segunda-feira, 15 de novembro de 2021

VAGABUNDOS, VAGABUNDAGEM – 790 em 08.10.2021 por Jaime Capra A erradicação definitiva da pobreza, no capitalismo, é uma falácia. 1.No Brasil, vagabundo é um insulto que significa uma pessoa que não trabalha, não gosta ou se recusa a ter um ofício ou executar qualquer outra atividade, um vadio. No entanto, o sentido original da palavra, que é o utilizado noutros países de língua portuguesa, é o de uma pessoa que leva uma vida itinerante, viajando de lugar em lugar e podendo viver de pequenos trabalhos que encontra ou de esmolas, como um mendigo. Ressalte-se que um vagabundo não é exatamente um mendigo, já que estes últimos permanecem no mesmo lugar e vivem exclusivamente de esmolas. Ao responder a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, Bolsonaro afirmou que ela está defendendo direitos humanos de vagabundos. A palavra que ofende a todos e qualquer um não tem a conotação pejorativa atual. A um, porque no mundo, especialmente no Brasil, a verdadeira vagabundagem, de acordo com o real sentido da palavra, não é tão numerosa quanto muitos querem fazer entender. A dois, porque muitos portadores de algumas destas características, são injustamente tratados por “vagabundos” porque não tem emprego, nem trabalho fixo. É normal ouvir a expressão “vai trabalhar vagabundo” saída da boca de quem se acha superior por ter alguma posse mais representativa, em confronto com quem não tem. 2.É preciso definir esta questão: E quando se quer achincalhar algum desafeto ou que incomoda, que não tem trabalho fixo, um diarista ou tarefeiro nômade ou mesmo um andarilho, como se deve xingar? Calma aí gentes. Vamos por partes... dizia Jack o Estripador (quem assistiu ao filme?). Vamos primeiro tentar saber de onde vem a vagabundagem que só os abastados enxergam. 3.CAPITALISMO: PRODUTOR DE RIQUEZA E DE POBREZA. Bruno Conti (excerto) https://brasildebate.com.br/o-capitalismo-produtor-de-pobreza-e-a-reacao-do-povo-grego/ O Capitalismo produz tecnologias a serviço da humanidade, mas enquanto produz ostentação para alguns, produz escassez e miséria para outros. O que parece contraditório nada mais é do que o próprio modo de funcionamento do sistema. No mesmo ato de geração de riqueza, o capitalismo produz e reproduz pobreza. E é exatamente por isso que essa pobreza é inaceitável, pois não resulta de acidentes naturais ou falta de recursos. É uma pobreza produzida e reproduzida incessantemente, nas periferias das grandes cidades e do mundo. Isso leva a uma constatação muito forte, mas esclarecedora: a erradicação da pobreza, no capitalismo, não será jamais definitiva. E o momento atual escancara essa constatação, já que, no coração dos países tidos como desenvolvidos, o capitalismo está novamente criando pobreza. Na Europa Ocidental, referência do Estado de Bem-Estar, o capitalismo, em pleno século 21, produz de novo pobreza em massa, o que nunca deixou de produzir. É evidente que essa pobreza não acomete a todos – isso também faz parte do modo de funcionamento capitalista –, mas, na periferia da zona euro, verdadeiras multidões são arremessadas a uma condição de elevada vulnerabilidade econômica e social. E a causa não é uma guerra, nem tampouco uma catástrofe natural, mas apenas e tão somente uma crise econômica. Uma crise profunda, mas, ainda assim, uma crise construída pelo próprio capitalismo. Para solucionar a crise, foi escolhido como remédio simples e nada inédito a imposição da austeridade fiscal, condicionando todo tipo de auxílio financeiro à “disciplina orçamentária” dos diversos governos nacionais. Afinal, a queda nos gastos públicos tornaria mais viável o pagamento das dívidas. Tem início, então, a crônica de uma tragédia anunciada. O caso da Grécia é o mais eloquente e os efeitos da crise com austeridade são devastadores. O PIB grego é hoje 30% menor do que era antes da crise. A taxa de desemprego mais do que triplicou de 2008 até agora, alcançando a marca de 27,5%. Entre os jovens com menos de 25 anos, essa taxa atinge inacreditáveis 55,3%. Em função disso, muitos gregos estão saindo do país, em busca de trabalho e dignidade. Falta de recursos? Não. Isso é simplesmente a pobreza sendo re-produzida pelo próprio capitalismo. Nada diferente do que já ocorre na imensa maioria dos países do mundo, especialmente na África, Ásia e América Latina. Mas chama a atenção porque mostra que a erradicação definitiva da pobreza, no capitalismo, é uma falácia. E se essa erradicação da pobreza, dentro do capitalismo, não será nunca definitiva, como empenhar esforços para mantê-la minimamente perene? A própria Grécia dá a resposta: por meio das lutas sociais. O contexto grego revela, infelizmente, a força do capitalismo produzindo pobreza; e revela, felizmente, a força do povo reagindo a esse rebaixamento no seu padrão de vida. E no Brasil? O país é diferente e o contexto também, mas o remédio empurrado goela abaixo é o mesmo: a austeridade fiscal. E o risco inquestionável é que nos enredemos em um marasmo prolongado e que se retroalimenta, como aquele vivido hoje pela zona do euro, laboratório vivo e atual dos efeitos deletérios de uma política de austeridade em uma economia já combalida. Se essa dinâmica perversa ameaça o padrão de vida da população até mesmo na Europa, que diremos dos países periféricos? A melhoria verificada nos últimos anos no padrão de vida de parte importante da população brasileira não está de forma alguma assegurada. Ao contrário, está em xeque. Eficiente por excelência, o capitalismo rapidamente destrói as conquistas sociais pretéritas, sejam as mais antigas e amplas, como as europeias, sejam as mais recentes e restritas, como as brasileiras. E a única maneira de manter, aprofundar e ampliar conquistas é por meio do enfrentamento social.VAGABUNDOS, VAGABUNDAGEM – 790 em 08.10.2021 por Jaime Capra A erradicação definitiva da pobreza, no capitalismo, é uma falácia. 1.No Brasil, vagabundo é um insulto que significa uma pessoa que não trabalha, não gosta ou se recusa a ter um ofício ou executar qualquer outra atividade, um vadio. No entanto, o sentido original da palavra, que é o utilizado noutros países de língua portuguesa, é o de uma pessoa que leva uma vida itinerante, viajando de lugar em lugar e podendo viver de pequenos trabalhos que encontra ou de esmolas, como um mendigo. Ressalte-se que um vagabundo não é exatamente um mendigo, já que estes últimos permanecem no mesmo lugar e vivem exclusivamente de esmolas. Ao responder a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, Bolsonaro afirmou que ela está defendendo direitos humanos de vagabundos. A palavra que ofende a todos e qualquer um não tem a conotação pejorativa atual. A um, porque no mundo, especialmente no Brasil, a verdadeira vagabundagem, de acordo com o real sentido da palavra, não é tão numerosa quanto muitos querem fazer entender. A dois, porque muitos portadores de algumas destas características, são injustamente tratados por “vagabundos” porque não tem emprego, nem trabalho fixo. É normal ouvir a expressão “vai trabalhar vagabundo” saída da boca de quem se acha superior por ter alguma posse mais representativa, em confronto com quem não tem. 2.É preciso definir esta questão: E quando se quer achincalhar algum desafeto ou que incomoda, que não tem trabalho fixo, um diarista ou tarefeiro nômade ou mesmo um andarilho, como se deve xingar? Calma aí gentes. Vamos por partes... dizia Jack o Estripador (quem assistiu ao filme?). Vamos primeiro tentar saber de onde vem a vagabundagem que só os abastados enxergam. 3.CAPITALISMO: PRODUTOR DE RIQUEZA E DE POBREZA. Bruno Conti (excerto) https://brasildebate.com.br/o-capitalismo-produtor-de-pobreza-e-a-reacao-do-povo-grego/ O Capitalismo produz tecnologias a serviço da humanidade, mas enquanto produz ostentação para alguns, produz escassez e miséria para outros. O que parece contraditório nada mais é do que o próprio modo de funcionamento do sistema. No mesmo ato de geração de riqueza, o capitalismo produz e reproduz pobreza. E é exatamente por isso que essa pobreza é inaceitável, pois não resulta de acidentes naturais ou falta de recursos. É uma pobreza produzida e reproduzida incessantemente, nas periferias das grandes cidades e do mundo. Isso leva a uma constatação muito forte, mas esclarecedora: a erradicação da pobreza, no capitalismo, não será jamais definitiva. E o momento atual escancara essa constatação, já que, no coração dos países tidos como desenvolvidos, o capitalismo está novamente criando pobreza. Na Europa Ocidental, referência do Estado de Bem-Estar, o capitalismo, em pleno século 21, produz de novo pobreza em massa, o que nunca deixou de produzir. É evidente que essa pobreza não acomete a todos – isso também faz parte do modo de funcionamento capitalista –, mas, na periferia da zona euro, verdadeiras multidões são arremessadas a uma condição de elevada vulnerabilidade econômica e social. E a causa não é uma guerra, nem tampouco uma catástrofe natural, mas apenas e tão somente uma crise econômica. Uma crise profunda, mas, ainda assim, uma crise construída pelo próprio capitalismo. Para solucionar a crise, foi escolhido como remédio simples e nada inédito a imposição da austeridade fiscal, condicionando todo tipo de auxílio financeiro à “disciplina orçamentária” dos diversos governos nacionais. Afinal, a queda nos gastos públicos tornaria mais viável o pagamento das dívidas. Tem início, então, a crônica de uma tragédia anunciada. O caso da Grécia é o mais eloquente e os efeitos da crise com austeridade são devastadores. O PIB grego é hoje 30% menor do que era antes da crise. A taxa de desemprego mais do que triplicou de 2008 até agora, alcançando a marca de 27,5%. Entre os jovens com menos de 25 anos, essa taxa atinge inacreditáveis 55,3%. Em função disso, muitos gregos estão saindo do país, em busca de trabalho e dignidade. Falta de recursos? Não. Isso é simplesmente a pobreza sendo re-produzida pelo próprio capitalismo. Nada diferente do que já ocorre na imensa maioria dos países do mundo, especialmente na África, Ásia e América Latina. Mas chama a atenção porque mostra que a erradicação definitiva da pobreza, no capitalismo, é uma falácia. E se essa erradicação da pobreza, dentro do capitalismo, não será nunca definitiva, como empenhar esforços para mantê-la minimamente perene? A própria Grécia dá a resposta: por meio das lutas sociais. O contexto grego revela, infelizmente, a força do capitalismo produzindo pobreza; e revela, felizmente, a força do povo reagindo a esse rebaixamento no seu padrão de vida. E no Brasil? O país é diferente e o contexto também, mas o remédio empurrado goela abaixo é o mesmo: a austeridade fiscal. E o risco inquestionável é que nos enredemos em um marasmo prolongado e que se retroalimenta, como aquele vivido hoje pela zona do euro, laboratório vivo e atual dos efeitos deletérios de uma política de austeridade em uma economia já combalida. Se essa dinâmica perversa ameaça o padrão de vida da população até mesmo na Europa, que diremos dos países periféricos? A melhoria verificada nos últimos anos no padrão de vida de parte importante da população brasileira não está de forma alguma assegurada. Ao contrário, está em xeque. Eficiente por excelência, o capitalismo rapidamente destrói as conquistas sociais pretéritas, sejam as mais antigas e amplas, como as europeias, sejam as mais recentes e restritas, como as brasileiras. E a única maneira de manter, aprofundar e ampliar conquistas é por meio do enfrentamento social.

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