LAVA JATO NA EDUCAÇÃO
Jair Bolsonaro, que
infelizmente está presidente da República Federativa do Brasil, não quer
assumir o cargo para o qual foi eleito. Prefere continuar em campanha. Ainda
não trocou os coturnos e a gandola por sapatos com terno e gravata, e por
consequência, continua revestido do espírito militar policialesco que lhe é
peculiar e, o que é pior, transfere-o a toda equipe de governo formada por seus
iguais.
Agora, como brinde de
carnaval, aparece com a bobagem da Lava Jato na Educação, como se ela própria
fosse um grande lixão que necessita ser lavado, banido, como se procede com um
caminhão que transporta porcos para o frigorífico depois que descarrega seus
passageiros.
Temos aí um presidente
da República, agora sim de bananas, a quem a caserna deve ter-lhe afetado os
poucos neurônios que possuía, para pretender banir da história a base
educacional brasileira que ele mesmo com seus antecessores fardados implantou há
mais de meio século.
ELE NÃO SABE QUE...
MEC/USAID é
o nome de um acordo que
incluiu uma série de convênios realizados a partir de 1964 durante o regime militar brasileiro, entre o
Ministério da Educação (MEC) e a
United States Agency for International Development (USAID).
Os Acordos MEC-USAID foram implementados no Brasil com a lei
5.540/68. Foram negociados secretamente e só se tornaram públicos em novembro
de 1966 após intensa pressão política e popular. Foram estabelecidos entre
o Ministério da Educação (MEC) do Brasil e a Agência dos Estados Unidos para o
Desenvolvimento Internacional USAID, para reformar o ensino brasileiro de acordo com padrões impostos
pelos EUA. Apesar da ampla discussão anterior sobre a
educação, iniciada ainda em 1961, essas reformas foram implantadas pelos
militares que tomaram o poder após o Golpe Militar de 1964.
A reforma mais visível ocorreu na
renomeação dos cursos. Os antigos cursos primário (5 anos) e ginasial (4
anos) foram fundidos e renomeados como primeiro grau, com oito anos
de duração. Já o antigo curso científico foi fundido com o clássico e
passou a ser denominado segundo grau, com três anos de duração. O
curso universitário passou a ser denominado terceiro grau. Essa
reforma eliminou um ano de estudos, fazendo com que o Brasil tivesse apenas 11
níveis até chegar ao fim do segundo grau enquanto países europeus e o Canadá
possuem um mínimo de 12 níveis.
Para a implantação do programa o
acordo impunha ao Brasil a contratação de assessoramento Norte-americano e a
obrigatoriedade do ensino da língua inglesa desde a primeira série do primeiro
grau. Os técnicos oriundos dos Estados Unidos criaram a reforma da educação
pública que atingiu todos os níveis de ensino.
Segundo Márcio Moreira Alves, crítico severo do acordo, O MEC-USAID, na verdade tinha como proposta
inicial privatizar as escolas públicas. Matérias como História tiveram sua
carga horária reduzida para que estudantes da época não tivessem seus olhos
abertos em relação à ditadura.
A implantação deste regime de ensino
também retirou matérias consideradas obsoletas do currículo, tais como:
Filosofia, Latim, Educação Política, cortou-se a carga horária de várias
matérias e inseriu outras como Educação Moral e Cívica.
Os líderes estudantis brasileiros
discordavam da ingerência de um país estrangeiro nos assuntos educacionais de
nosso país. Isto originou diversos movimentos reivindicatórios que foram
reprimidos pela máquina ditatorial brasileira. Em função do movimento
crescente, aliado a outras reivindicações, as organizações estudantis foram postas na clandestinidade.
A repressão então gerou assim uma
violenta oposição liderada por diversos setores contra os acordos MEC-USAID, o
que chamou a atenção da opinião pública mundial. Pressionado, o governo militar
acabou criando em 1968 um grupo de estudos encarregado de trabalhar na reforma
com uma proposta abrasileirada.
PROJETO DE MARKETING
A Lava Jato da Educação
é, na sua essência, um projeto de marketing de Jair Bolsonaro. É um truque para
criar um fato para nutrir sua imagem já abalada de paladino contra a corrupção
e, ao mesmo tempo, tocando em temas morais que alegram seu eleitorado.
A farsa do projeto é que
ele mistura gestão com corrupção e ideologia. Alega que o Brasil gasta muito em
educação, mas os resultados são pífios. Os resultados são mesmo ruins e, de
fato, revelam desperdício de recursos.
Não é preciso fazer uma
Lava Jato para saber, como já mostram centenas de relatórios, que o péssimo
desempenho está associado à falta de valorização do professor e carga horária
insuficiente.
A questão ideológica é o “calcanhar de Aquiles” deste governo
fascista. Ele entende(?) e acha, que as escolas são células comunistas que
precisam ser extirpadas. Para tanto não tardará a implantar nas escolas, tanto
públicas quanto privadas, uma sessão diária de ordem unida antes do início das
aulas. Talvez, com um pouco de sorte, as escolas americanas e as evangélicas
fiquem dispensadas dessa demonstração de patriotismo.
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