>>- Nosso povo nem parece ser brasileiro. Sai em massa às ruas para o carnaval, festas juninas, vitória de seu time, vibrar e aplaudir um cantador sertanejo e outras baboseiras mais. Por outro lado, parece mesmo ser Brasileiro, dada sua passividade com o errado, com as promessas não cumpridas, com governos e políticos individualistas, com administrações públicas que são pagas pelos que efetivamente são brasileiros. Nestas condições, os que recebem o sagrado votinho e gastam o dinheiro do povo, quero dizer o “seu dinheiro” com cartões corporativos, projetos que visam unicamente sua mantença nos postos superiores onde faturam altos salários e vantagens que agregam, não fazem outra coisa senão rir de quem os colocou lá. Pior, a cada quatro anos voltam para o lugar que sequer pronunciam o nome pois o chamam de “base eleitoral” para renovar as promessas sob outra roupagem e continuar iludindo a quem sequer sabe ao certo se é ou não brasileiro.
>>-
Os sinais de perda da brasilidade estão presentes no quotidiano, em todos
os lugares e em todas as situações. Começando pelo supermercado, o Brasileiro
acha normal pagar R$25,00 por um pacote de pés de galinha, sendo o maior produtor
mundial de frangos. Acha normal pagar R$ 50,00 por um quilo de carne de
segunda, tendo o Brasil com o maior rebanho bovino do planeta. Só um segmento,
dos caminhoneiros, reclama do preço do combustível. Reclama mas não age pois
deve saber que está em seu País uma das maiores reservas de petróleo do mundo.
Ameaça uma grevezinha e quando aparece um político fazendo promessas e
oferecendo um carguinho, os líderes da categoria não hesitam em parar a greve e
aceitar o cargo. E esses caminhoneiros, principalmente os autônomos, porque os
grandes tem outros recursos para ganhar dinheiro, ainda acreditam que todos os
governos estão interessados no bem estar do povo.
O empresariado brasileiro deve estar felize
com o número espantoso de desempregados, pois através do princípio basilar da
economia, Lei da oferta e da procura, quanto maior a procura por emprego, menor
o salário. Então minha gente, o desemprego favorece os empresários e ferra os
trabalhadores. Mesmo assim não gostam quando o governo distribui algumas
migalhas aos pobres, taxando-os de vagabundos.
Não gostaria de falar do preço do óleo de
soja, do leite e seus derivados, sabendo que o Brasil é um dos maiores
produtores de produtos agrícolas. Até o mal falado papel higiênico. Tendo o
Brasil como um dos maiores produtores de celulose, matéria prima para sua
fabricação, está fora do alcance financeiro da maioria das famílias brasileiras.
Para completar, nem podem usar o velho sabugo para substituí-lo, pois o preço
do milho também está fora do alcance, impedindo a substituição do pão pela
velha e conhecida polenta.
Diante disto, culpar o governo é covardia.
Nós, povo, é que somos os verdadeiros culpados: primeiro por permitirmos ser
governados por desqualificados e segundo por permanecermos passivos diante de
tantas aberrações. Nos orgulhamos do lucro auferido pelos bancos, pelo lucro e
distribuição de rendimentos aos acionistas da Petrobrás, nos orgulhamos das
emendas que os parlamentares mandam para os municípios para asfaltar ruas onde
já tem calçamento. Não reclamamos nada se faltam remédios no posto de saúde, se
o IPTU está muito elevado, se a justiça trata mal quem dela precisa, se a
polícia está mais para multar que para proteger, se o telefone, luz e água estão
caros. Nada disto importa. Por isto,
somos todos uns idiotas. Se nos falta brasilidade, nos sobra burrice
>>-Uma pesquisa atual diz que as “teorias da conspiração” – terra plana, vírus chinês, cloroquina, etc.
conseguem a adesão de parcelas significativas dos brasileiros. Isto mostra algo
mais que burrice ou desinformação. Se analisar a pesquisa, “o dobro dos
brasileiros se diz mais de direita que esquerda”, reforça a ideia do segmento
dominante do conservadorismo brasileiro passou a ser dependente da ignorância
e, assim, algo como “coisa de pobre”.
Do
total de entrevistados, 27% acha ser mentira que o homem foi à Lua. Isto pode ser atribuídas à falta de informação nas
periferias e nos sertões. Mas 21%, um quinto!, dos que têm nível superior
adotem esta mesma ideia, mesmo percentual dos que concordam que a Terra é plana.
Mesmo assim, 49% acham que o Corona vírus foi criado pelo governo chinês e faz
parte de uma “conspiração de esquerda” que visa “dominar o mundo”. Isto é
verdade para 36% dos entrevistados.
É
claro que o bolsonarismo insuflou esta onda, mas não é apenas isso. Resultam
também, de um mundo onde a estupidez intelectual deixou de ser um impedimento
ao progresso social e que o conhecimento tenha se tornado uma mercadoria que pode
ser encontrada com facilidade nas
prateleiras dos mercados e comprada, bem barato e até de graça dos especialistas.
A
direita política sempre se valeu disso, mas com certa vergonha. Quando eu era
guri, era comum que quem ascendesse economicamente se preocupasse em comprar
uma bela estante e livros “a metro” para dar impressão de sabedoria. Hoje, são
os livros que os procuram, como se faz exemplo a medalha outorgada ao brucutu Daniel
Silveira.
E o
presidente da República está indignado com a possibilidade de que clubes de
tiro possam tornar-se bibliotecas. Não é loucura, é um método. A estupidez,
frequentemente, é a porta de uma felicidade possível, a de um mundo que não se
pode mudar. Pode ser remendado com convicções simplórias, onde o “é a minha
opinião” transforma-se em razão suprema e imutável. Na
verdade, somos todos uns idiotas.
Até a próxima.
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