sábado, 18 de fevereiro de 2023

O FIM DA IMPRENSA ESCRITA? - 822 - 03-02-2023

 Por JAIME CAPRA

 

 

O FIM DA IMPRENSA ESCRITA?

Há dez anos começava uma nova era para o jornalismo. A imprensa escrita deve se reinventar, econômica e jornalisticamente. O jornal se tornou cada vez menos a mídia automática de antes.

Se para os grandes jornais a situação é esta, pode-se imaginar o que se passa com aqueles que tem edições semanais. A sobrevivência de jornais dessa natureza está calcada nos anúncios comerciais, nos assinantes que querem ter em casa um papel para a acender o fogo do churrasco de fim de semana. Isto acontece com os que tomam posições políticas, esquecem de sua missão de manter o sentido de bem informar independente de ideologias ou preferências políticas.

Os jornais com estas características estão fadados a desaparecer pela perda de seus melhores jornalistas e qualidade dos temas tratados, ou por insistir em chamar de “apedeuta” um presidente da República eleito por três vezes pelo voto popular. A bem da verdade, apedeuta é quem propaga serviços prestados na Amazônia e sequer menciona a herança maldita que ajudou a construir.

 

OS DESAFIOS PARA O JORNALISMO

Os mais importantes fatos jornalísticos depois da eleição, são as aglomerações de gente de verde e amarelo diante dos quartéis. Mas os fatos, disseminados pelo país, são ignorados pelos grandes jornais e muito mais pelos jornais locais. A grande imprensa, e a pequena também, poderiam tentar cobri-los, já que essa é uma tarefa para veículos que se dizem de comunicação, aí incluídas as emissoras de rádio sobretudo as de características regionais.

Por que os jornais e rádios não vão até as aglomerações para ouvir as pessoas que estão ali afrontando a Constituição e a democracia? Porém, se eventualmente forem, o farão não pela verdade, mas pela publicidade de acordo com sua ideologia. Sem essa cobertura, abrem mão de sua obrigação como concessão pública. É preciso saber quem são e o que pensam os que se aglomeram.

É simplório achar que uma cobertura daria voz a golpistas e que por isso não deve ser feita. Se fosse assim, o jornalismo ficaria em casa, falando de “apedeuta” porque a ilegalidade é a marca de fatos presentes no dia a dia dos repórteres no mundo todo. Jornalistas não lidam só com gente de bom senso ou com personagens de gestos altruístas e humanistas.

Mas é razoável pensar que a imprensa não cubra as aglomerações por medo das reações.Os próprios jornais sabem que as aglomerações são resultado da postura histórica da imprensa, principalmente desde 2016. O jornalismo golpista ajudou a fomentar as ações desse pessoal.

      A não-cobertura das aglomerações representa o fracasso do jornalismo e uma rendição à imposição do golpismo. A impossibilidade da cobertura que pode ser alegada pelos jornais e emissoras de rádio é a prova de que os ajuntamentos são ameaçadores e põem em risco o cotidiano da democracia. O jornalismo que entra, com todos os riscos, em cenários de guerra e em áreas dominadas pelo tráfico, não consegue frequentar os espaços controlados pelas aglomerações bolsonaristas. É a maior prova de que as reuniões diante dos quartéis não são expressões das liberdades, mas atentados contra a democracia. Não há liberdade em territórios interditados pelo extremismo e fechados ao acesso da imprensa.

 

O QUE O FUTURO RESERVA?

      Nessas circunstâncias, o futuro reserva o fracasso institucional da imprensa, especialmente a “imprensa marrom” tanto jornais quanto emissoras de rádio, assim denominada por veicular somente o que for de seu interesse político ou limitar-se a falar e transmitir comentários e jogos de futebol amador.

      São raros os casos de veículos de imprensa do porte destes que são o tema principal deste comentário, que, timidamente, mostram sinais que entenderam a mensagem que a atual situação lhes deixa, ou seja: que é negro seu futuro. O advento da Internet proporcionando acessar veículos de comunicação (rádios e jornais) de todo o mundo, funcionará como uma peneira por onde passará a qualidade das informações. Por todos os efeitos, pode-se advertir que para as pessoas minimamente interessadas em boas programações será muito mais fácil acessar veículos de qualidade nos grandes centros, que submeter-se aos locais interessados somente em vender publicidade. Não se pode olvidar o aspecto cultural, onde más informações reproduzem a ignorância, o que na situação atual do Brasil é pouco recomendável.

 

A COLENDA INOVADORA

      Conforme voz corrente, neste ano e nos próximos três “o privilégio de controlar a imprensa” é do governo Lula. Todavia, a colenda Câmara de Vereadores de São Miguel do Oeste, por meio de uma de suas mais expressivas lideranças, protocolou moção de apelo solicitando aos veículos de imprensa para que divulguem as informações que lhes interessam neste momento. Assim, não há outro resultado que não o fracasso do jornalismo regional, conforme explicitado acima nesta coluna; ademais, segundo informações, os jornais Washington Post, New York Times, The Economist, a rede de comunicação British Broadcasting Corporation, o italiano Corriere Della Sera, a Folha de São Paulo e O Globo já se manifestaram por não atender ao apelo do nobre edil.

Até a próxima!

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