terça-feira, 19 de março de 2019
GRANDE MANCADA
Prezado editor do TVGC. Lamento ter que ler a matéria onde o ilustre deputado Marcos Vieira sugere cobrança de pedágio de passagem dos caminhões que atravessam o estado de Santa Catarina. Só para lembrar o ilustre parlamentar, quando do governo Esperidião Amin, este passou toda sua gestão reclamando que Santa Catarina era considerada apenas um hiato, entre o Paraná e o Rio Grande do Sul. Há pouco tempo, precisamente no período eleitoral, "alguém" mandou colocar um outdoor na confluência da BR158 com a BR282, reclamando da paralisação das obras daquela rodovia (BR158) por mais de 40 anos.
quinta-feira, 14 de março de 2019
699 NAQUELES TEMPOS
VELHOS TEMPOS
Numa das colunas que escrevi há
tempos, abordei a desvantagem e o sofrimento de envelhecer parcialmente.
Sustentei que o ideal seria envelhecer por inteiro, tanto física quanto
mentalmente.
O motivo é simples: são os acontecimentos divulgados
à exaustão nas redes sociais que provocam profunda irritação nas pessoas
minimamente inteligentes e maximamente envelhecidas. Estas não tem mais poder
de reação, seja por falta de forças ou por estarem convencidas que é inútil
lutar contra a ignorância. Aí, o sofrimento é redobrado.
Maior sofrimento é quando a memória está
perfeita e as atuais futilidades remetem à comparação com o passado. Isso é
cruel. Mas o pior mesmo é o sofrimento em ouvir pessoas falando “no nosso tempo
não era assim” e nada fazem para que sejam “assim” como desejam.
PAGAR CONTAS
No passado, no nosso tempo, o
ato de pagar as contas nunca foi assunto de conversas privadas ou em grupo. O
motivo era o fato que todos tinham contas para pagar, mas na exata dimensão de
sua capacidade em contraí-las.
Atualmente, as conversas giram em torno desse
tema: “vou trabalhar porque tenho contas para pagar”, ou, “ninguém paga minhas
contas”. Isso é irritante, porque antigamente quem não podia pagar suas contas
não as contraía, e ponto! Agora, descobriu-se que ficar devendo dá “status”! O
sistema que se persegue, leva a isto. Velho sofre!
O LEÃO E A IENA
Há muitos anos, li em uma revista da época, a
seguinte observação: “A receita federal planeja substituir o Leão por uma Iena.
Além de morder, ela vai dar risadas”! Isso nunca saiu da minha mente e fiquei
atento ao andar dos acontecimentos.
Não é que esse tempo chegou?
O contribuinte de impostos está cercado por todos os lados. O cruzamento de
dados mais parece o cemitério de Pistoia, na Itália. Cheio de cruzinhas. Por um
lado é bom, sim. Muito bom, principalmente porque quem verdadeiramente paga os tributos
são os consumidores, pois acham-se embutidos no preço dos produtos e dos
serviços. Aí, já se sabe: a parte da Iena, que dá risadas, cai nas costas do
consumidor e a parte do Leão, que morde, fica no bolso do prestador.
Fui pagar um boleto, na lotérica.
Não foi possível. O boleto não estava no “sistema”. O motivo? Era frio. Não
tinha nota fiscal que lhe desse sustentação. Com isso, o trouxa velho aqui iria
pagar o valor do serviço mais o tributo. Este, ficaria com o emitente. Belo
gesto, não? Quero ver o credor me cobrar!
QUEM É QUEM
Difícil viver em paz, sem se
irritar. Havia feito uma promessa de me autopoliciar. Deixar de reclamar. Mas
não é fácil quando se assiste pessoas pregando moralidade, honestidade, falando
mal de ladrões, corruptos, malfeitores (que invariavelmente sempre são os
outros), emitindo boletos frios. Tem também os que vendem mercadorias sem
passar pela leitora de código de barras, porque a mercadoria é fria. Não tem
nota fiscal. São esses que querem endireitar o Brasil. Não eles, é claro.
Querem que Bolsonaro o endireite à custa dos trabalhadores e dos aposentados.
BANANAS DA
REPÚBLICA
O povo brasileiro é um banana. Habita uma república de bananas. Engole tudo o que lhe apresentam. Também quer endireitar a república. Colocar o Estado, que ele, banana, construiu à custa de sangue, suor e lágrimas, a serviço dos banqueiros, empresários e latifundiários. Fica preocupado quando tem um boleto frio para pagar. Acha um baita favor do Estado receber uma miserável bolsa família. Acha uma deferência especial o supermercado receber aqueles trocados em troca de uns quilos de carne de terceira. Bananas!
MILÍCIAS
No atual contexto,
contrastando com os tempos idos, os noticiários restringem-se aos
acontecimentos criminais e às confusões políticas. A sensação de impunidade
associada aos maus exemplos fornecidos pelas autoridades, são o vetor que
carrega os maus exemplos para o interior das famílias.
No contexto da criminalidade brasileira, a
partir da década de 2000, surgiu uma nova modalidade. Trata-se da formação
de milícias, que designa
um modus operandi de organizações criminosas formadas
em comunidades urbanas de baixa renda, que a princípio efetuam práticas ilegais
sob a alegação de combater o crime. Tais grupos se mantêm com os recursos
financeiros provenientes da extorsão e exploração clandestina de gás, televisão a cabo, máquinas-caça niqueis, agiotagem, ágio
sobre venda de imóveis, etc.
São formadas por policiais, bombeiros, vigilantes, agentes penitenciários e militares fora de
serviço ou na ativa. Muitos milicianos são moradores das comunidades e
contam com respaldo de políticos e
lideranças comunitárias.
Com a intenção de garantir a segurança contra
traficantes, os milicianos passaram a intimidar e extorquir moradores e
comerciantes, cobrando taxa de proteção. Através do controle armado, esses
grupos também controlam o fornecimento de muitos serviços aos
moradores. São atividades como o transporte alternativo, a distribuição
de gás e a
instalação de ligações clandestinas de TV a cabo. Estamos sob o comando da
Máfia Brasileira, a começar pelo governo.
sexta-feira, 8 de março de 2019
698 - LAVA JATO NA EDUCAÇÃO
LAVA JATO NA EDUCAÇÃO
Jair Bolsonaro, que
infelizmente está presidente da República Federativa do Brasil, não quer
assumir o cargo para o qual foi eleito. Prefere continuar em campanha. Ainda
não trocou os coturnos e a gandola por sapatos com terno e gravata, e por
consequência, continua revestido do espírito militar policialesco que lhe é
peculiar e, o que é pior, transfere-o a toda equipe de governo formada por seus
iguais.
Agora, como brinde de
carnaval, aparece com a bobagem da Lava Jato na Educação, como se ela própria
fosse um grande lixão que necessita ser lavado, banido, como se procede com um
caminhão que transporta porcos para o frigorífico depois que descarrega seus
passageiros.
Temos aí um presidente
da República, agora sim de bananas, a quem a caserna deve ter-lhe afetado os
poucos neurônios que possuía, para pretender banir da história a base
educacional brasileira que ele mesmo com seus antecessores fardados implantou há
mais de meio século.
ELE NÃO SABE QUE...
MEC/USAID é
o nome de um acordo que
incluiu uma série de convênios realizados a partir de 1964 durante o regime militar brasileiro, entre o
Ministério da Educação (MEC) e a
United States Agency for International Development (USAID).
Os Acordos MEC-USAID foram implementados no Brasil com a lei
5.540/68. Foram negociados secretamente e só se tornaram públicos em novembro
de 1966 após intensa pressão política e popular. Foram estabelecidos entre
o Ministério da Educação (MEC) do Brasil e a Agência dos Estados Unidos para o
Desenvolvimento Internacional USAID, para reformar o ensino brasileiro de acordo com padrões impostos
pelos EUA. Apesar da ampla discussão anterior sobre a
educação, iniciada ainda em 1961, essas reformas foram implantadas pelos
militares que tomaram o poder após o Golpe Militar de 1964.
A reforma mais visível ocorreu na
renomeação dos cursos. Os antigos cursos primário (5 anos) e ginasial (4
anos) foram fundidos e renomeados como primeiro grau, com oito anos
de duração. Já o antigo curso científico foi fundido com o clássico e
passou a ser denominado segundo grau, com três anos de duração. O
curso universitário passou a ser denominado terceiro grau. Essa
reforma eliminou um ano de estudos, fazendo com que o Brasil tivesse apenas 11
níveis até chegar ao fim do segundo grau enquanto países europeus e o Canadá
possuem um mínimo de 12 níveis.
Para a implantação do programa o
acordo impunha ao Brasil a contratação de assessoramento Norte-americano e a
obrigatoriedade do ensino da língua inglesa desde a primeira série do primeiro
grau. Os técnicos oriundos dos Estados Unidos criaram a reforma da educação
pública que atingiu todos os níveis de ensino.
Segundo Márcio Moreira Alves, crítico severo do acordo, O MEC-USAID, na verdade tinha como proposta
inicial privatizar as escolas públicas. Matérias como História tiveram sua
carga horária reduzida para que estudantes da época não tivessem seus olhos
abertos em relação à ditadura.
A implantação deste regime de ensino
também retirou matérias consideradas obsoletas do currículo, tais como:
Filosofia, Latim, Educação Política, cortou-se a carga horária de várias
matérias e inseriu outras como Educação Moral e Cívica.
Os líderes estudantis brasileiros
discordavam da ingerência de um país estrangeiro nos assuntos educacionais de
nosso país. Isto originou diversos movimentos reivindicatórios que foram
reprimidos pela máquina ditatorial brasileira. Em função do movimento
crescente, aliado a outras reivindicações, as organizações estudantis foram postas na clandestinidade.
A repressão então gerou assim uma
violenta oposição liderada por diversos setores contra os acordos MEC-USAID, o
que chamou a atenção da opinião pública mundial. Pressionado, o governo militar
acabou criando em 1968 um grupo de estudos encarregado de trabalhar na reforma
com uma proposta abrasileirada.
PROJETO DE MARKETING
A Lava Jato da Educação
é, na sua essência, um projeto de marketing de Jair Bolsonaro. É um truque para
criar um fato para nutrir sua imagem já abalada de paladino contra a corrupção
e, ao mesmo tempo, tocando em temas morais que alegram seu eleitorado.
A farsa do projeto é que
ele mistura gestão com corrupção e ideologia. Alega que o Brasil gasta muito em
educação, mas os resultados são pífios. Os resultados são mesmo ruins e, de
fato, revelam desperdício de recursos.
Não é preciso fazer uma
Lava Jato para saber, como já mostram centenas de relatórios, que o péssimo
desempenho está associado à falta de valorização do professor e carga horária
insuficiente.
A questão ideológica é o “calcanhar de Aquiles” deste governo
fascista. Ele entende(?) e acha, que as escolas são células comunistas que
precisam ser extirpadas. Para tanto não tardará a implantar nas escolas, tanto
públicas quanto privadas, uma sessão diária de ordem unida antes do início das
aulas. Talvez, com um pouco de sorte, as escolas americanas e as evangélicas
fiquem dispensadas dessa demonstração de patriotismo.
sexta-feira, 1 de março de 2019
697 UTILITARISMO
PREFERÊNCIAS OU UTILITARISMO?
Utilitarismo é uma teoria filosófica que
busca entender os fundamentos da ética e da moral a partir das consequências
das ações. Consiste na ideia de que uma ação só pode ser considerada
moralmente correta se as suas consequências promoverem o bem-estar coletivo.
Assim, a partir
deste raciocínio, o utilitarismo se apresenta oposto ao egoísmo, pois as
consequências das ações devem resultar na felicidade de um conjunto e não de
interesses particulares.
Os princípios do
pensamento utilitarista são aplicados em diversas áreas da vida em sociedade,
como no sistema político, na justiça, na economia e também nas leis
Os principais
princípios utilitaristas são o bem-estar,
onde o objetivo da ação moral deve ser o bem-estar nos níveis intelectual,
físico e moral; o consequencialismo,
onde a moralidade das ações é julgada pelas consequências que gera; a
agregação, que leva em
consideração a maioria dos indivíduos, descartando as minorias que não se
beneficiam; a otimização, onde a
maximização do bem-estar é interpretada como um dever, e a imparcialidade e universalismo, que não
prevê distinção entre o sofrimento ou felicidade dos indivíduos, sendo todos
iguais perante o utilitarismo.
Existem
diversas linhas de pensamento do utilitarismo. O conceito do Imperativo Categórico,
que questiona a capacidade de não estar ligado a uma atitude egoísta, pois
todas as ações e consequências geradas estariam dependentes de inclinações
pessoais.
EXEMPLO PRÁTICO
Pesquisa sobre
avaliação do governo Bolsonaro, realizada pela Confederação Nacional do
Transporte (CNT), aponta que 39% dos pesquisados tem avaliação positiva da
gestão desse governo.
A título de
comparação, a pesquisa em início de mandato de Dilma no primeiro governo teve
49% de avaliação positiva. Já os primeiros e segundos governos Lula tiveram 57%
e 50%, respectivamente, de avaliação positiva.
A avaliação de
início de gestão de Bolsonaro é melhor apenas do que a de Michel Temer, que foi
de 11%.
Na avaliação
pessoal do presidente Bolsonaro, 57,5% dos entrevistados a ELE, Jair Bolsonaro
e não seu governo, a quem atribuíram tão somente 39%.
Os 57% que
aprovaram o Bolsonaro pessoalmente e não a seu governo, o fizeram porque lhe
deram o voto e ficariam constrangidos em deixar visível seu arrependimento. No
entanto, o arrependimento surge quando apenas 39% dos entrevistados aprovam seu
governo. Eis aí o efeito não “utilitarista” como consequência da ação pelo voto
mal dado, que segrega a maioria do povo brasileiro privilegiando uma minoria,
conforme os sinais que emanam de Brasília.
Sem conhecimento
teórico, as conversas das rua deixam isso bem claro. As pessoas estão
insatisfeitas com o desempenho do atual governo. Esperam o pior daqui para
frente. Nada se pode esperar em termos de aplicação da teoria do
“utilitarismo”. Pode-se esperar, isso sim, o recrudescimento do
“inutilitarismo”.
OUTRO EXEMPLO
As audiências
públicas tornaram-se moda. Isso me lembra um velho chavão, outrora utilizado
para caracterizar o Partido dos Trabalhadores: “quando não se conhece o
problema nem as possíveis soluções, convoca-se uma reunião”!
As audiências
públicas servem somente para confirmar o utilitarismo, tema central dessa
coluna.
No formato
atual, nada mais produzem senão colocar frente a frente interesses pessoais ou
de grupos, visando obtenção de chicanas para burlar a lei ou para neutralizar
interesses difusos da população envolvida.
Nesse sentido, a
questão do “utilitarismo” deveria ser o primeiro passo para avaliar a real
necessidade de tais audiências ou, pelo menos, utilizar o material disponível para
estabelecer um regramento capaz de disciplinar a utilização das consultas
públicas, que no atual formato se restringem a grupos de interesses.
O poder público
e TODOS seus sucedâneos, incapaz de tomar decisões com base no ordenamento legal,
usa e abusa de tal expediente para jogar aos leigos a responsabilidade de
defesa de interesses difusos. Estes, por seu turno, acabam por render-se à
articulação privada e sorrateira.
Foi assim num
passado recente, quando da alteração do Plano Diretor, onde o quociente de
construção civil foi brutalmente alterado para permitir “arranha céus”. As consequências
foram o colapso no sistema de trânsito, o destino dos efluentes, o
comprometimento do abastecimento de água e energia que não tardaram a aparecer,
para transformar uma pacata cidade horizontal em vertical para enquadrá-la nas
grandes metrópoles.
A solução para o
colapso no sistema de trânsito foi irresponsavelmente atribuída a uma empresa
com discutível capacitação, e em seguida jogada no colo da comunidade leiga
para tomada das difíceis decisões. Prevaleceu a atual confusão, a ponto de a
todo momento remendar o que foi mal feito e colocar os influenciadores em
situação ridícula, de saia justa, considerando os péssimos efeitos das
decisões.
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