segunda-feira, 22 de abril de 2019

704 - DIFÍCIL MUDAR DE ASSUNTO


NOSSA REALIDADE
       Os meios de comunicação do interior, longe dos centros de poder, debatem-se contra a falta de fatos e acontecimentos capazes de gerar notícias para alimentar rádios e jornais. As alternativas são os plantões, que passam o dia vasculhando a internet em busca de algo novo para alimentar os seus noticiários.
       É uma missão espinhosa, pois os órgãos de comunicação tem interesses locais. Para tanto precisam atrair a atenção dos leitores e ouvintes, com o intuito de manter o faturamento pela publicidade. Consequentemente, precisam se ater aos acontecimentos locais, embora carentes de conteúdo e importância.
       As desgraças e a política são um prato cheio para a falta de assunto. Embora repetitivo ou enfadonho, sempre estarão nas principais manchetes dos noticiários. As desgraças por períodos limitados.
A política é uma fonte inesgotável de notícias, além de alimentar articulistas, jornalistas e especialistas nos mais variados temas, principalmente no momento em que vivemos. O governo atual colabora sobremaneira para fornecer abundante material aos profissionais de imprensa, não só no nosso Brasil como no mundo inteiro.
Este talvez seja o principal motivo de não haver interesse em falar de flores, teatro, cinema, música, etc. pois a política ocupa todos os espaços. Nem o incêndio da Catedral de Notre Dame, um dos locais mais visitados no mundo, será capaz de neutralizar a profusão de bobagens que saem do nosso centro de poder.  

DOR DE BARRIGA
O povo brasileiro escorregou da rampa e caiu no banhado. Está mergulhado na água contaminada, e quando consegue emergir é tomado por um mal-estar crescente com o governo Bolsonaro que ajudou a colocar no poder.
Alguns milhões de eleitores que confiaram na fala fácil, estão assustados com suas declarações e ações desastradas e muito mais com sua falta de decoro e civilidade.
A grande imprensa, sempre fiel aos governos, já não consegue mascarar os acontecimentos que pipocam todos os dias nos meios de comunicação.
Cresce o medo em relação ao futuro, pois a frustração das expectativas atinge o desempenho da economia, gerando um ambiente negativo. O consumo se retrai, os investimentos escasseiam, a especulação cresce e a fome já se faz sentir. O que fica patente nesse emaranhado de dificuldades, é que o Brasil tem um governo que é contra a sociedade e uma sociedade que é contra o governo.

DISTANCIAMENTO
As duas principais prioridades do governo, distanciaram a participação do povo. A primeira, da Previdência Social, disseminou a insegurança em relação à sobrevivência da maioria da população brasileira. A proposta é contra a sociedade pois ataca direitos dos mais pobres e criará no futuro, legiões de idosos desprotegidos.
A segunda prioridade, o pacote anticrime, a discordância da sociedade com o governo, Bolsonaro e Moro, ganha maior amplitude. A ânsia por implantar o pacote incentiva a violência de quem está armado, contra uma sociedade constituída de pobres, mulheres e jovens, cada vez mais indefesos.
As pesquisas mostram uma realidade espantosa, pois 64% dos brasileiros querem a proibição da venda de armas e 72% condenam a tese de que a sociedade se sente mais segura com as pessoas armadas. Para completar, 81% das pessoas acham que a polícia não pode atirar livremente em suspeitos.  

DEMOCRACIA
       É sabido que não há democracia sem participação do povo. Bolsonaro age para desarticular esta participação. Emitiu decretos para enfraquecer os sindicatos e acabou suspendendo a participação dos conselhos participativos de várias áreas governamentais. Agora, pretende atacar as agremiações estudantis, retirando a prerrogativa de distribuir carteirinhas de estudante.
As várias ações do governo apontam para a intenção de sufocar a sociedade, pois quanto mais fraca, mais liberdade terá o governo para o arbítrio.
Os ditadores governam com minorias contra maiorias. Os sinais de que Bolsonaro opta por governar com uma minoria contra a sociedade, vieram no dia da posse e se multiplicaram ao longo dos 100 primeiros dias. Bolsonaro optou por um discurso fratricida, de guerra ideológica, de desunião do país. Não emitiu nenhum sinal de que pretenda unir o país implantando um diálogo democrático, buscando ampliar apoios na sociedade. Pelo contrário: com mentiras alimentou a divisão e o ódio. Não passa dia sem um ataque ideológico.
Mandos e desmandos constituem a essência do método de governo dos ditadores. Bolsonaro indica que está trilhando este caminho.


CONFRONTO
       Um confronto escancarado coloca o Supremo Tribunal Federal de um lado e a Lava Jato e extrema-direita de outro, reproduzindo uma cena grotesca de luta livre num ringue gigantesco. Enquanto isso, Bolsonaro reforça a segurança do Estado, estimula a violência policial e as milícias. Expulsa a sociedade civil do aparelho Estatal. O cenário fica nebuloso porque é agravado pelo fato de Bolsonaro ser o presidente de primeiro mandato ter a pior avaliação da história, e pelo fato de a principal bandeira do governo ser a destruição da Previdência Social que está praticamente inviabilizada. Aliado a tudo isso, a economia brasileira está em frangalhos. 

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