POVO E PAÍS DE VIRA LATAS
Complexo de vira-lata é uma
expressão criada pelo dramaturgo e escritor
brasileiro Nelson Rodrigues, a qual originalmente se referia ao trauma sofrido
pelos brasileiros em 1950, quando a Seleção Brasileira foi oi derrotada pelo Uruguai
na final da Copa do Mundo em pleno Maracanã.
Por “complexo
de vira-lata” é a inferioridade em que o brasileiro se coloca em face do resto
do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem.
A ideia de que
o povo brasileiro é inferior a outros ou degenerado, não é nova, e data pelo
menos do século XIX, quando o conde francês Arthur de Gobineau desembarcou em
1845 no Rio de Janeiro e chamou os cariocas de verdadeiros macacos.
Nas décadas de
1920 e 1930, várias correntes de pensamento digladiavam-se quanto a origem
desta suposta inferioridade. Alguns proclamavam que a miscigenação era
a raiz de todos os males e que a raça branca era superior às demais.
Em 1903,
Monteiro Lobato revela-se pessimista com o potencial do povo brasileiro, por
ele assim definido: “o Brasil, filho de pais inferiores, destituídos desses
caracteres fortíssimos que imprimem um cunho inconfundível em certos
indivíduos, cresceu tristemente, dando como resultado um tipo imprestável,
incapaz de continuar a se desenvolver sem o concurso vivificador do sangue de
alguma raça original.
NO CAMPO
CIENTÍFICO
No campo
científico, o País é conhecido por suas criações inventivas (aeróstato, máquina
de escrever, avião, automóveis bicombustíveis), jamais teve sua produção
científica reconhecida através de um prêmio Nobel, enquanto outros países sul-americanos
já conquistaram o prêmio.
Humberto
Mariotti, escritor e ensaísta, diz que pelo fato de o brasileiro ainda não ter
atingido o estágio de “knowledge worker” preconizado na década de 1950 por
Peter Drucker, no qual o trabalhador domina o conhecimento e se torna menos
suscetível aos efeitos devastadores do desemprego, contenta-se com pouco e
sente-se satisfeito quando recebe alguma atenção por parte das autoridades.
Esta auto desqualificação já teria atravessado o Atlântico e chegado a Portugal
onde trabalhador brasileiro é sinônimo de garçom ou peão de construção civil. Nossa
única profissão exportável, mesmo assim não qualificada pela educação formal, é
a de jogador de futebol.
Em seu livro
“La alegría y la pasión: relatos brasileños y argentinos em perspectiva
comparada” (2015), o cientista político e ensaísta argentino Vicente Palermo
afirma que existe uma ambiguidade entre o complexo de inferioridade do povo
brasileiro em geral, e a visão otimista dos governantes e classes mais
abastadas. Por fim, Vicente Palermo cita o jornalista e cineasta Arnaldo Jabor,
que diz serem os brasileiros seres “fisiológicos seculares, patrimonialistas,
teimosos, arrogantes, malandros, ignorantes, prepotentes, apenas nos resta
pensar: o que nos falta desaprender para chegar a um ideal de país? Como
faremos para chegar ao futuro de uma desilusão? Quantas décadas levaremos para
desaprender toda a estupidez que cultivamos durante 400 anos?”
GOVERNO
QUE NÃO AJUDA
Uma onda de vergonha e
indignação tomou conta das redes sociais desde o início da visita de Jair
Bolsonaro aos Estados Unidos.
São
tantas as ofensas grosseiras e agressões ao povo brasileiro, à nossa história
como país independente, que as pessoas já não sabem mais nem o que dizer.
A
impressão que dá é de vivermos o fim dos tempos e nada mais nos resta a fazer.
Acabou o Brasil?
Parece
que estamos todos anestesiados diante do acúmulo de barbaridades sem fim
cometidas nas últimas 48 horas.
O pior
de Jair Bolsonaro é que se trata de um homem de palavra: está fazendo tudo o
que prometeu na campanha eleitoral. Ninguém pode reclamar.
Como
ele mesmo afirmou logo após sua chegada a Washington, primeiro é necessário
“desconstruir o Brasil para livrá-lo do comunismo”, e depois pensar em
construir um outro país.
Que
novo país será esse nem ele próprio sabe, em seus delírios megalomaníacos de
napoleão de hospício, que pensa ser igual ao seu idolatrado Donald Trump.
Primeiro,
ele resolveu entregar o Brasil de porteira fechada aos fazendeiros americanos.
Depois, ele decide o que vai fazer.
Ainda
nem havia começado a “histórica” reunião de Jair com Donald na Casa Branca, e
já entregamos todos os anéis, sem ganhar nada em troca, para nos tornarmos uma colônia
baba-ovo dos Estados Unidos.
A
rendição do capitão reformado e seus generais de pijama é absoluta, sem
disfarces, tramada à luz do dia e dos holofotes, e consumada em documentos
oficiais.
Em
1964, como ficamos sabendo 30 anos depois, o golpe militar foi tramado com o
apoio da CIA e dos mesmos aliados que no ano passado prenderam Lula para
voltarem ao poder com Bolsonaro.
Agora,
a agência americana de espionagem recebe a “visita de cortesia”, fora da agenda
oficial, de um alegre presidente brasileiro, acompanhado do seu sinistro
ministro da Justiça.
Enquanto
isso, em Brasília, o filho conhecido como 02, popular “Carlucho”, toma o lugar
do general vice no Palácio do Planalto e anuncia no Twitter que está tocando a
agenda presidencial, a mando do pai. "Nunca o Brasil se submeteu a essa
humilhação", diz Celso Amorim.
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