sábado, 29 de setembro de 2018

DEBATES (DES)INTERESSANTES


DEBATES (DES)INTERESSANTES 
Nos debates entre os candidatos a Presidente da República organizados pela imprensa brasileira, grandes propostas necessárias para tirar o País do marasmo em que se encontra foram escassas.
Os candidatos, em sua grande maioria, limitaram-se a apontar assuntos sobre saúde, educação, segurança, economia e outras querelas. Pouco se pode ouvir sobre os grandes temas, cujas ações são necessárias para elevar o Brasil a um patamar compatível com sua grandeza territorial e populacional. Nada foi dito sobe política globalizada, relacionamento com os grandes blocos econômicos, fortalecimento do Mercosul e do BRICS. As ações e o esforço dos governos anteriores para introduzir o Brasil na sala de discussões sobre os grandes temas globais, está sendo jogado no lixo, primeiro por este governo impostor que aí está, e em segundo lugar pelas nossas lideranças políticas e empresariais. Nunca, na história deste País, se viu carestia tão grande de lideranças e autoridades capazes de transmitir confiança e garra ao povo brasileiro.

UNIFORMIZADOS
Todos falam as mesmas coisas. Estão uniformizados, bem ao estilo Bolsonaro. De coturnos, borzeguins, polainas, quepe e gandola, igual a um pelotão de infantes que o Bolsonaro quer ver comandando o Brasil Varonil e seus mais de 200 milhões de habitantes.
Pobre povo que acredita que mosquetes ainda conseguirão colocar o Brasil de pé. Mal sabe que os mosquetes que o candidato desvairado quer impor ao som da marcha militar, são sobra da Segunda Guerra Mundial que acabou em 1945.
O uniforme que todos os candidatos usam nos debates, é a geração de emprego, obsessão de Governo de todos, desde o primeiro dia.
Também não faltam acusações mútuas de quem teria colocado o impostor Temer na presidência da República. Agora que a m. está feita, ninguém é o responsável. É a velha história: “os culpados sempre serão os outros”, ou “o inferno são os outros”, segundo Sartre. “Quem botou o Temer lá, foram vocês. O Temer traiu a Dilma e só chegou à Presidência por causa da oposição, com o seu apoio”, sentenciou um dos candidatos. Aí a prova que “o inferno são os outros”.

SALVAR OS POBRES
A salvação do pobre começa pela escola. Abrir as portas das universidades para os jovens trabalhadores e fortalecer o ensino médio para que mais gente possa chegar à universidade, é o desejo de todos os candidatos.
Todos os programas sociais dos governos anteriores deverão ser mantidos e ampliados. Esta é a principal promessa cata votos. O orçamento federal deverá garantir os programas.
Mas como assim, se fora dos estúdios das emissoras de rádio e televisão e fora das redações dos jornais, todos os candidatos atribuem aos programas sociais a responsabilidade por ter quebrado o País. Agora, em função da campanha eleitoral, os programas sociais são a salvação dos pobres.  Vai acreditar nisso!

INSISTIR
       É preciso insistir. Jair Bolsonaro não é um candidato como outro qualquer. É pior. Ele é uma mentalidade, uma visão de mundo obscurantista. Uma maneira de ver as coisas em preto e branco que salta do mundo das ideias para uma triste realidade manipulada. O seu método de leitura do que acontece na vida é a simplificação. Torna o complexo falsamente simples por meio de uma redução a zero dos fatores que adensam qualquer situação. Se há violência contra os cidadãos, que cada um receba armas para se defender. Se há impunidade, que a justiça seja sumária e sem muitos recursos. Se há bandidos nas ruas, que a polícia possa matá-los sem que as condições de cada morte sejam examinadas. Se há corrupção, que não se perca tempos com processos.
Bolsonaro encarna o pensamento do homem “medíocre”, o homem mediano que não assimila explicações baseadas em causas múltiplas. Se há miséria, a culpa é da preguiça dos miseráveis. Se há crime, a culpa é sempre da má índole. Se há manifestações de rua, é por falta de ordem e de regras rígidas que impeçam de atrapalhar o trânsito. A sua filosofia por excelência é o preconceito em tom de indignação moral, moralista. A sua solução ideal para os conflitos é a repressão, a cadeia, o cassetete. Bolsonaro corporifica o imaginário do macho branco autoritário que odeia o politicamente correto e denuncia uma suposta dominação do mundo pelos homossexuais. É o cara que diz com pretensa convicção: “Não se pode mais ser homem neste país. Vão nos obrigar ser gays”; “Os comunistas estão batendo na porta. Precisamos resistir”.

REPESENTATIVIDADE
Ele representa a ideia de que ficamos menos livres quando não podemos fazer tranquilamente piadas sobre negros, gays e mulheres. Bolsonaro tem a cara de todos aqueles que consideram índios indolentes, dormindo sobre latifúndios improdutivos, e beneficiários do bolsa família preguiçosos que só querem mamar nas tetas do Governo. Bolsonaro é o sujeito desinformado que afirma que na ditadura não havia corrupção, ignorando que os casos se acumulavam encobertos pela censura. É o empresário ambicioso e inescrupuloso que se for para ganhar mais e mais dinheiro abre mão da democracia, elogia a ditadura de Pinochet e ignora direitos. É o produtor que vê exagero em certas denúncias de trabalho escravo. É o homem que acha normal chamar mulher de vagabunda. O eleitor padrão de Bolsonaro sonha com uma sociedade de homens armados nas ruas, sem legislação trabalhista, sem greves, sem sindicatos, sem liberdade de imprensa.
O projeto de Bolsonaro é o retorno a um regime de força por meio de voto.


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