segunda-feira, 29 de março de 2021

SISTEMAS - 775 - 02.04.2021

 

SISTEMAS – 02.04.2021 – GC/Jaime Capra

 

       SALVADOR DA PÁTRIA    

       Foi preciso aparecer um salvador da pátria para tentar salvar o governo Bolsonaro. Ele pretende que entendemos a podridão do sistema e a motivação coordenada para expulsa-lo e manter os sanguessugas no poder.

       O “Messias”, que não é o conhecido, mas o novo salvador, chama-se Roberto Macedo Titular. É com esse nome que se apresenta, embora suas ideias sejam de um reserva pernas de pau. Abre o discurso culpando o “sistema” pelo fracasso deste governo impostor até aqui.

       Foi buscar nos últimos 40 anos as razões das dificuldades enfrentadas pelo ilustre presidente, atribuindo ao “sistema” formado por corporações de todos os matizes, a motivação para definir a podridão em que se transformou o nosso País.

       Sustenta que nesses 40 anos houve uma verdadeira apropriação do Estado pelos caciques que hoje continuam no poder. Afirma que houve um verdadeiro loteamento do Estado por parte dos políticos, que o dividiram em fatias, em forma de estatais ou cargos de comando, dando a cada parceiro, para que implantassem sistemas de apropriação e plantassem bases para seus projetos de poder.

       Sem qualquer constrangimento, ao longo de sua estória capciosa, o ilustre oficial só teve memória para o período em que o PT esteve no poder. Segundo ele, nos 40 anos citados, só houve loteamentos.        Lembro ao enganador, que neste curto período também foram governantes, além dos citados exaustivamente, João Batista Figueiredo, José Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e HHHHHHhhhhhHenriqueo atual, todos acima de qualquer suspeita (sic).

                            

       COMPORTAMENTOS  

       A ciência comportamental cobre várias disciplinas que estudam as ações humanas como a sociologia e a psicologia e também o comportamento humano no contexto de outras disciplinas como a economia e biologia.

       Nas últimas décadas a economia comportamental ganhou grande espaço na análise econômica. Com ajuda da psicologia, analisa as decisões econômicas e as financeiras.

       A economia comportamental contesta o princípio da racionalidade do ser humano. Argumenta que é limitada e muitas vezes leva a decisões equivocadas. 

       As decisões de Bolsonaro ficam mais por conta da intuição. São impulsivas e às vezes causam perplexidade, como ao divulgar um vídeo obsceno recentemente. Passando a um exemplo de sua gestão, após enviar ao Congresso seu projeto de reforma da Previdência Social, num encontro com jornalistas abordou a idade mínima de 62 anos proposta para a aposentadoria de mulheres e o valor de R$ 400,00 por mês previsto para antecipar aos 60 anos o Benefício de Prestação Continuada, devido a idosos carentes. Então admitiu que a idade mínima feminina poderia ficar mais próxima de 60 anos e o referido valor poderia ser ampliado. Ou seja, já cedeu antes de a negociação avançar.

       Bolsonaro também se descuida na busca de informações, agravando seu despreparo em vários assuntos. Não se espera que um presidente entenda de tudo, e racionalmente deve sempre se aconselhar com especialistas de sua confiança. Mas ele valoriza muito o aconselhamento de pessoas como Olavo de Carvalho e seus três filhos, mais inexperientes do que ele. Estes deveriam mesmo é cuidar dos próprios mandatos, pois é para isso que foram eleitos.

       Bolsonaro tem também vieses comportamentais que não se coadunam com seu cargo. Demonstra não gostar dos políticos brasileiros e do jogo político indispensável para aprovar matérias no Congresso, jogo esse que requer um compartilhamento de poder que Bolsonaro recusa até mesmo a seu próprio partido.

 

       RESISTÊNCIA

       Toda e qualquer mudança é complicada. Seja de casa, pessoal ou profissional, sair da zona de conforto é difícil, e por isso há uma forte resistência.

       A maioria das pessoas não se sente confortável ao perceber que suas atividades mudaram, que uma rotina foi alterada, e que necessariamente ela terá que aprender novas funções, exigindo dedicação e empenho além do que estava acostumada.

       A Gestão da mudança é a área da administração que estuda as constantes adaptações pelas quais qualquer empresa ou instituição deve passar para se manter firme, inclusive no setor público, foco deste comentário. Muitos governantes falham nesse ponto.

       Com as mudanças periódicas dos governos, quem não se adaptar vai ficando para trás e logo caem em desgraça perante seu povo.

       Nas trocas de governo é necessário envolvimento total da cúpula administrativa para que se torne realidade. Nesse ponto entra a filosofia, que não é apenas um "algo a mais" mas um modo de operar que deve ser implementado.

       Agora, se o governante sequer sabe o que é filosofia e acima de tudo quer retirar a disciplina das grades escolares, aí a coisa fica ainda mais difícil.

       As pessoas, subordinados, colaboradores e até o povo em geral, resistem às mudanças por vários motivos: primeiro, para não perder o controle de suas decisões; segundo, pelo excesso de incertezas ou trapalhadas dos superiores; terceiro, pelo elemento surpresa, quando as decisões são tomadas de afogadilho, sem lógica ou analise prévia dos reflexos; quarto, quando a decisão afeta outros departamentos que não estavam relacionados; e quinto, quando há ressentimentos antigos que ficam latentes até que surja a necessidade de cooperação.

       A solução para o problema da resistência às mudanças é uma só: conversar, conversar muito.

       Mas, vamos direto ao ponto: a interminável choradeira do presidente Jair Messias Bolsonaro, que de messias não tem nada, dizendo que o sistema (olha ele aí de novo) não o deixa governar, que o STF é vendido, que a imprensa é parcial, que o Lula é ladrão, etecetera e tal não passa de ignorância, melhor dizendo, falta de conhecimento. Nada melhor se poderia esperar de um governo (maioria dos principais assessores, ministros, etc.) especializados em ordem unida e desmontar e montar fuzis, sem qualquer qualificação para o cargo ou função que ocupam, para administrar um país das dimensões e importância de um Brasil, com mais de 210 milhões de habitantes.

       Internamente, o governo mesmo não se entende. A cada dia que passa abre-se uma nova frente de batalha. As boas maneiras, a parcimônia, a entonação da voz e o comportamento educado, sutil e objetivo passaram longe de Brasília, dando lugar ao rompante, às ameaças, aos gestos agressivos e, sobretudo, à falta da boa e eficaz educação.

       Até a próxima.

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