segunda-feira, 22 de abril de 2019

703 - SEM CHANCES


SEM CHANCES
       Esta é a 703ª coluna publicada neste jornal. Considerando que em algumas edições não o foi e também o costumeiro período de recesso, foram quase 15 anos de escritos. Uma adolescência, seguramente.
       A coluna nasceu e continua crítica. Nesse tempo, poucos acontecimentos fizeram mudar o perfil. Até mesmo o comportamento das pessoas, aí incluídos os governantes, provocaram a tão esperada mudança.

SAÍDA E CHEGADA
       O Brasil saiu de um período contestado. O povo queria mudanças. Elas chegaram, mas deixaram para trás a humanidade e a urbanidade. A intolerância que incita a violência foi resgatada não se sabe de onde, pois não faz parte da nossa história.
       O atual presidente da república (a letra minúscula é deliberada, pois jair bolsonaro não é presidente, nem o país é república), regozijou-se com os que mataram 11 delinquentes em São Paulo, como se matar fosse uma façanha.
       Em contrapartida, tanto ele quanto o “mouro”, seu fiel escudeiro, fizeram “boca chiusa” sobre o triste e lamentável episódio do assassinato de um pai de família no Rio de Janeiro com 81 tiros de fuzil desferidos pelo glorioso exército brasileiro. E agora, “bozo” e “mouro”, vocês não vão dizer nada?

MOUROS E JUSTIÇEIROS
       Mauritanos, Mauros ou Sarracenos são considerados povos praticantes do Islã, oriundos do Marrocos, Argélia, Mauritânia e Saara Ocidental, invasores da península Ibérica, Sicília, Malta e parte da França, durante a Idade Média.
       Franck Castle, o justiceiro, era um soldado condecorado que teve sua mulher e seus dois filhos mortos em um tiroteio entre criminosos. Castle então declarou guerra ao mundo do crime. Adotou um uniforme com uma caveira e resolveu eliminar tantos criminosos quanto possível. Isso o colocou em confronto com outros super-heróis que afirmavam ser errado tirar a vida mesmo de criminosos.

FALOU E DISSE
O ex-ministro Rubens Ricupero, experiente diplomata com atuação em organismos multilaterais e acadêmico na área de relações internacionais, diz que a política externa do governo Bolsonaro é de destruição e pode transformar o Brasil em pária internacional. Ele afirma que o presidente da República não é apresentável em quase nenhuma capital, talvez nem mesmo nessas que visitou.
Ele alerta que é preciso deter o retrocesso do Brasil, sob o risco de sermos percebidos como são vistos alguns dos países que Bolsonaro e Araújo admiram, e são a expressão do populismo e do obscurantismo de extrema direita. Para Ricupero, o prestígio diplomático do Brasil aproxima-se do seu ponto mais baixo.

QUER APRENDER
       O ministro da Economia, Paulo Guedes, deu uma declaração reforçando que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um preso político. Segundo o blog do jornalista Juca Kfouri, Guedes disse estar 'convencido' de que Lula não roubou um tostão, e que seu patrimônio prova isso. Ele não teve quem o avisasse do que acontecia em torno de seu governo. Segundo Juca Kfouri, a declaração foi dada no último dia 12 de março, durante reunião com seis presidentes de Tribunais de Contas estaduais no sexto andar do Ministério da Economia.

SEIS POR MEIA DÚZIA
Em sua primeira entrevista, o ministro da Educação ataca os eleitores do Partido dos Trabalhadores: "Uma pessoa que sabe ler e escrever e tem acesso à internet não vota no PT". Para Weintraub, o partido é um inimigo que deve ser eliminado. As opiniões do novo ministro revelam que o obscurantismo vai continuar sendo o principal ingrediente da ação do MEC durante o governo Bolsonaro. O contraste com as forças democráticas e progressistas é flagrante. Enquanto o PT lançou um professor universitário, o candidato de Weintraub, hoje presidente, tem uma postura anti-intelectual. Sobre a pasta que vai gerir, o novo ministro diz que Bolsonaro pediu "resultados e gestão".

A MORTE RONDA A COXILHA
       O cientista político Alberto Carlos Almeida publicou uma sequência de tuítes analisando quatro diferentes avaliações do Governo Bolsonaro com base em pesquisas recentes dos institutos Ibope, Datafolha e XP. O resultado é uma deterioração dramática da avaliação do governo, de difícil recuperação.
Almeida concluiu que a avaliação do governo Bolsonaro piora muito junto a todos os públicos. As pioras mais significativas são do mercado financeiro dos deputados quando perguntados como é o relacionamento com a Câmara.
Bolsonaro cairá aos 25% de aceitação junto à população. Vai ficar com os apoiadores fiéis das redes sociais. A queda é dramática para ele, acossado pelos olavistas e prisioneiro do que ele continua falando.
A economia ruim, a economia mundial arrefecendo o ritmo, se ele fizer um governo péssimo por quatro anos estará no lucro por não ser deposto antes. Ele está prisioneiro dos olavistas de um lado e dos militares, de outro. Ele não sabe como compatibilizá-los.

CANOA FURADA
       Os cem dias de Jair Bolsonaro à frente do governo do Brasil foram um fracasso, de acordo com a mídia internacional. O Le Monde, informa que o lobby evangélico se sente abandonado pelo chefe do Planalto. O alemão Der Standard aponta "medo e desilusão" no Brasil. A Nau, da mídia suíça, diz que os cem dias são marcados pela violência policial e que a destruição ambiental está em ascensão. Segundo a AP, o mandato foi marcado por "lutas internas, "insultos a adversários e aliados" e "elogios à ditadura brasileira de 1964-1985". O jornal russo Kommersant destaca que Bolsonaro não descarta invasão na Venezuela.

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