quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

COISAS PARA ENTENDER GC 20.01.2017



COISAS PARA ENTENDER
*Rebeliões nos presídios
       Constituições e leis existem para disciplinar as atividades do Estado e o comportamento das pessoas frente aos seus semelhantes. Devem ser cumpridas pelo Estado e este tem o dever de fazer com que sejam cumpridas pela sociedade.
       O que esta série de rebeliões nos presídios demonstra não passa de subversão da ordem. Nem o Estado cumpre com seu dever de munir-se da necessária estrutura, cumprindo assim os dispositivos legais e nem pune exemplarmente a sociedade infratora, permitindo que utilize a estrutura estatal deficiente para implantar um sistema permanente de descumprimento da lei.
       No momento em que se assiste e ouve noticiários dando conta da mobilização extrema do aparato estatal para estancar uma simples subversão da ordem por parte de infratores da lei, têm-se a certeza de que, efetivamente, o Estado brasileiro está falido.
       Chamar o Exército Brasileiro para revistar celas, ultrapassa os limites do nosso território para transformar-se em vergonha planetária. O presidente da república, que galgou o posto através de um golpe baixo e vergonhoso encetado por segmentos privados não menos bandidos que os protagonistas das rebeliões nos presídios, poderia dispensar os brasileiros desta vergonha. Assim agindo, chamando o Exército para executar a mais reles das missões nas penitenciárias, é passar atestado de incompetência. É equiparar-se ao prefeito do menor e menos significante dos municípios brasileiros.

*Possíveis soluções
       É muita pretensão deste reles colunista querer ensinar como acabar com as rebeliões. Afinal de contas, o governo possui todos os meios físicos, financeiros e sobremaneira intelectuais para acabar com aquela que tem tudo para ser uma cortina de fumaça que esconde os graves problemas que o País enfrenta e, sobretudo, mascarar as maquiagens governamentais em curso, visando contentar os garantidores do golpe que derrubou a presidente da República. O objetivo é desviar o regime democrático para uma variante fascista.
       Mas se o governo estiver realmente interessado em acabar com a baderna, poderia utilizar seu poderio não para revistar as celas, mas para cumprir com seu papel fundamental de promover a ressocialização dos presos. Basta citar como exemplo a lotação de apenas onze agentes penitenciários para uma penitenciária com 1200 presos. O Estado, também não se mobiliza para estancar a institucionalizada corrupção nos presídios, fazendo com que os presos se especializem no cometimento de novos crimes, com bolsas de estudo fornecidas pelo próprio Estado.
       De nada adianta que, frente ao problema que se agrava, o Estado promova reuniões inócuas e prometa a construção de novos presídios. Da forma como vem agindo, não cumprindo com suas atribuições, o Estado deixa a imensa população carcerária entregue à sua própria sorte e a mercê da administração de grupos de criminosos organizados, que até representantes no Congresso Nacional possuem. Se assim não fizer, realmente o governo está utilizando a baderna como uma cortina de fumaça.

*Repercussão internacional X repercussão interna.
       Se tomar medidas drásticas, o governo brasileiro corre o risco de ser criticado pela imprensa internacional e pelos defensores dos direitos humanos. Realmente isto é um problema. Mas cá entre nós, que reputação este governo tem para preservar no exterior? A de golpista e corrupto?
       A série de escândalos financeiros há bastante tempo vem ocupando as manchetes internacionais. A cada dia que passa, novos casos são descobertos e amplamente denunciados. Está na hora de passar todo o País a limpo, antes que os brasileiros de bem tenham que fazê-lo.
       Os leitores desta coluna já tiveram a oportunidade de conhecer a opinião deste reles colunista de banheiro, guindado recentemente a condição de “velho gagá” por um dos novos “colendenses”. Não é propriamente uma opinião, mas uma simples constatação. “As nações mais sérias e desenvolvidas do mundo, com raríssimas exceções, passaram por grandes conflitos internos armados. Do resultado, emergiram nações fortes, unidas e, sobretudo, sérias, com legislações enxutas, eficientes e cumpridas à risca”. Não seria a hora do povo brasileiro, que preza a boa conduta, tomar as rédeas deste País?

*Dos números
       Abandonei a humildade. Deixei de ser colunista de banheiro e também velho gagá. Adotei a prática de ler outros colunistas, meus colegas, portanto. Por várias vezes citei Juremir Machado da Silva do Correio do Povo. Neste curto período de “férias”, tive oportunidade de ler os textos de David Coimbra, que reside nos Estados Unidos por conta de um tratamento de saúde.
       No texto desta quarta feira quando escrevo a coluna (exigência do pessoal da Diagramação do GC) para a próxima edição, encontro um comentário muito interessante falando sobre o poder e os tropeços dos números. David Coimbra faz referências à citação de números nos discursos dos políticos, antes e depois da invasão da internet na vida das pessoas. Diz que era fácil citar números de forma aleatória, sem saber de sua veracidade. Mesmo assim, detinham o poder de impressionar as pessoas.
       Não pude evitar a analogia com o ex-prefeito João Carlos Valar e seus milhões de ovos e também com seus números do Movimento Econômico, cujo resultado prático foi o rebaixamento do coeficiente de retorno do ICMS de 0,86% em 1996 para 0,43% em 2016. Seria o caso de afirmar que os números não mentem, mas é também o caso de responder que até os números mentem. 

*Dos governos
       Não sei se Michel Temer foi convidado para a posse de Donald Trump no dia de hoje. Também não estou muito interessado, não na posse, mas no convite. Fosse Dilma Rousseff a presidente do Brasil, Barak Obama a convidaria para sua despedida da Casa Branca. Não se pode afirmar que Donald Trump a convidaria para sua posse, por motivos óbvios.
       De qualquer forma, a imprensa americana e a mundial no geral, dá ênfase às resvaladas e rompantes do novo mandatário e a finesse, simpatia e equilíbrio do casal Obama. Aí está a grande diferença entre o ser e o querer. Barak Obama e sua Senhora caíram na simpatia do povo americano. Donald Trump quis ser presidente do Estados Unidos. Só Deus sabe o que virá. No Brasil, Trump tem em Bolsonaro pelo menos um simpatizante.

Nenhum comentário: