quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

 816 – REPERCUSSÕES – 18.11.2022

Por Jaime Capra

 

        A REPERCUSSÃO DO RESULTADO das eleições em segundo turno, no dia 30 de outubro último, foi notícia mundial. Positiva, porquanto o mundo todo esperava este desfecho, com a vitória de Lula da Silva, prontamente reconhecida pelas principais nações do Planeta. Também negativa, porque o resultado provocou uma série de manifestações de descontentamento e dúvidas quanto à lisura do processo eleitoral. Aliás, isto veio a reboque das reiteradas articulações do candidato derrotado que sempre plantou a ideia de fraude. De se estranhar, pois o hoje perdedor foi vencedor sob o mesmo sistema. Indubitavelmente, a decisão das urnas e do povo brasileiro coube a grande maioria da população, vejamos: o Brasil conta com 215 milhões de habitantes, e apenas 58 milhões votaram no candidato perdedor, o que representa míseros 27% da população brasileira. A bem da verdade, o resultado foi o livre exercício da democracia, onde prevalece a vontade popular.

 

        O INCONFORMISMO da facção perdedora que nega o resultado, teve repercussão mundial negativa. Baseada nos reiterados ataques às Instituições e usando as mentiras e o Exército Brasileiro como âncoras, a turba incentivada por um grupo de fascistas que pretende implantar a ditadura indicada por seu líder perdedor, atirou-se às ruas e estradas com o intuito de parar o País e reverter o resultado das eleições. Até o momento, melhor sorte não lhes acolheu. Continuam insistindo, apelando para símbolos fascistas, inclusive nazistas, na esperança de ver concretizada sua pretensão. Pretende a turba (imagino sem querer, pois não vejo cultura suficiente para entender isto) aplicar aos vencedores do pleito parte do romance de Machado de Assis na obra Quincas Borba, que enfatiza: “Ao vencedor, as batatas”.  Por se tratar de um romance escrito em 1891, não creio que a turba consiga deixar ao vencedor as batatas. Objetivamente, neste caso, o vencedor receberá pepinos.

 

          IMPOSSÍVEL NÃO TERGIVERSAR sobre a motivação dos seguidores do falecido mito/ídolo desta minoria, sem repetir à exaustão o famoso provérbio italiano que diz: “gli asini vanno davanti, i fucili in mezzo ei comandanti restano a casa”. O que acontece em muitas cidades deste “País Varonil” é hilariante. As manifestações públicas dos que estão “davanti” são motivo de chacota em todas as redes sociais. É gente cantando o hino Nacional para um pneu usado, outros rezando junto ao Muro das Lamentações, outros tentando parar um caminhão sozinho, agarrando-se nele e desfilando pela rodovia, outros mais fazendo sinais fascistas ou nazistas, tudo isto para delírio dos alienados e espanto dos racionais. Quais os objetivos destas manifestações e quais os resultados ninguém sabe, nem os próprios. Vê-se nas redes sociais que querem “livrar o Brasil” dos ladrões, do comunismo,  fechar o congresso nacional, os tribunais de justiça, e recolocar o seu “comandante-capitão” na presidência da República. Mal sabem os incautos inocentes úteis (ou inúteis) que se isto acontecesse, não seríamos mais república, nem império, nem colônia, nem nada. Findo o estado democrático de direito, resta a ditadura. E não venham falar que estamos às portas de uma anarquia, porque isso também não é verdade pois o anarquismo foi pregado no Seculo XIX até meados do Seculo XX. O Anaquismo é uma ideoloia política que se opõe a todo tipo de hierarquia e dominação, seja ela política, econômica, social ou cultural, como o Estado, o capitalismo, as instituições religiosas, o racismo e o patriarcado. Prega sobretudo a autogestão, isto é, um Estado sem governo, uma sociedade libertária baseada na cooperaçao, na ajuda mútua entre os indivíduos. Esses movimentos que estão ocorrendo já foram tipificados pelo Supremo Tribunal Federal, em decisão do Min. Alexandre de Moraes, com a qual preciso concordar, pois, descontrolados, os “inconformados” poderão causar muitos prejuízos (como já causaram) à economia do país. Digo mais, podemos antever períodos de barbárie. E aí, revoltosos, estão cientes do que estão buscando? Se não estão vão estudar história e parem de agitar. Perder é do jogo. O Brasil precisa ser reconstruído, o ódio precisa acabar e a responsabilidade por um mundo melhor, sem autoritarismos, é de todos nós. Precisamos acabar com o ódio contra as mulheres, os negros, os nordestinos, os homossexuais, os povos originários, enfim, temos de voltar a olhar com amor e responsabilidade para todos aqueles que, nos últimos seis anos, foram marginalizados, pisoteados, criminalizados, por serem e pensarem diferente. O período das trevas está acabando e o sol há de brilhar mais uma vez. 

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