sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

TRAGÉDIAS



TRAGÉDIAS
       Peço antecipadamente desculpas àqueles que efetivamente sofrem com as tragédias a que todos estamos sujeitos. No entanto, o comentário é inevitável, ainda mais considerando o momento em que vivemos, com a sujeira saindo por todos os buracos.
A queda do avião que vitimou a delegação da Chapecoense comoveu o mundo esportivo. Manifestações de solidariedade e respeito por parte de torcedores e aficionados por futebol foram mostradas em todos os meios de comunicação. As imagens retrataram, e continuam retratando, o sentimento de pessoas que mal conheciam as vítimas e muito menos seus familiares.
No entanto, como estamos num país sem vergonha, de oportunistas, dirigido por políticos de mau caráter, não faltaram os focos estratégicos das câmeras televisivas nas lágrimas de algum político que vislumbrou na tragédia a oportunidade de galgar um degrau mais alto na política. Isto é profundamente lamentável. Os torcedores da Chapecoense, os solidários na desgraça e as famílias das vítimas não merecem manifestações dessa natureza. Com certeza acreditarão mais nos sentimentos manifestados no anonimato. Esses são espontâneos e, aí sim, verdadeiros.

TRAGÉDIAS I
         Este colunista de banheiro não tem por hábito aderir a projetos de iniciativa popular ou de instituições interesseiras, pois raramente produzem os efeitos almejados. Quando chegam ao andar de cima da política, são adaptados aos interesses privados dos segmentos de poder ou simplesmente são engavetados.
       O exemplo mais recente é aquele que prevê (ia) em dez itens, o processo e a criminalização de delitos de corrupção por parte de políticos e agentes públicos.
       Pois bem: aproveitando o oba-oba da reforma política, o glorioso congresso nacional (letra minúscula sempre) encaixou o tal projeto no da reforma política, adaptando os dez itens aos seus interesses, de modo a livrá-los de uma possível condenação. E fez isso na calada da noite, literalmente, pois o tal projeto foi votado em plena madrugada. Aproveitou também o glorioso para por no (... ilegível) ombro  dos procuradores públicos e dos promotores de justiça, a possibilidade de virem a ser processados por abuso de autoridade. Este é o glorioso congresso nacional, legítimo São Matheus ... primeiro os meus!

TRAGÉDIAS II
       Não morro de amores por procuradores públicos e promotores de justiça, que por serem humanos, embora seu desejo de acertar tenham lá seus pecadinhos. Não se pode esperar que sejam perfeitos!
       Em primeiro lugar é preciso esclarecer que procuradores públicos englobam os federais, estaduais e municipais, do poder executivo, legislativo, judiciário e tribunais de contas e representam advogados que defendem o Estado no poder executivo, legislativo, judiciário e tribunais de contas. Os promotores públicos (Ministério Público) fazem parte do poder judiciário e são os fiscais da lei e os defensores da sociedade.
       Alguns destes, mais ou menos atuantes, galgaram o cargo que ocupam através de influências políticas ou concursos públicos legitimamente fraudados. E estão aí, no desempenho de sua função, cheios de razão e travestidos de autoridade.
       Não deixam de ter vieses preferenciais, pois afinal têm compromissos de origem (no jargão político/legislativo fala-se em “vício de origem”). Assim sendo, não é incomum a aplicação dos favores da lei aos mais fortes e dos rigores da lei aos mais fracos, de acordo com suas preferências político/ideológicas e de origem.
       Vejo a reação da procuradoria pública e do ministério público à aprovação em primeira instância no congresso nacional, da reforma política. Nela, está sendo inserida a responsabilização de procuradores, promotores e juízes por crimes de abuso de autoridade. Para nós, leigos e sociedade geral, representa o nivelamento de comportamentos, fazendo cumprir através da “enésima” lei, o dispositivo constitucional que reza: “Todos são iguais perante a lei”! Esta prática é para embaralhar a lei...
       O momento de turbulências por que passa o país, demanda uma pequena reflexão. “Chegamos aonde chegamos, com uma procuradoria pública e ministério público atuando implacavelmente no combate à corrupção e por conta disso suscitando reações diversas da sociedade e da classe política, porque só agora? Onde estavam estas instituições “acima de qualquer suspeita” até a eclosão da operação Lava Jato onde nada investigavam ou nada descobriam? Onde estavam estas instituições durante a investigação do caso Anões do Orçamento; Navalha na Carne; Juiz Lalau e caso TRT; Jorgina de Freitas; Fundos de Pensão; Banco Marcka; Vampiros da Saúde; Zelotes e Banestado? Onde estavam quando as prefeituras contratavam mega shows envolvendo artistas consagrados ou não, através de empresários locais? Será que estas instituições não existiam à época? Mas essas instituições não são republicanas, logo existem desde 1889?

       Como disse William Shakespeare em sua famosa peça Hamlet: “Há algo de podre no reino da Dinamarca”. Ou ainda, conforme provérbio Português: “Onde vai a corda, vai a caçamba”!

 

SENHORES DA REPÚBLICA

       Até pouco tempo, Rodrigo Janot era senhor da república por sua determinação no combate à corrupção. Com a ascensão do golpista corrupto Michel Temer e com a aprovação das mudanças feitas pelos deputados no texto original do Projeto de Lei 4.850/16 que trata das dez medidas de combate à corrupção, as alterações colocaram o País em marcha a ré no combate à corrupção e as 10 medidas não existem mais. Assim, Rodrigo Janot foi desbancado.

       Mas não estamos órfãos. Surge um novo senhor da república, não menos golpista e corrupto que seu criador. Trata-se de Gilmar Mendes, matogrossense filho de Diamantino com 20 mil habitantes.

       Gilmar Mendes é também empresário. Ex dono de uma faculdade em Diamantino, vendida ao estado do Mato Grosso por míseros 7,7 milhões de Reais. Sócio e administrador de quatro empresas em Brasília: O Instituto Brasiliense de Direito Público; Instituto de Pesquisas Jurídicas e Sociais de Brasília; IDP, Cursos e Projetos e Sociedade Jurídica de Ensino.

Através dessas quatro empresas, ministra cursos, monta projetos, pratica a advocacia, e como não poderia deixar de ser no âmbito da corruptela que grassa em todas as portas de prédios públicos de Brasília e no resto do País, mantém polpudos convênios com municípios, com governadores municipais, estaduais e agora federal corruptos. Este é o Brasil e esta a Justiça que pune o povo.

 

 

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