sexta-feira, 21 de setembro de 2018

TERCEIRO MUNDO

TERCEIRO MUNDO
Um dos recentes escritos desta coluna, traçou um paralelo
entre os tempos idos da ditadura, que os saudosistas insistem em
chamar de “período dos militares”, e a normalidade institucional o
que seria mais aceitável. O caminho para desenvolver o raciocínio,
foi o futebol, esporte mais popular no Brasil, e a vinculação das
conquistas e fracassos ao momento político da época.
Considerando que esta coluna desenvolve um trabalho
intuitivo, isto é, não científico e tampouco de jornalismo
investigativo, baseado na intuição e no sentimento opinativo de
cidadania, não tem a pretensão de provocar nos leitores a
unanimidade.
Sendo assim, como consta naquela matéria, segundo a opinião
deste articulista, a Copa do Mundo de 1970 foi ganha sob a mira de
mosquetes, rufar de tambores e batidas de borzeguins. Embora
tenha torcido veementemente pela vitória, este sentimento me
acompanha há bons quase cinquenta anos. Naquela época (1970) o
Brasil vivia um momento conturbado politicamente, o que viria a
refletir na seguinte copa do mundo, como todos sabem.
DESIGUALDADE NOS IGUAIS
Um articulista de ocasião (desses que só aparecem com seus
escritos, esporadicamente, quando necessário, para preencher um
espaço vago em algum jornal), compareceu há poucas semanas
num semanário local, sustentando que as copas do mundo não
sofrem qualquer influência política. Fez um extenso arrazoado,
estudando os resultados obtidos pela Seleção Brasileira desde 1958
até os dias atuais, e comparando-os com os respectivos momentos
políticos.
Não se deve menosprezar a capacidade de memória do
articulista, pois compareceu ao jornal com riqueza de detalhes, mas
nenhum que fizesse menção ao momento político vivido na época.
Muito menos referiu-se ao ambiente que cercou jogadores e
comissão técnica por ocasião das maiores conquistas, entre as
quais estão as de 1958 e 1962. Omitiu, isto sim a analogia dos
maiores fracassos, os quais, coincidentemente ou não, deram-se
nos períodos de maior recrudescimento da exceção, entre os quais
pode-se citar, sem sombra de dúvidas, 1994 e 1998.

Como dito acima, o articulista citado também não é cientista
social ou político. Trata-se de uma opinião, que embora não se
concorde, deve ser respeitada.
TERCEIRO MUNDISMO
Somos do terceiro mundo. Em tudo! Não são minhas estas
palavras, mas as adoto pois foram dadas ao entendimento de todos
pelo generalíssimo Antônio Hamilton Mourão, o mesmo que quer
ser vice-presidente da República Federativa do Brasil, pelo PRTB,
na chapa de Jair Bolsonaro.
O general estrelado disse que o Brasil herdou a indolência dos
índios e a malandragem dos africanos. O pensamento do vice de
Bolsonaro, remonta ao século XIX, quando se acreditava que a
totalidade de um grupo seria determinada por fatores tais como o
meio, o clima e a raça. Nessa linha de pensamento, o general acha
então que devido a indolência dos índios e a malandragem dos
africanos, o Brasil é aquilo que todos nós sabemos. E ele quer ser o
vice-presidente da República. O general Mourão recuperou uma
velha tradição determinista. Não se contentou em falar velhas
bobagens. Praticou o velho racismo transformado em pseudociência
pelos intelectuais europeus. Pobre Brasil.
TERCEIRO MUNDISMO II
“O mundo só se tornou viável porque antigamente as nossas
leis, a nossa moral, a nossa conduta era regida pelos melhores.
Agora são os canalhas ou os imbecis que estão fazendo a nossa
vida, os nossos costumes, as nossas ideias”.
O nosso desenvolvimento vem sendo ditado pelas práticas da
antiguidade, quando se explorava a natureza para garantir a
sobrevivência. Estamos chegando ao primeiro quarto do século XXI
e continuamos nos orgulhando do fracasso de nossa tecnologia e do
nosso conhecimento, para apregoar a vergonha de sermos o maior
exportador de commodities, coisa de país atrasado.
Os países desenvolvidos exportam conhecimento, tecnologia.
O terceiro mundo exporta mão de obra e produtos primários,
ficando com os resíduos de suínos, aves, vacas, que todos sabem o
que sobra, e resíduos da extração de minério de ferro e outros
minerais.
TERCEIRO MUNDISMO III

Nossos governantes são submissos a interesses internacionais.
Curvam-se diante de uma nota falsa de dólar. Vendem nossas
melhores empresas para que os lucros da exploração do povo
brasileiro vão para as bolsas de valores estrangeiras.
Vergonhoso exemplo é a criação de uma joint venture com
capital da Boeing americana (85%) e Embraer (15%) Esta
empresa, americana, passará a fabricar os aviões da Embraer,
enquanto esta se transformará num hangar mixuruca para guardar
sucatas.
Assim mesmo, o povo brasileiro que dorme sobre a maior
riqueza natural do planeta, contenta-se em mendigar um emprego
de salário mínimo, que já nem mais existe, e diverte-se com o
futebol e o carnaval. Assim mesmo há quem diga que o atraso
brasileiro se dá por conta das raças que formam a nação. E aí está
o vice do Bolsonaro para garantir isso, pois, afinal, temos orgulho
do nosso fracasso.
SOMOS OU NÃO TERCEIROMUNDISTAS?
Muitos dos investimentos que os bancos oferecem são apenas
formas diferentes de emprestar dinheiro para eles.  Quando você
investe em um CDB, LCI ou LCA está literalmente emprestando o
seu dinheiro para o banco. Até quando você deixa o seu dinheiro
parado na conta corrente ou na poupança, está fazendo um
empréstimo. Os bancos são grandes “máquinas” de pedir dinheiro
emprestado, pagando juros baixos, para emprestar esse mesmo
dinheiro para outras pessoas e empresas cobrando juros altos.
Lembre-se que os bancos não deixam seu dinheiro parado em
um cofre de segurança máxima, esperando você precisar dele.
Isso é uma fantasia que muitos ainda carregam.
*Coluna disponível também em meu blog www.jaimecapra.blogspot.com/

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