Por JAIME CAPRA
O
FIM DA IMPRENSA ESCRITA?
Há dez anos começava uma
nova era para o jornalismo. A imprensa escrita deve se reinventar, econômica e
jornalisticamente. O jornal se tornou cada vez menos a mídia automática de
antes.
Se para os grandes
jornais a situação é esta, pode-se imaginar o que se passa com aqueles que tem
edições semanais. A sobrevivência de jornais dessa natureza está calcada nos
anúncios comerciais, nos assinantes que querem ter em casa um papel para a
acender o fogo do churrasco de fim de semana. Isto acontece com os que tomam posições
políticas, esquecem de sua missão de manter o sentido de bem informar
independente de ideologias ou preferências políticas.
Os jornais com estas
características estão fadados a desaparecer pela perda de seus melhores
jornalistas e qualidade dos temas tratados, ou por insistir em chamar de “apedeuta”
um presidente da República eleito por três vezes pelo voto popular. A bem da
verdade, apedeuta é quem propaga serviços prestados na Amazônia e sequer
menciona a herança maldita que ajudou a construir.
OS DESAFIOS PARA O JORNALISMO
Os mais
importantes fatos jornalísticos depois da eleição, são as aglomerações de gente
de verde e amarelo diante dos quartéis. Mas os fatos, disseminados pelo país,
são ignorados pelos grandes jornais e muito mais pelos jornais locais. A grande
imprensa, e a pequena também, poderiam tentar cobri-los, já que essa é uma
tarefa para veículos que se dizem de comunicação, aí incluídas as emissoras de
rádio sobretudo as de características regionais.
Por que os
jornais e rádios não vão até as aglomerações para ouvir as pessoas que estão
ali afrontando a Constituição e a democracia? Porém, se eventualmente forem, o
farão não pela verdade, mas pela publicidade de acordo com sua ideologia. Sem
essa cobertura, abrem mão de sua obrigação como concessão pública. É preciso saber
quem são e o que pensam os que se aglomeram.
É simplório
achar que uma cobertura daria voz a golpistas e que por isso não deve ser
feita. Se fosse assim, o jornalismo ficaria em casa, falando de “apedeuta” porque
a ilegalidade é a marca de fatos presentes no dia a dia dos repórteres no mundo
todo. Jornalistas não lidam só com gente de bom senso ou com personagens de
gestos altruístas e humanistas.
Mas é razoável
pensar que a imprensa não cubra as aglomerações por medo das reações.Os
próprios jornais sabem que as aglomerações são resultado da postura histórica
da imprensa, principalmente desde 2016. O jornalismo golpista ajudou a fomentar
as ações desse pessoal.
A
não-cobertura das aglomerações representa o fracasso do jornalismo e uma
rendição à imposição do golpismo. A impossibilidade da cobertura que pode ser
alegada pelos jornais e emissoras de rádio é a prova de que os ajuntamentos são
ameaçadores e põem em risco o cotidiano da democracia. O jornalismo que entra,
com todos os riscos, em cenários de guerra e em áreas dominadas pelo tráfico,
não consegue frequentar os espaços controlados pelas aglomerações
bolsonaristas. É a maior prova de que as reuniões diante dos quartéis não são
expressões das liberdades, mas atentados contra a democracia. Não há liberdade
em territórios interditados pelo extremismo e fechados ao acesso da imprensa.
O QUE O FUTURO RESERVA?
Nessas
circunstâncias, o futuro reserva o fracasso institucional da imprensa, especialmente
a “imprensa marrom” tanto jornais quanto emissoras de rádio, assim denominada
por veicular somente o que for de seu interesse político ou limitar-se a falar
e transmitir comentários e jogos de futebol amador.
São
raros os casos de veículos de imprensa do porte destes que são o tema principal
deste comentário, que, timidamente, mostram sinais que entenderam a mensagem
que a atual situação lhes deixa, ou seja: que é negro seu futuro. O advento da
Internet proporcionando acessar veículos de comunicação (rádios e jornais) de
todo o mundo, funcionará como uma peneira por onde passará a qualidade das
informações. Por todos os efeitos, pode-se advertir que para as pessoas
minimamente interessadas em boas programações será muito mais fácil acessar
veículos de qualidade nos grandes centros, que submeter-se aos locais
interessados somente em vender publicidade. Não se pode olvidar o aspecto
cultural, onde más informações reproduzem a ignorância, o que na situação atual
do Brasil é pouco recomendável.
A COLENDA INOVADORA
Conforme
voz corrente, neste ano e nos próximos três “o privilégio de controlar a
imprensa” é do governo Lula. Todavia, a colenda Câmara de Vereadores de São
Miguel do Oeste, por meio de uma de suas mais expressivas lideranças,
protocolou moção de apelo solicitando aos veículos de imprensa para que
divulguem as informações que lhes interessam neste momento. Assim, não há outro
resultado que não o fracasso do jornalismo regional, conforme explicitado acima
nesta coluna; ademais, segundo informações, os jornais Washington Post, New
York Times, The Economist, a rede de comunicação British Broadcasting
Corporation, o italiano Corriere Della Sera, a Folha de São Paulo e O Globo já
se manifestaram por não atender ao apelo do nobre edil.
Até a próxima!
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