sexta-feira, 13 de outubro de 2017

VOU-ME EMBORA



       “Vou-me embora pra Pasárgada, Lá sou amigo do rei. Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei. Vou-me embora pra Pasárgada.
       Vou-me embora pra Pasárgada, Aqui eu não sou feliz. Lá a existência é uma aventura De tal modo inconsequente Que Joana a Louca de Espanha, Rainha e falsa demente, Vem a ser contra parente Da nora que nunca tive.
E como farei ginástica, Andarei de bicicleta, Montarei em burro brabo, Subirei no pau de sebo. Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado Deito na beira do rio. Mando chamar a mãe d’água pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar. Vou-me embora pra Pasárgada.
Em Pasárgada tem tudo, É outra civilização, Tem um processo seguro De impedir a concepção. Tem telefone automático, Tem alcaloide à vontade, Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar.
E quando eu estiver mais triste, Mas triste de não ter jeito, Quando de noite me der, Vontade de me matar — Lá sou amigo do rei. Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei. Vou-me embora pra Pasárgada”.
       O famoso poema de Manuel Bandeira serve de exercício para os racionais que ainda sobrevivem nesta terra chamada Brasil. O maior desejo dessa gente séria e produtiva é sair e morar em qualquer lugar, que seja menos vergonhoso. Pode ser em Pasárgada, Sanchas Parda, Caximbetê ou mesmo aqui pertinho, onde a sacanagem ainda não chegou.

POR QUÊ?
       A colenda câmara de vereadores de São Miguel do Oeste aprovou por unanimidade uma indicação superior que pede a reforma do Plano Diretor do Município. Até aí, tudo bem. O problema é que a tal reforma vem à pedido da ACISMO e da CDL, que precisam muito. Até parece!
       Sempre se pensou que o Plano Diretor de uma cidade serve para organizá-la de modo a proporcionar bem estar à população, que é formada por pessoas, como o próprio termo já diz. Mas aqui nesta terra de especialidades, ao que parece, a população é formada por associações, câmaras, clubes, empresas, partidos, etc. O povo é mero tapete por onde desfila a soberba de meia dúzia de vendedores de chapéus. Vou-me embora prá Pasárgada!

PARA AS VIÚVAS DOS COTURNOS
       Seis pessoas foram condenadas por um esquema de corrupção dentro do 31º Batalhão de Infantaria Motorizada de Campina Grande. Conforme decisão da primeira instância da Justiça Militar da União, os envolvidos fraudavam contratos comerciais do quartel. De acordo com a decisão, foram condenados seis dos sete réus, sendo quatro militares, entre eles um sargento apontando como operador do esquema.
Em nota, o Comando Militar do Nordeste destacou que as condenações ocorreram "após investigação realizada por meio de Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado, na época das denúncias, pelo então Comandante do 31º BIMtz" e que "o Exército não compactua com qualquer tipo de irregularidade praticada no seu meio.

PARA AS VIÚVAS DAS GANDOLAS
O Ministério Público Militar criou um grupo para atuar no combate à corrupção nas Forças Armadas. O Núcleo de Combate à Corrupção investigará crimes cometidos por militares, que têm se sofisticado e deixou de ser algo isolado no Exército, Marinha ou Aeronáutica. O núcleo atuará em investigação financeira, combate a lavagem de dinheiro, corrupção e crime organizado.
       O crime cometido por militar hoje é mais sofisticado, mais complexo. A tecnologia ampliou as modalidades e formas de corrupção. E hoje envolve grandes contratos. Por isso é necessário criar ferramentas de apoio a essa investigação, principalmente nos casos de corrupção. E os crimes já não são mais localizados, se espalharam pelo país afora.

PARA AS VIÚVAS DO QUEPE
A portaria da Procuradoria-Geral da Justiça Militar que criou o núcleo diz que a corrupção que assola o país atinge várias esferas da administração pública, “inclusive a administração militar”, e que a investigação desses delitos requer complexidade. O procurador-geral de Justiça Militar explicou que o crime cometido pelos militares hoje está mais sofisticado e as investigações, a exemplo dos casos de corrupção no mundo civil, exigem cooperação e troca de informações com outros órgãos.
A capacidade das Forças Armadas de investigar crimes dessa natureza é insuficiente. Não conta com uma polícia judiciária especializada, como a Polícia Federal e a Policia Civil.

PARA AS VIÚVAS DOS CAPACETES
O Superior Tribunal Militar (STM) condenou quatro oficiais do Exército — três majores e um capitão — acusados de desvio de R$ 1,7 milhão do Centro de Pagamento do Exército, responsável pelos pagamentos da Força. O major, líder do esquema, cumprirá quase 10 anos de prisão, em regime fechado. O esquema envolvia 54 pensionistas laranjas em Brasília. A investigação revelou que muitos deles eram parentes de um dos oficiais. O crime ocorreu em 2002 e eles foram julgados somente em novembro de 2014. Em valor atual, o prejuízo foi de R$ 3,4 milhões.

PARA AS VIÚVAS DAS POLAINAS
       Os hospitais militares são alvos constantes de corrupção. Quatro militares foram denunciados pela Justiça Militar de Recife por recebimento de propina de uma empresa que prestava serviço de quimioterapia para o Hospital Militar de Área. A empresa pagou R$ 334,8 mil de vantagem indevida para continuar a ser fornecedora do hospital. Entre 2008 e 2010, essa empresa privada recebeu do hospital R$ 3,8 milhões pelos serviços prestados. Todos foram denunciados por corrupção.

PARA AS VIÚVAS DAS BAIONETAS 
Em setembro, foram denunciadas sete pessoas — três militares e quatro civis — que participaram de um esquema de desvio de dinheiro num batalhão de Campina Grande (PB), que pagou R$ 156 mil por materiais de limpeza, descartáveis e de expediente que nunca foram entregues. A quantidade comprada era incompatível com necessidade do batalhão. Um dos sargentos denunciados recebeu R$ 87 mil de propina, outro sargento, R$ 31 mil e um major, R$ 30 mil. Eles respondem por corrupção ativa.

Nenhum comentário: