quinta-feira, 14 de março de 2019

699 NAQUELES TEMPOS


VELHOS TEMPOS
      Numa das colunas que escrevi há tempos, abordei a desvantagem e o sofrimento de envelhecer parcialmente. Sustentei que o ideal seria envelhecer por inteiro, tanto física quanto mentalmente.
O motivo é simples: são os acontecimentos divulgados à exaustão nas redes sociais que provocam profunda irritação nas pessoas minimamente inteligentes e maximamente envelhecidas. Estas não tem mais poder de reação, seja por falta de forças ou por estarem convencidas que é inútil lutar contra a ignorância. Aí, o sofrimento é redobrado.
Maior sofrimento é quando a memória está perfeita e as atuais futilidades remetem à comparação com o passado. Isso é cruel. Mas o pior mesmo é o sofrimento em ouvir pessoas falando “no nosso tempo não era assim” e nada fazem para que sejam “assim” como desejam.

PAGAR CONTAS
      No passado, no nosso tempo, o ato de pagar as contas nunca foi assunto de conversas privadas ou em grupo. O motivo era o fato que todos tinham contas para pagar, mas na exata dimensão de sua capacidade em contraí-las.
Atualmente, as conversas giram em torno desse tema: “vou trabalhar porque tenho contas para pagar”, ou, “ninguém paga minhas contas”. Isso é irritante, porque antigamente quem não podia pagar suas contas não as contraía, e ponto! Agora, descobriu-se que ficar devendo dá “status”! O sistema que se persegue, leva a isto. Velho sofre!

O LEÃO E A IENA
      Há muitos anos, li em uma revista da época, a seguinte observação: “A receita federal planeja substituir o Leão por uma Iena. Além de morder, ela vai dar risadas”! Isso nunca saiu da minha mente e fiquei atento ao andar dos acontecimentos.
      Não é que esse tempo chegou? O contribuinte de impostos está cercado por todos os lados. O cruzamento de dados mais parece o cemitério de Pistoia, na Itália. Cheio de cruzinhas. Por um lado é bom, sim. Muito bom, principalmente porque quem verdadeiramente paga os tributos são os consumidores, pois acham-se embutidos no preço dos produtos e dos serviços. Aí, já se sabe: a parte da Iena, que dá risadas, cai nas costas do consumidor e a parte do Leão, que morde, fica no bolso do prestador.
      Fui pagar um boleto, na lotérica. Não foi possível. O boleto não estava no “sistema”. O motivo? Era frio. Não tinha nota fiscal que lhe desse sustentação. Com isso, o trouxa velho aqui iria pagar o valor do serviço mais o tributo. Este, ficaria com o emitente. Belo gesto, não? Quero ver o credor me cobrar!

QUEM É QUEM
      Difícil viver em paz, sem se irritar. Havia feito uma promessa de me autopoliciar. Deixar de reclamar. Mas não é fácil quando se assiste pessoas pregando moralidade, honestidade, falando mal de ladrões, corruptos, malfeitores (que invariavelmente sempre são os outros), emitindo boletos frios. Tem também os que vendem mercadorias sem passar pela leitora de código de barras, porque a mercadoria é fria. Não tem nota fiscal. São esses que querem endireitar o Brasil. Não eles, é claro. Querem que Bolsonaro o endireite à custa dos trabalhadores e dos aposentados.

BANANAS DA REPÚBLICA

      O povo brasileiro é um banana. Habita uma república de bananas. Engole tudo o que lhe apresentam. Também quer endireitar a república. Colocar o Estado, que ele, banana, construiu à custa de sangue, suor e lágrimas, a serviço dos banqueiros, empresários e latifundiários. Fica preocupado quando tem um boleto frio para pagar. Acha um baita favor do Estado receber uma miserável bolsa família. Acha uma deferência especial o supermercado receber aqueles trocados em troca de uns quilos de carne de terceira. Bananas!


MILÍCIAS
      No atual contexto, contrastando com os tempos idos, os noticiários restringem-se aos acontecimentos criminais e às confusões políticas. A sensação de impunidade associada aos maus exemplos fornecidos pelas autoridades, são o vetor que carrega os maus exemplos para o interior das famílias. 
No contexto da criminalidade brasileira, a partir da década de 2000, surgiu uma nova modalidade. Trata-se da formação de milícias, que designa um modus operandi de organizações criminosas formadas em comunidades urbanas de baixa renda, que a princípio efetuam práticas ilegais sob a alegação de combater o crime. Tais grupos se mantêm com os recursos financeiros provenientes da extorsão e exploração clandestina de gás, televisão a cabo, máquinas-caça niqueis, agiotagem, ágio sobre venda de imóveis, etc.
São formadas por policiais, bombeiros, vigilantes, agentes penitenciários e militares fora de serviço ou na ativa. Muitos milicianos são moradores das comunidades e contam com respaldo de políticos e lideranças comunitárias.
Com a intenção de garantir a segurança contra traficantes, os milicianos passaram a intimidar e extorquir moradores e comerciantes, cobrando taxa de proteção. Através do controle armado, esses grupos também controlam o fornecimento de muitos serviços aos moradores. São atividades como o transporte alternativo, a distribuição de gás e a instalação de ligações clandestinas de TV a cabo. Estamos sob o comando da Máfia Brasileira, a começar pelo governo.

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