quinta-feira, 9 de setembro de 2021

MANIFESTOS 13.08.2021

 

785 – MANIFESTOS - 13.08.2021

 

        1) Em tantas oportunidades ao longo destes 785 comentários, tenho me dedicado à crítica ou comentários sobre acontecimentos de Brasília e Florianópolis, relegando os temas regionais e locais. Desta vez, no entanto, não posso desconhecer a manifestação da Associação Empresarial de São Miguel do Oeste em face do projeto que tramita na Câmara dos Deputados em Brasília, estabelecendo novos patamares para o financiamento público das campanhas eleitorais.

        É bem verdade que os valores projetados são em princípio exagerados, absurdos, mas há que se considerar que ainda não foram fixados em lei e também é preciso entender que os processos políticos são lançados e com isso submetidos às reações da sociedade.

        Neste contexto, é pertinente o aludido manifesto. No entanto, os motivos alegados, o cenário descrito e os efeitos provocados pelo projeto, não refletem em absoluto a atualidade, a história, a participação e o comportamento de parte do setor empresarial ao longo do tempo.

        Impossível deixar de referir que o sistema de financiamento de campanha eleitoral proposto, visa sobretudo evitar que o capital defina a política e a administração pública. Mais ainda recordar que quem inaugurou o sistema de financiamento de campanhas eleitorais à margem da lei, foi a classe empresarial. Também é preciso lembrar dos funestos totens espalhados pelo Brasil, sob o patrocínio da classe empresarial, reclamando da carga tributária, lembrando que o de São Miguel foi retirado por que o município não quis mais pagar a conta de energia. Atualmente, este mesmo segmento pousa de guardião do cofre nacional.

        Os termos utilizados não refletem a realidade, pois prendem-se aos efeitos econômicos, mal referindo os milhões de desempregados, maioria dos quais responsabilidade das políticas econômicas do atual governo neoliberal. Quanto aos funestos resultados na saúde pública, a responsabilidade maior também recai sobre a incompetência e passividade do governo e da recusa deste e parte das classes empresariais em seguir os protocolos de prevenção. Há que se considerar que estas atitudes arrastam os pobres e desprovidos para as milhares de covas rasas espalhadas de norte a sul do país. Ademais, o manifesto restringe-se às questões econômicas, desconhecendo as questões sociais, culturais e à luta de classes que busca incessantemente erradicar as minorias.

 

        2) Os 5,7 bilhões de Reais apregoados no manifesto, representam hoje uma falácia, onde a oposição votou contra, sem sucesso. Uma manobra governamental levou o governo a  reduzir o valor, para tentar eximir-se da responsabilidade. Na verdade, o vil objetivo é fazer com que os partidos da base fiquem com a parte do leão, ou seja, a maior parte.

 

        3) Nosso governador Moisés, aquele mesmo que deixou que lhe roubassem o 7º Mandamento, resolveu fazer reverência a Bolsonaro, com chapéu alheio. Reformou um trecho da BR 470 e  veio se meter na reforma da BR 163. Vai ver que em sua formação militar não aprendeu que o dinheiro do estado é do povo catarinense. Aliás, não só ele não sabe, mas também muita gente da caserna. Teve um em Brasília que lançou mão do dinheiro do SUS para comprar uniformes para os milicos. A estes desmandos, não se ouve uma vírgula da classe empresarial.

 

        4) Não custa lembrar que a reforma da BR 163 foi contratada com um britador de Criciúma. Para iniciar a obra precisou alugar equipamentos (por indicação política), a maioria dos quais sucatas imprestáveis. A prova está aí até hoje, para quem quiser dar-lhe atenção.       Agora surge a notícia que o viaduto em São José do Cedro está nas últimas horas de vida, precisndo urgentemente de uma reforma se isto ainda for possível. Também o viaduto da entrada da Linha Derrubadas que está dormindo até hoje. Nada foi noticiado porque é impossível o acesso para vistoria-lo. Disto também a classe empresarial faz ouvidos moucos. Esteve em peso para bater palmas quando da contratação.

 

        5) Outra novela com a classe empresarial como ator principal é o contorno viário de São Miguel do Oeste. A classe quer apropriar-se da faixa de domínio para fins empresariais. A primeira tentativa frustrou, mas outras virão, com certeza.

        Vale ressaltar que o tal contorno viário ainda é projeto simplesmente, isto quer dizer que é uma folha de papel cheia de riscos. O resto, que interessa, está nas gavetas do DNIT, esperando a campanha eleitoral de 2022 para contratar ou outro britador. A mobilização já existe e os interessados são conhecidos. Vale ressaltar que as grandes construtoras foram soterradas pelos interesses políticos no neoliberalismo, que aos poucos vai sucumbindo aos pés de seus defensores.

 

        6) Por falar nisso, o bicho não é tão feio quanto dizem. No último sábado, fim de tarde, início da noite, São Miguel do Oeste estava em ebulição: ruas tomadas por veículos, maioria novos, lojas e supermercados abertos, lotados de gente fazendo compras. Isto sem falar na construção civil

        Neste cenário de cidade grande com Shopping Center, a principal associação de classe do município produz uma pérola chamada manifesto, sob o título de “nota de repúdio”, para dizer que “vivemos um período singular! Açoitados por mais de um ano com letargia econômica sem precedentes, ... A pergunta que não quer calar é: de que lugar esta pérola teria sido escrita?

        Até a próxima!

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