COMO PODE?
Ainda hoje há quem ache e acredite piamente que um governo
militar seria a salvação do Brasil. Mas cá entre nós, salvar o Brasil de quê ou
de quem? Do próprio povo Brasileiro? Do comunismo? do socialismo? Ledo engano!
Quem pensa assim não tem noção da realidade, não conhece a história ou deixa-se
influenciar por falsos argumentos e por interesses escusos muito particulares.
Vamos a realidade dos fatos: os deslumbrados
por um governo militar não tem noção do que foram os governos de 1964 a 1985 e
quais os danos provocados ao Brasil neste periodo.
Sem falar em perseguições, prisões, torturas e
fugas, o maior dano provocado pela Revolução de 1964 foi na mentalidade do povo
brasileiro. A partir daquele funesto evento, o povo ficou receoso em se
manifestar, reivindicar seus direitos, buscar melhores condições de vida e
sobretudo perdeu a condição de agir junto ao governo. A sociedade brasileira
foi totalmente desarticulada e as entidades representativas dos segmentos
sociais foram jogadas na clandestinidade.
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Embora não
sejam numericamente tão expressivas, as manifestações públicas de hoje em
defesa da intervenção militar e da ditadura, estão se tornando mais frequentes.
Para esses grupos, apenas os militares são capazes de enfrentar a crise. E aí
cabe a pergunta: mas que crise?
Eles fazem apologia de um regime
que deixou um rastro de marcas negativas na história brasileira. A ditadura
militar (1964-1985) foi caracterizada pelo controle do Estado pela cúpula das
Forças Armadas, pela ruptura do regime jurídico em vigor, pela cassação de
direitos políticos de opositores e pela violação das liberdades individuais. No
período, a tortura foi uma prática sistemática do regime e muitas pessoas
morreram ou desapareceram, vítimas de crimes cometidos por agentes do Estado.
Além do autoritarismo e da violação
dos direitos humanos, a ditadura militar deixou como herança graves
prejuízos econômicos e sérios problemas sociais. A dívida externa cresceu mais
de 30 vezes, gerando crise econômica e baixo crescimento de 1980 a 1990.
O poder de compra do salário mínimo
caiu a quase metade, em valores atualizados. A taxa anual de inflação subiu de
85% para 178% e persistiu alta nos anos seguintes até ser controlada com o
Plano Real.
Além da queda na renda, a economia
não acompanhou o crescimento da população nas décadas seguintes. Os indicadores
de desigualdade só melhoraram nos governos civis. Nos anos 2000 começaram a
voltar ao patamar dos anos 1960. A falta de uma ampla reforma agrária foi
substituída por uma precarização das condições de vida no campo, o que aumentou
a migração da população rural para as cidades, criando graves problemas
urbanos.
A centralização absoluta do poder
gerou uma corrupção impune em superfaturamento de obras e desvio de dinheiro
público nos negócios militares.
Esta é a realidade dos governos
militares que parte da população ignora, ou finge ignorar. E o pior é que
grande parte dos que hoje os defendem, por si ou por seus ascendentes sofreram
na carne as consequências físicas, financeiras e sociais destes governos.
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Na política, que num primeiro momento deixou de existir pois, os militares nada
entendem do “métier”, não deixaram de
aprontar das suas. Começaram acomodando-se nas cadeiras estofadas, substituindo
os coturnos por sapatos com solado de couro, trocando a ordem unida por
desfiles de terno e gravata e, para completar, abandonaram os Jipes Willys
substituindo-os por limusines e aviões.
Em 1968 baixaram o AI 5 atribuindo a
si próprios amplos poderes. O ventríloquo Costa e Silva, de Taquari/RS, o mais despreparado
de todos, foi o porta voz e assinante do decreto que concedeu ao
presidente poderes quase ilimitados. Com isso, pode fechar o Congresso Nacional,
casas legislativas, cassar mandatos e, inclusive, proibir habeas corpus para
crimes políticos.
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Para
consertar a lambança e mostrar ao povo tremelique que até os militares são socialistas, iniciaram um processo de “abertura política” depois de matar e
espancar meio mundo. Permitiram a criação de dois partidos: ARENA e MDB e
também permitiram eleições, menos nas capitais estaduais e nos municípios de
fronteira, onde os mandatários seriam nomeados pelos generais. Criaram também a
possibilidade de sublegendas, para garantir que as vitórias nas eleições fossem
da ARENA. Criaram também o senador biônico, para garantir a maioria no
Congresso Nacional. Mas a pérola dos militares, conhecida como Lao Tzu, a maior
já encontrada, foi a ideia do voto vinculado. Quem votasse num partido, teria
que votar no mesmo partido nos demais candidatos. Isto garantiria vitórias em
série.
Ah os militares! Vocês ainda os
querem no poder?
Até a próxima.
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