*Texto produzido em 26.02.2020 por Cynara Menezes para o Jornalistas pela
Democracia.
◉ Neste museu de grandes novidades chamado Brasil, descobriram que o
presidente da República está disparando mensagens pelo WhatsApp convocando para
uma manifestação no dia 15 de março em favor do fechamento do Congresso
Nacional. Qual a surpresa? Bolsonaro sempre defendeu isso. Bolsonaro homenageou
torturador, a quem trata como “herói nacional”. Bolsonaro deu “nota 10” para a
ditadura outro dia, não foi 20 anos atrás, não. Ele já era presidente.
Sim, sei muito bem que teremos de engolir as mágoas
e lutar ao lado dos cínicos e irresponsáveis que urdiram um golpe de Estado
contra uma presidenta eleita, movidos pelo ódio a um partido político e pelo
desamor ao Brasil, jogando as instituições democráticas na lata do lixo. O
plano deles deu errado: a mídia comercial, principal sustentáculo da conspiração
que arrancou o PT do poder, achava que iria finalmente colocar no Planalto seu
braço político, o PSDB. E deu Bolsonaro.
O presidente tem a faca e o queijo na mão
para fazer o "novo AI-5" dos sonhos de seu filho Eduardo. O
bolsonarismo domina setores importantes da PF, da PM, do MP, da Justiça e das
Forças Armadas. A rigor, só não dá o golpe dentro do golpe porque não quer
Até o momento final da eleição, continuaram a
enganar a população, colocando um professor e um energúmeno defensor da
ditadura no mesmo patamar: “uma escolha muito difícil”, publicou O Estado de São
Paulo sobre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro, em editorial.
Não deixa de ser ironia do destino que tenha sido
uma colunista do jornal a dar em primeira mão a informação de que o presidente
estava insuflando golpismo pelo “zapzap”, coisa que, diga-se de passagem, o PT
jamais fez ou faria. O “furo” fez a repórter virar imediatamente alvo das
milícias virtuais de extrema direita. Uma escolha difícil, não era mesmo?
O presidente tem a faca e o queijo na mão para
fazer o “novo AI-5” dos sonhos de seu filho Eduardo. O bolsonarismo domina
atualmente setores importantes da Polícia Federal, da Polícia Militar, do
Ministério Público, da Justiça e das Forças Armadas. A rigor, só não dá o golpe
dentro do golpe porque não quer. As combalidas “instituições” estão contando
somente com o “respeito” do presidente à democracia para que isso não aconteça.
Um respeito que ele jamais teve e todo mundo sabia disso.
Fico pensando em Dilma, que tomou soco na cara nos
porões da ditadura a ponto de lhe arrancarem dentes, por ordem do monstro que
Bolsonaro homenageou impunemente no dia da votação do impeachment: “o pavor de
Dilma Rousseff”. A jovem Dilma não foi para o exílio. Ficou no Brasil e lutou
bravamente contra o regime, ao contrário de muitos “defensores da democracia”
que apoiaram sua destituição. E que engrossaram o coro dos que a chamavam de
“terrorista”, como Bolsonaro, apenas por ódio ao PT.
Tudo o que sinto é raiva de quem nos jogou
nesta situação e agora clama por "união" contra Bolsonaro. Raiva e
tristeza pelo Brasil que nos roubaram. Lutar ao lado de calhordas e vendilhões
da pátria é a real "escolha difícil". A outra opção é o aeroporto
Eu estou disposta a me tornar uma Dilma?
Sacrificarei minha vida e minha família para lutar por um país que escolheu
pelo voto o caminho da ditadura? Para defender uma imprensa que patrocinou mais
uma vez um golpe? Seremos nós, de esquerda, eternos mártires para os futuros
mal-agradecidos, falsificadores da História, nos transformarem em “bandidos”?
As únicas razões que me impulsionariam a lutar
contra uma ditadura que, para mim, já está em curso desde que Bolsonaro tomou
posse como presidente, enchendo o governo de militares, são a gente pobre deste
país, que é quem mais vai sofrer, no final das contas; e as crianças, nossos
filhos, que não merecem um horizonte de trevas. Ninguém mais.
Neste momento, porém, tudo o que sinto é raiva de
quem nos jogou nesta situação e agora clama por “união” contra Bolsonaro.
Raiva, angústia e tristeza pelo Brasil que nos roubaram, exatamente como em
1964. Lutar ao lado de calhordas e vendilhões da pátria é a real “escolha
difícil”. A outra opção é o aeroporto.
◉
A COLENDA Câmara de Vereadores de
São Miguel do Oeste está, mais uma vez, às voltas com um projeto de lei que
altera o Plano Diretor do Município e legislação complementar. Não é novidade.
Em várias outras oportunidades a COLENDA foi
chamada a defender interesses difusos e o fez com maestria. Em raras, colocou
em pauta interesses “coletivos” que tenham causado acaloradas discussões.
◉ PELO CRIVO da gloriosa, já passaram vários
projetos polêmicos empurrados por grupos de interesses empresariais. Em raros, os
nobres edis pensaram em defender o povo contra o avanço do “Estado”. Quando
isso aconteceu, os vereadores que abraçaram a causa do povo eram em número
menor que o Exército de Brancalione.
Como o castigo vem à galope, os fracassos
também vem se sucedendo: vários empreendimentos financiados pelo município com
aprovação da colenda, fracassaram. Várias alterações no Plano Diretor feitas
sob encomenda, causaram revolta entre seus próprios defensores.
Parece que tanto a colenda quanto a
administração municipal e seus grupos de interesse ainda não sabem que São
Miguel do Oeste é um município interiorano com menos de 40 mil habitantes e com
sérias deficiências em infraestrutura urbana. Não é uma metrópole!