COISAS PARA ENTENDER
*Rebeliões nos presídios
Constituições e leis existem para
disciplinar as atividades do Estado e o comportamento das pessoas frente aos
seus semelhantes. Devem ser cumpridas pelo Estado e este tem o dever de fazer
com que sejam cumpridas pela sociedade.
O que esta série de rebeliões nos
presídios demonstra não passa de subversão da ordem. Nem o Estado cumpre com
seu dever de munir-se da necessária estrutura, cumprindo assim os dispositivos
legais e nem pune exemplarmente a sociedade infratora, permitindo que utilize a
estrutura estatal deficiente para implantar um sistema permanente de
descumprimento da lei.
No momento em que se assiste e ouve
noticiários dando conta da mobilização extrema do aparato estatal para estancar
uma simples subversão da ordem por parte de infratores da lei, têm-se a certeza
de que, efetivamente, o Estado brasileiro está falido.
Chamar o Exército Brasileiro para
revistar celas, ultrapassa os limites do nosso território para transformar-se
em vergonha planetária. O presidente da república, que galgou o posto através
de um golpe baixo e vergonhoso encetado por segmentos privados não menos
bandidos que os protagonistas das rebeliões nos presídios, poderia dispensar os
brasileiros desta vergonha. Assim agindo, chamando o Exército para executar a
mais reles das missões nas penitenciárias, é passar atestado de incompetência.
É equiparar-se ao prefeito do menor e menos significante dos municípios
brasileiros.
*Possíveis soluções
É muita pretensão deste reles colunista
querer ensinar como acabar com as rebeliões. Afinal de contas, o governo possui
todos os meios físicos, financeiros e sobremaneira intelectuais para acabar com
aquela que tem tudo para ser uma cortina de fumaça que esconde os graves
problemas que o País enfrenta e, sobretudo, mascarar as maquiagens
governamentais em curso, visando contentar os garantidores do golpe que
derrubou a presidente da República. O objetivo é desviar o regime democrático
para uma variante fascista.
Mas se o governo estiver realmente
interessado em acabar com a baderna, poderia utilizar seu poderio não para
revistar as celas, mas para cumprir com seu papel fundamental de promover a
ressocialização dos presos. Basta citar como exemplo a lotação de apenas onze
agentes penitenciários para uma penitenciária com 1200 presos. O Estado, também
não se mobiliza para estancar a institucionalizada corrupção nos presídios,
fazendo com que os presos se especializem no cometimento de novos crimes, com
bolsas de estudo fornecidas pelo próprio Estado.
De nada adianta que, frente ao problema
que se agrava, o Estado promova reuniões inócuas e prometa a construção de
novos presídios. Da forma como vem agindo, não cumprindo com suas atribuições,
o Estado deixa a imensa população carcerária entregue à sua própria sorte e a
mercê da administração de grupos de criminosos organizados, que até
representantes no Congresso Nacional possuem. Se assim não fizer, realmente o
governo está utilizando a baderna como uma cortina de fumaça.
*Repercussão internacional X
repercussão interna.
Se tomar medidas drásticas, o governo
brasileiro corre o risco de ser criticado pela imprensa internacional e pelos
defensores dos direitos humanos. Realmente isto é um problema. Mas cá entre
nós, que reputação este governo tem para preservar no exterior? A de golpista e
corrupto?
A série de escândalos financeiros há
bastante tempo vem ocupando as manchetes internacionais. A cada dia que passa,
novos casos são descobertos e amplamente denunciados. Está na hora de passar
todo o País a limpo, antes que os brasileiros de bem tenham que fazê-lo.
Os leitores desta coluna já tiveram a
oportunidade de conhecer a opinião deste reles colunista de banheiro, guindado
recentemente a condição de “velho gagá” por um dos novos “colendenses”. Não é
propriamente uma opinião, mas uma simples constatação. “As nações mais sérias e
desenvolvidas do mundo, com raríssimas exceções, passaram por grandes conflitos
internos armados. Do resultado, emergiram nações fortes, unidas e, sobretudo,
sérias, com legislações enxutas, eficientes e cumpridas à risca”. Não seria a
hora do povo brasileiro, que preza a boa conduta, tomar as rédeas deste País?
*Dos números
Abandonei a humildade. Deixei de ser
colunista de banheiro e também velho gagá. Adotei a prática de ler outros
colunistas, meus colegas, portanto. Por várias vezes citei Juremir Machado da
Silva do Correio do Povo. Neste curto período de “férias”, tive oportunidade de
ler os textos de David Coimbra, que reside nos Estados Unidos por conta de um
tratamento de saúde.
No texto desta quarta feira quando
escrevo a coluna (exigência do pessoal da Diagramação do GC) para a próxima
edição, encontro um comentário muito interessante falando sobre o poder e os
tropeços dos números. David Coimbra faz referências à citação de números nos
discursos dos políticos, antes e depois da invasão da internet na vida das
pessoas. Diz que era fácil citar números de forma aleatória, sem saber de sua
veracidade. Mesmo assim, detinham o poder de impressionar as pessoas.
Não pude evitar a analogia com o
ex-prefeito João Carlos Valar e seus milhões de ovos e também com seus números
do Movimento Econômico, cujo resultado prático foi o rebaixamento do
coeficiente de retorno do ICMS de 0,86% em 1996 para 0,43% em 2016. Seria o
caso de afirmar que os números não mentem, mas é também o caso de responder que
até os números mentem.
*Dos governos
Não sei se Michel Temer foi convidado
para a posse de Donald Trump no dia de hoje. Também não estou muito
interessado, não na posse, mas no convite. Fosse Dilma Rousseff a presidente do
Brasil, Barak Obama a convidaria para sua despedida da Casa Branca. Não se pode
afirmar que Donald Trump a convidaria para sua posse, por motivos óbvios.
De qualquer forma, a imprensa americana e
a mundial no geral, dá ênfase às resvaladas e rompantes do novo mandatário e a
finesse, simpatia e equilíbrio do casal Obama. Aí está a grande diferença entre
o ser e o querer. Barak Obama e sua Senhora caíram na simpatia do povo
americano. Donald Trump quis ser presidente do Estados Unidos. Só Deus sabe o
que virá. No Brasil, Trump tem em Bolsonaro pelo menos um simpatizante.
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