772 – COLÓQUIOS, SOLILÓQUIOS OU
LÓQUIOS? – 26.02.2021
> COLÓQUIO, no linguajar português, significa uma
conversa informal, confidencial ou íntima geralmente entre duas ou mais
pessoas. Nesses tempos de pandemia
agravada perigosamente, a recomendação das autoridades é que tal prática de
interação seja evitada ao máximo, atualmente em nome da sobrevivência.
> SOLILÓQUIO, é
o ato de alguém conversar consigo mesmo. No teatro, é um recurso dramático que
consiste em falar na primeira pessoa aquilo que se passa na consciência de um
personagem. É também, portanto, um diálogo entre a razão e o ser.
>
LOQUIOS, ou LOKIOS não
é nenhuma definição filosófica e sequer consta nos dicionários. A primeira é
antiga, da nossa juventude, e significa pessoas bobas, atrasadas, inocentes,
fácil de enganar.
Na segunda, Lokios são personagens
animalescos, dóceis, bobinhos, bem intencionados, que se prestam a brincadeiras
de “bobo da corte”.
Brevemente, será lançado uma série
cinematográfica, onde o elenco desempenhará o honroso papel de bobo. É esperar
para ver e se divertir dando aos atores nomes de personalidades conhecidas.
> Para dar vida ao comentário, os colóquios estão proibidos pelas autoridades políticas, a não
ser no âmbito doméstico, onde, sabe-se, impraticáveis. Depois de um ano de abrir
e fechar restrições, o confinamento familiar nada mais fez que desagregar a
harmonia e implantar nas famílias as teorias conspiratórias dos governantes.
Aqueles Loques ou Lokis que
se aventuraram na desobediência aos cuidados, estão lotando os leitos
hospitalares ou descansam em paz junto aos mais de 250.000 que já estão
“soterrados” (não se pode dizer sepultados). Mesmo assim, ainda há um
contingente de bobos (burros mesmo) que disputam freneticamente uma vaga nos
sepultórios públicos ou crematórios privados para quem pode pagar.
>
Já os Solilóquios, são raros, raríssimos. Os entraves para a boa prática
são muitos, frequentes e articulados. Em primeiríssimo plano está a dificuldade
em aceitar que os culpados somos, individualmente, todos nós racionais. Para
começar, colocamos um jaboti em cima da árvore (o jaboti não trepa em árvores)
e alguns de nós até acreditamos nas palavras do jaboti. Ora, mas jaboti fala? Além desse erro crasso, há de se
admitir que o contingente de racionais – detentores da racionalidade é diminuto
e seletivo, em função do contraditório entre o ser e o ter. A grande maioria
prefere a segunda alternativa. Embora sejam notáveis, preferem que todos vejam
o quanto têm.
Não se pode deixar de observar o papel da
mídia, aí incluídas além da TV as mídias sociais que mantém ocupada quase toda
a população, sobretudo através de telefones celulares em número igual ou
superior a população. Com essa ocupação agregada à ignorância, não há tempo
para conversar consigo mesmo ou ler um livro, trailer para sair da condição de
loque.
Há também dentre os poucos racionais uma
camada numerosa que almeja fazer parte do elenco de loques ou lokis, de onde
aspiram entrar par o teatro ou cinema, e inconscientemente acessar a fila de um
leito hospitalar e com um pouco de sorte uma UTI.
>
Sobre os loques ou Lokis já discorremos quase a exaustão. Falta
apenas referir alguns exemplos sobre as práticas que identificam um loque, um
bobo ou burro. Para os aficionados em WhatsApp, é só observar a quantidade de
bobagens que compartilha: flores, imagens, comentários, etc. São incapazes de
produzir uma frase sequer sem erros de português. Aliás, nem escrevem. Gravam
no viva voz pois nem sabem escrever. Quem faz isso tem garantido o diploma de
loque. No instagram, são as fotos de grandes viagens, festas acompanhadas de
cervejadas e churrascadas, pescarias e aglomerações.
> Faltou discorrer sobre os loques
políticos. Aqueles que acreditam na cloroquina; que a vacina é para matar os
idosos; que o Corona Vírus foi fabricado na China; que usar máscara não previne
nada; que a COVID não passa de uma gripezinha; que o Brasil vai se tornar a
maior potência econômica depois que vender todas as empresas estatais; que o
PT, a China, a Argentina, a Rússia e outros países são comunistas, que os
Estados Unidos vão ajudar o Brasil; que o melhor é fechar o STF, o congresso
nacional e implantar uma ditadura militar. Esse e assim, é o povo brasileiro
que não consegue praticar o solilóquio. Até a próxima.
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