NOSSA
REALIDADE
Os meios de comunicação do
interior, longe dos centros de poder, debatem-se contra a falta de fatos e
acontecimentos capazes de gerar notícias para alimentar rádios e jornais. As
alternativas são os plantões, que passam o dia vasculhando a internet em busca
de algo novo para alimentar os seus noticiários.
É uma missão espinhosa, pois os órgãos de comunicação tem
interesses locais. Para tanto precisam atrair a atenção dos leitores e
ouvintes, com o intuito de manter o faturamento pela publicidade.
Consequentemente, precisam se ater aos acontecimentos locais, embora carentes
de conteúdo e importância.
As desgraças e a política são um prato cheio para a falta de
assunto. Embora repetitivo ou enfadonho, sempre estarão nas principais
manchetes dos noticiários. As desgraças por períodos limitados.
A
política é uma fonte inesgotável de notícias, além de alimentar articulistas,
jornalistas e especialistas nos mais variados temas, principalmente no momento
em que vivemos. O governo atual colabora sobremaneira para fornecer abundante
material aos profissionais de imprensa, não só no nosso Brasil como no mundo
inteiro.
Este
talvez seja o principal motivo de não haver interesse em falar de flores,
teatro, cinema, música, etc. pois a política ocupa todos os espaços. Nem o incêndio
da Catedral de Notre Dame, um dos locais mais visitados no mundo, será capaz de
neutralizar a profusão de bobagens que saem do nosso centro de poder.
DOR
DE BARRIGA
O
povo brasileiro escorregou da rampa e caiu no banhado. Está mergulhado na água
contaminada, e quando consegue emergir é tomado por um mal-estar crescente com
o governo Bolsonaro que ajudou a colocar no poder.
Alguns
milhões de eleitores que confiaram na fala fácil, estão assustados com suas
declarações e ações desastradas e muito mais com sua falta de decoro e
civilidade.
A
grande imprensa, sempre fiel aos governos, já não consegue mascarar os
acontecimentos que pipocam todos os dias nos meios de comunicação.
Cresce
o medo em relação ao futuro, pois a frustração das expectativas atinge o
desempenho da economia, gerando um ambiente negativo. O consumo se retrai, os
investimentos escasseiam, a especulação cresce e a fome já se faz sentir. O que
fica patente nesse emaranhado de dificuldades, é que o Brasil tem um governo
que é contra a sociedade e uma sociedade que é contra o governo.
DISTANCIAMENTO
As
duas principais prioridades do governo, distanciaram a participação do povo. A
primeira, da Previdência Social, disseminou a insegurança em relação à
sobrevivência da maioria da população brasileira. A proposta é contra a
sociedade pois ataca direitos dos mais pobres e criará no futuro, legiões de
idosos desprotegidos.
A
segunda prioridade, o pacote anticrime, a discordância da sociedade com o
governo, Bolsonaro e Moro, ganha maior amplitude. A ânsia por implantar o
pacote incentiva a violência de quem está armado, contra uma sociedade
constituída de pobres, mulheres e jovens, cada vez mais indefesos.
As
pesquisas mostram uma realidade espantosa, pois 64% dos brasileiros querem a
proibição da venda de armas e 72% condenam a tese de que a sociedade se sente
mais segura com as pessoas armadas. Para completar, 81% das pessoas acham que a
polícia não pode atirar livremente em suspeitos.
DEMOCRACIA
É sabido que não há
democracia sem participação do povo. Bolsonaro age para desarticular esta
participação. Emitiu decretos para enfraquecer os sindicatos e acabou
suspendendo a participação dos conselhos participativos de várias áreas
governamentais. Agora, pretende atacar as agremiações estudantis, retirando a
prerrogativa de distribuir carteirinhas de estudante.
As
várias ações do governo apontam para a intenção de sufocar a sociedade, pois
quanto mais fraca, mais liberdade terá o governo para o arbítrio.
Os
ditadores governam com minorias contra maiorias. Os sinais de que Bolsonaro
opta por governar com uma minoria contra a sociedade, vieram no dia da posse e se
multiplicaram ao longo dos 100 primeiros dias. Bolsonaro optou por um discurso fratricida,
de guerra ideológica, de desunião do país. Não emitiu nenhum sinal de que
pretenda unir o país implantando um diálogo democrático, buscando ampliar
apoios na sociedade. Pelo contrário: com mentiras alimentou a divisão e o ódio.
Não passa dia sem um ataque ideológico.
Mandos
e desmandos constituem a essência do método de governo dos ditadores. Bolsonaro
indica que está trilhando este caminho.
CONFRONTO
Um confronto escancarado
coloca o Supremo Tribunal Federal de um lado e a Lava Jato e extrema-direita de
outro, reproduzindo uma cena grotesca de luta livre num ringue gigantesco.
Enquanto isso, Bolsonaro reforça a segurança do Estado, estimula a violência
policial e as milícias. Expulsa a sociedade civil do aparelho Estatal. O
cenário fica nebuloso porque é agravado pelo fato de Bolsonaro ser o presidente
de primeiro mandato ter a pior avaliação da história, e pelo fato de a
principal bandeira do governo ser a destruição da Previdência Social que está
praticamente inviabilizada. Aliado a tudo isso, a economia brasileira está em
frangalhos.
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