785 – MANIFESTOS
- 13.08.2021
1) Em tantas oportunidades ao longo destes 785 comentários, tenho me dedicado à crítica ou comentários
sobre acontecimentos de Brasília e Florianópolis, relegando os temas regionais
e locais. Desta vez, no entanto, não posso desconhecer a manifestação da
Associação Empresarial de São Miguel do Oeste em face do projeto que tramita na
Câmara dos Deputados em Brasília, estabelecendo novos patamares para o
financiamento público das campanhas eleitorais.
É bem verdade que os valores projetados são em princípio
exagerados, absurdos, mas há que se considerar que ainda não foram fixados em
lei e também é preciso entender que os processos políticos são lançados e com
isso submetidos às reações da sociedade.
Neste contexto, é pertinente o aludido manifesto. No entanto,
os motivos alegados, o cenário descrito e os efeitos provocados pelo projeto, não
refletem em absoluto a atualidade, a história, a participação e o comportamento
de parte do setor empresarial ao longo do tempo.
Impossível deixar de referir que o sistema de financiamento
de campanha eleitoral proposto, visa sobretudo evitar que o capital defina a
política e a administração pública. Mais ainda recordar que quem inaugurou o
sistema de financiamento de campanhas eleitorais à margem da lei, foi a classe
empresarial. Também é preciso lembrar dos funestos totens espalhados pelo
Brasil, sob o patrocínio da classe empresarial, reclamando da carga tributária,
lembrando que o de São Miguel foi retirado por que o município não quis mais
pagar a conta de energia. Atualmente, este mesmo segmento pousa de guardião do
cofre nacional.
Os termos utilizados não refletem a realidade, pois
prendem-se aos efeitos econômicos, mal referindo os milhões de desempregados,
maioria dos quais responsabilidade das políticas econômicas do atual governo
neoliberal. Quanto aos funestos resultados na saúde pública, a responsabilidade
maior também recai sobre a incompetência e passividade do governo e da recusa
deste e parte das classes empresariais em seguir os protocolos de prevenção. Há
que se considerar que estas atitudes arrastam os pobres e desprovidos para as
milhares de covas rasas espalhadas de norte a sul do país. Ademais, o manifesto
restringe-se às questões econômicas, desconhecendo as questões sociais,
culturais e à luta de classes que busca incessantemente erradicar as minorias.
2) Os 5,7
bilhões de Reais apregoados no manifesto,
representam hoje uma falácia, onde a oposição votou contra, sem sucesso. Uma
manobra governamental levou o governo a
reduzir o valor, para tentar eximir-se da responsabilidade. Na verdade,
o vil objetivo é fazer com que os partidos da base fiquem com a parte do leão,
ou seja, a maior parte.
3) Nosso
governador Moisés, aquele mesmo que deixou
que lhe roubassem o 7º Mandamento, resolveu fazer reverência a Bolsonaro, com
chapéu alheio. Reformou um trecho da BR 470 e
veio se meter na reforma da BR 163. Vai ver que em sua formação militar
não aprendeu que o dinheiro do estado é do povo catarinense. Aliás, não só ele
não sabe, mas também muita gente da caserna. Teve um em Brasília que lançou mão
do dinheiro do SUS para comprar uniformes para os milicos. A estes desmandos,
não se ouve uma vírgula da classe empresarial.
4) Não
custa lembrar que a reforma da BR 163
foi contratada com um britador de Criciúma. Para iniciar a obra precisou alugar
equipamentos (por indicação política), a maioria dos quais sucatas imprestáveis.
A prova está aí até hoje, para quem quiser dar-lhe atenção. Agora surge a notícia que o viaduto em São
José do Cedro está nas últimas horas de vida, precisndo urgentemente de uma
reforma se isto ainda for possível. Também o viaduto da entrada da Linha
Derrubadas que está dormindo até hoje. Nada foi noticiado porque é impossível o
acesso para vistoria-lo. Disto também a classe empresarial faz ouvidos moucos.
Esteve em peso para bater palmas quando da contratação.
5) Outra
novela com a classe empresarial como ator principal é o
contorno viário de São Miguel do Oeste. A classe quer apropriar-se da faixa de
domínio para fins empresariais. A primeira tentativa frustrou, mas outras
virão, com certeza.
Vale ressaltar que o tal contorno viário ainda é projeto
simplesmente, isto quer dizer que é uma folha de papel cheia de riscos. O
resto, que interessa, está nas gavetas do DNIT, esperando a campanha eleitoral
de 2022 para contratar ou outro britador. A mobilização já existe e os
interessados são conhecidos. Vale ressaltar que as grandes construtoras foram
soterradas pelos interesses políticos no neoliberalismo, que aos poucos vai
sucumbindo aos pés de seus defensores.
6) Por
falar nisso, o bicho não é tão feio
quanto dizem. No último sábado, fim de tarde, início da noite, São Miguel do
Oeste estava em ebulição: ruas tomadas por veículos, maioria novos, lojas e
supermercados abertos, lotados de gente fazendo compras. Isto sem falar na
construção civil
Neste cenário de cidade grande com Shopping Center, a
principal associação de classe do município produz uma pérola chamada
manifesto, sob o título de “nota de repúdio”, para dizer que “vivemos um
período singular! Açoitados por mais de um ano com letargia econômica sem
precedentes, ... A pergunta que não quer calar é: de que lugar esta
pérola teria sido escrita?
Até a próxima!
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