sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

AS ÚLTIMAS


OPINIÃO – JAIME CAPRA
AS ÚLTIMAS

       Esta é para ver se Deus realmente está acima de tudo, como diz o nosso presidente. O Ministério Público Federal cobra R$ 98 milhões por dívida de impostos da Igreja Universal. A instituição de Edir Macedo contestou a competência do Ministério Público Federal em cobrar a dívida, alegando ser da Receita Federal essa competência.

       O MPF foi autorizado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região a cobrar da Igreja Universal do Reino de Deus o valor de R$ 98,3 milhões em impostos. No recurso, o MPF defende que a isenção de impostos dos templos só é referente às finalidades essenciais da atividade religiosa, não sendo possível excluir da tributação os valores vindos de outras atividades, como compras de bens e imóveis sem qualquer vínculo com a igreja. A Universal contestou a competência da Procuradoria em cobrar a dívida, alegando ser da Receita Federal. Ao analisar o caso, o relator, juiz Marcelo Albernaz, concluiu que o MPF tem razão em seus argumentos e determinou o retorno dos autos para a primeira instância para que seja proferida nova decisão.


HISTÓRICO
A igreja Universal do Reino de Deus foi fundada por Edir Macedo na década de 1970. Liderada por ele até hoje, a instituição, segundo dados do IBGE, tem mais de 6 mil templos no Brasil e aproximadamente 1,8 milhão de fiéis. A Universal ainda possui uma rede de rádio, um jornal e uma revista, além do controle da Rede Record de Televisão. Em 2014, a IURD inaugurou o Templo de Salomão, obra suntuosa no bairro do Brás, em São Paulo. A construção do edifício foi investigada pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo e pela Receita Federal.

NOVOS AGREGADOS
       É de lamentar profundamente o novo desastre ecológico que vitimou 360 pessoas entre mortos e desaparecidos e um sem número de outras vítimas que sofreram perdas patrimoniais, financeiras, sociais, além de danos psicológicos.
       Em cima do recente desastre de Mariana, que não serviu de lição, o rompimento da barragem de Brumadinho, embora o menor volume de rejeitos, provocou um dano infinitamente maior.
       Os rejeitos deixados pela extração de minério de ferro, armazenados em barragens, não são um lixo qualquer. Além do efeito devastador, contém minério de ferro, sílica e água, mais pesados que a lama comum, mas extremamente danosos para a natureza, pessoas e animais.
       O modelo de barragem utilizado em Mariana e Brumadinho, dentre outros, é o mais vulnerável, portanto menos seguro. É mais utilizado por custar menos para o minerador. Seguindo o ditado “porta arrombada, tranca de ferro”, este modelo de barragem está proibido. Mas como estamos no Brasil, as que já foram autorizadas ficarão funcionando, esperando fazer novas vítimas.

MODELO ECONÔMICO
       O Brasil ainda não se livrou do modelo econômico extrativista iniciado com o descobrimento no ano de mil e quinhentos. Acabaram o pau brasil, ouro, prata, pedras preciosas, florestas e atualmente estão avançando sobre as montanhas e o pré-sal. Se nós, os brasileiros, estivéssemos fazendo isto e nos beneficiando, tudo bem, mas quem está acabando com nossa natureza são os que preservam a sua e destroem a nossa.
       O problema não é nosso. É dos ecochatos denunciados por sua excelência o dono da Havan. Esse é o modelo de empresário que o Brasil do Bolsonaro precisa.
       A propósito, o ilustre vice-presidente no exercício da presidência, doutor general da reserva Hamilton Mourão (ou seria moirão de cerca? A Dilma era poste) disse que se há culpados por Brumadinho, são as pessoas, não as empresas. Belo gesto, senhor Moirão! Acrescentou mais, dizendo que é preciso preservar as empresas! Isto mesmo! As pessoas podem se f... As empresas não. A Vale, os desmatadores da Amazônia, os frigoríficos que espalham esterco por toda a superfície terrestre, tem que ser preservados. Parabéns Moirão! Aliás, perceberam que os países mais ricos não querem indústrias poluidoras? Isso fica para nós, pobres e subdesenvolvidos.
Nesses 518 anos de Brasil, várias revoluções industriais passaram ao largo sem que produzissem efeitos tecnológicos nessa terra de Cabral. Por aqui ficou a fumaça da locomotiva, o rejeito da mineração e o esterco da carne.



UM BOM AJUDANTE
       Por enquanto (depois o titular assume) o atual governo tem mais um especialista em economia e desenvolvimento.
       Indicado por Paulo Guedes para chefiar a Secretaria Geral de Desestatização, Salim Mattar será responsável pelas privatizações que serão realizadas pelo novo governo.
       Começou sua missão dizendo estar muito honrado com o convite de Paulo Guedes (?) a quem conhece há quase 30 anos.
       Diz ser um liberal a favor da redução do tamanho do Estado para desonerar o contribuinte. Para começar, pretende manter como empresas estatais federais apenas três: o Banco do Brasil, a Caixa e a Petrobrás. Belo gesto para quem está começando.

FINALMENTE CHEGARAM
       Os israelenses chegaram com seus sonares, drones e alta tecnologia, para ajudar desenterrar os mortos de Brumadinho. De salvar os vivos pouco entendem.
       Vieram compensar o bom relacionamento comercial que esperam incrementar com o Brasil. Importam carne, pedras preciosas e cabelos humanos e nos vendem drones remédios, circuitos integrados, equipamentos médicos e alta tecnologia. A balança comercial com Israel é de dois para um. Para cada dólar exportado, o Brasil importa dois. Vem aí negócios envolvendo tecnologia para dessalinização de águas, o que vai tirar o Nordeste da sede e da fome.  

Nenhum comentário: