Entre o dizer e o fazer, vai uma grande diferença.
A placa ostensivamente colocada na Avenida Willy Barth contendo dizeres de como obter um País melhor, pelo jeito não vale para todos.
Algumas instituições que se julgam acima de qualquer suspeita, pregam uma coisa e seus membros fazem outra.
Assim como se se incita o povo a ser honesto, é preciso praticar a honestidade desde a casa da gente, pelo menos para dar o bom exemplo. Se acaso algum membro da família destoar dos princípios defendidos, há que corrigir-lhe o rumo.
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
PASSANDO A LIMPO
A VERDADE DA COLENDA – Nas sessões que
aprovaram a vergonhosa suplementação orçamentária de 8 milhões de Reais,
diversos vereadores se manifestaram contrários ao projeto. O que não pode é
criticar apontando as falhas e depois votar pela aprovação sem uma emendinha
sequer. Isto é jogar para a torcida e comemorar um gol contra com a torcida
adversária.
Os partidos políticos que elegeram estas
personalidades terão que rever suas filiações. Do jeito que está não pode
continuar. É assim que nasce o descrédito nos políticos e em seus partidos. Não
estão querendo endireitar o Brasil? Pois então, vamos começar!
A VERDADE DO EXECUTIVO – Na cúpula do
executivo municipal, em termos de orçamento e programação financeira, continuam
cometendo os mesmos erros. Não há planejamento nem previsão e muito menos
programação. Tudo é feito nas coxas igual aos charutos cubanos. Os orçamentos
são cópia indexada do anterior. A previsão não é feita e a programação segue o
manual de “aos amigos os favores”. A secretaria de planejamento continua
preenchendo formulários e a de fazenda virou caixa de banco. Com a devida
licença, continuamos com fumaça de trator e esterco de galinha. Contamos o
tempo para trás, apesar de algumas ilhas de visionários, impotentes para mudar a
prática.
O
projeto de suplementação recém aprovado é retrato de uma nau à deriva. Não tem
bússola nem biruta. Seus camarotes estão lotados de piratas com seus papagaios.
Cá entre nós: São Miguel do Oeste e Padre Aurélio Canzi, merecem algo melhor. É
um desperdício para um município pólo microrregional, que tem o dever de ofício
de ditar o rumo que a Região deve seguir. E deve fazê-lo a despeito do governo
que mantém uma secretaria regional com esta finalidade e que se limita a
gerenciar operações tapa buracos. Literalmente!
A VERDADE DAS VERDADES – A festança para
comemorar a conquista do torneio regional pelo Clube Esportivo Guarany, foi
além dos propósitos. Considerando o potencial do município em comparação com os
demais concorrentes ao título, não se poderia esperar outro resultado.
Entretanto,
a festa se justifica por representar um ato de heroísmo. Conheço Celso Zilio há
anos. Pessoa íntegra e determinada. Está presidente do CE Guarany por três
mandatos, pelo Guarany e não por si próprio. Cercou-se de pessoas de sua
estreita confiança. Prepara o clube para um salto maior.
Mas
está sozinho. O município, o governo, a cidade e a comunidade não escoram o
projeto. Limita-se a lotar a arquibancada pagando R$ 15,00. É pouco para o
tamanho da pretensão. Agora, na segunda etapa, é preciso escorar. Se isso não
acontecer, o Índio Guarany naufraga na travessia do Rio Chapecó.
Lembro
da passagem das Termópilas: “Renda-te
Leônidas, pois haverá tantas flechas sobre tua cabeça que não verás a luz do
sol! – Melhor, lutaremos na sombra!!!” Este é o Celso Zilio, popular Této.
VERDADE DE ANTÔNIO FAGUNDES – Leio que o
ator Antonio Fagundes insurgiu-se contra a preferência do público por lutas de
MMA em detrimento das peças de teatro. Se considerarmos a importância do ator
pelos papéis desempenhados, está coberto de razão. Se considerarmos o perfil da
elite brasileira emergente, provida de dinheiro pelas ações dos governos que
critica mas desprovida da boa cultura, a crítica é sem propósito.
O Brasil, de
desenvolvimento tardio e excludente (repetindo o texto de Bresser Pereira),
formou uma classe média que prefere a ostentação e a mobilização. Não dá a
mínima para a cultura e o conhecimento. Também não dá preferência aos programas
baratos por querer aparecer, mostrar que tem dinheiro. Por isso a preferência
pelos programas caros, onde possa ostentar, aparecer e se projetar como elite
emergente.
A VERDADE DA JUSTIÇA – A revista Carta
Capital desta semana traz matéria sobre a justiça brasileira e seus braços. Na
matéria é abordada a gama de privilégios que vão do vergonhoso auxílio moradia
até os auxílios taxi, livros, paletó e outros, criados para burlar o teto
salarial. Por isso, a manchete da Revista classifica o judiciário como “caro e
ineficiente”, porque consome 1,2 % do PIB e seus integrantes querem mais
privilégios e mordomias.
A
matéria mostra o corporativismo do judiciário, colocando em xeque a lisura das
decisões. A divulgação da situação nas hostes judiciárias visa salvaguardar o
direito das pessoas. O descrédito, aliado ao dos governos e políticos, provoca
a sensação de que a sociedade está entregue à sua própria sorte.
Pontualmente,
a matéria relata casos de juízes nativos onde parecem se sentir cidadãos
especiais. O presidente do TJ de São Paulo, disse em entrevista à TV Cultura:
“só aparentemente” o magistrado brasileiro ganha bem, pois a cada dia da semana
tem de usar um terno diferente, uma camisa razoável e um sapato decente. Não é
a toda hora que pode ir comprá-los em Miami.
Goran
Lambertz, um dos 16 ministros da Corte Suprema da Suécia disse que “luxo pago
com dinheiro do contribuinte é imoral e antiético”. Ao comentar os privilégios
dos colegas brasileiros foi impiedoso: “É inacreditável que juízes tenham o descaramento
de ser tão egocêntricos e egoístas a ponto de buscar benefícios como auxilio
alimentação e auxílio escola para seus filhos. Nunca ouvi falar de nenhum outro
País onde juízes tenham feito uso de sua posição a este nível para beneficiar a
si próprio e enriquecer”.
Algumas
defensorias públicas implantadas País afora estão em vias de compor o sistema
judiciário pelos privilégios que têm, ao invés de estarem a serviço do cidadão
desprovido de recursos e de justiça. Já não basta a seleção dos campos de
atuação, onde algumas só atuam em casos específicos, assim mesmo demonstrando
falta de empenho para com seus desafortunados pacientes. É o retrato da justiça
elitista e patrimonialista.
A
moda das faculdades de direito é acenar aos futuros acadêmicos com a
possibilidade dos concursos públicos, onde se pode ascender a boas posições
sociais e enriquecer. Por conta disso, qualquer acadêmico de primeiro semestre
já se acha togado, porque seus privilégios começam na distribuição das vagas de
estagiário.
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
JUSTICEIROS II
CASAN
Mais esta novidade: Sentença judicial em primeira instância diz que a CASAN poderá cobrar taxa mínima de água mesmo daqueles consumidores que não utilizam o serviço por terem outra fonte de abastecimento. Muito bem, é o que diz a lei.
Mas peraí Doutor: E quando a gloriosa CASAN, como vem acontecendo sistematicamente, não dá conta de fornecer o precioso líquido, a quem o zé povinho deve recorrer na hora de puxar a descarga do vaso sanitário?
Mais esta novidade: Sentença judicial em primeira instância diz que a CASAN poderá cobrar taxa mínima de água mesmo daqueles consumidores que não utilizam o serviço por terem outra fonte de abastecimento. Muito bem, é o que diz a lei.
Mas peraí Doutor: E quando a gloriosa CASAN, como vem acontecendo sistematicamente, não dá conta de fornecer o precioso líquido, a quem o zé povinho deve recorrer na hora de puxar a descarga do vaso sanitário?
JUSTICEIROS
JUSTIÇA
BRANCA E RICA
No dia 15 de
outubro, a justiça Paulista libertou uma mulher de 28 anos responsável pelo
atropelamento e morte de dois operários em pleno labor. A ré, branca e rica,
poderá responder o processo em liberdade, após pagar fiança de 15 mil reais.
A justiça
Catarinense mantém em prisão preventiva um jovem acusado do cometimento de um
crime. O jovem possui residência e emprego fixos, é afro descendente,
trabalhador e pobre. A justiça negou-lhe o pedido de liberdade provisória sob o
argumento que o inquérito ainda não está concluído. Como se isso não bastasse, o
juiz decretou a indisponibilidade dos bens do acusado para garantir o pagamento
de uma possível indenização à família da vítima.
Belo gesto! Para
libertá-lo, o inquérito ainda não foi concluído. No entanto, o acusado já foi
condenado antecipadamente, estabelecendo aí um flagrante pré-julgamento do
Juiz.
Que justiça é essa?
Elitista e patrimonialista, que age sobre os mais fracos para proteger os mais
fortes. Não é à toa que os dados do sistema carcerário brasileiro dão conta que
a maioria da população é composta de negros e pobres.
E NÃO
É SÓ
Não é só a justiça que se mostra mais
eficiente e célere contra os mais fracos. A maioria das instituições estatais
ou paraestatais, tais como o Ministério Público, os Tribunais de Contas, as Polícias
e outras, que em sua quase totalidade representam os aparelhos ideológicos e
repressores do Estado são mais céleres no julgamento e execução de medidas
contra os mais fracos.
Ainda
está muito presente a ação conjunta do Ministério Público e da Polícia Militar na
feira livre de São Miguel do Oeste, quando com grande aparato bélico e militar
realizaram uma operação para capturar alguns repolhos que não possuíam etiqueta
de licenciamento e atestado de origem.
Exemplos
anteriores indicam que o também Ministério Público desencadeou uma ação obrigando
os executivos municipais a assinarem um Termo de Ajustamento de Conduta para
editarem uma lei que proibia a contratação de parentes dos prefeitos e vices,
bem como dos vereadores, para exercer cargos de provimento em comissão. Não
bastasse a ação ter-se iniciado pelo Extremo Oeste, junto aos municípios de
menor expressão e parado por aí, as famigeradas leis editadas sob pressão
atualmente são letra morta, isto é, ninguém mais as cumpre. A mesma Instituição
que exigiu a edição da Lei aqui no velho Oeste e não fez o mesmo no litoral,
hoje é incapaz de agir contra seu descumprimento.
O
que seria isto? Dar o exemplo? Efeito pedagógico? Se for esse último, alguém
neste Estado é analfabeto funcional, pois a escola não atravessou o Rio Chapecó
MULHERES
NEGRAS
Uma advogada e
ativista de São Paulo, concluiu uma pesquisa de mestrado na PUC, na qual
analisou o modo pelo qual rés negras são tratadas pelo judiciário. A pesquisa
tinha o objetivo de oferecer uma análise de gênero, raça e classe sobre a
distribuição desigual da punição no sistema de justiça criminal paulista e
aprofundar a relação entre a feminização da pobreza e feminização da punição.
A análise oferece
possibilidades de descentralizar os estudos sobre as prisões que têm
privilegiado a perspectiva de classe social em detrimento de uma abordagem mais
ampla e condizente com a realidade racial brasileira.
MAIS
UMA
Mais
de cem pessoas foram processadas por ministérios públicos de diversos estados
por pequenas doações para campanhas eleitorais em 2014. Essa situação é
esdrúxula.
As doações eleitorais de pessoas físicas são
o centro do debate da reforma política. A prática pode se tornar ainda mais
comum com a decisão do Supremo Tribunal Federal de proibir o financiamento
empresarial de campanha.
Por lei, uma pessoa
pode doar até 10% da sua renda para campanhas eleitorais. Ainda assim, pessoas
que fizeram doações com valores entre R$15 e R$60 para a campanha eleitoral de
2014 foram processadas por Ministérios Públicos de diversos estados. Segundo
relatos, o problema ocorreu com quem se declarou isento do imposto de renda em
2013, ou seja, recebeu até R$24.566,65 naquele ano.
Segundo
entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, qualquer pessoa física pode doar
até R$2.450, valor bem acima ao de várias doações sob investigação. Na falta de
uma lei que estabeleça essa regra, porém, a decisão sobre processar os pequenos
doadores fica a critério de cada promotor.
Um dos processados
que doou R$ 50 para a campanha de um deputado estadual, é estudante e não tem
renda no Brasil.
MAIS EM CIMA
Mais recentemente o
STF entrou em campo. Motivado pela idéia difundida e explorada pela elite
dominante, aí incluída a imprensa reacionária, de que o Brasil não tem governo,
o Supremo resolveu governar através de sua própria interpretação das leis.
Deu um pontapé no
traseiro do Congresso Nacional (que diga-se de passagem, merece, pelo tanto de
corrupção que vem sendo descoberta) e passou a dar entendimento às leis saídas
deste mesmo congresso corrupto, a seu bel prazer.
Não há dúvidas que
se o Brasil encontra-se em meio a insegurança econômica, a insegurança jurídica
desencadeada pelo órgão máximo da justiça brasileira não se faz necessária de
forma alguma.
Os togados que se
consideravam logo abaixo de Deus, atualmente julgam-se o próprio.
MOÇÕES
Encontro um amigo de longa data, também
indignado com a quantidade de bobagens que brotam da nossa colenda câmara
municipal de vereadores (letra minúscula, como de hábito).
Sugere
o amigo que alguém um pouco mais lúcido dentre os nove representantes do povo,
proponha a votação e aprovação de uma moção do silêncio, onde os que não
tiverem competência para propor ou discutir algo que contenha o mínimo de
interesse público, se calem.
ESPERA
À ESPERA DE UM MILAGRE
Não se conhece
com exatidão o ponto de partida da organização, em grupos homogêneos, de países, para a solução de problemas
comuns. Sabe-se com precisão que a ONU, por exemplo, surgiu com o objetivo de
reconstruir o que a guerra havia destruído e que a ALALC (Associação de Livre
Comércio das Américas) foi concebida para estabelecer áreas livres de gravames, o que, de certa forma, deu
origem ao MERCOSUL.
A história da
CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina), hoje organismo das Nações
Unidas com sede em Santiago, é um pouco diferente, visto ter surgido no início
do Séc. XX, para traçar os rumos do desenvolvimento Latino-Americano.
Fiel aos seus
objetivos, a CEPAL determinou que o
desenvolvimento da América Latina, inclusive do Brasil, seria alcançado através
da industrialização de bens de consumo duráveis. O diagnóstico da situação da
época e o conseqüente prognóstico deram-se logo após a consolidação do sistema Republicano, mais precisamente
no início do Século XX.
Tal vaticínio também foi influenciado, em
parte, pelo fim do ciclo do café e pelos sinais de exaustão da importância
econômica das demais mercadorias exportadas, tais como borracha, açúcar, etc.
A queda
vertiginosa nos preços e nas exportações de café, o crack da bolsa e a conseqënte depressão
econômica de 1929, proporcionaram o estabelecimento de governos totalitários,
entre os quais a era Vargas,
considerando-se seus dois governos.
No primeiro
governo (1930-1945), Vargas, que havia chegado ao poder pelo voto popular
derrotando Washington Luiz, lançou as bases do desenvolvimento brasileiro
recomendado pela CEPAL, implantando a Companhia Siderúrgica Nacional, a
Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco.
Preparou também o país para assumir o modelo de desenvolvimento preconizado
pela CEPAL, criando a Justiça do Trabalho e a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT).
No seu segundo
governo (1951-1954) seguindo sua política econômica desenvolvimentista e
nacionalista, Vargas encetou a campanha O
Petróleo é Nosso, criando daí a Petrobrás, e as demais Brás até hoje conhecidas.
Em seu primeiro
governo, para justificar os investimentos na infra-estrutura que serviria de
base para o desenvolvimento, Vargas proferiu algumas palavras que soam aos
ouvidos do povo brasileiro até hoje. Entre outras coisas, Vargas previu: “se o Brasil
continuar exportando matérias primas, continuará sendo sub-desenvolvido”.
Os tempos
passaram, foi-se o Século XX. As matérias primas de 1930 já são commodities. Os países sub-desenvolvidos
hoje são emergentes; A pobreza passou
a chamar-se distribuição injusta da renda
e o abandono do campo passou a ser migração.
A política nacionalista de Vargas foi esquecida em nome da globalização. O fluxo de capitais,
outrora promotores do desenvolvimento, promovem a injustiça e a especulação, deixando atrás de si um rastro de
corrosão da já minguada Renda Per Capita.
Porém, as
palavras de Vargas continuam presentes: exportando
matérias primas não se alcança o desenvolvimento! Ou ainda: não há melhoria na renda quando a economia baseia-se na
produção primária.
A propósito,
recentemente, o IBGE publicou o ranking
do Produto Interno Bruto per cápita
dos municípios brasileiros. Os 100 primeiros colocados são municípios
industrializados, cuja economia, via-de-regra,
baseia-se na matriz energética. Por seu turno, os últimos colocados, aqueles
que tem menor participação no PIB nacional são os essencialmente agrícolas.
Especificamente
nos municípios do Extremo Oeste Catarinense, não bastasse pertencerem à Meso
Região Grande Fronteira do Mercosul, considerada deprimida economicamente pelo PNUD
(Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o PIB per capita situa-se entre os piores do
país, perdendo, evidentemente, para Tocantins, Maranhão e alguns Estados do
Nordeste. No Sul, seguramente a Região mais desenvolvida do Brasil, ocupam as
últimas posições.
O estado de
desigualdade no qual se encontram as Regiões menos desenvolvidas não pode ser
debitado a outros que não sejam os governos. A ênfase dada a modelos
retrógrados de desenvolvimento, a falta de planejamento para a transposição do
ciclo extrativista e, fundamentalmente, a falta de incentivos para a exploração
do potencial econômico da cadeia produtiva agrícola, agregando valor aos
produtos primários, deixarem os municípios agrícolas na condição de
subdesenvolvidos.
Nesta condição,
acumulam-se os problemas de infra-estrutura, mostrando deficiências energéticas,
de comunicações (especialmente estradas), tecnológicas, além da já constante
falta de água, resultado de políticas de desenvolvimento extrativistas ou
altamente poluidoras. Alie-se a isto a falta de investimentos em saúde e
educação, obrigando as populações a buscar tais serviços em outros centros.
Este quadro de
atraso vem esvaziando a Região, obrigando os jovens a buscar oportunidades fora
de seu habitat, esvaindo ainda mais
as potencialidades que lhe permitiriam sair deste marasmo em direção ao
desenvolvimento.
Enquanto isso,
onde as palavras de Vargas encontraram ressonância e houve visão de futuro,
segundo o IBGE, mesmo municípios pequenos aparecem no topo da tabela com renda per capita próxima dos R$25.000,00,
quando nos municípios agrícolas não passa de R$10.000,00.
Não bastassem os erros cometidos ao
longo dos tempos, considerando-se o processo de industrialização tardia, característica brasileira, e
todas as adversidades decorrentes da mal formação de um mercado consumidor
interno com capacidade para absorver a produção, os governos locais persistem
no erro ao oferecer incentivos fiscais e econômicos a empresas e atividades com
baixo potencial gerador de empregos e renda e ao insistirem com políticas
equivocadas de fixação do homem no campo mediante oferecimento de incentivos
inóquos e momentâneos.
Os fundamentos para o
desenvolvimento, que são os investimentos em infra-estrutura (água, energia,
comunicações, tecnologia), ficam relegados a segundo plano, quiçá à espera de
algum novo milagre.
As iniciativas de
formação de grupos de agricultores, pequenas cooperativas de produção,
industrialização e crédito, além da implantação de tecnologias apropriadas e
adequadas às características de cada atividade, aliadas à disponibilização no
mercado de profissionais com formação em agronegócios, embora a má vontade e a
falta de conhecimento histórico dos governos locais que insistem na troca de
favores, são sinais de que nem tudo está perdido e que a sociedade organizada
pode suprir as falhas do próprio governo que se mostra ineficaz
DIREITOS
DIREITO À INFORMAÇÃO
A terceira turma recursal
dos Juizados Especiais do Distrito Federal, na Apelação Cível 20110710210479,
decretou improvido o Recurso do deputado Benedito Domingos, do Distrito
Federal, que acusara jornalistas que narraram fatos envolvendo o referido Deputado.
Os juízes consideraram os fatos narrados, de interesse público e com nítido
objetivo de informar os leitores, em absoluta conformidade com o art. 220 da
Constituição Federal. O tom de crítica ou de ironia da matéria publicada se
insere na liberdade de imprensa, que se deve garantir como um dos valores mais
caros à Democracia Brasileira.
Foi
clara a intenção de informar os leitores sobre matéria de interesse público que
se reporta ao tema legalidade e moralidade pública, sem dolo específico de
ofender a honra do agente político e de sua família.
Ressalte-se
que o servidor público ou o agente político de qualquer um dos poderes da
república, está naturalmente sujeito a críticas que digam respeito ao exercício
de sua função pública, que por ser pública é e deve ser diuturnamente valorada
pela sociedade, que legitimamente lhe exige adequação aos princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, tal como
dispõe o art. 37 da Constituição federal. É o que diz o “venerando”, como dizem
os advogados, acórdão.
Que
fiquem antenados os políticos e servidores públicos de meia pataca, quanto a
imunidade às críticas que pretensamente tentam auferir. Na verdade, casos
judiciais que redundaram em acordos sem expressão, fazem parte do desinteresse
dos réus em prosseguir com as rusgas.
SALVADORES
DA PÁTRIA
A
história conta uma gama de pregadores da moral e bons costumes, que depois de
aparecer publicamente como salvadores da pátria acabaram caindo na vala comum.
Destes,
salvo melhor juízo, só se salvou Jesus Cristo, a quem até hoje ninguém foi
capaz de pedir seu impeachment.
Do
passado, Janio Quadros, o homem da vassoura, apareceu como salvador. Pretendia varrer
a corrupção e a falta de eficiência. Chegou a passar inseticida na cadeira de
prefeito de São Paulo. Na república, sua maior obra foi proibir as rinhas de
galo. Renunciou com menos de sete meses de governo.
Fernando
Collor, o caçador de marajás, foi “cassado” pela corrupção. Ambos deixaram o
País à deriva. O primeiro entregando-o aos militares e o segundo ao
inconseqüente Itamar Franco. Depois dos salvamentos, foram vítimas de suas
próprias pregações e como castigo foram condenados ao ostracismo.
SALVADORES
DA MORALIDADE
Mais
recentemente, Eduardo Cunha candidatou-se a salvador. Fez-se presidente da
Câmara distribuindo benesses e prometendo acabar com o governo do PT. Como
recompensa foi pego com a boca na botija, com contas secretas e polpudos
depósitos em dólares na Suíça. As investigações descobriram que o incauto
salvador teria utilizado o mesmo banco onde outros corruptos mantinham
depósitos.
O
último salvador chama-se Augusto Nardes, do tribunal de Contas da União, que
também quer acabar com o governo do PT. Quebra de sigilo bancário, telefonemas
e e-mails de empresa investigada na operação ZELOTES, apontam Nardes como
beneficiado em anulação fraudulenta de dívida fiscal da RBS.
No
material já recolhido há indícios que apontam Nardes como destinatário de
pagamentos de aproximadamente 1,8 milhões de Reais, divididos em três parcelas
de 600 mil.
Os
repasses teriam origem na SGR, empresa de consultoria onde Nardes tem um filho
como sócio, e seriam uma espécie de comissão por colaborar no sumiço de 150
milhões em dívidas da RBS junto ao fisco federal. Nardes teria usado sua influência
em Brasília e no seu antigo partido, o PP, para ajudar a RBS. Nardes é de uma
pequana cidade gaúcha, Santo Angelo.
MAIS
PERTO
Bem mais perto existem os
salvadores dos municípios que para chegar ao poder prometem o impossível. Ao
perceber que não conseguem cumprir as promessas, buscam nos antecessores a
responsabilidade pelo fracasso. O resultado, numa espécie de delação premiada
tupiniquim, acaba de sair das prateleiras do fórum, onde os últimos três
prefeitos e alguns de seus assessores foram condenados, com direito a recurso, por
atos de improbidade administrativa, prevaricação e outras fraudes que causaram
prejuízos ao erário.
ESTÁ
NA HORA
Realmente,
está mais que na hora de endireitar o Brasil e isso não se consegue depurando
Brasília. Os governos precisam aprender a propor orçamentos reais. Copiar o
anterior indexando-o simplesmente não funciona mais. É preciso também que as
pessoas, o povo, aprendam a não transformar o governo em provedor único e total
de tudo, desde o alimento ao papel higiênico.
GREVE
DOS BANCÁRIOS
Mais uma vez temos greve
dos bancários. Ruim para quem tem dinheiro, pior para quem está endividado.
Desta
feita os trabalhadores merecem apoio. O que os banqueiros fazem com seus
funcionários, nem Karl Marx poderia prever em sua Lei da Mais Valia.
O
setor bancário é o único segmento econômico que ganha muito dinheiro nos ciclos
virtuosos da economia e não menos nos ciclos viciosos. Ganha financiando a
dívida pública. Os juros pagos pelo governo ao setor bancário fazem falta ao
povo na farmácia popular, nas escolas, nos postos de saúde e nas estradas.
Não
bastasse, nos balanços, um percentual de seus créditos é lançado como provisão
para devedores duvidosos que são deduzidos do lucro bruto e, consequentemente
reduz o valor dos impostos a pagar.
Os
trabalhadores bancários estão em greve porque a Febraban quer reajustar os
salários em índices menores que a inflação do período, e já não agüentam
trabalhar sob pressão dos manuais, da eficiência, dos chefes e dos donos. Além
disso, querem também que os banqueiros cumpram itens relacionados à segurança no
trabalho, pois do jeito que a coisa anda neste sentido, trabalhar em banco é o
mesmo que trabalhar dentro de um barril de pólvora. A qualquer momento pode
explodir.
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