quarta-feira, 6 de maio de 2020

745 - CORRENTES MIGRATÓRIAS - 07.02.2020


745 - 07.02.2020 – Correntes Migratórias

Correntes migratórias é o termo usado para registrar a mobilidade das pessoas de um país, estado, região ou até mesmo domicílio para outro. Quando um indivíduo migra, ele se torna um emigrante. Emigrante: é toda pessoa que sai de um lugar de origem com destino a outro lugar.
As “Casas do Povo”, como os políticos gostam de referir o Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores, desde há muito tempo deixaram de sê-lo para se transformar num balcão de negócios visando interesses outros que não sejam especificamente do povo.
Sobretudo nesse momento, em que as eleições municipais estão aflorando na pele dos interessados em todos os lugares e até em Sanchas Parda, na Província de Caximbetê. As articulações, reuniões, projetos, manobras, jogadas, além de todas as espécies de malandragens estão sempre na “ordem do dia” das sessões legislativas em qualquer instância.
Isso mesmo, porquê daqui a pouco mais de dois anos haverá eleições nas esferas estaduais e federal, onde os eleitos desta serão excelentes cabos eleitorais no futuro.

Quem quiser ser candidato a algum cargo nas próximas eleições, tem prazo para mudar de partido. Isso porque de acordo com a legislação atual, o candidato precisa estar filiado a um partido político com antecedência mínima, de acordo com a Lei.
Isto provoca uma “corrida maluca” em busca de partidos que aceitem “desertores” ou quem proporcione a melhor opção em termos de “$uporte$ para a campanha.
Na Câmara Federal, o histórico de mudanças de partido é espantoso. Em algumas legislaturas recentes, chegou-se ao absurdo de 157 trocas de partido, sendo que alguns trocaram três vezes. Nesta, alguns deputados estão sem partido, assim como o próprio presidente da república, o nosso conhecido “jaboti”.
A reboque do enxame na câmara federal (letra minúscula mesmo!), o reflexo chega nas assembleias legislativas e câmaras de vereadores, até chegar em Sanchas Parda.
Para o cientista político da Universidade de Brasília, Otaciano Nogueira, as constantes mudanças partidárias desmoralizam a política e tem uma má repercussão no eleitorado. O eleitor elege alguém para um partido, três meses depois ele está em outro. Então ele está se desvinculando, pois quando você vota no candidato, está votando no partido também.
     
Existem trocas de partidos em outros Legislativos, como o Congresso americano, Parlamento Europeu e Legislativos da Itália e do leste da Europa, mas sua ocorrência nesses casos é rara e residual.
Não há nenhuma democracia no mundo, sem partidos. Legendas partidárias foram a resposta a dois problemas para decisões democráticas: evitar maiorias cíclicas e oferecer ao eleitor um mínimo de previsibilidade sobre o que fará seu representante ao longo do mandato.
Políticos costumam falar que no Brasil os partidos não importam mesmo e os eleitores votam "na pessoa e não no partido". Na verdade, ao trocar de partido, os representantes estão quebrando um dos pilares da democracia representativa. Quando a troca de partidos ocorre durante o mandato parlamentar, a consequência é uma alteração na correspondência entre votos e vagas, violando a regra básica da representação política, de que a distribuição de preferências dos eleitores constitua a medida para definir as oportunidades de acesso a postos públicos.

      Assim como em Sanchas Parda, aqui mesmo na terra do Padre Aurélio a realidade não é outra. Entrando no terceiro ano da atual legislatura, são poucas as pessoas que sabem qual o partido político de todos os vereadores. Os motivos são os acima expostos, com os agravantes do analfabetismo político dos eleitores e a “ignorância palaciana” dos nobres edis que se acham moradores do Palácio de Buckingham.  
A dança das Cadeiras, o Passarinho do Romano ou a Dança do Bolsonaro no Ceará, se equivalem ao que vem acontecendo na “colenda”. A ordem do dia foca em articulações para as próximas eleições. Poderiam os nobres edis privar o povo de ouvir baboseiras e articulações, inclusive as ridículas entrevistas coletivas para a imprensa, quando lá só comparece o entrevistado e um mísero entrevistador. Todos já sabem que o gran finale será “quase todos juntos pela reeleição”.
Fala-se tanto em valorizar o poder legislativo. Esta missão deve partir de quem quer ser valorizado, e para isso não basta manobras sutis, possibilidade ou não de renúncia de mandato, eleição de sucessor temporário, cujo efeito desejado é permanecer na mídia até o fechamento dos apoios necessários a manter o “status quo”.  
Não é despiciendo afirmar que continua-se contando com o analfabetismo político dos eleitores, mas é de bom alvitre atentar para a evolução da sociedade, da mídia, das redes sociais e sobretudo o descrédito nos políticos.
É sempre bom estar atento ao famoso ditado dizendo que “À mulher de César não basta ser honesta. Tem de parecer honesta”, proferido em 1º de maio de 62 a.C. na festa de Bona Dea (boa Deusa).
Até a próxima!


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