OS BRASILEIROS ESTÃO ADORMECENDO 797 - 18-03-2022
→ Na coluna da semana passada, dia 11 deste mês, que por obra anônima foi publicada em outro jornal,
afirmei peremptoriamente que o Brasil estaria mudando. Disse que via na
imprensa local e em mídias eletrônicas algumas mudanças de opinião acerca da
realidade em que a voz comum insiste em nos fazer acreditar. Acrescentei que recentemente
vi uma matéria não convencional citando o filósofo austríaco Ludwig
Wittgenstein que destaca a importância da linguagem nas relações que as pessoas
estabelecem com o mundo. Nada mais alentador, pois a importância da comunicação
não está na simplicidade do que é dito, mas no entendimento que o interlocutor
lhe dá. Infelizmente, como em qualquer regra sempre haverá exceções. Impende
também considerar o grau de formação dos interlocutores, que deve observar
certo equilíbrio entre os que falam e os que ouvem. As discrepâncias entre as
partes sempre levarão ao confronto.
→ As
notícias recentes nos leva a acreditar que, embora o mundo e o próprio Brasil
estejam dando sinais de pequenas mudanças, os povos, nos parece, caminham em
sentido contrário: ao invés de acordar de vez os sinais funcionam como
sedativos. Colocam os usuários em sono profundo. Vamos então aos inconfundíveis
exemplos.
O conflito bélico entre Rússia e Ucrânia
coloca o povo em geral em estado de letargia. A grande maioria, ainda
acha que o conflito tem conotação ideológica, colocando em guerra o capital
versus o comunismo. Este povo nada sabe e nada conhece sobre história política
e econômica das nações e tampouco sobre a verdadeira origem do conflito, que
não se resume a uma simples invasão. Tem muitos outros motivos por trás disso,
sobretudo de cunho geopolítico, o que, lamentavelmente, poucos sabem o que
efetivamente esta palavra significa. No entanto, a desconhecem e assim mesmo
tomam posição, quase sempre baseada em sentimentos e pensamentos
personalíssimos. Para esta epidemia de sonolência, não há vacinas e muito menos
medicamentos. A instrução é o único caminho para a cura.
Os governos, suas ações e reflexos, no seu
conjunto, são um importante sintoma do grau de letargia por que passa o povo,
sobretudo o brasileiro. Em geral, a grande maioria reclama insistentemente do
preço da gasolina, do gás de cozinha, da farinha de trigo e da carne que são o
efeito e pouco reclamam da causa. Para quem ainda não se deu conta, esses
efeitos t em uma única causa: é a política econômica do atual governo. Ela é a
verdadeira responsável pela atual situação. Como mudar a atual política
econômica? Logo haverá oportunidade para tanto. As eleições que se avizinham. A
fórmula é simples: é só mudar o governo.
Neste
mesmo tema, o povo dorme frente a mais uma série de problemas que afetam sua
vida, tais como a péssima conservação das rodovias, a proliferação de
equipamentos de multas e infrações, a falta de água nas cidades, a coleta de
lixo deficiente, a desertificação da Amazônia, a privatização do patrimônio
nacional, os problemas nas áreas da saúde, educação, assistência social, que
colidem com os interesses do povo em geral. Para tanto, a solução é a mesma:
trocar todos os governantes e os que lhes dão apoio, que são os principais
responsáveis por esta situação de descalabro.
O surgimento de novas autoridades que se
revestem do poder que “institucionalmente” não possuem, é uma nova prática que
funciona como um sedativo, hipnotizando o povo, quando este se depara com uma
situação destas. Neste raciocínio, não há como absolver hierarquicamente os
governos, pois são eles os difusores destas práticas. Desde o maior até o menor
governante, o desrespeito à Constituição, às Leis Ordinárias, aos Decretos, aos
regimentos, aos regulamentos e toda a legislação esparsa, é uma prática
constante. Sendo assim e vindo o exemplo dos escalões superiores, qualquer
funcionariozinho público de meia pataca se reveste de toda a autoridade do
mundo, impondo regras e procedimentos a seu bel prazer, para DIFICULTAR e não
facilitar a vida do cidadão comum e com isto difundir e solidificar sua
autoridade. O povo, sobretudo os mais humildes e não só eles, submetem-se a
estes descalabros e deixam para reclamar no âmbito familiar, no rol de amizades
ou nos escritórios de advocacia.
Infelizmente,
tais fatos estão presentes no próprio sistema Judiciário, inclusive nas
Procuradorias Públicas e Ministério Público, que se proclamam fiscais da lei
mas nem sempre a fiscalizam com base nas letras da lei mas sim no seu eletroencefalograma.
Para piorar ainda mais a situação, em caso de erro ou sentença contrária
anulada, ao cidadão comum não lhe é permitido buscar indenização pelo prejuízo.
O Estado não se responsabiliza pelos erros de seus protegidos.
Alguns
segmentos desta nossa difusa sociedade, sobretudo onde acham que embora
sendo pobre quem não é capitalista ferrenho é comunista, a letargia também tem
afetado alguns que se acham especialistas em enriquecer. Muitos destes que
atuam nos mercados como se estes fossem o oásis do deserto do Saara, não
relutam em inscrever no SPC/SERASA, no Tabelionato ou na Justiça quem lhe deve
algumas merrecas oriundas das degradantes políticas governamentais e também das
inesperadas epidemias.
Mas como o
castigo vem a cavalo, (Tião Carreiro e Pardinho) estes que pegaram no sono
entregaram boa parte de seu patrimônio a um especialista em ganhar mais
dinheiro. Mas o investimento se justifica, pois o espertalhão tinha (e tem)
pedigree. É de boa família, temente a Deus (nem Deus deixam de lado), bem
recomendado e por isso merecedor de toda a confiança. Para alguns, não é a
primeira vez.
Com tudo isto,
que dizer? Sinto muito! Até a próxima.
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