sexta-feira, 5 de abril de 2019

700 PAÍS DE VIRA LATAS


POVO E PAÍS DE VIRA LATAS
       Complexo de vira-lata é uma expressão criada pelo dramaturgo e escritor brasileiro Nelson Rodrigues, a qual originalmente se referia ao trauma sofrido pelos brasileiros em 1950, quando a Seleção Brasileira foi oi derrotada pelo Uruguai na final da Copa do Mundo em pleno Maracanã.
       Por “complexo de vira-lata” é a inferioridade em que o brasileiro se coloca em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem.
       A ideia de que o povo brasileiro é inferior a outros ou degenerado, não é nova, e data pelo menos do século XIX, quando o conde francês Arthur de Gobineau desembarcou em 1845 no Rio de Janeiro e chamou os cariocas de verdadeiros macacos.
       Nas décadas de 1920 e 1930, várias correntes de pensamento digladiavam-se quanto a origem desta suposta inferioridade. Alguns proclamavam que a miscigenação era a raiz de todos os males e que a raça branca era superior às demais.
       Em 1903, Monteiro Lobato revela-se pessimista com o potencial do povo brasileiro, por ele assim definido: “o Brasil, filho de pais inferiores, destituídos desses caracteres fortíssimos que imprimem um cunho inconfundível em certos indivíduos, cresceu tristemente, dando como resultado um tipo imprestável, incapaz de continuar a se desenvolver sem o concurso vivificador do sangue de alguma raça original.

NO CAMPO CIENTÍFICO
       No campo científico, o País é conhecido por suas criações inventivas (aeróstato, máquina de escrever, avião, automóveis bicombustíveis), jamais teve sua produção científica reconhecida através de um prêmio Nobel, enquanto outros países sul-americanos já conquistaram o prêmio.
       Humberto Mariotti, escritor e ensaísta, diz que pelo fato de o brasileiro ainda não ter atingido o estágio de “knowledge worker” preconizado na década de 1950 por Peter Drucker, no qual o trabalhador domina o conhecimento e se torna menos suscetível aos efeitos devastadores do desemprego, contenta-se com pouco e sente-se satisfeito quando recebe alguma atenção por parte das autoridades. Esta auto desqualificação já teria atravessado o Atlântico e chegado a Portugal onde trabalhador brasileiro é sinônimo de garçom ou peão de construção civil. Nossa única profissão exportável, mesmo assim não qualificada pela educação formal, é a de jogador de futebol.
       Em seu livro “La alegría y la pasión: relatos brasileños y argentinos em perspectiva comparada” (2015), o cientista político e ensaísta argentino Vicente Palermo afirma que existe uma ambiguidade entre o complexo de inferioridade do povo brasileiro em geral, e a visão otimista dos governantes e classes mais abastadas. Por fim, Vicente Palermo cita o jornalista e cineasta Arnaldo Jabor, que diz serem os brasileiros seres “fisiológicos seculares, patrimonialistas, teimosos, arrogantes, malandros, ignorantes, prepotentes, apenas nos resta pensar: o que nos falta desaprender para chegar a um ideal de país? Como faremos para chegar ao futuro de uma desilusão? Quantas décadas levaremos para desaprender toda a estupidez que cultivamos durante 400 anos?”

GOVERNO QUE NÃO AJUDA
       Uma onda de vergonha e indignação tomou conta das redes sociais desde o início da visita de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos.
São tantas as ofensas grosseiras e agressões ao povo brasileiro, à nossa história como país independente, que as pessoas já não sabem mais nem o que dizer.
A impressão que dá é de vivermos o fim dos tempos e nada mais nos resta a fazer. Acabou o Brasil?
Parece que estamos todos anestesiados diante do acúmulo de barbaridades sem fim cometidas nas últimas 48 horas.
O pior de Jair Bolsonaro é que se trata de um homem de palavra: está fazendo tudo o que prometeu na campanha eleitoral. Ninguém pode reclamar.
Como ele mesmo afirmou logo após sua chegada a Washington, primeiro é necessário “desconstruir o Brasil para livrá-lo do comunismo”, e depois pensar em construir um outro país.
Que novo país será esse nem ele próprio sabe, em seus delírios megalomaníacos de napoleão de hospício, que pensa ser igual ao seu idolatrado Donald Trump.
Primeiro, ele resolveu entregar o Brasil de porteira fechada aos fazendeiros americanos. Depois, ele decide o que vai fazer.
Ainda nem havia começado a “histórica” reunião de Jair com Donald na Casa Branca, e já entregamos todos os anéis, sem ganhar nada em troca, para nos tornarmos uma colônia baba-ovo dos Estados Unidos.
A rendição do capitão reformado e seus generais de pijama é absoluta, sem disfarces, tramada à luz do dia e dos holofotes, e consumada em documentos oficiais.
Em 1964, como ficamos sabendo 30 anos depois, o golpe militar foi tramado com o apoio da CIA e dos mesmos aliados que no ano passado prenderam Lula para voltarem ao poder com Bolsonaro.
Agora, a agência americana de espionagem recebe a “visita de cortesia”, fora da agenda oficial, de um alegre presidente brasileiro, acompanhado do seu sinistro ministro da Justiça.
Enquanto isso, em Brasília, o filho conhecido como 02, popular “Carlucho”, toma o lugar do general vice no Palácio do Planalto e anuncia no Twitter que está tocando a agenda presidencial, a mando do pai. "Nunca o Brasil se submeteu a essa humilhação", diz Celso Amorim.

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