sexta-feira, 30 de outubro de 2015

PASSANDO A LIMPO



A VERDADE DA COLENDA – Nas sessões que aprovaram a vergonhosa suplementação orçamentária de 8 milhões de Reais, diversos vereadores se manifestaram contrários ao projeto. O que não pode é criticar apontando as falhas e depois votar pela aprovação sem uma emendinha sequer. Isto é jogar para a torcida e comemorar um gol contra com a torcida adversária.
Os partidos políticos que elegeram estas personalidades terão que rever suas filiações. Do jeito que está não pode continuar. É assim que nasce o descrédito nos políticos e em seus partidos. Não estão querendo endireitar o Brasil? Pois então, vamos começar!

A VERDADE DO EXECUTIVO – Na cúpula do executivo municipal, em termos de orçamento e programação financeira, continuam cometendo os mesmos erros. Não há planejamento nem previsão e muito menos programação. Tudo é feito nas coxas igual aos charutos cubanos. Os orçamentos são cópia indexada do anterior. A previsão não é feita e a programação segue o manual de “aos amigos os favores”. A secretaria de planejamento continua preenchendo formulários e a de fazenda virou caixa de banco. Com a devida licença, continuamos com fumaça de trator e esterco de galinha. Contamos o tempo para trás, apesar de algumas ilhas de visionários, impotentes para mudar a prática.
       O projeto de suplementação recém aprovado é retrato de uma nau à deriva. Não tem bússola nem biruta. Seus camarotes estão lotados de piratas com seus papagaios. Cá entre nós: São Miguel do Oeste e Padre Aurélio Canzi, merecem algo melhor. É um desperdício para um município pólo microrregional, que tem o dever de ofício de ditar o rumo que a Região deve seguir. E deve fazê-lo a despeito do governo que mantém uma secretaria regional com esta finalidade e que se limita a gerenciar operações tapa buracos. Literalmente!

A VERDADE DAS VERDADES – A festança para comemorar a conquista do torneio regional pelo Clube Esportivo Guarany, foi além dos propósitos. Considerando o potencial do município em comparação com os demais concorrentes ao título, não se poderia esperar outro resultado.
       Entretanto, a festa se justifica por representar um ato de heroísmo. Conheço Celso Zilio há anos. Pessoa íntegra e determinada. Está presidente do CE Guarany por três mandatos, pelo Guarany e não por si próprio. Cercou-se de pessoas de sua estreita confiança. Prepara o clube para um salto maior.
       Mas está sozinho. O município, o governo, a cidade e a comunidade não escoram o projeto. Limita-se a lotar a arquibancada pagando R$ 15,00. É pouco para o tamanho da pretensão. Agora, na segunda etapa, é preciso escorar. Se isso não acontecer, o Índio Guarany naufraga na travessia do Rio Chapecó.
       Lembro da passagem das Termópilas: “Renda-te Leônidas, pois haverá tantas flechas sobre tua cabeça que não verás a luz do sol! – Melhor, lutaremos na sombra!!!” Este é o Celso Zilio, popular Této.

VERDADE DE ANTÔNIO FAGUNDES – Leio que o ator Antonio Fagundes insurgiu-se contra a preferência do público por lutas de MMA em detrimento das peças de teatro. Se considerarmos a importância do ator pelos papéis desempenhados, está coberto de razão. Se considerarmos o perfil da elite brasileira emergente, provida de dinheiro pelas ações dos governos que critica mas desprovida da boa cultura, a crítica é sem propósito.
O Brasil, de desenvolvimento tardio e excludente (repetindo o texto de Bresser Pereira), formou uma classe média que prefere a ostentação e a mobilização. Não dá a mínima para a cultura e o conhecimento. Também não dá preferência aos programas baratos por querer aparecer, mostrar que tem dinheiro. Por isso a preferência pelos programas caros, onde possa ostentar, aparecer e se projetar como elite emergente.  

A VERDADE DA JUSTIÇA – A revista Carta Capital desta semana traz matéria sobre a justiça brasileira e seus braços. Na matéria é abordada a gama de privilégios que vão do vergonhoso auxílio moradia até os auxílios taxi, livros, paletó e outros, criados para burlar o teto salarial. Por isso, a manchete da Revista classifica o judiciário como “caro e ineficiente”, porque consome 1,2 % do PIB e seus integrantes querem mais privilégios e mordomias.
       A matéria mostra o corporativismo do judiciário, colocando em xeque a lisura das decisões. A divulgação da situação nas hostes judiciárias visa salvaguardar o direito das pessoas. O descrédito, aliado ao dos governos e políticos, provoca a sensação de que a sociedade está entregue à sua própria sorte.
       Pontualmente, a matéria relata casos de juízes nativos onde parecem se sentir cidadãos especiais. O presidente do TJ de São Paulo, disse em entrevista à TV Cultura: “só aparentemente” o magistrado brasileiro ganha bem, pois a cada dia da semana tem de usar um terno diferente, uma camisa razoável e um sapato decente. Não é a toda hora que pode ir comprá-los em Miami.
       Goran Lambertz, um dos 16 ministros da Corte Suprema da Suécia disse que “luxo pago com dinheiro do contribuinte é imoral e antiético”. Ao comentar os privilégios dos colegas brasileiros foi impiedoso: “É inacreditável que juízes tenham o descaramento de ser tão egocêntricos e egoístas a ponto de buscar benefícios como auxilio alimentação e auxílio escola para seus filhos. Nunca ouvi falar de nenhum outro País onde juízes tenham feito uso de sua posição a este nível para beneficiar a si próprio e enriquecer”.
       Algumas defensorias públicas implantadas País afora estão em vias de compor o sistema judiciário pelos privilégios que têm, ao invés de estarem a serviço do cidadão desprovido de recursos e de justiça. Já não basta a seleção dos campos de atuação, onde algumas só atuam em casos específicos, assim mesmo demonstrando falta de empenho para com seus desafortunados pacientes. É o retrato da justiça elitista e patrimonialista.
       A moda das faculdades de direito é acenar aos futuros acadêmicos com a possibilidade dos concursos públicos, onde se pode ascender a boas posições sociais e enriquecer. Por conta disso, qualquer acadêmico de primeiro semestre já se acha togado, porque seus privilégios começam na distribuição das vagas de estagiário.

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