quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

NÃO COISAS NOVAS, MAS DE NOVO - Coluna GC 13.01.2017na GC



NON NOVA SED NOVA (Não coisas novas, mas de novo)
       Em 28 de agosto de 2015, neste mesmo espaço, sob o título acima, escrevi o seguinte: “A comunidade reclama da paralisação das obras de asfaltamento do PROPAV RURAL, que liga a SC 386 (Faismo) ao Bairro Salete. A administração municipal nega a paralisação e afirma que as obras serão retomadas. Pois esta coluna já deu o recado que agora se confirma. A promessa de asfaltamento garantiu a eleição de João Valar em 2012. A inauguração da obra garantirá a reeleição em 2016. Por isso a paralisação. As desculpas são estratégicas. Quem engolir que tenha uma boa digestão”.

NON NOVA SED NOVA...
       O ditado acima merece ser repetido, não por significar a repetição de acontecimentos, mas muito mais por estarmos no limiar inicial de novos governos municipais. Seja em qualquer recanto deste imenso Brasil ou logo abaixo de nossos narizes, as coisas aparentemente novas se repetem.
       Os governos sempre serão os mesmos. As desculpas também. Os culpados, explicitamente ou não, idem. Sendo assim, podemos afirmar sem medo de errar que estamos no início de um novo velho governo municipal. Nada mudou. Só a data.
       Para este reles colunista de banheiro agora guindado à condição de velho gagá por um catedrático de fraldas, saltimbanco da nova administração pública, “non nova sed nova”! A nova administração pública de São Miguel do Oeste é uma extensão da anterior, possibilidade que este velho gagá vinha anunciando desde o lançamento de todas as candidaturas. Até as contas a pagar são a extensão da administração anterior. O que pretender mais que isso como prova?
       Para o povo Migueloestino que em última instância é quem vai pagar a conta, é lamentável que isto aconteça. Mas como “non nova sed nova” não faltará quem coloque as contas em dia para que o próximo governo volte a gastar irresponsavelmente.

SALVAÇÃO DAS LAVOURAS
       As revoltas com chacinas em presídios desencadearam um processo de salvação da segurança no Brasil. A salvação agora é a construção de novos presídios. Aqui no Rio Grande amado, o presidente imposto Michel Temer anunciou solenemente a construção de um presídio federal.
       O governador do Estado fez uma brincadeira sem graça com um ministro do Temer, que está na berlinda. Criou o maior constrangimento. Não bastasse, costuma praticar mímica e pedir cabelos emprestados para corrigir sua calva. Os dois juntos vão salvar a pátria.
       Para demonstrar que não vai reduzir as verbas para as áreas de Saúde e Educação, o Temeroso também distribuiu ambulâncias. Non nova sed nova para ele também. Mediocridade não se herda, se adquire mesmo no exercício do poder. O presidente não poderia escolher melhor lugar para o início de 2017. Escolheu o Rio Grande amado, estado cujas trapalhadas governamentais fazem inveja e coadunam com as de Brasília. O presidente, ao falar em valores o fez pensando que a moeda vigente no País ainda é o cruzeiro. Tá por fora. Além disso, atrasado. Estamos mal em todos os sentidos.

SOCIEDADE FAXINEIRA
       O filósofo Michael Sandel, atual celebridade da Universidade de Harvard, disse que a depuração da democracia brasileira depende não só da faxina ética, mas também da vigilância permanente da sociedade brasileira em todas as áreas. Comenta a assertiva que uma parcela da elite política e empresarial do Brasil está presa, ou sob ameaça de prisão, por corrupção, sem qualquer constrangimento e com enorme conhecimento de causa.
       Em suas manifestações, afirma que, a partir de agora, a população que se mobilizou contra a corrupção precisa continuar alerta e vigilante para discutir outros problemas, como saúde, educação e qualidade dos serviços públicos. Afirma também que para promover uma revisão ética, o Brasil precisa urgentemente conseguir atrair novos quadros para a política, afirmando que com os velhos políticos isto é impossível.

 QUANTAS MUDANÇAS
       Uma análise dos discursos de posse dos prefeitos de algumas das principais cidades do País mostra que as promessas de 2013 deram lugar ao temor pela crise de 2017.
       Há quatro anos os prefeitos prometiam mundos e fundos às populações. Neste ano, o tom foi completamente outro, com a maioria das prefeituras literalmente quebradas e os estados em petição de miséria. As palavras mais pronunciadas foram crise, austeridade, gestão, investimento, transformações, parcerias e ajuste fiscal.
       Ao menos dessa vez os políticos estão falando a verdade. A situação está feia mesmo. Um levantamento da Confederação Nacional de Municípios mostrou que quase a metade dos prefeitos que deixaram seus cargos também deixou para seus sucessores contas atrasada a pagar. Um em cada oito municípios não tem dinheiro para pagar os salários de dezembro.
       Os novos prefeitos precisam transformar suas palavras em ações. Cortar gastos, acabar com o desperdício, focar programas fundamentais e fazer planejamento financeiro responsável para os próximos quatro anos.
       Na terra do saudoso Padre Aurélio Canzi a situação não é diferente. Enquanto em 1º de janeiro de 2013 o prefeito que assumira o cargo, antes mesmo de ser empossado já dava despachos e firmava compromissos mirabolantes, quatro anos após entrega a gloriosa prefeitura em frangalhos, com dívida, segundo se especula, beirando dois meses de arrecadação.
       A parceria informal entabulada no lançamento das candidaturas e consolidada na formação do governo, não permite queixas nem críticas. A dívida municipal, não regularizada para evitar o devido processo por improbidade, com certeza deverá ser paga através de autorização legislativa expressa. Assim, a colenda retomará sua pecha de regularizadora de irregularidades. A maioria para tanto, já está devidamente constituída, meio aos trancos e barrancos. Assim caminha a humanidade. Enquanto espera por um milagre do sempre lembrado Padre Aurélio, o povo Migueloestino divide-se entre estacionamento rotativo e retirada dos canteiros.  Esquece completamente da falta de paracetamol e AAS infantil.
                                                           


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