sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

VAI COM JEITO



A CASA CAI

“Menina vai, com jeito vai; senão um dia... a casa cai”.
Com parte da letra da marchinha de carnaval “Vai com jeito”, sucesso nos anos 1950, na voz de Emilinha Borba, humildemente abro a coluna de número 600 publicada no glorioso jornal Gazeta Catarinense. A história recente do jornal confunde-se com a deste reles colunista de banheiro como afirmado por um dos desafetos. Ambos somos independentes e autônomos. Não andamos a reboque e por isso sobrevivemos.

A CASA ESTÁ BALANÇANDO
Notícias recentes dão conta que o novo prefeito já estaria acertado com o PMDB para garantir o apoio na Câmara Municipal ao seu projeto de governo.
Sinais já foram dados além da “última notícia” publicada por um jornal local. Algumas personalidades do PMDB já foram chamadas para compor a equipe do governo, entre elas a atual secretária de planejamento que vai estender seu alcance sobre a pasta do desenvolvimento urbano.
Também serão importados alguns membros do primeiro escalão, demonstrando que São Miguel do Oeste não possui pessoal qualificado para compor a nova (nova?) equipe de governo. 
Não bastassem, para mostrar poder, os chamados estenderam-se a alguns cargos no âmbito estadual, tais como a Secretaria Regional (que mudou de nome, mas não mudou de objetivo – garantir os sagrados empregos) e a sempre lembrada FATMA, repositório de políticos em fim de carreira. Os bafejados pelo salvamento são os candidatos a prefeito e a vice que não lograram êxito em suas pretensões.

TURBULÊNCIAS
       As iniciativas, tomadas de forma unilateral e à revelia dos vereadores eleitos na coligação vencedora e também de pessoas que assessoraram diretamente a chapa vencedora durante a campanha, estão provocando mal estar nas bases partidárias dos eleitos e também nos parceiros.
A insatisfação está aflorando. Ninguém resiste guardar um segredo. É da natureza humana, mormente no atual momento onde a imprensa formal perdeu credibilidade e cresce a importância das redes sociais e das conversas de pé de ouvido.

PRETENSÕES
       Os eleitores que depositaram sua confiança nos eleitos pensando que haveria um novo governo e mudanças na situação de descalabro que atualmente permeia os corredores da prefeitura, podem se preparar para a mesmice. Tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes.
       A estratégia será a de livrar o atual prefeito de inúmeras ações judiciais, uma vez que as contas municipais não reúnem condições para serem fechadas de acordo com os preceitos legais. Isso tem um preço. Manter a coligação que venceu as eleições em 2012, de maneira informal.
       Durante a campanha, este reles colunista por reiteradas vezes afirmou que os candidatos do PSD, do PMDB e do PDT faziam parte da mesma coligação, do mesmo esquema. Qualquer um que vencesse as eleições manteria o mesmo grupo de “colaboradores”. Isso vem se. O PMDB já está garantido com cargos e o PDT foi o primeiro a confirmar sua adesão através de um dos vereadores eleitos. Os atos seguintes, com certeza, serão praticados “democraticamente” assim como foram os já referidos.
       Falta dominar a colenda câmara de vereadores, o que não será difícil, pois dos 13 vereadores eleitos, os adesistas representam a maior parte. O PMDB quer retomar o comando do município já em 2020. Para tanto é fundamental estar ao lado do próximo prefeito, encurtando a distância entre o novo palácio legislativo e o velho paço municipal.

CENÁRIO NACIONAL
       A situação em Brasília não é diferente. Os escândalos e os desmandos se sucedem nos poderes executivo, legislativo e judiciário. Renan Calheiros, presidente do Senado Federal, resiste à queda iminente. Os ministros do Supremo Tribunal Federal encontram-se numa disputa ferrenha para identificar quem é mais governista e inventor de leis e decisões. O presidente da República, coitado, depois de passar despercebido em Chapecó, onde nem a vaia mereceu, já anda sem rumo e perdeu também a dignidade. O silêncio de milhares de brasileiros o levou a nocaute.
       O assessor especial do Palácio do Planalto José Yunes, pediu o boné depois de ser delatado por Claudio de Melo Filho da Odebrecht. Saiu fazendo-se de vítima, como todos os outros. O impoluto Romero Jucá veio em sua defesa. Estão chegando perto.
       Não sei o que será desse nosso Brasil. No momento atual, a renúncia coletiva de todos os detentores de mandato e o pedido de exoneração dos ocupantes de cargos públicos de provimento em comissão nomeados pelos últimos governos, seria mais bem aceito por todos os brasileiros. Como é necessário que alguém fique para apagar a luz, que se trate de ressuscitar D. Paulo Evaristo Arns, recentemente falecido, a última unanimidade nesta crise de credibilidade.

ALERTA
       Em setembro de 2002, o chefe da Liga Árabe Amr Moussa fez um alerta aos Estados Unidos, dizendo que, invadir o Iraque seria abrir os portões do inferno. O Alerta se confirmou. Aquela região árabe permanece em guerra até hoje.
       O Brasil de 2016 vive situação parecida. Não faltaram avisos que cassar Dilma Rousseff sem crime de responsabilidade, destaparia a Caixa de Pandora, soltando todos os demônios.
Nostálgicos da Ditadura invadem o congresso para pedir a volta dos militares, e saem calmamente pela mesma porta.
Estudantes que tomaram a esplanada dos Ministérios para protestar contra o congelamento das verbas sociais por 20 anos, encontram bombas de gás, spray de pimenta, cavalaria e cassetetes como recepção. No Rio de Janeiro, a Polícia Militar entra em uma igreja para usá-la como trincheira no lançamento de bombas contra um grupo de manifestantes que protestavam pelo descalabro do governo.
Realmente, o vaticínio de Amr Moussa para o Iraque e a Síria, se confirma também para o Brasil. As portas do inferno estão abertas e os demônios à solta.

Nenhum comentário: