida humana.
Se olha para os cartazes dos teatros, nota que certas peças
estão sendo reencenadas este ano porque são reencenadas todos
os anos, ao passo que outras, que fizeram algum sucesso no ano

passado, desapareceram do repertório. Basta isto para que adquira
um senso da diferença entre o que importa e o que não importa.
Ao entrar em qualquer livraria, o contraste entre as estantes
onde estão sempre expostos os mesmos títulos essenciais e
aquelas onde os lançamentos mais recentes se revezam mostra-lhe
a diferença entre o patrimônio escrito de valor permanente e o
comércio livreiro de alta lucratividade.
Na escola, ele sabe que vai aprender coisas que seus pais,
avós e bisavós também aprenderam, e outras que são novidade e
que talvez terão desaparecido do currículo na geração seguinte.
Tudo, no ambiente plástico e verbal contribui para que o
indivíduo adquira um senso de hierarquia e de orientação no tempo
histórico, na cultura, na humanidade.
No Brasil, isso não existe. O ambiente visual urbano é caótico
e disforme, a divulgação cultural parece calculada para tornar o
essencial indiscernível do irrelevante. O que surgiu ontem para
desaparecer amanhã assume o peso das realidades milenares, os
programas educacionais oferecem como verdade definitiva opiniões
que vieram com a moda e desaparecerão com ela. Tudo é uma
agitação superficial infinitamente confusa onde o efêmero parece
eterno e o irrelevante ocupa o centro do mundo. Nenhum ser
humano, mesmo genial, pode atravessar essa selva selvagem e sair
intelectualmente ileso do outro lado.
Largado no meio de um caos de valores e contravalores
indiscerníveis, ele se perde numa densa malha de dúvidas ociosas e
equívocos elementares, forçado a reinventar a roda e a redescobrir
a pólvora.
Nesse ambiente, a difusão das novidades intelectuais, em vez
de fomentar discussões inteligentes, só pode atuar como força
dispersante. Não há nada mais consternador do que uma
inteligência sem cultura, despreparada, nua e selvagem que se
nutre do último show e arrota uma sucessão de perguntas cretinas
onde a sofisticação pedante do raciocínio se apoia na mais
grosseira ignorância dos fundamentos do assunto. Acrescente-se a
esses ingredientes a arrogância juvenil estimulada pelas lisonjas
demagógicas da mídia, e tem-se a fórmula média do estudante
universitário brasileiro. É impossível discutir com ele. Quando a
mente assim deformada entra a produzir objeções numa discussão,
seu interlocutor culto e bem-intencionado, se não é muito enérgico
no emprego da vara de marmelo, leva desvantagem
necessariamente: quem pode vencer um debatedor tenaz que,
confiante na aparente correção formal do seu raciocínio, está

protegido pela própria ignorância contra a percepção da falsidade
das premissas? Com um sujeito assim não cabe argumentar. Cabe
apenas transmitir-lhe as informações faltantes — educá-lo, em
suma. Mas, precisamente, ele não vai deixar você educá-lo, porque
a ideologia de rebelde posudo que lhe incutiram desde pequeno o
faz pensar que é mais bonito humilhar um professor do que
aprender com ele. Eis como o menino inteligente se transforma
num debatedor idiota, vacinado para todo o sempre contra
qualquer conhecimento do assunto em debate.
*Coluna disponível também em meu blog www.jaimecapra.blogspot.com/

O IMBECIL JUVENIL

O IMBECIL JUVENIL
Não acredito na mentira que celebra a juventude como uma
época de rebeldia, de independência, de amor à liberdade. Nunca
dei crédito a esta bobagem, nem mesmo quando jovem, pois na
época pouco se falava nisso. Ao contrário, desde cedo me
impressionaram, na conduta de meus companheiros de geração, o
espírito de rebanho, o temor do isolamento, a subserviência à voz
corrente, a ânsia de sentir-se iguais e aceitos pela maioria cínica e
autoritária, a disposição de tudo ceder, de tudo prostituir em troca
de uma vaguinha no grupo dos bacanas.
O jovem, é verdade, rebela-se muitas vezes contra pais e
professores, mas é porque sabe que no fundo estão do seu lado e
jamais revidarão suas agressões com força total. A luta contra os
pais é um teatrinho no qual um dos contendores luta para vencer e
o outro para ajudá-lo a vencer.
Muito diferente é a situação do jovem ante os da sua geração,
que não têm as complacências do paternalismo. Longe de protegê-
lo, essa massa barulhenta recebe o novato com desprezo e
hostilidade que lhe mostram a necessidade de obedecer. É o reino
dos mais fortes que se firma sobre a fragilidade do recém-chegado,
antes de aceitá-lo como membro. Para não ser devolvido aos
braços da mãe, ele tem de ser aprovado num exame que lhe exige
a supressão de sua personalidade.
É verdade que ele se submete a isso com prazer, com ânsia de
apaixonado que tudo fará em troca de um sorriso condescendente.
A massa de companheiros de geração representa o mundo grande
no qual o adolescente, emergindo do pequeno mundo doméstico,
pede ingresso. E o ingresso custa caro. O candidato deve, desde
logo, aprender todo um vocabulário, um código de senhas e
símbolos. A mínima falha expõe ao ridículo, e a regra do jogo é
implícita, devendo ser adivinhada antes de conhecida. O modo de
aprendizado é sempre a imitação sem questionamentos. O ingresso
no mundo juvenil dispara a toda velocidade o motor de todos os
desvarios humanos.
Não é de espantar que o rito de ingresso no grupo, custando
alto investimento psicológico, termine por levar o jovem à completa
exasperação.
Para onde, então, se voltará o rancor? A família surge como o
bode expiatório de todos os fracassos do jovem no seu rito de
passagem.
Eis a que se resume a famosa rebeldia do adolescente: amor
ao mais forte que o despreza, desprezo pelo mais fraco que o ama.
Este o motivo pelo qual a juventude, desde que a covardia dos
adultos lhe deu autoridade para mandar e desmandar, esteve
sempre na vanguarda de todos os erros e perversidades do século:
nazismo, fascismo, comunismo, seitas pseudorreligiosas, consumo
de drogas. São sempre os jovens que estão um passo à frente na
direção do pior. Um mundo que confia seu futuro ao discernimento
dos jovens é um mundo velho e cansado, que já não tem futuro
algum.

GERAÇÃO PERDIDA
Os jovens eleitores do passado, tanto quanto os atuais,
percebem que nada sabem do que é bom ou mau para seu país,
estado ou município e muito menos das ideologias em disputa nas
eleições. Por isso abstém-se de votar e a partir daí começam a
estudar o País onde vivem. Ao envelhecer, podem ajudar muitas
gerações a votar com mais seriedade e conhecimento de causa,
sem deixar-se iludir pelas falsas alternativas da propaganda
imediata. Saber primeiro para julgar depois é o dever número um
do homem responsável. Dever que o voto obrigatório, sob a escusa
de ensinar, força a desaprender. As coisas podem não ser o que
parecem.
Hoje, raramente se encontra um jovem que não queira
“transformar o mundo”, e que não transfira aos gregos o dever de
perguntar o que é o mundo.
No Brasil, cultura e inteligência são coisas para depois da
aposentadoria. Quando todas as decisões estiverem tomadas,
quando a massa de seus efeitos tiver se adensado numa torrente
irreversível de declínio, aí o cidadão pensará em adquirir
conhecimento que, a essa altura, só poderá servir para lhe informar
o que deveria ter feito e não fez. Então, o conhecimento perderá
toda a sua força, reduzindo-se a um penduricalho, a um adorno
inofensivo de uma velhice calhorda.
Eis onde termina a vida daquele que, na juventude, em vez de
esperar até compreender, cedeu à tentação lisonjeira do primeiro
convite e se tornou um “participante”, um “transformador do
mundo”.
O Brasil é o país do gênio prematuro, degradado em bobalhão
senil logo na primeira curva da maturidade. Em todas essas
pessoas que falam em nome do futuro, o sentimento dominante é a
saudade de si mesmas. Não falta a esses indivíduos a consciência
de que suas vidas falharam. Mas atribuem a culpa aos outros, ao
governo militar que impediu sua geração de “chegar ao poder”. No
entanto, a desculpa é falsa, porque, mal ou bem, eles estão no
poder. Eram jovens militantes, hoje são deputados, são
catedráticos, são escritores de sucesso, são formadores de opinião.
Por que, então, lambem com tanta nostalgia e ressentimento as
feridas da sua juventude perdida? É porque foi perdida num sentido
muito mais profundo e irremediável que o da mera derrota política.
A agora é tarde para voltar atrás.

ESTAMOS MAL

ESTAMOS MAL.
Um país como o Brasil, de dimensões continentais, com
população que ultrapassa os 200 milhões de habitantes, natureza
exuberante que oferece tudo o que se possa imaginar, costa
marítima invejável, petróleo, água, oxigênio, tudo o que se
necessita para a sobrevivência, não pode ficar a mercê de um
bando de salafrários.
O risco de o povo ignorante funcional colocar um Presidente da
República da mesma estirpe nessas próximas eleições, é imenso. E
o cenário está sendo preparado com cuidado. É só ficar atento na
dança dos candidatos. Lamentavelmente, um pior que o outro. Os
que estiveram no comando do País até hoje, já demonstraram que
não merecem permanecer. Os que se apresentam como o novo,
têm às suas costas os mesmos manipuladores de sempre, fazendo
da Câmara dos Deputados, Senado e Palácios, verdadeiros circos
de marionetes.

SEM ESCRÚPULOS
Ninguém mais tem escrúpulos. Já não se sabe qual o
significado desta palavra. O debate entre os postulantes à Câmara
Federal organizado pela Rádio Peperi de São Miguel do Oeste,
escancarou a falta de vergonha na cara. Teve candidato avaliando
seu pífio desempenho com a justificativa que as coisas lá em
Brasília não são fáceis. Nas entrelinhas deixou claro que não é
possível fazer as coisas de acordo com o interesse da população. É
preciso atender aos interesses de grupos, principalmente os mais
fortes. Assim não dá.

 MIDIA
A mídia da direita não sabe mais que Santo chamar para
emplacar seu candidato que nem ela mesma sabe quem é. Para
tirar um quadradão louco e fora da casinha do páreo, serve
qualquer um.
A experiência dos governos do PT, ditos de esquerda mas
comandados pela direita do ex-PMDB, pode se repetir. É a tal coisa: “já que se está no inferno, não custa dar um abraço no diabo”. O atual MDB, tido como o maior partido do Brasil, está indo pro brejo. O salvador de finanças Henrique Meirelles não consegue os votos nem dos seus filiados. O Zumbi (morto vivo) maior, personagem de Incidente em Antares do saudoso Erico Veríssimo, Michel Temer, está recluso “em seus aposentos”, de cuecas e robe, sem saber o que fazer, dizer, ou a quem apoiar.
Não se pode classificar o funesto presidente (letra minúscula
mesmo!) da República (letra maiúscula porque nem merecemos
mais a de Bananas) como impostor. Ele não merece tanto.
Poderíamos chama-lo de Nero, o imperador Romano que ateou
fogo em Roma. No caso, ele ateou fogo no Brasil inteiro. Mas, Nero, seria uma honraria desmedida.
Talvez lhe caiba melhor Calígula, o imperador Romano que
reinou de 37 a 41 d.C. Seu maior feito foi ter nomeado Incitatus,
seu cavalo preferido, Senador.
Incitatus, o Cavalo, tinha cerca de dezoito criados pessoais,
era enfeitado com um colar de pedras preciosas e dormia no meio
de mantas de cor púrpura. Foi-lhe também dedicada uma estátua
em tamanho real de mármore com um pedestal em marfim.
No caso, o impetuoso Michel Temer só nomeou burros e
asnos. Nenhum cavalo! Como não há no vernáculo pátrio um termo
que o classifique, poderíamos chama-lo de inútil. Até a mídia servil
o abandonou. O sujeito não é manchete nem em Sanchas Parda.

O POVO
O povo nem está aí para as eleições. Os mais abastados
continuam comprando caminhonetonas. Os empresários retiraram
os impostômetros, mas adoram a ideia dos sonegômetros. Os
bancos, apresentam balanços com lucros bilionários, e cobram
pelas cópias fotostáticas dos documentos que os pobres precisam
apresentar para retirar uns trocados do FGTS, INSS e outras
ninharias. Os trabalhadores estão sendo terceirizados como se
fossem carrinhos porta-malas de rodoviárias. Os sem trabalho
fazem fila em frente aos comitês dos candidatos, tentando obter
alguns trocados desviados dos financiamentos de campanha com
seu próprio dinheiro. Os candidatos, evidentemente, dizem que não
tem dinheiro, mas por baixo do poncho, via aspones eleitorais,
deixam resvalar algumas notas de cinquenta reais.

O GOVERNO
Véspera de eleições sempre foi um período de vacas gordas
pela grande movimentação financeira que traz consigo. Sob a égide
da legislação eleitoral anterior, a moeda circulava livremente por
cima e também por baixo do poncho. Agora, com a nova lei de
financiamento público das campanhas, a coisa ficou melhor. Vem
dinheiro dos sagrados impostos para engrossar os já polpudos
orçamentos de campanha. Nesta modalidade, o dinheiro dos
impostos circula por cima do poncho, aquele do orçamento próprio,
adquirido à custa dos 10% das emendas parlamentares, circula por
baixo do poncho, para pagar combustível, salários dos aspones, e
os já famosos picadinhos e acertos de grupos.
No que diz respeito às obras públicas em vésperas de
campanhas, já não servem para as campanhas. O povo já sabe
como funciona. Deixam-se os buracos nas estradas para serem
tapados na véspera da votação. As cargas de pedra britada, ficam
para daqui a dois anos, nas eleições municipais, onde impera a
fumaça de trator e o esterco de galinha.
A saúde e a educação ficam à míngua por conta do
contingenciamento imposto por este e outros governos inúteis.