A CASA CAI
“Menina vai, com jeito vai; senão um dia...
a casa cai”.
Com parte da letra da marchinha de carnaval
“Vai com jeito”, sucesso nos anos 1950, na voz de Emilinha Borba, humildemente
abro a coluna de número 600 publicada no glorioso jornal Gazeta Catarinense. A
história recente do jornal confunde-se com a deste reles colunista de banheiro
como afirmado por um dos desafetos. Ambos somos independentes e autônomos. Não
andamos a reboque e por isso sobrevivemos.
A CASA ESTÁ BALANÇANDO
Notícias recentes dão conta que o novo
prefeito já estaria acertado com o PMDB para garantir o apoio na Câmara
Municipal ao seu projeto de governo.
Sinais já foram dados além da “última
notícia” publicada por um jornal local. Algumas personalidades do PMDB já foram
chamadas para compor a equipe do governo, entre elas a atual secretária de
planejamento que vai estender seu alcance sobre a pasta do desenvolvimento
urbano.
Também serão importados alguns membros do
primeiro escalão, demonstrando que São Miguel do Oeste não possui pessoal
qualificado para compor a nova (nova?) equipe de governo.
Não bastassem, para mostrar poder, os
chamados estenderam-se a alguns cargos no âmbito estadual, tais como a
Secretaria Regional (que mudou de nome, mas não mudou de objetivo – garantir os
sagrados empregos) e a sempre lembrada FATMA, repositório de políticos em fim
de carreira. Os bafejados pelo salvamento são os candidatos a prefeito e a vice
que não lograram êxito em suas pretensões.
TURBULÊNCIAS
As iniciativas, tomadas de forma
unilateral e à revelia dos vereadores eleitos na coligação vencedora e também
de pessoas que assessoraram diretamente a chapa vencedora durante a campanha,
estão provocando mal estar nas bases partidárias dos eleitos e também nos
parceiros.
A insatisfação está aflorando. Ninguém
resiste guardar um segredo. É da natureza humana, mormente no atual momento
onde a imprensa formal perdeu credibilidade e cresce a importância das redes
sociais e das conversas de pé de ouvido.
PRETENSÕES
Os eleitores que depositaram sua
confiança nos eleitos pensando que haveria um novo governo e mudanças na
situação de descalabro que atualmente permeia os corredores da prefeitura,
podem se preparar para a mesmice. Tudo continuará como dantes no quartel de
Abrantes.
A estratégia será a de livrar o atual
prefeito de inúmeras ações judiciais, uma vez que as contas municipais não
reúnem condições para serem fechadas de acordo com os preceitos legais. Isso
tem um preço. Manter a coligação que venceu as eleições em 2012, de maneira
informal.
Durante a campanha, este reles colunista
por reiteradas vezes afirmou que os candidatos do PSD, do PMDB e do PDT faziam
parte da mesma coligação, do mesmo esquema. Qualquer um que vencesse as
eleições manteria o mesmo grupo de “colaboradores”. Isso vem se. O PMDB já está
garantido com cargos e o PDT foi o primeiro a confirmar sua adesão através de
um dos vereadores eleitos. Os atos seguintes, com certeza, serão praticados
“democraticamente” assim como foram os já referidos.
Falta dominar a colenda câmara de
vereadores, o que não será difícil, pois dos 13 vereadores eleitos, os
adesistas representam a maior parte. O PMDB quer retomar o comando do município
já em 2020. Para tanto é fundamental estar ao lado do próximo prefeito,
encurtando a distância entre o novo palácio legislativo e o velho paço
municipal.
CENÁRIO NACIONAL
A situação em Brasília não é diferente.
Os escândalos e os desmandos se sucedem nos poderes executivo, legislativo e
judiciário. Renan Calheiros, presidente do Senado Federal, resiste à queda
iminente. Os ministros do Supremo Tribunal Federal encontram-se numa disputa
ferrenha para identificar quem é mais governista e inventor de leis e decisões.
O presidente da República, coitado, depois de passar despercebido em Chapecó,
onde nem a vaia mereceu, já anda sem rumo e perdeu também a dignidade. O
silêncio de milhares de brasileiros o levou a nocaute.
O assessor especial do Palácio do
Planalto José Yunes, pediu o boné depois de ser delatado por Claudio de Melo
Filho da Odebrecht. Saiu fazendo-se de vítima, como todos os outros. O impoluto
Romero Jucá veio em sua defesa. Estão chegando perto.
Não sei o que será desse nosso Brasil. No
momento atual, a renúncia coletiva de todos os detentores de mandato e o pedido
de exoneração dos ocupantes de cargos públicos de provimento em comissão
nomeados pelos últimos governos, seria mais bem aceito por todos os brasileiros.
Como é necessário que alguém fique para apagar a luz, que se trate de
ressuscitar D. Paulo Evaristo Arns, recentemente falecido, a última unanimidade
nesta crise de credibilidade.
ALERTA
Em setembro de 2002, o chefe da Liga
Árabe Amr Moussa fez um alerta aos Estados Unidos, dizendo que, invadir o
Iraque seria abrir os portões do inferno. O Alerta se confirmou. Aquela região
árabe permanece em guerra até hoje.
O Brasil de 2016 vive situação parecida.
Não faltaram avisos que cassar Dilma Rousseff sem crime de responsabilidade,
destaparia a Caixa de Pandora, soltando todos os demônios.
Nostálgicos da Ditadura invadem o congresso
para pedir a volta dos militares, e saem calmamente pela mesma porta.
Estudantes que tomaram a esplanada dos
Ministérios para protestar contra o congelamento das verbas sociais por 20
anos, encontram bombas de gás, spray de pimenta, cavalaria e cassetetes como
recepção. No Rio de Janeiro, a Polícia Militar entra em uma igreja para usá-la
como trincheira no lançamento de bombas contra um grupo de manifestantes que
protestavam pelo descalabro do governo.
Realmente, o vaticínio de Amr Moussa para o
Iraque e a Síria, se confirma também para o Brasil. As portas do inferno estão
abertas e os demônios à solta.