SISTEMAS – 02.04.2021 – GC/Jaime Capra
SALVADOR DA PÁTRIA
Foi
preciso aparecer um salvador da pátria para tentar salvar o governo
Bolsonaro. Ele pretende que entendemos a podridão do sistema e a motivação
coordenada para expulsa-lo e manter os sanguessugas no poder.
O
“Messias”, que não é o conhecido, mas o novo salvador, chama-se Roberto Macedo
Titular. É com esse nome que se apresenta, embora suas ideias sejam de um
reserva pernas de pau. Abre o discurso culpando o “sistema” pelo fracasso deste
governo impostor até aqui.
Foi buscar nos últimos 40 anos as razões
das dificuldades enfrentadas pelo ilustre presidente, atribuindo ao “sistema”
formado por corporações de todos os matizes, a motivação para definir a
podridão em que se transformou o nosso País.
Sustenta que nesses 40 anos houve uma
verdadeira apropriação do Estado pelos caciques que hoje continuam no poder.
Afirma que houve um verdadeiro loteamento do Estado por parte dos políticos,
que o dividiram em fatias, em forma de estatais ou cargos de comando, dando a
cada parceiro, para que implantassem sistemas de apropriação e plantassem bases
para seus projetos de poder.
Sem qualquer constrangimento, ao longo de
sua estória capciosa, o ilustre oficial só teve memória para o período em que o
PT esteve no poder. Segundo ele, nos 40 anos citados, só houve loteamentos. Lembro ao enganador, que neste curto
período também foram governantes, além dos citados exaustivamente, João Batista
Figueiredo, José Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco, Fernando Henrique
Cardoso e o atual,
todos acima de qualquer suspeita (sic).
COMPORTAMENTOS
A ciência
comportamental cobre várias disciplinas que estudam as ações humanas
como a sociologia e a psicologia e também o comportamento humano no contexto de
outras disciplinas como a economia e biologia.
Nas últimas décadas
a economia comportamental ganhou grande espaço na análise econômica. Com ajuda
da psicologia, analisa as decisões econômicas e as financeiras.
A economia
comportamental contesta o princípio da racionalidade do ser humano. Argumenta
que é limitada e muitas vezes leva a decisões equivocadas.
As decisões de
Bolsonaro ficam mais por conta da intuição. São impulsivas e às vezes causam perplexidade,
como ao divulgar um vídeo obsceno recentemente. Passando a um exemplo de sua
gestão, após enviar ao Congresso seu projeto de reforma da Previdência Social,
num encontro com jornalistas abordou a idade mínima de 62 anos proposta para a
aposentadoria de mulheres e o valor de R$ 400,00 por mês previsto para
antecipar aos 60 anos o Benefício de Prestação Continuada, devido a idosos
carentes. Então admitiu que a idade mínima feminina poderia ficar mais próxima
de 60 anos e o referido valor poderia ser ampliado. Ou seja, já cedeu antes de
a negociação avançar.
Bolsonaro também se
descuida na busca de informações, agravando seu despreparo em vários assuntos.
Não se espera que um presidente entenda de tudo, e racionalmente deve sempre se
aconselhar com especialistas de sua confiança. Mas ele valoriza muito o
aconselhamento de pessoas como Olavo de Carvalho e seus três filhos, mais
inexperientes do que ele. Estes deveriam mesmo é cuidar dos próprios mandatos,
pois é para isso que foram eleitos.
Bolsonaro tem também
vieses comportamentais que não se coadunam com seu cargo. Demonstra não gostar
dos políticos brasileiros e do jogo político indispensável para aprovar
matérias no Congresso, jogo esse que requer um compartilhamento de poder que
Bolsonaro recusa até mesmo a seu próprio partido.
RESISTÊNCIA
Toda e qualquer mudança é complicada. Seja
de casa, pessoal ou profissional, sair da zona de conforto é difícil, e por
isso há uma forte resistência.
A maioria das pessoas não se sente
confortável ao perceber que suas atividades mudaram, que uma rotina foi
alterada, e que necessariamente ela terá que aprender novas funções, exigindo
dedicação e empenho além do que estava acostumada.
A Gestão da mudança é a área da
administração que estuda as constantes adaptações pelas quais qualquer empresa ou
instituição deve passar para se manter firme, inclusive no setor público, foco
deste comentário. Muitos governantes falham nesse ponto.
Com as mudanças periódicas dos governos,
quem não se adaptar vai ficando para trás e logo caem em desgraça perante seu
povo.
Nas trocas de governo é necessário envolvimento
total da cúpula administrativa para que se torne realidade. Nesse ponto entra a
filosofia, que não é apenas um "algo a mais" mas um modo de operar
que deve ser implementado.
Agora, se o governante sequer sabe o que
é filosofia e acima de tudo quer retirar a disciplina das grades escolares, aí
a coisa fica ainda mais difícil.
As pessoas, subordinados, colaboradores e
até o povo em geral, resistem às mudanças por vários motivos: primeiro, para
não perder o controle de suas decisões; segundo, pelo excesso de incertezas ou
trapalhadas dos superiores; terceiro, pelo elemento surpresa, quando as
decisões são tomadas de afogadilho, sem lógica ou analise prévia dos reflexos;
quarto, quando a decisão afeta outros departamentos que não estavam relacionados;
e quinto, quando há ressentimentos antigos que ficam latentes até que surja a
necessidade de cooperação.
A solução para o problema da resistência
às mudanças é uma só: conversar, conversar muito.
Mas, vamos direto ao ponto: a
interminável choradeira do presidente Jair Messias Bolsonaro, que de messias
não tem nada, dizendo que o sistema (olha ele aí de novo) não o deixa governar,
que o STF é vendido, que a imprensa é parcial, que o Lula é ladrão, etecetera e
tal não passa de ignorância, melhor dizendo, falta de conhecimento. Nada melhor
se poderia esperar de um governo (maioria dos principais assessores, ministros,
etc.) especializados em ordem unida e desmontar e montar fuzis, sem qualquer
qualificação para o cargo ou função que ocupam, para administrar um país das
dimensões e importância de um Brasil, com mais de 210 milhões de habitantes.
Internamente, o governo mesmo não se
entende. A cada dia que passa abre-se uma nova frente de batalha. As boas
maneiras, a parcimônia, a entonação da voz e o comportamento educado, sutil e
objetivo passaram longe de Brasília, dando lugar ao rompante, às ameaças, aos
gestos agressivos e, sobretudo, à falta da boa e eficaz educação.
Até a próxima.