TRAGÉDIAS
Peço antecipadamente desculpas àqueles
que efetivamente sofrem com as tragédias a que todos estamos sujeitos. No
entanto, o comentário é inevitável, ainda mais considerando o momento em que
vivemos, com a sujeira saindo por todos os buracos.
A queda do avião que vitimou a delegação da
Chapecoense comoveu o mundo esportivo. Manifestações de solidariedade e
respeito por parte de torcedores e aficionados por futebol foram mostradas em
todos os meios de comunicação. As imagens retrataram, e continuam retratando, o
sentimento de pessoas que mal conheciam as vítimas e muito menos seus
familiares.
No entanto, como estamos num país sem
vergonha, de oportunistas, dirigido por políticos de mau caráter, não faltaram
os focos estratégicos das câmeras televisivas nas lágrimas de algum político
que vislumbrou na tragédia a oportunidade de galgar um degrau mais alto na
política. Isto é profundamente lamentável. Os torcedores da Chapecoense, os
solidários na desgraça e as famílias das vítimas não merecem manifestações
dessa natureza. Com certeza acreditarão mais nos sentimentos manifestados no
anonimato. Esses são espontâneos e, aí sim, verdadeiros.
TRAGÉDIAS I
Este
colunista de banheiro não tem por hábito aderir a projetos de iniciativa
popular ou de instituições interesseiras, pois raramente produzem os efeitos
almejados. Quando chegam ao andar de cima da política, são adaptados aos
interesses privados dos segmentos de poder ou simplesmente são engavetados.
O exemplo mais recente é aquele que prevê
(ia) em dez itens, o processo e a criminalização de delitos de corrupção por
parte de políticos e agentes públicos.
Pois bem: aproveitando o oba-oba da
reforma política, o glorioso congresso nacional (letra minúscula sempre)
encaixou o tal projeto no da reforma política, adaptando os dez itens aos seus
interesses, de modo a livrá-los de uma possível condenação. E fez isso na
calada da noite, literalmente, pois o tal projeto foi votado em plena
madrugada. Aproveitou também o glorioso para por no (... ilegível) ombro dos procuradores públicos e dos promotores de
justiça, a possibilidade de virem a ser processados por abuso de autoridade.
Este é o glorioso congresso nacional, legítimo São Matheus ... primeiro os
meus!
TRAGÉDIAS II
Não morro de amores por procuradores
públicos e promotores de justiça, que por serem humanos, embora seu desejo de acertar
tenham lá seus pecadinhos. Não se pode esperar que sejam perfeitos!
Em primeiro lugar é preciso esclarecer
que procuradores públicos englobam os federais, estaduais e municipais, do
poder executivo, legislativo, judiciário e tribunais de contas e representam
advogados que defendem o Estado no poder executivo, legislativo, judiciário e
tribunais de contas. Os promotores públicos (Ministério Público) fazem parte do
poder judiciário e são os fiscais da lei e os defensores da sociedade.
Alguns destes, mais ou menos atuantes,
galgaram o cargo que ocupam através de influências políticas ou concursos
públicos legitimamente fraudados. E estão aí, no desempenho de sua função,
cheios de razão e travestidos de autoridade.
Não deixam de ter vieses preferenciais,
pois afinal têm compromissos de origem (no jargão político/legislativo fala-se
em “vício de origem”). Assim sendo, não é incomum a aplicação dos favores
da lei aos mais fortes e dos rigores da lei aos mais fracos, de acordo
com suas preferências político/ideológicas e de origem.
Vejo a reação da procuradoria pública e
do ministério público à aprovação em primeira instância no congresso nacional,
da reforma política. Nela, está sendo inserida a responsabilização de
procuradores, promotores e juízes por crimes de abuso de autoridade. Para nós,
leigos e sociedade geral, representa o nivelamento de comportamentos, fazendo
cumprir através da “enésima” lei, o dispositivo constitucional que reza: “Todos
são iguais perante a lei”! Esta prática é para embaralhar a lei...
O momento de turbulências por que passa o
país, demanda uma pequena reflexão. “Chegamos aonde chegamos, com uma
procuradoria pública e ministério público atuando implacavelmente no combate à
corrupção e por conta disso suscitando reações diversas da sociedade e da
classe política, porque só agora? Onde estavam estas instituições “acima de
qualquer suspeita” até a eclosão da operação Lava Jato onde nada investigavam
ou nada descobriam? Onde estavam estas instituições durante a investigação do
caso Anões do Orçamento; Navalha na Carne; Juiz Lalau e caso TRT; Jorgina de
Freitas; Fundos de Pensão; Banco Marcka; Vampiros da Saúde; Zelotes e
Banestado? Onde estavam quando as prefeituras contratavam mega shows envolvendo
artistas consagrados ou não, através de empresários locais? Será que estas
instituições não existiam à época? Mas essas instituições não são republicanas,
logo existem desde 1889?
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