757 - COMPLEXO DE VIRA LATAS
COMPLEXO DE VIRA-LATAS é uma expressão criada
pelo dramaturgo e escritor brasileiro Nelson Rodrigues, a qual
originalmente se referia ao trauma sofrido
pelos brasileiros em 1950, quando a Seleção brasileira foi
derrotada pela Uruguaia na final da Copa
do Mundo em pleno Maracanã.
O Brasil só teria se
recuperado do choque em 1958, quando ganhou a Copa do Mundo pela primeira vez. Para Rodrigues,
o fenômeno não se
limitava somente ao campo futebolístico.
Complexo
de vira-lata é também a inferioridade em que o brasileiro se coloca,
voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas,
que cospe na própria imagem.
A ideia de que o povo
brasileiro é inferior a outros ou degenerado não é nova e
data pelo menos do século XIX, quando o conde francês Arthur
de Gobineau desembarcou em 1845 no Rio
de Janeiro e chamou os cariocas de
"macacos".
Nas décadas de 1920 e 1930, várias correntes de pensamento digladiavam-se
quanto a origem desta suposta inferioridade. Alguns proclamavam que a miscigenação era a
raiz de todos os males e que a raça branca era
superior às demais. Outros afirmavam que a inferioridade era um problema
de ignorância,
não de miscigenação, tese recuperada recentemente. Manuel Bomfim também
foi um notável contestador dessa tese em seu livro A América Latina:
Males de Origem.
Em 1903, Monteiro Lobato revela-se pessimista com o
potencial do povo brasileiro, por ele assim definido: “O Brasil, filho de pais
inferiores destituídos desses caracteres fortíssimos que imprimem um cunho
inconfundível em certos indivíduos, como acontece com o alemão, com o inglês,
cresceu tristemente dando como resultado um tipo imprestável, incapaz de
continuar a se desenvolver sem o concurso vivificador do sangue de alguma raça
original.
No campo científico o País é conhecido por suas criações inventivas como o aeróstato, a máquina de escrever, o avião e os automóveis bicombustíveis. Embora isto, o Brasil jamais teve sua produção científica reconhecida através de um Premio Nobel, enquanto outros países sul-americanos tais como Argentina e Venezuela, já conquistaram o seu.
Embora reconhecendo que a produção científica brasileira sofre de "limitação de recursos e de ambição intelectual", ainda assim há certo otimismo quanto ao futuro da pesquisa no país, concluindo que "é difícil prever quando um brasileiro ganhará o Nobel e que importância isso poderá ter para o país. Se redimir nosso complexo de vira-lata científico, terá inestimável valor". O Brasil estaria assim, desejoso de ser reconhecido como igual no concerto das nações, mas tropeçaria sucessivamente em sua baixa auto-estima, reforçada pelos incidentes folclóricos e outros do mesmo gênero: "a capital do Brasil é Buenos Aires", "os brasileiros falam espanhol" etc, sucessivamente cometidos pela mídia e autoridades estrangeiras.
ENTREGUISMO,
é o preceito, mentalidade ou prática político-ideológica de entregar recursos
naturais de uma nação para exploração por entidades ou empresas de outros
países ou de capitais internacionais. É um dos instrumentos de auto-reprodução
de uma sociedade de elite. O entreguismo consiste na desnacionalização
sistemática da indústria, especialmente de setores considerados segmentos
ideológicos, políticos ou estratégicos como setores-chave da indústria de
produção. A posterior remessa de lucros
decorrente dessa entrega se constitui numa das parcelas da expatriação do
excedente econômico de um país, e a delegação do controle administrativo dos
setores estratégicos da economia impede o surgimento de forças internas que
eliminem os entraves ao seu desenvolvimento, e que alterem a reprodução
do complexo de vira-latas.
O termo entreguismo tem suas origens relacionadas às disputas
políticas pelo petróleo no Brasil, na década de 1950.
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