terça-feira, 10 de março de 2020

749 – 06.03.2020 – UMA ESCOLHA MUITO DIFÍCIL


*Texto produzido em 26.02.2020 por Cynara Menezes para o Jornalistas pela Democracia.

       Neste museu de grandes novidades chamado Brasil, descobriram que o presidente da República está disparando mensagens pelo WhatsApp convocando para uma manifestação no dia 15 de março em favor do fechamento do Congresso Nacional. Qual a surpresa? Bolsonaro sempre defendeu isso. Bolsonaro homenageou torturador, a quem trata como “herói nacional”. Bolsonaro deu “nota 10” para a ditadura outro dia, não foi 20 anos atrás, não. Ele já era presidente.
Sim, sei muito bem que teremos de engolir as mágoas e lutar ao lado dos cínicos e irresponsáveis que urdiram um golpe de Estado contra uma presidenta eleita, movidos pelo ódio a um partido político e pelo desamor ao Brasil, jogando as instituições democráticas na lata do lixo. O plano deles deu errado: a mídia comercial, principal sustentáculo da conspiração que arrancou o PT do poder, achava que iria finalmente colocar no Planalto seu braço político, o PSDB. E deu Bolsonaro.
O presidente tem a faca e o queijo na mão para fazer o "novo AI-5" dos sonhos de seu filho Eduardo. O bolsonarismo domina setores importantes da PF, da PM, do MP, da Justiça e das Forças Armadas. A rigor, só não dá o golpe dentro do golpe porque não quer
Até o momento final da eleição, continuaram a enganar a população, colocando um professor e um energúmeno defensor da ditadura no mesmo patamar: “uma escolha muito difícil”, publicou O Estado de São Paulo sobre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro, em editorial.
Não deixa de ser ironia do destino que tenha sido uma colunista do jornal a dar em primeira mão a informação de que o presidente estava insuflando golpismo pelo “zapzap”, coisa que, diga-se de passagem, o PT jamais fez ou faria. O “furo” fez a repórter virar imediatamente alvo das milícias virtuais de extrema direita. Uma escolha difícil, não era mesmo?
O presidente tem a faca e o queijo na mão para fazer o “novo AI-5” dos sonhos de seu filho Eduardo. O bolsonarismo domina atualmente setores importantes da Polícia Federal, da Polícia Militar, do Ministério Público, da Justiça e das Forças Armadas. A rigor, só não dá o golpe dentro do golpe porque não quer. As combalidas “instituições” estão contando somente com o “respeito” do presidente à democracia para que isso não aconteça. Um respeito que ele jamais teve e todo mundo sabia disso.
Fico pensando em Dilma, que tomou soco na cara nos porões da ditadura a ponto de lhe arrancarem dentes, por ordem do monstro que Bolsonaro homenageou impunemente no dia da votação do impeachment: “o pavor de Dilma Rousseff”. A jovem Dilma não foi para o exílio. Ficou no Brasil e lutou bravamente contra o regime, ao contrário de muitos “defensores da democracia” que apoiaram sua destituição. E que engrossaram o coro dos que a chamavam de “terrorista”, como Bolsonaro, apenas por ódio ao PT.
Tudo o que sinto é raiva de quem nos jogou nesta situação e agora clama por "união" contra Bolsonaro. Raiva e tristeza pelo Brasil que nos roubaram. Lutar ao lado de calhordas e vendilhões da pátria é a real "escolha difícil". A outra opção é o aeroporto
Eu estou disposta a me tornar uma Dilma? Sacrificarei minha vida e minha família para lutar por um país que escolheu pelo voto o caminho da ditadura? Para defender uma imprensa que patrocinou mais uma vez um golpe? Seremos nós, de esquerda, eternos mártires para os futuros mal-agradecidos, falsificadores da História, nos transformarem em “bandidos”?
As únicas razões que me impulsionariam a lutar contra uma ditadura que, para mim, já está em curso desde que Bolsonaro tomou posse como presidente, enchendo o governo de militares, são a gente pobre deste país, que é quem mais vai sofrer, no final das contas; e as crianças, nossos filhos, que não merecem um horizonte de trevas. Ninguém mais.
Neste momento, porém, tudo o que sinto é raiva de quem nos jogou nesta situação e agora clama por “união” contra Bolsonaro. Raiva, angústia e tristeza pelo Brasil que nos roubaram, exatamente como em 1964. Lutar ao lado de calhordas e vendilhões da pátria é a real “escolha difícil”. A outra opção é o aeroporto.

A COLENDA Câmara de Vereadores de São Miguel do Oeste está, mais uma vez, às voltas com um projeto de lei que altera o Plano Diretor do Município e legislação complementar. Não é novidade.
Em várias outras oportunidades a COLENDA foi chamada a defender interesses difusos e o fez com maestria. Em raras, colocou em pauta interesses “coletivos” que tenham causado acaloradas discussões.

       PELO CRIVO da gloriosa, já passaram vários projetos polêmicos empurrados por grupos de interesses empresariais. Em raros, os nobres edis pensaram em defender o povo contra o avanço do “Estado”. Quando isso aconteceu, os vereadores que abraçaram a causa do povo eram em número menor que o Exército de Brancalione.
       Como o castigo vem à galope, os fracassos também vem se sucedendo: vários empreendimentos financiados pelo município com aprovação da colenda, fracassaram. Várias alterações no Plano Diretor feitas sob encomenda, causaram revolta entre seus próprios defensores.
       Parece que tanto a colenda quanto a administração municipal e seus grupos de interesse ainda não sabem que São Miguel do Oeste é um município interiorano com menos de 40 mil habitantes e com sérias deficiências em infraestrutura urbana. Não é uma metrópole!

quarta-feira, 4 de março de 2020

748 – 28.02.2020 – EFEITOS DAS MUDANÇAS


748 – 28.02.2020 – EFEITOS DAS MUDANÇAS

  Qualquer Sociedade não permanece a mesma por muito tempo. No transcorrer do tempo, ocorrem inúmeras mudanças em variadas épocas. Muitas destas transformações, embora imperceptíveis, existem e a sociologia consegue esmiunçá-las. 
Um dos fatores influenciadores está no avanço tecnológico. Estas influências trazem consequências em níveis globais, onde o desenvolvimento econômico se demonstra muito forte e de uma maneira irreversível, em se tratando de países ricos que mesmo com as crises econômicas evidenciam um contínuo avanço tecnológico e social. 
Em contrapartida, os países de Terceiro Mundo, apresentam uma condição contrária, pois encontram dificuldades para descobrir o caminho para o seu avanço social.
São complexas as causas que provocam diferenças nas mudanças sociais nas mais variadas sociedades. O avanço da medicina, por exemplo, está conseguindo prolongar cada vez mais a qualidade de vida em países ricos, e está se generalizando em sociedades subdesenvolvidas onde a quantidade de vidas salvas acarretou em um encadeamento de problemas relacionados ao emprego, a alimentação e ao saneamento básico.
Numa sociedade que possui tradições pautadas às instituições econômicas, culturais ou religiosas, os laços habituais destes componentes são reduzidos pelo aumento demográfico, fazendo com que os indivíduos por si próprios comecem a construir suas novas interações, incluindo-se em outras instituições e modificando seus modos de vida e consequentemente suas condutas. Estas modificações são perceptíveis em países modernos. Tais mudanças tiveram intensidades elevadas em todo o mundo no final do século XX. 
No caso Brasileiro, como todas as instituições são pautadas pela instabilidade, os indivíduos perderam seu referencial, entregando-se às promessas efêmeras de políticos e governantes despreparados para suas funções e para as próprias mudanças. 

    ◉ EFEITO BOLSONARO I.  O deputado federal Eduardo Bolsonaro postou no Twitter nesta quarta-feira a seguinte pergunta à jornalista Vera Magalhães, que noticiou que Jair Bolsonaro convocou para o golpe. "Se houvesse bomba H no Congresso, o povo choraria? Ou você só faz isso para criar atrito entre o Presidente e o Congresso?".
      Esse é o abismo que separa o Presidente jaboti e a bolha em que ele vive, da percepção da população em geral. Se realmente houvesse a explosão de uma bomba H, o povo ficaria feliz se explodisse no Palácio da Alvorada e nos seus anexos, ou no Condomínio Vivendas da Barra no Rio de Janeiro.

    EFEITO BOLSONARO II – As papagaiadas do presidente jaboti estão fazendo escola por todo o País e em todos os partidos. Na última coluna, a analogia foi com a música “A Casa d’Irene”, onde tem gente que chega e gente que sai. Nos partidos, inclusive aqui na aldeia do Padre Aurélio, o quadro não é diferente. Tem gente comprando óculos novos para encontrar um partido onde possa se abrigar. Isto é o reconhecimento que “quase” todos os partidos estão falidos e os políticos que projetaram não tem mais nada a fazer para salvar seus mandatos a não ser migrar para terras novas. Neste “quase” salva-se o velho e sempre criticado PT, que sobrevive há 40 anos sem trocar de nome, tendo sido governo na República, em vários estados e muitos municípios, e atualmente contar com a maior bancada no Congresso. Esse é o dodói dos atingidos pelo efeito Bolsonaro, que arrependidos não sabem para que lado se atirar. Resta-lhes alguma possibilidade divulgando Fake News e inventando historinhas, que nem das hienas conseguem arrancar algum sorriso sem graça.

EFEITO BOLSONARO III Aqui na aldeia do Padre Aurélio foi de onde partiu para todo o País o exemplo de trabalho, seriedade e desapego ao ócio e à diversão. Enquanto no “resto” do Brasil o povo vagabundo brincou o carnaval, aqui em São Miguel do Oeste se trabalha, bem como dizia Nei Braga, governador do Paraná: “Aqui se Trabalha”! Não teve moleza. Sem feriado! Os empresários adoraram a decisão pois ficaram de férias dentro de seus próprios estabelecimentos, sem gastar combustível para viagens e diárias de hotel. O estacionamento rotativo, contrariando ordens superiores, viajou. Foi para o Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Porto Alegre, onde as vagas foram todas preenchidas. Uma beleza de faturamento.

EFEITO BOLSONARO IV – AS MENTIRAS - O projeto Comprova foi criado para verificar a veracidade de conteúdos suspeitos que virilizaram nas redes sociais durante as eleições presidenciais de 2018. Por três meses, jornalistas de 24 veículos de comunicação monitoraram redes sociais e aplicativos de mensagens para localizar e checar informações duvidosas relacionadas ao pleito.
Em 2019, o projeto voltou a reunir as 24 organizações e por cinco meses, de 15 de julho a 15 de dezembro, colocou sua atenção em conteúdos duvidosos.
As checagens em 2019 foram também mais complexas. As apurações exigiram mais tempo e esforço e demandaram narrativas mais atraentes. As reportagens deveriam ser capazes de competir com as informações suspeitas, principalmente quando os conteúdos se mostraram falsos ou enganosos, com potencial de causar danos à sociedade.
      Ao todo, foram aproximadamente 180 notícias ou postagens consideradas falsas ou enganosas. Eis alguns poucos exemplos: 1)  A foto de uma obra na BR-163 dos tempos de Lula foi usada para elogiar Bolsonaro; 2O presidente da UNE não estava na universidade desde os 11 anos; 3) Avião não apagava incêndio na Amazônia brasileira, mas sim na Bolívia; 4) Post mistura dados verdadeiros com números incorretos sobre financiamentos do BNDES nos governos do PT.

Viva o verde oliva – Até a próxima.