quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

747 – 21.02.2020 – CASA D’IRENE


CASA D’IRENE (Maresca & Pagano, 1964)

I giorni grigi sono le lunghe strade silenziose di un paese deserto e senza cielo. A casa d'Irene si canta si ride, c'e gente che viene, c'e gente che va. A casa d'Irene bottiglie di vino, a casa d'Irene stasera si val. Giorni senza domani. Solo quei giorni che sembrano fatti di pietra. Niente altro che un muro sono montato da cocci di bottiglia.
“Casa de Irene. Os dias cinzas são as longas estradas silenciosas de um país deserto e sem céu. Na casa de Irene se canta, se ri, tem gente que chega, tem gente que vai. Na casa de Irene garrafas de vinho, na casa de irene esta noite se vai. Dias sem amanhã. São aqueles dias que parecem feitos de pedra. Nada mais que um muro com cacos de garrafa em cima”.

       Qualquer semelhança, não é mera coincidência. O extrato da famosa música “A Casa d”Irene”, gravada por Nico Fidenco em 1964, parece ter sido composta para ser o hino nacional brasileiro a partir de 2019, com a chegada do Bolsonaro, popular “jaboti”, ao poder.
       De uma hora para outra, o Brasil transformou-se em uma casa da Irene, como poderia ser a casa da Geralda ou qualquer outra de beira de estrada. Com isso, o Brasileiro vive dias cinzentos, com longas estradas silenciosas de um País deserto e sem céu. Por isso, na casa da Irene se canta e se ri, tem gente que chega e gente que sai. Todo o dia há uma troca de ministério. O dono da casa da Irene troca de ministro mais que de cuecas.

Dias sem amanhã que parecem feitos de pedra, cercados por muros com cacos de garrafas em cima. O povo que habita a casa da Irene não tem alternativas para onde ir. Estão cercados por generais milicianos, com olhos e ouvidos em toda parte, olhando para o mundo através da mira de um fuzil do século XVIII, sobra da 2ª. Guerra.
Desde o impeachment de 2015, o terreno foi minado para acolher e abrigar os frequentadores que cantam e riem da ignorância de quem acreditou que o Brasil poderia ser transformado em um teatro. Isto foi prometido, mas o que se vê é uma zona de quinta categoria, cujos frequentadores são cascas grossas sem noção que nada sabem e não conhecem o que significa uma Nação.

       Dias com amanhã. Levantamento feito pelo Instituto Quaest e divulgado nesta semana, mostra que o PT é o maior partido nas redes sociais. O Partido dos Trabalhadores segue como o mais forte do País. Se na ruas e no número de filiações o PT lidera todos os rankings nacionais, agora é a vez das redes sociais.
       Por outro lado, o PSL sofreu uma queda de 50% no ranking de influência das redes. De acordo com o índice de popularidade digital, o PT ficou com 67,2% de influência nas redes entre janeiro de 2019 e janeiro de 2020.

Dias com amanhã II. Desde o afastamento da presidente Dilma em 2015 e as prisões da cúpula do partido e do ex-presidente Lula, o PT vinha pagando sozinho pelo erro do sistema político que foi rejeitado nas urnas. Apesar da enorme contradição de políticos como Bolsonaro e família, que vivem do sistema desde sempre.
Na última eleição, o eleitor fez PSDB e MDB pagarem nas urnas pela crise do sistema. O PSDB foi rejeitado nas urnas porque perdeu o polo do antipetismo e por querer derrotar o sistema corrupto. O PSDB governou o Brasil entre 1995 e 2002, com o apoio do MDB, e esteve na oposição ao PT. Para os mais radicais opositores ao petismo, os tucanos fracassaram.
Nesta eleição presidencial, o “especialista”, Geraldo Alckmin ficou em quaro lugar. O PSDB, que foi a 3ª maior bancada eleita em 2014, caiu para 9º. Ex-governadores tucanos, Marconi Perillo e Beto Richa foram derrotados e não conseguiram eleger seus sucessores. O PSDB que embarcou no radicalismo e apoiou o golpe contra Dilma teve um trágico desempenho eleitoral.

Dias com amanhã III. Assim como o PSDB, sedento para voltar ao poder e cansado de perder para o PT, o MDB caiu na arapuca dos defensores da chamada refundação da república ao decidir apoiar o impeachment de Dilma Rousseff e chamar todos os adversários do PT para embarcarem no governo de Michel Temer. Foi a deixa para afirmar no imaginário popular que todos os partidos são iguais. A princípio os defensores da refundação da República querem varrer do mapa político PT, PSDB, MDB e todos os partidos que se beneficiaram do governo nos últimos 30 anos. O PMDB foi o que mais perdeu cadeiras: caiu de 66 eleitos em 2014 para 34 eleitos em 2018.
Por causa da sua força nacional e ideológica de centro-esquerda, o PT ainda sobrevive. Disputa o 2º turno presidencial pela 7ª vez desde 1989 – apenas em 1998 não teve segundo turno, mas o PT ficou em segundo lugar – e manteve o status de maior bancada da Câmara dos Deputados com 56 deputados.

Viva o verde oliva – “é uma pena que o ministro (General Heleno) tenha se transformado num radical ideológico contra a democracia, contra o parlamento”. (Rodrigo Maia, Presidente da Câmara).

Até a próxima.