quinta-feira, 12 de novembro de 2015

TORCIDAS

TORCIDAS
       Impressiona o quanto a elite coxinha brasileira e a geração Miami torcem pela derrocada do País em que vivem e de onde são originários. Impressiona também o quanto de esforço é despendido para neutralizar ou rebater as opiniões em contrário.
Os comentários em defesa do Brasil e de seu futuro e os comentaristas que colocam os fatos em sua devida dimensão são ridicularizados, taxados de PeTralhas e execrados publicamente como foram os “leprosos” de antigamente.
A crise que afetou a economia mundial e quase varreu do mapa algumas Nações ditas desenvolvidas, passaram ao largo dos falsos brasileiros. No entanto, ao chegar ao Brasil, tardiamente, mesmo em forma de “marolinha” como dizia o presidente Lula há 6 anos atrás, transformou-se em catástrofe. Para bem caracterizar a diferença, há pouco tempo li um comentário anunciando uma grande crise devido à redução de TRINTA vagas de trabalho em SEIS MESES, aqui mesmo em São Miguel do Oeste de seus 37 mil habitantes.
Não há dúvidas que muitos falsos brasileiros torcem pela derrocada do País. Fazem isso por questões político-partidárias, ideológicas e por preconceitos de todos os matizes. Preferem admitir a bancarrota nacional a ver um pobre ascender à classe média, andar de avião ou comprar uma peça de picanha.
A hipocrisia transformou-se na Bíblia Sagrada e Alcorão dessa elite que não quer concorrência. Basta olhar ao redor e observar a “ira” do impostômetro e a chibatada do outdoor que conclama o povo a ser honesto. Não há menção ao sonegômetro e a honestidade é conclamada, mas não praticada.

O FIM DO BRICS
       Milhares de compartilhamentos foram postados nas redes sociais anunciando o fim do acordo entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que visa à formação de um bloco econômico composto por Países emergentes. O referido bloco abarca uma população, ou um mercado consumidor, como queiram, de quase três bilhões de pessoas e um PIB nominal de 19 trilhões de dólares. Não é pouca coisa.
       Quando da formação do BRICS, o conglomerado bancário Americano, Tio Patinhas do mundo, o Morgan & Sachs, apressou-se em formar um “fundo” para financiar o desenvolvimento dos promissores Países emergentes evidentemente a juros módicos, conforme a boa política capitalista Americana.
       Com o passar do tempo e materializada a intenção do BRICS em criar seu próprio fundo de financiamento, o Morgan & Sachs tirou seu time de campo e fechou o tal fundo.
       A notícia, veiculada primeiro pelo reacionário jornal Folha de São Paulo, ganhou a mídia alternativa coxinha, e foi postada como símbolo do fracasso da política externa de Dilma Rousseff. Nem Índia e nem China com seus quase 2,5 bilhões de habitantes e um PIB de quase 15 trilhões de Dólares são capazes de aplacar o fervoroso desejo da elite reacionária brasileira de ver seu País indo para o buraco. Haja brasilidade nisso! Pode-se apostar, inclusive, que esta elite que quer ser dominante, torceu pela Argentina e gostaria de ver o Brasil fora da próxima copa do mundo. Tudo em nome de Dilma Rousseff e contra o PT.
 
GREVE DOS CAMINHONEIROS
       Essa é para rir e chorar. Na primeira greve, os caminhoneiros com o mote do impeachment, conseguiram atrair o apoio da elite, suas entidades, e agricultores, todos, invariavelmente, inclusive os próprios, beneficiários e aproveitadores das políticas de desenvolvimento que subsidiavam os juros para aquisição de caminhões, caminhonetes, caminhonetinhas, caminhonetonas, tratores, ceifadeiras, colheitadeiras, automóveis, tudo em nome da política de mais alimentos. Aos caminhoneiros em geral, era exigido que tivessem um caminhão, pelo menos, para financiar um novo. Foi uma festa. Foi bom enquanto durou. A greve produziu impactos, afetou a todos, e foi um tiro no pé dos apoiadores e dos agricultores. O governo, em nome da democracia, nada fez. Deixou a balsa navegar correnteza abaixo, rumo ao Salto Grande.
       Veio a segunda greve. Os mentores, cheios de experiência, transformaram o mote em pauta. Fora Dilma!
       A elite coxinha, que ainda não curou as feridas do pé, fez “boca chiusa”. A Dilma, não fala nada e talvez “ainda” pense na democracia. Pelo sim, pelo não, seu governo trata de cumprir a lei e multar quem tranca estradas. Não tem nada para negociar, pois a pauta é inegociável. Ela não vai renunciar, nem vai ser cassada. Só os caminhoneiros acham que derrubando a Dilma o frete e as estradas vão melhorar. O que irão conseguir que será um favor para o povo e as grandes construtoras, é a agilização na implantação de uma malha de transporte alternativo de longo curso, tal como ferrovias e hidrovias. Quem acha que o governo de um País como o Brasil não tem projetos, planejamento e estratégias, se engana.

MALUF E LULA ESTÃO REDIMIDOS
       Ninguém mais pode e nem tem o direito de citar Maluf ou Lula como mentirosos quando dizem não saber de nada sobre as acusações que lhes são feitas. Para tanto é só dar uma olhada nas declarações prestadas por Eduardo Cunha ao jornal Folha de São Paulo. Antes de iniciar o exercício, é bom esclarecer que Eduardo Cunha é presidente da Câmara Federal e é do PMDB.
       Na declaração ao jornal, Cunha diz que todo o dinheiro tem origem lícita, fruto de negócios que teria feito antes de entrar na vida pública, entre eles a compra e venda de carne enlatada para o exterior e investimentos em ações. Segundo ele, sua atuação no setor privado rendeu lucro de 2,5 milhões de dólares em dois anos.
Realmente, Eduardo Cunha é um anjo inocente, que não sabia possuir tanto dinheiro depositado nos bancos da Suíça. Parem de chamar o Maluf de mentiroso e acusar o Lula de não saber de nada.  

APOSTA

       Façam suas apostas senhores! Com a iminente saída da Associação São Camilo (de relevantes e competentes serviços prestados à população) do Hospital Regional, pode-se apostar todas as fichas na entrada do Instituto Lenoir Vargas Ferreira que já administra o Hospital Regional de Chapecó. O novo administrador tem como handicap a menor resistência às interferências políticas e maior conhecimento dos corredores palacianos. O povo... Bem, aí é outra história.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

DIZER E FAZER

Entre o dizer e o fazer, vai uma grande diferença.
A placa ostensivamente colocada na Avenida Willy Barth contendo dizeres de como obter um País melhor, pelo jeito não vale para todos.
Algumas instituições que se julgam acima de qualquer suspeita, pregam uma coisa e seus membros fazem outra.
Assim como se se incita o povo a ser honesto, é preciso praticar a honestidade desde a casa da gente, pelo menos para dar o bom exemplo. Se acaso algum membro da família destoar dos princípios defendidos, há que corrigir-lhe o rumo.

PASSANDO A LIMPO



A VERDADE DA COLENDA – Nas sessões que aprovaram a vergonhosa suplementação orçamentária de 8 milhões de Reais, diversos vereadores se manifestaram contrários ao projeto. O que não pode é criticar apontando as falhas e depois votar pela aprovação sem uma emendinha sequer. Isto é jogar para a torcida e comemorar um gol contra com a torcida adversária.
Os partidos políticos que elegeram estas personalidades terão que rever suas filiações. Do jeito que está não pode continuar. É assim que nasce o descrédito nos políticos e em seus partidos. Não estão querendo endireitar o Brasil? Pois então, vamos começar!

A VERDADE DO EXECUTIVO – Na cúpula do executivo municipal, em termos de orçamento e programação financeira, continuam cometendo os mesmos erros. Não há planejamento nem previsão e muito menos programação. Tudo é feito nas coxas igual aos charutos cubanos. Os orçamentos são cópia indexada do anterior. A previsão não é feita e a programação segue o manual de “aos amigos os favores”. A secretaria de planejamento continua preenchendo formulários e a de fazenda virou caixa de banco. Com a devida licença, continuamos com fumaça de trator e esterco de galinha. Contamos o tempo para trás, apesar de algumas ilhas de visionários, impotentes para mudar a prática.
       O projeto de suplementação recém aprovado é retrato de uma nau à deriva. Não tem bússola nem biruta. Seus camarotes estão lotados de piratas com seus papagaios. Cá entre nós: São Miguel do Oeste e Padre Aurélio Canzi, merecem algo melhor. É um desperdício para um município pólo microrregional, que tem o dever de ofício de ditar o rumo que a Região deve seguir. E deve fazê-lo a despeito do governo que mantém uma secretaria regional com esta finalidade e que se limita a gerenciar operações tapa buracos. Literalmente!

A VERDADE DAS VERDADES – A festança para comemorar a conquista do torneio regional pelo Clube Esportivo Guarany, foi além dos propósitos. Considerando o potencial do município em comparação com os demais concorrentes ao título, não se poderia esperar outro resultado.
       Entretanto, a festa se justifica por representar um ato de heroísmo. Conheço Celso Zilio há anos. Pessoa íntegra e determinada. Está presidente do CE Guarany por três mandatos, pelo Guarany e não por si próprio. Cercou-se de pessoas de sua estreita confiança. Prepara o clube para um salto maior.
       Mas está sozinho. O município, o governo, a cidade e a comunidade não escoram o projeto. Limita-se a lotar a arquibancada pagando R$ 15,00. É pouco para o tamanho da pretensão. Agora, na segunda etapa, é preciso escorar. Se isso não acontecer, o Índio Guarany naufraga na travessia do Rio Chapecó.
       Lembro da passagem das Termópilas: “Renda-te Leônidas, pois haverá tantas flechas sobre tua cabeça que não verás a luz do sol! – Melhor, lutaremos na sombra!!!” Este é o Celso Zilio, popular Této.

VERDADE DE ANTÔNIO FAGUNDES – Leio que o ator Antonio Fagundes insurgiu-se contra a preferência do público por lutas de MMA em detrimento das peças de teatro. Se considerarmos a importância do ator pelos papéis desempenhados, está coberto de razão. Se considerarmos o perfil da elite brasileira emergente, provida de dinheiro pelas ações dos governos que critica mas desprovida da boa cultura, a crítica é sem propósito.
O Brasil, de desenvolvimento tardio e excludente (repetindo o texto de Bresser Pereira), formou uma classe média que prefere a ostentação e a mobilização. Não dá a mínima para a cultura e o conhecimento. Também não dá preferência aos programas baratos por querer aparecer, mostrar que tem dinheiro. Por isso a preferência pelos programas caros, onde possa ostentar, aparecer e se projetar como elite emergente.  

A VERDADE DA JUSTIÇA – A revista Carta Capital desta semana traz matéria sobre a justiça brasileira e seus braços. Na matéria é abordada a gama de privilégios que vão do vergonhoso auxílio moradia até os auxílios taxi, livros, paletó e outros, criados para burlar o teto salarial. Por isso, a manchete da Revista classifica o judiciário como “caro e ineficiente”, porque consome 1,2 % do PIB e seus integrantes querem mais privilégios e mordomias.
       A matéria mostra o corporativismo do judiciário, colocando em xeque a lisura das decisões. A divulgação da situação nas hostes judiciárias visa salvaguardar o direito das pessoas. O descrédito, aliado ao dos governos e políticos, provoca a sensação de que a sociedade está entregue à sua própria sorte.
       Pontualmente, a matéria relata casos de juízes nativos onde parecem se sentir cidadãos especiais. O presidente do TJ de São Paulo, disse em entrevista à TV Cultura: “só aparentemente” o magistrado brasileiro ganha bem, pois a cada dia da semana tem de usar um terno diferente, uma camisa razoável e um sapato decente. Não é a toda hora que pode ir comprá-los em Miami.
       Goran Lambertz, um dos 16 ministros da Corte Suprema da Suécia disse que “luxo pago com dinheiro do contribuinte é imoral e antiético”. Ao comentar os privilégios dos colegas brasileiros foi impiedoso: “É inacreditável que juízes tenham o descaramento de ser tão egocêntricos e egoístas a ponto de buscar benefícios como auxilio alimentação e auxílio escola para seus filhos. Nunca ouvi falar de nenhum outro País onde juízes tenham feito uso de sua posição a este nível para beneficiar a si próprio e enriquecer”.
       Algumas defensorias públicas implantadas País afora estão em vias de compor o sistema judiciário pelos privilégios que têm, ao invés de estarem a serviço do cidadão desprovido de recursos e de justiça. Já não basta a seleção dos campos de atuação, onde algumas só atuam em casos específicos, assim mesmo demonstrando falta de empenho para com seus desafortunados pacientes. É o retrato da justiça elitista e patrimonialista.
       A moda das faculdades de direito é acenar aos futuros acadêmicos com a possibilidade dos concursos públicos, onde se pode ascender a boas posições sociais e enriquecer. Por conta disso, qualquer acadêmico de primeiro semestre já se acha togado, porque seus privilégios começam na distribuição das vagas de estagiário.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

JUSTICEIROS II

CASAN 
      Mais esta novidade: Sentença judicial em primeira instância diz que a CASAN poderá cobrar taxa mínima de água mesmo daqueles consumidores que não utilizam o serviço por terem outra fonte de abastecimento. Muito bem, é o que diz a lei.
     Mas peraí Doutor: E quando a gloriosa CASAN, como vem acontecendo sistematicamente, não dá conta de fornecer o precioso líquido, a quem o zé povinho deve recorrer na hora de puxar a descarga do vaso sanitário?
 

JUSTICEIROS




JUSTIÇA BRANCA E RICA
No dia 15 de outubro, a justiça Paulista libertou uma mulher de 28 anos responsável pelo atropelamento e morte de dois operários em pleno labor. A ré, branca e rica, poderá responder o processo em liberdade, após pagar fiança de 15 mil reais.
A justiça Catarinense mantém em prisão preventiva um jovem acusado do cometimento de um crime. O jovem possui residência e emprego fixos, é afro descendente, trabalhador e pobre. A justiça negou-lhe o pedido de liberdade provisória sob o argumento que o inquérito ainda não está concluído. Como se isso não bastasse, o juiz decretou a indisponibilidade dos bens do acusado para garantir o pagamento de uma possível indenização à família da vítima.
Belo gesto! Para libertá-lo, o inquérito ainda não foi concluído. No entanto, o acusado já foi condenado antecipadamente, estabelecendo aí um flagrante pré-julgamento do Juiz.
Que justiça é essa? Elitista e patrimonialista, que age sobre os mais fracos para proteger os mais fortes. Não é à toa que os dados do sistema carcerário brasileiro dão conta que a maioria da população é composta de negros e pobres.

E NÃO É SÓ
       Não é só a justiça que se mostra mais eficiente e célere contra os mais fracos. A maioria das instituições estatais ou paraestatais, tais como o Ministério Público, os Tribunais de Contas, as Polícias e outras, que em sua quase totalidade representam os aparelhos ideológicos e repressores do Estado são mais céleres no julgamento e execução de medidas contra os mais fracos.
       Ainda está muito presente a ação conjunta do Ministério Público e da Polícia Militar na feira livre de São Miguel do Oeste, quando com grande aparato bélico e militar realizaram uma operação para capturar alguns repolhos que não possuíam etiqueta de licenciamento e atestado de origem.
       Exemplos anteriores indicam que o também Ministério Público desencadeou uma ação obrigando os executivos municipais a assinarem um Termo de Ajustamento de Conduta para editarem uma lei que proibia a contratação de parentes dos prefeitos e vices, bem como dos vereadores, para exercer cargos de provimento em comissão. Não bastasse a ação ter-se iniciado pelo Extremo Oeste, junto aos municípios de menor expressão e parado por aí, as famigeradas leis editadas sob pressão atualmente são letra morta, isto é, ninguém mais as cumpre. A mesma Instituição que exigiu a edição da Lei aqui no velho Oeste e não fez o mesmo no litoral, hoje é incapaz de agir contra seu descumprimento.
       O que seria isto? Dar o exemplo? Efeito pedagógico? Se for esse último, alguém neste Estado é analfabeto funcional, pois a escola não atravessou o Rio Chapecó

MULHERES NEGRAS
Uma advogada e ativista de São Paulo, concluiu uma pesquisa de mestrado na PUC, na qual analisou o modo pelo qual rés negras são tratadas pelo judiciário. A pesquisa tinha o objetivo de oferecer uma análise de gênero, raça e classe sobre a distribuição desigual da punição no sistema de justiça criminal paulista e aprofundar a relação entre a feminização da pobreza e feminização da punição.
A análise oferece possibilidades de descentralizar os estudos sobre as prisões que têm privilegiado a perspectiva de classe social em detrimento de uma abordagem mais ampla e condizente com a realidade racial brasileira.

MAIS UMA
       Mais de cem pessoas foram processadas por ministérios públicos de diversos estados por pequenas doações para campanhas eleitorais em 2014. Essa situação é esdrúxula.
       As doações eleitorais de pessoas físicas são o centro do debate da reforma política. A prática pode se tornar ainda mais comum com a decisão do Supremo Tribunal Federal de proibir o financiamento empresarial de campanha.
Por lei, uma pessoa pode doar até 10% da sua renda para campanhas eleitorais. Ainda assim, pessoas que fizeram doações com valores entre R$15 e R$60 para a campanha eleitoral de 2014 foram processadas por Ministérios Públicos de diversos estados. Segundo relatos, o problema ocorreu com quem se declarou isento do imposto de renda em 2013, ou seja, recebeu até R$24.566,65 naquele ano.
Segundo entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, qualquer pessoa física pode doar até R$2.450, valor bem acima ao de várias doações sob investigação. Na falta de uma lei que estabeleça essa regra, porém, a decisão sobre processar os pequenos doadores fica a critério de cada promotor.
Um dos processados que doou R$ 50 para a campanha de um deputado estadual, é estudante e não tem renda no Brasil.

MAIS EM CIMA
       Mais recentemente o STF entrou em campo. Motivado pela idéia difundida e explorada pela elite dominante, aí incluída a imprensa reacionária, de que o Brasil não tem governo, o Supremo resolveu governar através de sua própria interpretação das leis.
Deu um pontapé no traseiro do Congresso Nacional (que diga-se de passagem, merece, pelo tanto de corrupção que vem sendo descoberta) e passou a dar entendimento às leis saídas deste mesmo congresso corrupto, a seu bel prazer.
Não há dúvidas que se o Brasil encontra-se em meio a insegurança econômica, a insegurança jurídica desencadeada pelo órgão máximo da justiça brasileira não se faz necessária de forma alguma.
Os togados que se consideravam logo abaixo de Deus, atualmente julgam-se o próprio.

MOÇÕES
       Encontro um amigo de longa data, também indignado com a quantidade de bobagens que brotam da nossa colenda câmara municipal de vereadores (letra minúscula, como de hábito).
       Sugere o amigo que alguém um pouco mais lúcido dentre os nove representantes do povo, proponha a votação e aprovação de uma moção do silêncio, onde os que não tiverem competência para propor ou discutir algo que contenha o mínimo de interesse público, se calem.  

ESPERA



À ESPERA DE UM MILAGRE



       Não se conhece com exatidão o ponto de partida da organização, em grupos homogêneos,  de países, para a solução de problemas comuns. Sabe-se com precisão que a ONU, por exemplo, surgiu com o objetivo de reconstruir o que a guerra havia destruído e que a ALALC (Associação de Livre Comércio das Américas) foi concebida para estabelecer áreas livres de gravames, o que, de certa forma, deu origem ao MERCOSUL.
       A história da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina), hoje organismo das Nações Unidas com sede em Santiago, é um pouco diferente, visto ter surgido no início do Séc. XX, para traçar os rumos do desenvolvimento Latino-Americano.
       Fiel aos seus objetivos, a CEPAL determinou que o desenvolvimento da América Latina, inclusive do Brasil, seria alcançado através da industrialização de bens de consumo duráveis. O diagnóstico da situação da época e o conseqüente prognóstico deram-se logo após a consolidação do sistema Republicano, mais precisamente no início do Século XX.
       Tal vaticínio também foi influenciado, em parte, pelo fim do ciclo do café e pelos sinais de exaustão da importância econômica das demais mercadorias exportadas, tais como borracha, açúcar, etc.
       A queda vertiginosa nos preços e nas exportações de café, o crack da bolsa e a conseqënte depressão econômica de 1929, proporcionaram o estabelecimento de governos totalitários, entre os quais a era Vargas, considerando-se seus dois governos.
       No primeiro governo (1930-1945), Vargas, que havia chegado ao poder pelo voto popular derrotando Washington Luiz, lançou as bases do desenvolvimento brasileiro recomendado pela CEPAL, implantando a Companhia Siderúrgica Nacional, a Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco. Preparou também o país para assumir o modelo de desenvolvimento preconizado pela CEPAL, criando a Justiça do Trabalho e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
       No seu segundo governo (1951-1954) seguindo sua política econômica desenvolvimentista e nacionalista, Vargas encetou a campanha O Petróleo é Nosso, criando daí a Petrobrás, e as demais Brás até hoje conhecidas.
       Em seu primeiro governo, para justificar os investimentos na infra-estrutura que serviria de base para o desenvolvimento, Vargas proferiu algumas palavras que soam aos ouvidos do povo brasileiro até hoje. Entre outras coisas, Vargas previu: “se o Brasil continuar exportando matérias primas, continuará sendo sub-desenvolvido”.
       Os tempos passaram, foi-se o Século XX. As matérias primas de 1930 já são commodities. Os países sub-desenvolvidos hoje são emergentes; A pobreza passou a chamar-se distribuição injusta da renda e o abandono do campo passou a ser migração. A política nacionalista de Vargas foi esquecida em nome da globalização. O fluxo de capitais, outrora promotores do desenvolvimento, promovem a injustiça e a especulação, deixando atrás de si um rastro de corrosão da já minguada Renda Per Capita.
       Porém, as palavras de Vargas continuam presentes: exportando matérias primas não se alcança o desenvolvimento! Ou ainda: não há melhoria na renda quando a economia baseia-se na produção primária.
       A propósito, recentemente, o IBGE publicou o ranking do Produto Interno Bruto per cápita dos municípios brasileiros. Os 100 primeiros colocados são municípios industrializados, cuja economia, via-de-regra, baseia-se na matriz energética. Por seu turno, os últimos colocados, aqueles que tem menor participação no PIB nacional são os essencialmente agrícolas.
       Especificamente nos municípios do Extremo Oeste Catarinense, não bastasse pertencerem à Meso Região Grande Fronteira do Mercosul, considerada deprimida economicamente pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o PIB per capita situa-se entre os piores do país, perdendo, evidentemente, para Tocantins, Maranhão e alguns Estados do Nordeste. No Sul, seguramente a Região mais desenvolvida do Brasil, ocupam as últimas posições.
       O estado de desigualdade no qual se encontram as Regiões menos desenvolvidas não pode ser debitado a outros que não sejam os governos. A ênfase dada a modelos retrógrados de desenvolvimento, a falta de planejamento para a transposição do ciclo extrativista e, fundamentalmente, a falta de incentivos para a exploração do potencial econômico da cadeia produtiva agrícola, agregando valor aos produtos primários, deixarem os municípios agrícolas na condição de subdesenvolvidos. 
       Nesta condição, acumulam-se os problemas de infra-estrutura, mostrando deficiências energéticas, de comunicações (especialmente estradas), tecnológicas, além da já constante falta de água, resultado de políticas de desenvolvimento extrativistas ou altamente poluidoras. Alie-se a isto a falta de investimentos em saúde e educação, obrigando as populações a buscar tais serviços em outros centros.
       Este quadro de atraso vem esvaziando a Região, obrigando os jovens a buscar oportunidades fora de seu habitat, esvaindo ainda mais as potencialidades que lhe permitiriam sair deste marasmo em direção ao desenvolvimento.
       Enquanto isso, onde as palavras de Vargas encontraram ressonância e houve visão de futuro, segundo o IBGE, mesmo municípios pequenos aparecem no topo da tabela com renda per capita próxima dos R$25.000,00, quando nos municípios agrícolas não passa de R$10.000,00.
Não bastassem os erros cometidos ao longo dos tempos, considerando-se o processo de industrialização tardia, característica brasileira, e todas as adversidades decorrentes da mal formação de um mercado consumidor interno com capacidade para absorver a produção, os governos locais persistem no erro ao oferecer incentivos fiscais e econômicos a empresas e atividades com baixo potencial gerador de empregos e renda e ao insistirem com políticas equivocadas de fixação do homem no campo mediante oferecimento de incentivos inóquos e momentâneos.
Os fundamentos para o desenvolvimento, que são os investimentos em infra-estrutura (água, energia, comunicações, tecnologia), ficam relegados a segundo plano, quiçá à espera de algum novo milagre.
As iniciativas de formação de grupos de agricultores, pequenas cooperativas de produção, industrialização e crédito, além da implantação de tecnologias apropriadas e adequadas às características de cada atividade, aliadas à disponibilização no mercado de profissionais com formação em agronegócios, embora a má vontade e a falta de conhecimento histórico dos governos locais que insistem na troca de favores, são sinais de que nem tudo está perdido e que a sociedade organizada pode suprir as falhas do próprio governo que se mostra ineficaz