quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

NAQUELES TEMPOS - Coluna GC 23.12.2016



NAQUELES TEMPOS
       É verdade que só os velhos contam histórias e falam dos costumes “daqueles tempos”. Sempre comento com os poucos (mas fiéis e despretensiosos) amigos, que pertencemos a uma geração de privilegiados. Vivemos todo o ciclo evolutivo. Saímos da extrema pobreza, ignorância e atraso, vivenciamos o progresso lento e acanhado, passamos pela evolução histórica e chegamos à modernidade.
       A imprensa que naqueles tempos resumia-se a alguns pequenos jornais distribuídos nas missas dominicais, que passavam de mão em mão entre vizinhos e eram lidos semanas depois de impressos, hoje está em vias de extinção, substituída até no nome pelas mídias eletrônicas.
       O capital financeiro que era guardado debaixo de colchões e em grandes cofres, hoje circula pelo mundo num piscar de olhos. Usa-se dinheiro de plástico no lugar das notas de mil réis. O capital patrimonial que era representado por pequenas frações de terras e algumas benfeitorias, nos dias de hoje é guardado em nuvens, sob a forma de arquivos contendo números das bolsas de valores e de mercadorias. O presente que outrora era marcado pela colheita da safra, atualmente localiza-se nos negócios futuros.
       Naqueles tempos o lazer e a diversão eram simplórios, humildes, de pouca repercussão. Mas eram honestos, divertidos e baratos. Não havia necessidade de ostentação para ser feliz, mesmo que nos tempos atuais isto não seja sinônimo de felicidade.
       Lembramos com saudades dos bailes de fim de semana onde se dançava xote, tangos e valsas ao som de gaitas, trompetes, trombones e algum bandoneón. A música era tocada ao natural, sem amplificadores e sem percussão.
       Não se ouve mais falar em bailes de debutantes, brincadeiras da vassoura, da cadeira, carnaval de salão, capô de fusca, namoricos em festas de igreja e nos campos de futebol. Já não existe mais o tradicional “serão”, onde as famílias acompanhavam a “capelinha” e juntas rezavam o terço, faziam lanches e contavam histórias enquanto as crianças brincavam ao relento.
       Hoje os bailes foram substituídos pelas baladas, Só dançam vanera, lambada, batidão e requebrado. Os jovens ficam em grupos pelos cantos, mascando chicletes, bebendo qualquer coisa com energético e fumando um baseado. As conversas despretensiosas foram substituídas pelo dedilhar nos teclados do WhatsAp. Caravanas inteiras ocupam lugares estratégicos onde estacionam seus carros ou motos, abrem caixas de isopor recheadas de bebidas, e ali permanecem por horas sem fim ouvindo música de quinta categoria e bebendo sem parar. Já não há mais conversas, assuntos, diálogos. Só gírias, solidão, bebidas e teclados. O mundo reduziu-se a um ovo, embora a imensidão da internet. Qual será e perspectiva para o futuro?

A SEMANA
       A semana que se encerra foi e continua pródiga em oportunismos, demonstrações de ignorância e bobagens. Ninguém quer economizar nada, nem mentiras. Tem gente se achando o grampo da granada, querendo pregar moral de cuecas, elogiando a roupa do rei quando todos veem que o rei está nu.
       Tudo começou com a entrevista do impoluto deputado federal Celso Maldaner. Disse ele do alto de sua sabedoria, que os aposentados são responsáveis pela quebra da previdência social. Muito bem, deputado. O senhor abrirá mão da sua aposentadoria de deputado quando os eleitores não mais o sufragarão? Ou o senhor irá parar numa diretoria de algum banco público, seguindo os passos de seus colegas e parentes? Quer aposentadoria melhor? Com o que o senhor gasta na casa onde trabalha (trabalha?), quantas aposentadorias de salário mínimo poderia pagar?
       Mas o senhor achou pouco sua afirmação e atacou os governos anteriores que gastaram mais do que arrecadaram e com isso quebraram o País (sic).
       Lembro de uma passagem: certa vez, uma caravana de prefeitos recém eleitos e “assessores”, lotou um ônibus para participar de evento em outra cidade. Alguém adentrou ao ônibus e a primeira coisa que fez foi tirar o tênis dos pés. Assim, a muafa pode ser liberada.
       Voltando à entrevista, Não é crível que um cidadão brasileiro em seu terceiro mandato na câmara federal, ainda não tenha tomado conhecimento que o endividamento público é uma ferramenta das políticas econômicas utilizadas pelos países capitalistas para manter o equilíbrio econômico, determinar o crescimento ou e retração. Pode haver erros ou exageros, mas condenar o endividamento é falta de conhecimento ou má intenção com o objetivo de enganar os incautos. Todos os anos o orçamento público federal é submetido à votação na câmara dos deputados. O deputado Celso Maldaner, com certeza, participou das votações pelo menos dez vezes. Não custa lembrar ao deputado que os Estados Unidos saíram da grande depressão de 1929 aumentando substancialmente o endividamento público.
       Se ainda não aprendeu em toda sua vida política, que aprenda agora algo sobre políticas econômicas das nações, e de quebra saiba que nem todos os brasileiros são ignorantes e podem acreditar em qualquer coisa. Livrai-nos do mal, amém!

A SEMANA I
       A polêmica do abono aos servidores da colenda revelou, e vai revelar mais, personalidades seguidoras do deputado Celso Maldaner. Insistem em aplicar mentiras deslavadas, e sem cerimônias, pregar moral de cuecas.
       O jurisconsulto municipal disse que com os 90 e poucos mil reais a prefeitura poderia quitar os precatórios. Para quem acredita é só acessar a página do Tribunal de Justiça e conferir quanto a gloriosa administração publica desastrada deve em precatórios atrasados.
       Além desse pequeno detalhe, o incauto esqueceu-se de alguns companheiros que pagaram abonos semelhantes, inclusive a alguns colegas seus, sem que se importasse com isso.
       É fácil jogar estrume no ventilador, principalmente quando a administração municipal é grande produtora. Mas cuidado, pois o ventilador pode dar um “contra” e jogar o produto sobre a própria cabeça.
        

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